09 May 2012
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Guia passo a passo pra visitar a Muralha da China por conta propria

China, Dicas de Viagens, Pequim

Visitar a Muralha a China esta longe de ser uma tarefa difícil – mas nós tínhamos um requerimento bem específico: não queríamos ir de excursão de jeito nenhum!

O motivo era simples: depois de fazer muita pesquisa, chegamos a conclusão que a maioria das excursões seguem o mesmo roteiro, sendo que na verdade dedicam apenas uma parte mínima do dia para visitar a muralha, e passando o resto do dia todo visitando lojas, museus, vilarejos e outras programações aleatórias que não tínhamos o menor interesse! Lemo muitos feedbacks negativos, nenhum positivo, e ate o Lonely Planet China tem uma pagina inteira dedicada a furada que eh fazer excursoes pra Muralha!

Além disso, as excursões pra Muralha, em sua grandíssima maioria, além de caros, visitam a parte mais turística e lotada da muralha, nos horarios de pico do dia, oque queríamos evitar.

Chegamos a considerar opções como a agencia Beijing Hikers, recomendada pelo Lonely Planet (e testada pela Mirella), mas devido a época do ano que fomos (muito frio!) e o tipo de viagem que fizemos (mochilando) não queríamos nos comprometer a passar o dia todo fazendo trilha (e ter que carregar equipamento de caminhada no inverno durante toda a viagem exclusivamente pra isso!) e correr o risco de pegar um tempo horrível. Por fim, decidimos nao fechar com eles pois seus horarios e dias eram muito restritos ao roteiro que queriamos fazer nos nossos dias em Pequim.

Além disso, a idéia de seguir um guia, ter que visitar a muralha no ritmo de um grupo não fazia parte da nosso idéia de diversão. Queríamos visitar a Muralha no nosso ritmo, no nosso horário, podendo mudar os planos de ultima hora e fazer oque bem entender! (leia, parar para tirar mil fotos, montar e desmontar o tripé, ir e voltar mil vezes até conseguir um ângulo perfeito, fazer filminho de kung fu e nos divertir sem seguir um ¨criterio¨).

Não vou falar que foi fácil não, e mesmo depois de fazer muita pesquisa em fóruns na internet, acabei achando algumas dicas mais práticas no site Seat61 (que também já tinha usado ha muitos anos pra planejar minhas viagens de trem no Marrocos e no Egito). Mas como acabamos descobrindo na prática que as informações do site estavam desatualizadas e incompletas, aqui vai meu B-A-BÁ.

Existem várias regiões restauradas abertas a visitação da Muralha nos arredores de Pequim, mas a única que tem um bom sistema de transporte público é a região de Badaling – que geralmente é usada para exemplificar um dos maiores pega-turista da China!, e que ate entao tinhamos certeza absoluta que nem sequer colocariamos nossos pes – mas sabendo fugir do horario de pico, foi bem tranquilo.

Então sabíamos que pra visitar Badaling por conta própria teríamos que chegar super, SUPER cedo, pegar o primeiro trem do dia, passar algumas horas na muralha e ir embora no horário onde as centenas de ônibus de turismo estão desovando suas excursões e tornando a muralha um inferno na terra.

Então na nossa primeira tentativa, seguimos passo a passo as instruções do site e deu tudo errado – TUDO errado – então ainda na estação de trem, ligamos pro motorista que fez nosso transfer (que eu perdi o cartão com o contato dele… infelizmente!! o nome do guia é Michael Dong, Agencia  China CITS, e-mail: China_cits@hotmail.com e tel +86-0/13671038062) e combinamos dele passar por lá e nos levar direto a Mutyanu, que é outra região restaurada da muralha, e considerada a mais bonita, mas que sabiamos que não seria possivel chegar até lá de transporte publico.

Mutyanu foi exatamente oque esperávamos da Muralha da China!

Uma paisagem impecável, quilômetros e mais quilômetros de muralha a perder de vista com as montanhas como pano de fundo.

E o melhor: VA-ZIO! Durante a manhã toda tivemos a muralha inteirinha praticamente só pra gente, sem outros turistas, sem vendedores chatos, nem guias forçando a barra!

