06 Feb 2014
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Mantendo a forma

Beauty Everywhere, Dia a dia, Gravidez

Volta e meia eu posto alguma foto dos meus exercicios no Instagram e sempre tem alguem que me pede “dicas”, coisa que nunca me animei muito em fazer… Acho que nesse momento de “Instafitness” e “Insta-fitness-neurose” que a blogsfera esta passando eu tenho muito pouco a acrescentar. Ate que uma leitora comentou que era isso mesmo que ela queria saber: como eh a rotina de alimentacao e exercicios de uma pessoa “normal” – e nao uma socialite que tem todo tempo do mundo pra malhar, fazer tratamentos esteticos mil, gastar fortunas com suplementos e ter todo acompanhamento de profissionais, personal trainers etc.

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Bem, nao sei nem por onde comecar, pois nao estou querendo re-inventar a roda, mas essa eh mais ou menos minha rotina e o que da certo pra mim.

O principal de tudo eh que eu gosto de me exercitar e de esportes, e isso sempre fez parte da minha familia e da minha vida, entao fazer exercicios, ginastica, malhacao ou “treino” (essa eh a nova palavra da moda neh?!), entao nao eh uma coisa que faco apenas pra atingir uma “meta”, e sim uma coisa que – na medida do possivel – faz parte do meu dia dia assim como tomar banho, escovar os dentes etc.

E isso inclui ser muito ativa no dia a dia tambem, e acho que uma coisa leva a outra – por um lado sempre estou me exercitanto (faco tudo andando em Londres), mesmo quando nao estou malhando propriamente dito, que por sua vez faz com que eu tenha muito mais disposicao pra fazer as coisas que gosto no meu tempo livre (como caminhar bastante nas minhas viagens, nadar e mergulhar, fazer trilhas e escaladas, esquiar etc).

Mas claro, seria muita hipocrisia dizer que a malhacao nossa de cada dia nao tem um fim estetico, por que claro que tem – e quem falar que quer “apenas saude”esta mentindo! Todo mundo quer ser saudavel, mas todo mundo tambem quer ficar de bem com o espelho… entao acho que os dois se complementam (ate por que, muito mais dificil que alcancar um objetivo de corpo ou de peso, eh conseguir mante-lo pra vida toda!).

Entao eh o seguinte: eu faco exercicios aerobicos todos os dias de manha, antes do trabalho. E sempre que da (pelo menos umas 2 ou 3 vezes por semana) vou na academia do escritorio fazer musculacao.

As vezes nao rola. Durmo mal, estou mais cansada que o normal, estou viajando, trabalhando muito ou simplesmente sem saco. Muitas vezes passo semanas, e as vezes meses sem me exercitar (no sentido “malhacao” da palavra, mas meu dia dia eh sempre muito ativo), o que tambem nao eh o fim do mundo. Assim que as cosias voltem ao normal, volto pra minha rotina numa boa.

E a musculacao, infelizmente, acabo fazendo bem menos do que gostaria, pois nao tenho como controlar minha agenda e sempre estar livre na hora do almoco (porque viajo muito, tenho que participar de reunioes e calls com escritorios em fuso horarios diferentes, tenho prazos e afins… nao eh um dia a dia muito regrado e previsivel).

Engracado que enquanto escrevia esse post eu parei pra pensar e realmente nas minhas melhores fases de atividade fisica, saude e estar de bem com o corpo, sempre foi nesse esquema de me exercitar de manha e depois na hora do almoco, desde que comecei a estagiar numa empresa no Rio de Janeiro que tinha academia (e ai entre faculdade, estagio, familia, amigos e namorado, eu chegava na academia no centro do Rio as 6:30 da manha pra correr na esteira ou fazer spinning e na hora do almoco fazia musculacao ou aula de localizada/body pump, etc). E principalmente nos ultimos dois anos essa foi a rotina ideal que tem dado MUITO certo pra mim: pra comecar que sou uma pessoa matinal. Tenho muuuuuito mais disposicao pela manha, nao sofro de mau humor cronico e nem sofro pra acordar cedo…

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E convenhamos que aquele momento que o despertador toca eh sempre horrivel, seja as 6 ou as 7 ou as 8 da manha… entao ja que voce vai sofrer mesmo pra levantar da cama, aproveita e ja acorda logo mais cedo e se livre das “obrigacoes” do dia!

