30 Jan 2007
6 comentários

Islamofobia: O novo racismo

Vida na Inglaterra

Eu nao me considero das mais politizadas nem envolvidas em causas sociais e tal. Nao sou mesmo, nem to afim de fazer pose de pseudo-intelectual, mas gosto de estar bem informada sobre o mundo.

Uma das coisas que desde que eu vim morar em Londres, tem exercido uma certa fascinacao em mim eh o mundo Islamico. Aqui tem de tudo um pouco, e de tudo muito. Dependendo de onde e quando vc estiver na cidade, vc pode chegar a ter a impressao que nem sequer mora no norte da Europa, e sim em alguma cidade exotica do Oriente Medio ou Asia. Sempre quis aprender um pouco mais sobre essa cultura, a religiao e tal, mas nunca tive uma boa oportunidade.

Entao semana passada a Deia recebeu um convite pra assistir uma palestra organizada pela Associacao “Media Workers”, e a discussao do dia seria “Islamofobia: o novo racismo”. O debate foi super bem organizado e entre os palestrantes estavam pessoas como Gary Younge (Jornalista do The Guardian), Louise Christian (Advogada de prisioneiros de Guantanamo), Craig Murray (ex embaixador do UK no Uzbequistao), etc.

A palestra em si foi mais uma sucessao de discursos doque um debate propriamente dito, mas extremamente interessante. O principal ponto de discussao era: O crescimento da Islamofobia (palavra que nem existia a uns anos atras), e como isso afeta a vida das pessoas na Inglaterra.

Esse estigma tem um impacto gigantesco na vida dos Ingleses (ou da quelauqer pessoa que more aqui), pq gracas ao crescimento do racismo aos muculmanos, tudo mudou de perspectiva. Alguem que era apenas o vizinho “indiano” hoje esta sendo visto como um potencial terrorista.

Os palestrantes iam contando suas historias e dando suas opinioes, em situacaoes como o menino Bangladeshi que ao abrir sua mochila no metro teve o vagao inteiro olhando rpa ele com cara de terror, ou as manchetes de jornais sensacionalistas Ingleses que sempre se referem aos “os muculmanos” sem levar em consideracao nacionalidade, genero, etc.. Criando uma uniformidade irreal entre os praticantes dessa religiao, e ajudando a disseminar o odio.

Episodios como o tao falado Big Brother UK, onde uma participante Inglesa deliberadamente fazia comentarios racistas contra sua rival Indiana, e gerou uma indginacao tao grande na populacao que a organizacao do programa teve que “retirar” a participante racista, a expulsao dela da casa nao foi ao vivo nem teve presencao do publico e ela esta tendo que receber protecao, pois esta recebendo ameacas de morte etc, alem de ter tido varios contratos publicitarios concelados (ela era uma “celebridade”, dessas que naz faz po&$rra nenhuma da vida, mas escreve biografia, vira marca de perfume, participa de programas de auditorios, etc). A menina With-trash preferiada da Gran Bretanha que virou a inimiga numero um dos imgrantes, manchando o nome da “tolerancia” inglesa no mundo.

Eu confesso que no auge da briga, eu nao consegui resistir e assisti varios episodios do BB… a coisa era mesmo feia… Insultos do nivel “Indianos sao como chachorros”, “nao como a comida que ela encostar”, “o sonho dela eh ser branca” e se referirem a ela com nome de comidas indianas em vez de seu nome verdadeiro.

A unica coisa que eu achei que foi deixada de fora no debate sobre a Islamofobia (e aqui entra um pouco da minha opiniao pessoal), foi a relacao “intolerancia cria racismo”, e partindo da parte dos proprios muculmanos.

Acho que pro Ingles (ou morador da Inglaterra) comum, esse “racismo” nao eh tao real (Uma das discussoes nessa palestra era de que como a midia tem tentando criar essa ideia na sociedade, e que isso eh uma cosia recente). Porem a propria intolerancia dos muculmanos em relacao a outras religioes, crencas e culturas tem criado uma certa “implicancia” (digamos assim…) da parte dos Ingleses.

Um bom exemplo eh por exemplo as comemoracoes de cunho religioso tipico Ingles (que eh um pais Algicano – Cristao), como Natal. O Natal eh algo bem tipco Ingles. Tem comida tipica, bebida tipica, musica tipica… as cidades ficam enfeitadas, todo mundo troca cartoes de natal etc.

Porem nos ultimos anos a comunidade “etnica” da Inglaterra tem aumentado bastante, e pra eles o fato dos ingleses comemorarem o Natal, eh um ato de “preconceito” e exclusao social. Entao, na onda do “Politicamente Correto” muitas empresas, escolas, entidades, etc tem mudado suas comemoracoes Natalinas pra comemoracoes de “inverno” ou “da estacao”, oque convenhamos eh um pouco exagerado demais.

Entao, indiretamente isso tem contribuido pra aumentar a intolerancia dos ingleses em relacao as minorias etnicas em geral. Afinal, eles estao no pais deles, e por causa dos imigrantes nao podem celebrar suas proprias tradicoes. E isso tem gerado declaracoes e repsostas, que logicamente, a midia sensacionalista Inglesa dissemina desproporcionalmente.