Fomos e voltamos inúmeras vezes, explorando cada canto e cada detalhe da muralha!

Subimos fazendo trilha só nos dois, e voltamos de bondinho (apesar do céu azul, tava MUITO frio), enquanto nosso motorista nos esperava lá em baixo.

Nós pagamos cerca de 50 doláres por 6 horas de passeio, fazendo nosso horário e no nosso ritmo. Saímos de Pequim as 8 da manha, evitamos o engarrafamento do horario do rush e antes das 9, quando a muralha “abre” já estávamos na fila pra comprar nosso ingresso!

Infelizmente perdi o cartão com o contato do Michael, nosso motorista, que não só nos levou pra muralha, como ainda fez nosso transfer na chegada e saída entre o aeroporto de Pequim e nosso hotel. Mas para quem quiser tentar em contato com ele mesmo assim, nós entramos me contato com ele atravez da agência do nosso hotel em Xi’An.

A experiência na Muralha foi tão divertida, que não nos damos por vencidos e resolvemos voltar pra muralha e dessa vez reunir mais informações com os locais e conseguir chegar a Badaling por contra própria!

A maneira mais eficiente de visitar a Muralha da China por conta própria é de trem, saindo a partir da estação “Pequim Norte”.

A estação é moderna, grande e limpa – a única e principal dificuldade é a comunicação. Basta um simples mal entendido (como aconteceu com a gente na nossa primeira tentativa!) para que todos os seus planos vão por agua a baixa.

Então nosso passo a passo foi assim:

Na noite anterior, pedimos pro nosso hotel reservar um taxi bem cedinho pra nos levar para a estação Pequim Norte. É imprescindível ter todos os detalhes e instruções escritas em Chinês, bem direitinho e explicadinho.

Também é possivel chegar na estação de trem de metro (que usamos na volta), mas como fomos super cedo, pois queríamos pegar o primeiro trem, preferimos usar um taxi.

Chegando na estação, começam os detalhes que fazem toda diferença:

Pra começar que apenas a bilheteria do térreo vende passagens para Badaling (tem outro guichê no sub-solo, bem na saida do metrô, que NÃO vende tickets para Badaling).

A entrada é pela rua, no canto direito da estação, sem nenhuma placa nem símbolo em Ingles…

Lá dentro começa o caos…

Na nossa primeira tentativa, seguimos as instruções do Seat61, mas por estar incompleto, nos faltou alguns detalhes cruciais:

Primeiro, os trens tem horários bem específicos, sendo que o primeiro trem é as 6 e pouco da manha. Mas a bilheteria só abre depois desse horário. Como não sabíamos disso, chegamos lá as 5 e pouco da manha e ficamos mais de 1 hora esperando em vão, sem conseguir esclarecer nada com ninguém (ingles é não existente), e a esse ponto, desistimos e ligamos pro Michael (e fomo pra Mutyanu, como contei acima).

Outro detalhe, é que por algum motivo que nunca chegamos a entender, eles não vendem bilhetes de trem para Badaling para turistas antecipadamente – ou seja, quando tentamos comprar passagem pro dia seguinte as 6 da manha (que já sabíamos que seria antes da bilheteria abrir), descobrimos que não seria possivel, e turistas só podem comprar passagem para o mesmo dia de viagem.

Portanto, só é possível comprar passagem para trens a partir das 7 da manha.

Quando finalmente chegamos lá depois das 7 e a bilheteria já estava aberta, nos deparamos com um mar de Chineses, que imediatamente se congelaram no momento, para assistir nós dois tentando comprar nossos tickets.

Nesse momento, a principal barreira foi mesmo cultural… A bilheteria tem 8 guichês, e nenhuma fila. Era gente pra tudo quanto é lado, sem a menor ordem, nem o menor sentido. Tentamos nos comunicar usando o tradutor do iPhone, mas no geral, apesar de simpáticos e prestativos, os Chineses são muito tímidos.