Alem disso, nao tenho hoooooras no meu dia para me dedicar a academia, entao fica muito mais facil encaixar 1 ou 2 sessoes de 30 ou 40 minutos de exercicios por dia, do que ficar naquele compromisso de que preciso de 2 horas pra ir na academia.

Entao a uns anos atras eu montei uma mini academia em casa, bem basica, mas que supre minhas necessidades, onde tenho uma maquina eliptica/transport, caneleiras, pesinhos livres, bola de pilates, elasticos de resistencia, colchonete de ioga e etc.

E foi a MELHOR coisa que fiz por mim mesma!

TAO pratico pular da cama e ja ir direto me exercitar, sem ter que gastar tempo me arrumando, indo pra academia, exibindo a figura com os marombeiros, me preocupar (e gastar $$$$) com o tenis da moda, a roupa da moda e afins, nem ter que revesar equipamento, colocar o nome na lista da aula da modinha etc, etc, etc.

Ah, eh uma liberdade!

Entao acordo, me exercito por uns 30/40 minutos, depois ja pulo direto no banho, me arrumo voando, e quando a Isabella acorda, la pra umas 7 da manha, ja estou prontissima para meu dia, e de quebra ainda tenho tempo pra brincar com ela, tomamos cafe da manha juntas, nos arrumamos juntas etc.

Claro que por outro lado isso tambem significa que eu nao tenho acesso a alguns equipamentos mais especializados, acompanhamento profissional etc, entao umas 2 ou 3 vezes por semana vou na academia da empresa fazer musculacao.

Obviamente meu objetivo com essa rotina nao eh ser marombeira e muito menos saradona, e muito menos vou sofrer porque minha barriga nao eh trincada coma as modelos da Victoria’s Secret, nem minha bunda eh dura como a madrinha da bateria – mas aprendi a respeitar meu biotipo e ser feliz com o que tenho (ja passei aaaaaanos sendo rata de academia, fazendo todas as aulas e exercicios da moda, tomando suplementos, dietas de engorda e sonhando com pernas grossas e musculosas – coisa que obviamente nunca aconteceu porque simplesmente esse nao eh meu biotipo. Entao hoje sou feliz sendo magrinha da perna fina e ponto final).

Quanto a dieta, eu sempre comi muito bem – meus pais tem uma alimentacao otima e super saudavel, entao cresci com otimos habitos alimentares (que nada mais eh do que uma dieta balanceada e equilibrada. Um pouquinho de tudo, e de tudo um pouco), mas confesso que isso mudou um pouco depois que conheci o Aaron (pois ele tem uma dieta pessima e pessimos habitos, entao tentamos nos balencear). E pra mim, ter uma dieta balanceada tambem signifca comer tudo (incluindo refrigerante, doces, gorduras), mas nao todos os dias!

Odeeeeeeio esse auto-flagelo que anda rolando nas redes sociais de “jaquei”, “gordices” e afins. Escapuliu da dieta? Paciencia. Amanha a vida volta ao normal… nao precisa ficar sofrendo em publico!

Entao como muitas frutas, muuuuuuita salada, carne magra, pao integral e todas essas coisas cliche que todo mundo esta careca de saber que faz bem – mas se no fim de semana eu quiser comer 5 pedacos de pizza e um pote inteiro de sorvete, vou comer, sem sofrer por isso.

Jamais sacrificaria minha vida social, e o puro prazer de comer em nome de uma “dieta” – porque dieta nada mais eh doque um estilo de vida. E sei que pra mim jamais daira certo viver uma vida inteira de sacrificos, entao temos que achar um balanco que de certo a longo prazo (ainda que isso signifique se privar de excessos no dia a dia pra poder curtir um pouco mais em outras ocasioes).

