02 Nov 2012
13 comentários

Ilha Meedhoo: Maldivas como ela eh…

Dicas de Viagens, Maldivas

Por mais que uma viagem as Maldivas sejam sempre vista como “paraiso”, a verdade eh que voce acaba se sentindo meio ilhado (no pun intended) e alienado, pois no fundo sabe que aquela realidade de luxo-resorts-spa nao eh a realidade do pais.

A intencao nunca foi fazer da nossa viagem pras Maldivas uma viagem “cultural” nem “povao”, mas depois de ler sobre o pais e de passar uns dias por la, senti falta de entender melhor como as coisas funcionam.

Uma coisa que me chamou atencao por exemplo foi que em nosso hotel nao trabalhavam mulheres. Dos recepcionistas ao gerente geral, passando pelos garcons, camareiros, faxineiros, cozinheiros, os atendentes de bar, nas lojas e afins… todos homens. As unicas pouquissimas mulheres eram extrangeiras (Tailandesas e Balinesas no Spa, que por sua vez nunca eram vistas fora de la).

Entao no meio da semana eu vi um folheto na recepcao, sobre uma visita a ilha vizinha ao nosso resort, a ilha Meedhoo. O passeio era no fim da tarde e apenas 2 horas, mas achei que poderia ser interessante e uma oportunidade unica de conhecer melhor o pais.

Eu nao sabia oque esperar. Por um lado esta com receio de que o passeio pudesse se transformar no maior pega turista da historia… Como seria a vida no “lado de la”? Veriamos muita pobreza? Sujeira? Como sao organizadas as “cidades”? E a sociedade?

Na nossa ultima noite no pais fomos no fim da tarde com um guia num barquinho Dhoni (a embarcacao tipica das Maldivas) e fizemos o trajeto de 20 minutos ate Meedhoo. No caminho aprendemos que a ilha eh habitada principalmente por mulheres, criancas e idosos ja que os homens saem para trabalhar durante o dia.

A base da sociedade ainda eh a pesca e comercio, mas desde que o hotel Adaaran inaugurou no mesmo Atol, a ilha tem sido a principal fornecedora de mao de obra, e hoje em dia a grandissima maioria dos homens de Meedhoo trabalham em nosso hotel.

Logo de cara achei que a ilha era muito maior e mais bem estruturada doque eu imaginava. Mas ao mesmo tempo minuscula, habitada por menos de 2.000 pessoas.

No porto da “cidade” vimos alguns barcos sendo descarregados, com os suprimentos que seriam levados ate o (unico) supermercado da ilha, e mais alguns materiais que iriam pra (unica) escola e (unico) pronto socorro, todos vindos de Male, e em sua grande maioria importados de paises vizinhos, ja que as Maldivas nao tem producao propria, nem de industria nem agricultura.

A ilha esta organizada em meia duzia de ruas que cortam seu interior na vertical e horizontal, mas nenhuma delas tem nome – e nem as casas tem numeros! Cada casa tem um nome proprio, e assim os vizinhos ja sabem onde voce mora. Afinal a maioria das familias ocupam as mesas casas ha muitas geracoes!

O Aaron perguntou ao nosso guia se com celulares, internet, novos resorts etc, se ainda existiam pessoas que nasceram, cresceram e morreriam sem nunca sair de la. Ele ficou tao espantado, mas tao espatando com a pergunta “sem nexo”… e sua resposta foi “Claro que sim”. Na verdade a maioria esmagadora da populacao viviu (e vive) sua vida inteira sem nunca sair de Meedhoo, afinal, segundo ele, ali eles encontram tudo que precisam pra viver… entao pra que procurar outras coisas pelo mundo?!

A ilha tem cerca de 3 ou 4 mesquitas – nenhuma aberta a visitacao de nao-Muculmanos, e apenas uma aberta a mulheres.

Mas me impressionei mesmo foi de saber que a principal estrutura do vilarejo era na verdade a escola, que educava todas as criancas da ilha ate o final do segundo grau (eles seguem o sistema educacional Britanico, tendo como exames finais os A LevelsGCSEs).