Todo mundo queria chegar perto pra ajudar e nos “assistir”, mas ninguém conseguir se explicar nem comunicar. Até que por sorte, ouvi duas meninas Asiáticas escrevendo em Chines, mas falando em Inglês – na cara de pau foi falar com elas, e acabamos descobrindo que elas eram duas irmãs Japonesas, que conseguiam ler e escrever em Chines, mas não sabiam falar.

E foram elas que nos deram a dica de ouro: Fure fila, assim como todo mundo, e faça muita mímica!

Ok, deixamos a educação de lado, e pouco a pouco fomos nos infiltrando na multidão de Chineses – em questão de segundos lá estava eu me pendurando na janelinha do guichê, fazendo sinal de “2” e apontando pro papelzinho com “badaling” em Chinês.

Tão facil!

Em questão de segundos estávamos com as passagens na mão, e finalmente pudemos entrar na estação.

Ah, e esse é outro pequeno, grande detalhe: você só pode entrar na estação Pequim Norte com as passagens na mão!

Aí, já la dentro foi só ficar de olho no painel com o número do nosso trem, e pontualmente as 7:58 da manhã, partimos em direção a Badaling!

O trem é bem moderninho e super confortável – e a medida que vamos saindo do centro de Pequim, pouco a pouco já dá pra avistar alguns pedaços da muralha, oque torna a viagem hipnotizante!

A viagem não dura mais que uns 40 minutos, bem tranquilão, e ao chegar em Badaling, tem outra pegadinha:

A estação fica a uns 10 minutos (andando) da entrada do bondinho da muralha, mas não tem placa nenhuma (em Inglês) na plataforma nem na estação, e tem uma multidão de taxistas esperando os turistas desavisados na saida a plataforma.

Todos vão tentar te convencer que a distância é enorme, e vão tentar cobrar os olhos da cara – mas basta sair da estação, virar a esquerda e seguir na mesma estrada sempre reto – em 10 minutos você esta lá!

Na bilheteria da muralha já compramos logo a passagem ida e volta do bondinho e entrada para a muralha, e passamos o resto do dia tranqüilamente passeando de um lado pro outro!

E realmente essa parte da Muralha é bem diferente e muito mais movimentada doque Mutyanu, que tinhamos ido no dia anterior.

Apesar de termos chegado bem cedo, e bem antes dos grupos de excursão, ainda assim tinha gente em tudo quanto é canto!

A muralha é igualmente imponente, e apesar de ser maior, mais larga e comprida, também é mais nova, e nos deu uma impressão menos autêntica da coisa.

 

No fim do nosso dia, pra voltar pra Pequim foi o mesmo esquema – só que agora já sabiamos oque fazer e foi muito mais fácil!

Andamos de volta pra estação de Badaling (tem que ficar de olho nos horários dos trens, pois eles só vão pra Pequim de hora e hora mais ou menos), e deixamos pra comrpar nossa passagem de volta na hora que quiséssemos voltar, pra não ter que ficar pra não ter que ficar traduzindo e tentando entender os horários e tal.

Mas lá estava tudinho em Ingles 0 compramos nossa passagens, esperamos mais uns minutos e voilá! E meia horinha estávmos de volta a Pequim!

 

Apesar da nossa enrrolação inicial, foi surpreendentemente fácil ir na Muralha por conta propria.

E apesar de realmente não ter sido o processo mais simples do mundo, os benefícios são incomparáveis com uma excrusão.

Pra começar que nos custou apenas 12 Yuans (ida e volta, cada um – cerca de 3 dolares) para chegar até lá, oque é cerca e 0,5% do preço da maioria dos passeios que sondamos.

Mas a principal vantagem mesmo é a liberdade de ir e vir, de não ter que seguir guias, não estar limitado a horários, e principalmente não ter que aturar programas e “passeios” que não te interessam ao longo do dia, só pra encher lingüiça e tentar tirar mais dinheiro do turista (todos os feedbacks de excursões que lemos incluiam “atividades” como” museu de jade, mudeu do cha, loja de esculturas chinesas, etc).

Vai por mim que vale a pena!

 

Adriana Miller
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