E o mesmo eh verdade pra rotina de exercicios; quando viajo a trabalho, geralmente levo meu tenis e tal e tento manter a rotina de me exercitar pela manha (fuso horario e outros eventos na noite anterior permitindo…), mas nem sempre da – temos que reconhecer que as vezes uma horinha a mais de sono faz muito melhor pra nossa saude do que 30 minutos na esteira!

E acho que nunca na vida levei roupa de academia numa viagem a passeio! Minhas viagens ja sao super ativas mesmo (gosto de fazer tudo a pe!), entao nao acho que tenha a menor necessidade de ficar carregando tralhas de academia pra cima e pra baixo mundo a fora.

Vai la, curte sua viagem, seus amigos e familia – experimente a culinaria local, os drinks no fim do dia e as sobremesas – na volta pra casa a rotina volta ao normal!

Outro habito que eu prefiro eh comer pouco… mas comer muito! Heheheh! Ou seja, eu raramente bato um pratao de PF, mas em compensacao praticamente nao paro de comer o dia todo, e sempre vou trabalhar cheia de comida na bolsa, faco marmita no cafe da manha do hotel quand estou viajando e etc. Entao nunca deixo de tomar cafe da manha (ate porque como me exercito de manha, depois do banho to morrendo de fome!), depois faco outro lanche quando chego no escritorio, as vezes faco outro lanche antes de ir na academia na hora do almoco, ai vem o almoco, e a tarde faco pelo menos mais uns 2 lanches. E como durmo cedo, tambem janto super cedo (super entrei na rotina Britanica de ser, e geralmente janto umas 7 ou 7:30 da noite! E geralmente durmo entre 10 e 11 da noite).

Assim evito aquela fome irracional incontrolavel (inimiga numero 1 de qualquer dieta) e fica mais facil fazer opcoes saudaveis sem ter que pensar muito na “dieta”.

Mas confesso que hoje em dia me policio muito mais no dia a dia do que fazia ate uns 2 anos atras (basicamente ate engravidar), pois sempre soube que meio que podia comer de tudo (em moderacao) e conseguia manter tudo numa boa.

Ate que descobri que estava gravida da Isabella e foi um susto atras do outro! Hehheheeh

Foi sim assustador assistir meu corpo mudando tanto, tao rapidamente e nao poder fazer nada!

Eu fui uma gravida suuuuuper saudavel, minha vida e alimentacao continuaram equilibradas (nao tive desejos loucos nem me entupi de porcarias), eu continuei fazendo muitos exercicios, mas eu engordei MUITO e muito rapido!

Como sepre fui uma “magra de ruim”, sempre me imaginei aquela gravida “so barriga”, que nao engorda nada e usa a calca jeans skinny ate o dia do parto, so colocando um elastico no botao da cintura, sabe?

Que nada!

Mesmo comendo tao bem quanto sempre comi, e me exercitando como sempre me exercitei eu engordei 18 quilos (sendo que engordei 6 quilos so no primeiro trimestre, que eh uma fase que a maioria das mulheres nao engorda nada!), e achei tudo muito assustador! Ao mesmo tempo que demorei quase 5 meses pra sequer aparentar que estava gravida, a balanca e a circunferencia geral nao paravam de me assustar!

E sabe aquelas lendas de que “ah, voce vai perder tudo no parto!” ou entao que “amamentar seca! Voce vai emagrecer muito amamentando!”.

Pois eh… Nada disso aconteceu pra mim!

3 dias depois do parto quando voltei pra casa e me pesei eu tinha perdido apenas 5 quilos (tudo bem que eu ja tinha inchado bastante e ja estava transbordando de leite, o que deve ter pesado bastante na balanca), e durante os 4 meses que amamentei a Isabella acho que perdi no maximo mais uns 3 ou 4 quilos.

Foi desesperador!

