05 Nov 2006
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O outro lado

Pessoal, Vida no Exterior

Hoje passei horas conversando com o Aaron no telefone. Ele acabou de chegar na Alemanha 5a feira, e vai ficar lá (a principio) 6 meses.

Alem de toda empolgaçao pela mudança, por estarmos mais perto um do outro agora(pelo menos vamos poder nos ver todo fim de semana), novos desafios no trabalho bla bla bla, é engraçado ver ele reagindo a certas situaçoes que pra mim (e zilhoes de extrangeiros mundo a fora) sao normais, e que pra ele, como americano sao muito estranhas.

Ele já morou fora (do pais dele – EUA), adorou, se adptou bem etc. Mas sempre foi um “nativo” da lingua, entao o simples fato de mudar de pais nao é tao complicado assim.

Agora pela primeira vez na vida ele é um “imigrante”, e agora chegou a vez dele de se adptar.

A gente sempre ouvia falar que na Alemanha todo mundo fala ingles, e é verdade, mas é aquele ingles basico, feijao com arroz, que se vc for turista e quiser comprar um cerveja já esta ótimo. Mas agora que ele mora lá, que tem que fazer coisas do dia a dia, e esta vendo como é ser um “extrangeiro” (e ser tratado como imigrante, que nos EUA e Inglaterra por si só, já pode ser considerado depreciante) é uma tarefa ardua.

Coisas simples como usar um orelhao, contratar internet e TV a cabo, programar o microondas, ir no supermercado etc… se tornaram os maiores desafios da vida dele. Ao mesmo tempo que ele esta gostando da experiencia, e esta empolgado em aprender alemao, conhecer uma nova cultura etc, tudo parece muito dificl e assustador.

A minha resposta foi simples e direta. “Todo mundo passa por isso e sobrevive. Vc também vai conseguir. Nao é nenhum bicho de sete cabeças”. Na hora acho que ele ficou esperando uma simpatia maior perante ás aventuras do dia dele desbravando a cidade sozinho, mas ai fui me explicando…

Quando eu cheguei na Italia, nao falava italiano, me virei e aprendi. Quando cheguei na Espanha nao falava Espanhol, me virei e aprendi. Quando cheguei em Londres já falava ingles bem, mas tive que me adptar com um sotaque e pronuncia completamente diferentes, me virei e aprendi.

É facil? Nao. Mas nao é o fim do mundo. Sao coisas basicas que todo mundo que decide morar em outro lugar enfrenta, mas que normalmente os “english speakers” nao dao valor. E nao estou me referindo só ao Aaron nao, ou porque ele é americano, mas Ingleses, Canadenses, Australianos, etc, todos se comportam da mesma maneira.

Ingles é a lingua universal, nao ha duvidas. Porem algumas pessoas falam melhor que outras, e é sempre a obrigaçao do extrangeiro se adptar.

Oque eu fiquei repetindo insistentemente é que nao é culpa da caixa do supermercado se ele pediu bacon e ela deu presunto. A “culpa” é dele por nao ter tentado se comunicar melhor. Fale mais devagar. Se expresse mais. Use uma linguagem mais corporal. Use as maos, aponte para as coisas. Já que vc nao fala a lingua dela no pais dela, a menina fez um favor de se esforçar pra te ajudar.

Parece meio grosso e seco da minha parte, mas é verdade. Comigo nao tem dessa de morde e assopra. Estou achando otimo ele estar passando por isso. Pra ele como pessoa, e pra nós dois como casal.

Acho muito importnte que ele intenda, na pele, o meu lado. Oque eu passo todo dia. Claro que ele já me conheceu morando aqui, falando ingles fluente e num bom emprego. Mas lingua extrangeira é Lingua extrangeira, e querendo ou nao é uma concentraçao, um sacrificio a mais que eu tenho que fazer TODOS os segundos dos meus dias.

Que as vezes nao estou a fim de conversar pelo simples fato de que é dificil, meu cerebro cansou. Que se me distraio sai um palavra em portugues sem querer, ou que no fim de um dia cansativo cometo erros que nao sao normais. Ou que quando conheco pessoas estranhas (no trabalho,ou amigos dele por exemplo) as vezes fico super timida e prefiro ficar na minha…

Que as vezes estou empolgadissima contando uma historia, e na traduçao, perde a graça. Ou tento contar outra historia, mas nao encontro as palavras, nao consigo fazer traduçoes (pq certas coisas nao se traduzem) e fico com cara de tacho. Ele ri mesmo assim, e fingi que entende mesmo assim, pq é um fofo, mas nao sabe o quão frustrante é nao conseguir dividir certas coisas, situaçoes e emoçoes.

Coisas bobas, eu sei. Mas quando eu falo isso pras pessoas (ingleses, americanos e o Aaron inclusive) fica todo mundo “ah… mas que besteira… deixa de ser boba… Vc nao é timida, seu ingles é perfeito, bla bla bla”. Mas é dificil. Uns dias mais, uns dias menos, mas acho super importante ele estar pasando por isso, e entender certar situaçoes, diferenças culturais, que com certeza vao ajuda-lo e me conhecer e entender melhor como pessoa, e nosso relacionamento só tem a ganhar.

Mesmo que pra isso o coitado tenha que passar por maus bocados na Alemanha.

 

Adriana Miller
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