Eu jah ateh tinha falado sobr isso aqui no Blog. Nao sou contra nada nem ninguem, mas convenhamos… Imagina se um dia a quantidade de imigrantes Argentinos (ou Italinaos, Portugueses, Americanos, etc) aumentasse muito e comecassem a exigir que os brasileiros nao comemorassem mais o Natal? Ou o Carnaval?!?!?

Imagina o pandemonio que nao ia ser…

 

Fotos tiradas em Granada, Espanha e Marrocos.

 

Adriana Miller
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  1. Catita - 31/01/07 - 05h08

    Nada contra, ja fui visitar um templo de Islamico, conversei com os caras para conhecer melhor a cultura… e tal..foi interessante. Levei uma bronca pq nao tinha nada para cobrir minha cabeca, tive que ir numa loja perto e comrpar um lenco

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  2. João Silva - 31/01/07 - 21h32

    ants d tdo, parabéns pelo blog! excelente e c/ informações q n c encontra em lugar algum. axei na comunidade “mochileiros na europa” lah no orkut e, dsd então, entro aki c/ freqüencia. =)
    qria dzr q concordo c/ vc, axo q as minorias étnicas, como aki msmo no brasil, elas n podm, simplesmente, tntar alterar a cultura já estabelecida. elas dvem respeitar mas, claro, tem tdo direito d manter a cultura do local d ond vieram.
    realmente, do msmo jeito q mtos ingleses falham qnto ao respeito aos muçulmanos, estes tb n tntam compreender o lado dos ingleses. kda 1 c/ seus argumentos e seus interesses, sem c preocupar com a compreensão do otro lado da história. isso eh lamentável e soh causa + intolerância. =/

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  3. Flavia - 01/02/07 - 03h56

    Oi Adriana, nem get me started nessa de racismo, moro em Washington DC e isso me irrita muito. Aqui tem aquele negocio dos negros vs. brancos, mas sem querer todo mundo faz um grande deal sobre qq coisinha que involva a cor da pele e os negros sao racistas assim como os brancos tbem. Esse negocio de Happy Holidays ao invez de Merry Christmas e aeroporto que tem que desmontar a arvore gigante de natal por que 1 rabino se ofendeu, depois todo mundo comeca a reclamar ai eles colocam a arvore de volta. Sem condicoes he, he!

    Bom, mas concordo com o seu post! Desculpa ter me alongado tanto :-)

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  4. Michaël BIGAUD - 01/02/07 - 23h39

    Bonjour Madame A,

    This night, I took a look at the last entry in your blog.
    I’m impressed by your interest in things, I really like that. I definitely need to assist to such kind of conference. ( Do you have a link to advise me, a subscription, or other connexion? )

    And I’m still surprised by the differences of references between countries, educations, way of life…
    For me, what you described about the difficulties, the fear and the defiance of the muslim religion is known and lived since so long time. Even if I’m not muslim, or even any other religion adept, I’ve always been aware of this situation, situation we know in france since more than 20 years I should say, certainly more present since the terrorism in USA…
    Our muslim community is really important, specially due to our old North Africa colonies, and the acceptance of the religion had never been so easy…

    Anyway, even if I wasn’t at this conference, I can easily hear the testimonies of the people there. And their difficulties…

    To finish about that, I read few months ago, in a french newspaper, about England, more specifically London, that since the Twin Towers attack muslim community knew problems from inside as outside : people non-muslim are more suspicious, even sometimes aggressive, and fundamentalism more powerful, specially with young people…
    I don’t know the reality, but one thing sure : the gap between the religions and communities is getting bigger day after day unfortunately.

    Hé hé, it was my 15 mn of serious thoughts after 12 hours of work…
    ;-)

    A bientôt,
    Michaël.

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  5. fadile - 14/03/08 - 07h48

    certamente, que tudo requer saber e perceber a origem e o sentido verdadeiro de cada coisa, enquanto agente nao se preocupar em saber a realidade de Islam, jamais deixaremos de cometer besteiras contra ele, mas… adianto que “ISLAM – significa Paz”, e ele ( Islam ), nao deixara de o ser, mesmo que alguns supostos muculmanos se comportem contra esse principio. taufiq

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  6. Pedro - 09/12/08 - 00h30

    o problema é que quando um cristão ou um judeu visita um país islamico, não podem cultuar o seu Deus e muito menos abrir um centro religioso.Imagine se essa religião se espalhar para o resto do mundo. Como vai ser!!! observe os seguintes versus do alcorão:

    *Sura 4.56: “…com relação àqueles que não crêem em nossas comunicações, faremos com que adentrem o fogo; com tanta freqüência que suas peles serão totalmente queimadas. Mudaremos elas por outras peles, para que possam experimentar o castigo; certamente Alá é poderoso e sábio”.

    *Sura 9:5 decreta: “Matai os idólatras onde quer que os encontreis, e capturai-os, e cercai-os e usai de emboscadas contra eles”. E mais adiante o livro insiste que nações, não importa quão poderosas, deverão ser combatidas “até que abracem o Islã”.

    *A palavra islã não significa paz mas sim submissão.

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