E o engracado que meu obstetra tinha me alertado pra essas coisas todas (que esse papo que amamentar emagrece eh puro mito, principalmente para mulheres que ja passaram dos 30 – o metabolismo fica muuuuuito lento para poder usar toda sua energia na producao de leite, mas ao mesmo tempo sentimos MUITA fome), alem de nao poder fazer dieta nem me exercitar demais pra nao prejudicar a producao de leite.

Entao tentei continuar a me alimentar com equilibrio como sempre fiz, e voltei a me exercitar 5 semanas depois que a Isabella nasceu (colocava ela no carrinho, tenis no pe e pasava 1 ou 2 horas caminhando por Londres!), mas a verdade eh que so depois que ela parou de amamentar eh que finalente vi as coisas voltarem ao normal – meu organismo e metabolismo voltaram ao normal quase que instanteneamente (assim como a pele voltou a ter brilho, o cabelo parou de cair, a energia e disposicao voltou, o apetite diminuiu…. Aff! Amamentar eh muita judiacao pro corpo da mulher! #prontofalei) e nos 3 meses seguintes perdi os ultimos 8 quilos.

Mas olha, queria muito poder falar que os quilos extra “desapareceram”, mas nao foi bem assim nao!

Eu voltei a acordar cedissimo pra poder malhar antes da Isabella acordar, fiz dieta (contei caloria, contei carboidratos, contei gorduras e todas as coisas que no “dia a dia” nao faco porque acho que acabam virando neura e nao sao sustentaveis a longo prazo), me inscrevi num grupo de exercicios no parque com outras maes e fiz de tudo pra voltar ao meu normal!

Entao a verdade eh que hoje em dia, apesar de me sentir “de volta” com o meu corpo de antes (sabe que ate passei a gostar mais da minha barriga?! A pela fica diferente mesmo, mas no processo de esticar e depois encolher, achei que minha cintura ficou mais fina e meu etomago menos alto, que sempre foram cosias que me incomodaram bastante!), mas morro de medo de voltar a engordar (mesmo sendo alta – 1,75cm – 18 quilos eh coisa pra caramba!), entao levo essa minha rotina de exercicios e de alimentacao muito mais a serio do que antes!

Bem, falei, falei sem dizer nada ne? Nao acho que eu tenha muitas “dicas” pra dar nao, mas sempre acho que podemos tirar uma ideia daqui, outra dali e achar nosso proprio balanco.

Eu pessoalmente acho que as musa-fitness vivem um realidade que nao eh compativel com meu dia dia e estilo de vida, entao nao da pra ficar sofrendo porque sua barriga nao eh igual a da fulana nem sua bunda eh igual a da ciclana – mas sigo varias, e acho que vale a pena filtrar algumas ideias de refeicao, lanches, e principalmente exercicios pra fazer em casa.

Adriana Miller
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Adriana Miller
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16 Jul 2013
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Maternidade no UK: Durante e Depois

Gravidez, Pessoal, Vida na Inglaterra, Vida no Exterior

Esse post est uns meses atrasado, mas eu queria mesmo esperar passar um pouco o rebulio de hormnios e emoes da gravidez e ps parto pra contar um pouco mais sobre a experincia de ficar grvida e ter um beb na Inglaterra, e responder algumas perguntas que recebi ao longo desse ltimo ano.

Mas antes de mais nada, vale reforar a ideia de que cada caso um caso, e a sua experincia (na Inglaterra ou qualquer outro lugar) ou a histria que voc ouviu da prima da vizinha do conhecido do seu amigo pode ter sido completamente diferente, o que no desmerece a experincia de ningum! E outra coisa que eu aprendi a duras penas foi o tanto que as pessoas gostam de dar palpite, opinio e sugestes na vida alheia – como se uma barrigona ou um beb no colo derrubasse todas as cortesias e a moral e bons costumes de respeito ao prximo (incrvel como ouvi barbaridades de estranhos nas ruas nas 3 semanas que passamos no Brasil! Aqui o pessoal se controla mais, mas volta e meia rola algum sem noo…).