A educacao eh 100% bilingue em Ingles e Dhivehi, sendo que o Ingles eh usado em todas as materias de base, e o Dhivehi apenas em materias como historia, geografia e Islamismo.

A ilha tambem tem um pronto socorro, porem nao tem medicos. Casos mais graves sao transportados para uma das ilhas do Atol vizinho, e casos muito graves tem que ser transportados para Male, onde esta o unico verdadeiro hospital do pais.

Mas ele apontou pra minha barriga e me tranquilizou, avisando que oque nao faltavam na ilha eram mulheres muito bem capacitadas pra partos!

Eles tambem tem algumas lojinhas de souvenir, que logicamente vivem das visitas curiosas dos hospedes do hotel Adaaran (como nos!), e apesar de que a moeda oficial do pais eh a Rufiyaa, o senso de moeda e cambio eh tao diferente pra eles, que qualquer outra moeda (internacional) era aceita (Euros, Libras e Dolares).

Eu gostei de ver que as ruas eram limpas, as casas confortaveis e a populacao bem cuidade e bem educada. Por sorte o Raa Atol nao foi afetado pelo Tsunami de 2004, mas ainda assim hoje em dia todas as casas tem caixas d’agua da Unicef, onde podem armazenar a agua da chuva em vez de depender exclusivamente da unica fonte de agua potavel que brota na ilha, fazendo com que a qualidade de vida deles seja mais sustentavel.

Muitos turistas optam por fazer passeios pela capital Male, enquanto passam horas esperando seus voos entre as ilhas, mas nao senti nenhuma vontade de fazer um passeio desses.

Apesar de que quase 2/3 da populacao vive na capital, Male nao deixa de ser uma cidade grande, com predios, shoppings, mercados, ruas e avenidas e muitos extrangeiros e expatriados.

Sao as outras 100 ilhas habitadas e isoladas nos Atois do pais que realmente nos contam a historia das Maldivas.

 

Planejando uma viagem para as Maldivas ou a Lua de Mel dos seus sonhos?

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13 comentários
  1. Marta FG - 02/11/12 - 11h03

    Muito interessante ver o seu ponto de vista do país além do turístico (diga-se paradisiaco).

    Responder
  2. Joana Ferrao - 02/11/12 - 13h42

    O post mais interessante desta série das Maldivas. De facto, isto não se vê nos panfletos turísticos. Uma pergunta porém: as mulheres não trabalham nos resorts por uma questão religiosa, estarei certa?

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    • Adriana Miller - 02/11/12 - 14h42

      Isso, eles sao Muculmanos super estritos, e geralmente mulheres nao trabalham fora de casa, apenas em postos considerados “femininos”, como professoras, enfermeiras, e tal.
      Mas jamais em cargos onde se misturariam com homens, tanto os locais quanto os turistas.

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  3. Jo - 02/11/12 - 14h50

    É meio parecido com minha cidade em relação ao tamanho da população. Moramos em uma cidade sem muita infra instrutura com menos de 3mil habitantes mas, com a diferença que muitos preferem sair da “cidade/ilha” pra trabalhar e mudar de vida.
    Ao invés de água estamos rodeados de plantações, onde muitos trabalham na lavoura, o que torna a vida aqui muito dura.
    Adorei sei relato.
    Quem mora em cidade pequena como eu sabemos o valor de um olhar como o seu, que veio e vem de cidade grandes, com infra instrutura maior e melhor.
    Lindo mesmo

    Responder
    • Adriana Miller - 02/11/12 - 14h55

      Muito obrigada Jo!
      Eh dificil dar minha opiniao sobre uma vida e uma realidade que eh tao diferente da minha, mas nem por isso menos fascinante.
      Realmente foi uma experiencia muito legal, e nos mostrou um lado das Maldivas (assim como tantas outras cidades do mundo, assim como a sua!) que a grandissima maioria do mundo nao tem ideia que existe.
      Bom saber que fiz um bom trabalho em retrata-los.

