Marrocos, voltei.
Eu esperei (quase) 10 anos para finalmente voltar a Marrocos, mas esse dia finalmente chegou.
A primeira viagem, na Pascoa de 2005 foi inesquecivel por inumeras coisas, e sempre era a primeira experiencia a pipocar na mina cabeca sempre que alguem me perguntava “qual a viagem mais marcante” que ja fiz na vida.
De la para ca foram mais (muitas) dezenas de viagens e novos países a serem desbravados, mas ainda assim nenhum outro destino roubou o lugar de estimacao que Marrocos sempre teve na minha memoria (por bem, ou por mal…).
Dificil explicar, mas foi mina viagem “batismo”. Nao foi a primeira viagem, nem a primeira viagem sozinha, nem a primeira viagem “perrengue”, mas sei la, foi a primeira viagem que realmente abriu meus olhos para o mundo.
Sim, porque viajar para os EUA e Europa eh sempre fácil, por mais perrenguento seja, e por mais limitado que seja seu orcamento (e na epoca, o meu era sempre limitadissimo na vida de estudante livre leve e solta!).
E entao chegou Marrocos. Outro alfabeto, outra religiao, costumes tao aliens. E ainda por cima viajando sem dinheiro algum e com mais duas amigas do sexo feminino.
E ainda bem que essa viagem so aconteceu um ano adentro da experiencia de estudante Erasmus na Espanha (entao ja tinha me desapegado totalmente a patricinha-Carioca-zona-sul que havia dentro de mim!)! Ha umas semanas atras, uns dias antes da viagem retorno, estava conversando com uma amiga sobre minha primeira viagem ao pais: se minha memoria nao me falha, meu orcamento total era de cerca de 200 Euros, para 10 dias de viagem! #perrengue
E consegui. E sobrevivi. E ainda voltei aqui no blog pra contar a historia!
Agora, 10 anos depois, bem estabelecida e com marido-e-filha a tiracolo, a viagem foi bem diferente. Bem menos frenetica, mais confortavel, e consequentemente, com menos perrengues pra contar!
Mas diferente mesmo sou eu. Ah, como mudei nesses 10 anos, e nada melhor do que uma nova viagem a Marrocos pra me lembrar disso!
Muitas das memorias negativas que tinha sobre a cidade desapareceram – os anos e as viagens me tornaram extremamente menos impressionavel e fresca.
Passear pelo mercado noturno foi bem menos intimidante, e enxotar os vendedores irritantes no mercado era feito sem nem pestanejar – diz o Aaron que ficou com dó que adolescente que tentou acordar a Isabella pra vender um tamborzinho feito a mao, e obviamente levou bronca em alto e bom som! (ai de quem perturba minha filha dormindo!) Ha 10 ano atrás isso provavelmente teria acontecido, e eu teria ficado apavorada com a situação… Como assim? Enfrentar um homem, em Marrocos?
Coisa que a Adriana de 2004 provavelmente nao teria tido coragem de fazer…
Aliais, a Adriana de 2004 com certeza nao cogitaria – nem recomendaria – levar uma crianca pra Marrocos!!
Mas a verdade seja dita, e Marrakesh fez por merecer! A cidade cresceu, melhorou e se organizou, mas sem perder o jeitao de “Souk” caotico. As barraquinhas de comida do mercado noturno estao bem mais profissionalizadas, mas sem ter cara de praca de alimentacao de shopping, nem ter perdido o ar sujinho de mercado de rua!
E o que mais gosto nessas viagens “retorno” eh ver o efeito que o turismo tem nos lugares. Por que turismo eh muito mais que comprar souvenirs e tirar foto nos pontos turisticos. Turismo transforma, turismo tras crescimento e desenvolvimento – desde que seja bem feito, claro!
Passei apenas 2 dias em Marrocos dessa vez, mas a viagem no tempo foi muito mais alem – nao so a Adriana de 2004, mas tambem a Adriana de 2001, terminando a faculdade de Economia na UERJ e escrevendo uma dissertacao sobre o desenvolvimento economico causado pelo Turismo, sem nunca imaginar que um dia, muitos anos depois teria o privilegio de ver isso se realizando com meus proprios olhos!
De 2004 pra ca novos hoteis abriram as portas em Marrakesh, o aeroporto foi reformado (#SóOGaleãoQueNão!) e a cidade conta com dezenas de novas cias aereas que voam para a cidade varias vezes por dia, levando uma nova enxurrada de turistas, e todos os tipos, todas as culturas, cores, credos, sexos, e opcoes de vida.
Em 2004 viajar para o Marrocos sozinha com mais 2 amigas mulheres era uma coisa impensavel, e encontramos incontaveis dificuldades por causa disso. Hoje em dia, o que nao faltava pelas ruas e Souks eram amigas, mulheres sozinhas, casais de mao dada… o que nao parece mais chocar os locais.
Eu poderia escrever uma nova dissertacao sobre se isso eh uma coisa boa ou nao, mas pelo ponto de vista de turista, me senti infinitamente mais segura e mais confortavel por la, e menos “diferente” ou “discriminada” por ser mulher.
Bem, vou parar de escrever por aqui, e ainda tenho varios outros posts atualizados sobre a cidade para publicar.
Mas ja aviso: eu (RE) Amei o Marrocos!
P.S. Mas certos traumas permanecem, e nao tive coragem de tomar suco de laranja na praca! ” A” dor de barriga da historia ainda nao se apagou da minha memoria!
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