Bem, comeaando pelo princpio, de maneira geral toda gravidez e parto no Reino Unido acompanhado e realizado pelo NHS (National Health System), que o sistema pblico de sade nacional.

As opinies positivas e negativas ao servio de sade varia o de 0 a 1000 – ha quem ame e ha quem odeie, o que depende demais de sua experincia nas mos deles. Mas o que interessa mesmo ressaltar que na Inglaterra todo mundo (que mora aqui legalmente) tem acesso a um sistema de sade de qualidade e totalmente de graa.

Claro que nada perfeito e a qualidade do servio geralmente esta atrelada a onde voc mora – se mora numa cidade/bairro bom, provavelmente o NHS local ser melhor. Se mora num bairro mais marginalizado, com muitos imigrantes e afins, as condies gerais do servio ser consideravelmente pior. Infelizmente.

Mas tambm existe um sistema privado de sade, que varia bastante de plano pra plano, mas que no geral no cobre maternidade e parto – eu tive a sorte de ter um timo plano de sade atravs da minha empresa que cobriu por inteiro meu pr-natal e parto, ento tive experincia nos dois lados.

Se voc fará seu pr natal e parto no NHS, o primeiro passo quando desconfiar que esta grávida, é ir no seu GP (seu médico de família da clínica do seu bairro) e fazer um exame de sangue. Esse exame é ultra básico, e apenas confirma o nível do hormônio Beta HCG, confirmando ou não a gravidez. Se o resultado for positivo, seu GP lhe encaminhará ao hospital (público) de seu bairro, onde você será acompanhada por midwives (enfermeiras obstetras, ou “parteiras”).

Na maioria das vezes, essa primeira consulta pode demorar semanas (que parecem ser eternas nesse comecinho de gravidez!), o que e extremamente frustrante, numa fase sensível onde tudo que queremos é a certeza que o bebê está bem!

Na pior das hipóteses a primeira consulta é marcada pra 12ª semana de gravidez – mas geralmente a primeira consulta com a midwife acontece entre a 8ª e 10ª semana, onde elas fazem um questionário geral sobre sua saúde (e avaliam a necessidade de mais exames), ouvem o batimento cardíaco do bebê, tiram pressão, peso etc.

Não espere nada muito sofisticado nem “personalizado”.

A primeira ultra sonografia acontece apenas na 12ª semana, quando fazem uma avaliação do desenvolvimento do bebê, e testam a possibilidade de doenças genéticas (síndrome de down e mais algumas outras).

Uma coisa que as vezes “choca” as mães Brasileiras de primeira viagem é que como na Inglaterra o aborto é 100% legalizado, rola todo um papo sobre suas “opções” caso o resultado dos exames não seja positivo – então cabe a cada mãe e cada pai a decisão sobre o que fazer daí pra frente.

Se tudo correr bem, a partir da 12ª semana de gestação você terá 1 consulta com a midwive por mês até a semana 36, quando as consultas passam a ser a cada 15 dias; e se sua gestação passar das 40 semanas, as consultas passam a ser semanais (e em alguns casos, a cada 2 ou 3 dias).

A sua única outra ultra sonografia será na semana 20, quando avaliam a formação física do bebê e onde os pais tem a opção de descobrir o sexo.

Aqui não existe exames de “sexagem fetal” nem nada do estilo, mesmo no sistema particular, e descobrir se o bebê é menino ou menina só mesmo na 20ª semana – e se o bebê cooperar (se o bebê estiver de pernas cruzadas ou numa posição onde não seja possivel ver o sexo, os pais tem que esperar até o nascimento do bebê pra descobrir, ou então fazer uma ultra num hospital particular. Mas o comum aqui é que ninguém descubra o sexo do bebê mesmo de qualquer maneira).