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  4. Jo - 02/11/12 - 15h10

    Com certeza fez sim :-)
    A nossa realidade as vezes é difícil e outras fáceis.
    Como de engafarramento no trânsito.
    A violência existe como em todo lugar mas, é menor e menos constante.
    E vc mostra com seu relato mostra uma realidade que muitas gente não faz questão de ver e conhecer.
    A vida não é só o luxo e tecnologia, por trás do mundo existe povos e costumes que nós adoramos ver com seus olhos de ser humano “humilde”, ao contrário de muitos que sentiriam repulsa ao sair do melhor do bam-bam-bam e ser esnobe não querendo conhecer o simples, mulher e principalmente viajante. Uma viajante que faz questão de mostrar aos seus leitores os seus sentimentos… e nós nos sentimos lá no mesmo lugar que vc esteve, na mesma hora e sentimos extamente o que vc sentiu. É imprecionante como isso tudo é delicioso.

    Sua filha é uma pessoa de muita sorte, tem pais com conhecimento e principalmente são seres humanos supreendentes… na próxima encarnação quero ser ela :-)

    Aqui não temos pra onde correr… os estudos são os piores, o trabalho não temos pra onde correr a não ser “roça”. E vc uma estudada não é nem em pensamento esnobe e deslumbrada “metida” com sua realidade diferente da maioria. Meu sonho é ir a Londres e ter a chande de ver vc nem que seja de longe…
    beijo e ótimo final de semana

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  5. Lidi - 02/11/12 - 18h00

    Este post mostra a outra ponta do iceberg, retrata a verdadeira cultura de um lugar tão surreal como as Maldivas. Todo lugar tem um coração, uma alma, um jeito particular de “ser” mas o que grande massa dos turistas vê mesmo é só a parte “bonita”, aquilo que pagamos e estamos dispostos a ver. Lugares são como pessoas, não é possível conhecer de fato uma pessoa só pela cara, pela maquiagem e pela roupa, mas sem saber a fundo o que ela realmente pensa, acredita e sente. E concordo plenamente com a Jo, que eu não faço ideia onde mora, nasci e me criei num lugar onde seu vizinho mais próximo ficava a quilômetros. Obrigada Adriana, por repartir a sua experiência, por nos possibilitar conhecer esse mundão velho sem porteira, sem sair de casa! Por mais que eu não viaje nem um décimo do que você viaja, já me sinto feliz de conhecer um pouco do mundo através dos seus olhar.

    Responder
  6. Te - 02/11/12 - 21h39

    Eu ja disse q voce e nota 10? :-)

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  7. Gabi - 02/11/12 - 21h56

    Ler que a população não quer sair da ilha pq ali ela tem tudo que precisa é de deixar qualquer um sem reação. Adorei vc ter mostrado o outro lado, Dri!

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  8. CarlaZ - 02/11/12 - 22h41

    Olha que legal, bem diferente mesmo esse passeio. Gostei!

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  9. André Luis - 04/11/12 - 16h15

    que bronze do casal hein ;-)

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  10. Renata - 26/12/12 - 23h12

    Olá. Dri, sempre sempre sempre visitei eu super blog, e nunca postei, tbm fui morar na espanha no ano passado, e fiquei um bom tempo por UK e claro vc me ajudou mto, mas nunca tive tempo de agradecer pelas informações, mas agora que eu voltei em busca de informações e ver se vc havia visitado as ilhas maldivas e “charannn” achei!!! uhuuu achei seu ponto de vista ótimo!!! Sei tbm q vc nao fala mto de valores, mas se possível gostaria de saber no sei é possível vc me dizer qual avião vc pegou para ir ate a ilha e como faço para fazer o booking … Ah by the way u are gorgeous pregnant!!!!

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    • Adriana Miller - 27/12/12 - 05h39

      Oi Renata, todas essas informações (inclusive valores), já estão no outros posts sobre as Maldivas.

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