Ou seja, em uma gestação normal e saudável, a grávida não se consulta com um obstetra uma única vez, e é atendida pelo time de midwives de seu hospital (cada consulta será uma pessoa diferente, para que você se familiarize com toda equipe).

Quando você entrar em trabalho de parto, será atendia por uma das midwives (que provavelmente você já conheceu em alguma das consultas), que são também responsáveis pelo parto. Os Obstetras só entram em cena em casos de emergência.

E aqui na Inglaterra, parto é parto. Todos são normais, e de preferência o mais natural possível.

Cesáreas são consideradas “cirurgia de retirada de bebê”, e nunca chega a ser uma opção, a não ser que realmente exista um risco muito grande para a mãe e/ou bebê. Alguns fatores podem ser encarados como complicadores do parto normal, mas a decisão por uma cirurgia só acontece quando a mãe entre em trabalho de parto, ou nas semanas finais da estação (como por exemplo cordão umbilical enrolado no pescoço, bebê de cabeça pra cima, gêmeos, bebê grande, etc. Todos são vistos como “complicadores”, porém não são motivos suficientes para fazer a mulher passar por uma cirurgia abdominal).

Eu tive o privilégio de experimentar os dois lados do sistema de saúde na Inglaterra, e confesso que por ser mãe de primeira viagem e estar acostumada com os padrões Brasileiros (e o Aaron com padrões Americanos) de saúde, toda essa cosia de não ter obstetra, exames superficiais, não fazer ultras etc, me assustava um pouco, então fiz todo meu pré natal e parto pelo sistema privado.

E por aqui, pelo menos no meu plano de saúde, o sistema funciona igual ao Brasil: eu consultei meu ginecologista no inicio da gestação, fiz todos os exames necessários de sangue e hormonal, fiz a primeira ultra na 7ª semana para confirmar a gestação e batimentos cardíacos do bebê, e dai pra frente fiz uma ultra por mês.

Mais ou menos no 4ª mês, meu ginecologista me encaminhou para um Obstetra e prosseguimos com o pré natal normalmente.

Por sorte, meu Obstetra atende em vários hospitais particulares em Londres, então na reta final (7ª mês) eu resolvi trocar de hospital, para ficar mais perto de casa, então tive que refazer alguns exames e voltei a misturar um pouco o lado do NHS com o particular (a quem interessar possa: fiz meu pré natal no Portland Hospital, mas resolvi ter a Isabella na Lansdell Suite do St Thomas Hospital – uma ala particular dentro um hospital público – pois achei que a infra estrutura num caso de emergência seria mais completo).

Quando entrei em trabalho de parto, fui direto para o hospital, onde pude ficar relaxando com o Aaron enquanto esperava o parto progredir (no NHS a gestante só pode dar entrada no hospital quando já esta em trabalho de parto avançado, com contrações a cada 5 minutos pelo menos), com acompanhamento das midwives e do Obstetra.

De modo geral eu achei a experiência o máximo, e tanto no lado do NHS quando no particular fui muito bem cuidada, e gostei demais do estilo que os Britânicos (e Europeus em geral) encaram a maternidade e principalmente o parto.

A maioria das mulheres sonha e opta pelo parto normal sem anestesia (lembrando que a cesárea não faz parte do leque de “opções” e só acontece em casos muitos específicos), então o sistema é preparado pra isso.

Somos encorajadas a fazer um “birth plan” (“plano do parto”) onde é estabelecido seus desejos e prioridades, desde qual música você quer ouvir durante o trabalho de pato, a intensidade da luz, até decisões mais “sérias” como anestesia, episiotomia, opções de emergência (as mulheres aqui fogem MESMO da cesárea, então temos várias opções de intervenções e “ajudas” médicas para facilitar o parto normal), quem vai cortar o cordão umbilical, se o bebê vai ser examinado antes ou depois da primeira mamada etc, etc.

Eu optei pela anestesia peridural, mas ainda assim, a anestesia aplicada nos hospitais Ingleses é conhecida como “walking epidural”, ou a “peridural andante”, pois é aplicado apenas a dose mínima do anestésico, então elimina toda dor, mas sem eliminar a sensação do parto.

Então apesar de não ter sentido dor nenhuma em momento algum, eu pude andar pelo quarto, ir ao banheiro quantas vezes quis, usei a bola de pilates, as barras de apoio, etc e fiquei bastante ativa durante todo o parto, o que ajudou demais a passar o tempo e progredir com as contrações, dilatação etc. Mas ao mesmo tempo eu conseguia sentir tudo que estava acontecendo “dentro” da minha barriga – sabia quando estava tendo uma contração (sem dor, mas sentia a barriga ficando dura), sentia ela se mexer, quando a cabeça foi abaixando etc. E na hora de empurrar, também conseguia sentir cada contração, o que ajudou a focar meus esforços, saber quando respirar, quando empurrar, quando parar etc. O médico e as parteiras iam me guiando, mas foi sensacional conseguir participar “ativamente” do parto.

Não existe experiência igual!! Só tenho memórias maravilhosas daquele dia/noite e já mal posso esperar pelos próximos partos!

Foi cansativo, claro. No total, entre a bolsa romper e a Isabella nascer foram 21 horas de “trabalho”, sem comer ou dormir direito, mas foi o que meu corpo precisava para se preparar para aquilo tudo.

Eu também aceitei/optei por receber hormônios artificiais (oxitocina) para acelerar as contrações/dilatações, pois as horas estava passando rápido demais e o parto não estava progredindo de acordo. E como a regra aqui é que a mulher só pode ficar em trabalho de parto por 24 horas depois que a bolsa estoura, não quis arriscar ter que acabar numa mesa cirúrgica depois de passar tantas horas “trabalhando”. Mas gostei que no fim das contas, a opção foi minha. Poderia ter esperado mais algumas horas, e quem sabe, tudo teria progredido normalmente, sem intervenções nem hormônios artificiais. Mas naquele momento foi o melhor pra mim e minha filha, pois estava ficando cansada e não queria arriscar estragar o momento.

A fase de recuperação pós também é diferente entre o NHS e particular, pois a grandíssima maioria dos hospitais públicos, a mulher é transferida para uma ala pós parto, que são enfermarias divididas com outras mulheres e seus bebês (os hospitais Ingleses não tem berçários, e seja público ou particular o bebê SEMPRE fica com a mãe desde o primeiro segundo de vida). Portanto não há privacidade, as visitas são limitadas e o pai da criança ou parceiro(a) da mãe não podem ficar junto.

Se o parto não tiver complicações e o bebê nascer durante a manhã/dia, a família volta pra casa no mesmo dia (uma amiga voltou pra casa 6 horas depois que sua filha nasceu – sem anestesia e num parto na agua. Ela preferiu se recuperar em casa do que na enfermaria do hospital).

No nosso caso, como estávamos na ala particular eu pedi pra passar mais uma noite (estava muito cansada e com muito medo de voltar pra casa e ser responsável por um bebê! hahahahah), então eu e o Aaron passamos um total de 3 dias e 2 noites no hospital (o 1ª dia em trabalho de parto, e 2 dias e 1 noite já dividindo o quarto com a Bella!).

Mas o surpreendente mesmo é depois que o bebê nasce e achei o serviço prestado pelo NHS incrível!

Entre as primeiras 24 e 48 horas depois que a mãe e bebê voltam pra casa nós somos visitadas por uma midwife e/ou Health Visitor, que a cada 3 ou 4 dias vem visitar a mãe e o bebê para se assegurar que esta tudo bem na recuperação e adaptação da nova família.

Elas pesam o bebê, examinam a mãe, conferem amamentação, informam sobre alimentação, vacinação do bebê, depressão pós parto e o que mais mãe/pai/bebê precisem!

No nosso caso foi crucial pois a Isabella perdeu muito peso depois que nasceu, então a midwife vinha nos ver a cada dois dias (mesmo no dia que a cidade parou por causa de uma nevasca ela apareceu!), me orientou em relação a amamentação, como cuidar do umbigo, dar banho, colocar pra dormir, etc, etc, etc, até tudo estar 100% normal, o que só aconteceu com quase 3 semanas. E lembrando que a Isabella nasceu no auge do inverno, na semana mais fria do ano (na sua primeira semana de vida nevou 4 dias seguidos!), e só o fato de não ter que sair de casa com um bebê recém nascido abaixo do peso no frio foi uma alívio!

Esse apoio do sistema público de saúde foi fundamental para uma recuperação tranquila, amamentação bem sucedida e um bebê saudável!

Depois disso, na 6ª semana pós parto fizemos (eu e Isabella) um check up com o GP (General Practice, ou o clínico geral que é o médico de família de seu bairro) e eu também tive um check up com o Obstetra.

Daí pra frente, uma vez por semana (e agora que ela esta mais velha, uma vez por mês) vamos na “baby clinic” da clínica do bairro medir/pesar e fazer um check up geral e conversar com as Health Visitors.

Uma coisa estranha é não ser consultada por um pediatra, e sim um clínico geral ou enfermeira (a não ser que você tenha plano de saúde), mas eles fazem uma triagem inicial e se algo não estiver bem, seu bebê é encaminhado para a pediatria do hospital de seu bairro.

No sistema privado, funciona como no Brasil: você leva seu bebê uma vez por mês no pediatra, pode ligar de madrugada, fazer perguntas bobas sobre a cor do cocô e o que mais quiser :-)

 

Não sei se minha experiência teria sido tão positiva se meu pré natal e parto tivessem sido 100% pelo NHS, mas o pouco que vi, gostei bastante da filosofia “gestação-parto-pós parto” que eles tem aqui, em ambos os lados do sistema, e fico um pouco decepcionada com as estatísticas de parto no Brasil.

Agora só me resta esperar que minha próxima gestação seja tão saudável e tranquila quanto a primeira e que mais uma vez eu possa ter um parto normal, natural e sem complicações!

 

Adriana Miller
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10 Jan 2013
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#365Everywhere

Blog, Dia a dia, Fotografia Everywhere, Pessoal

Quem me acompanha no Instagram (@DriMiller) deve ter reparado que algumas fotos aparecem com a hashtag “#365Everywhere”, e varias pessoas já me perguntaram oque significa.

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Essa “hashtag” surgiu quando estávamos pensando em projetos de fotografia que queremos fazer durante os primeiros meses de vida da nossa bebê (e de nossas vidas como pais!).

Alguns anos atras, durante dois anos, o Aaron fez um projeto no Flickr chamado “Project 365”, que basicamente era tirar uma foto por dia, todos os dias, documentando sua vida ao longo de um ano inteirinho – 365 dias.

Mas esses projetos deram trabalho – ele levou tido super a serio, então todos os dias “planejava” suas fotos, depois editava etc. Oque sejamos realistas – com um recem nascido em casa, isso vai ser cada vez mais difícil.

E eu queria fazer alguma coisa que fosse off-blog, mas que fosse fácil e que nao demandasse taaaanto tempo quanto escrever posts (mas podem deixar que o blog nao vai morrer nao! Nem tampouco vai virar “mommy blog”!), e como to numa fase super viciada em Instagram, acabei convencendo o Aaron a criar uma conta tambem e assim vamos fazer um novo “Projeto 365 dias” juntos ao longo de todo 2013.

Então quem quiser acompanhar, é só seguir meu perfil @DriMiller e/ou o do Aaron @armiller007 e a tag “365 Everywhere”.

Mas quem nao tem Instagram nao tem problema!
As fotos também estarão disponíveis aqui na barra lateral do blog e aos poucos vamos atualizar um novo álbum no Flickr do Aaron (tambem aqui na barra lateral do blog).

O projeto começou exatamente no dia 1 de Janeiro e passa lá porque nos últimos dias tivemos grandes novidades! :-)

Adriana Miller
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