23 Feb 2018
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Mudancas a vista! Ano novo, vida nova!

Dia a dia, Pessoal, T.V. EveryWhere, Trabalho, Vida no Exterior

2018 mal começou e eu já sinto como tivesse vivido mil anos em 2 meses… Mas para o ótimo sentido é claro!

Então como o propósito desse blog – que já existe ha 14 anos!! – e todas as novas mídias sociais que fui acumulando e participando ao longo dos anos, sempre foi servir como um diário virtual, uma maneira de registrar minha vida e suas etapas para a posteridade, claro que uma mudança tão drástica desse tipo não poderia deixar que vir ilustrar as paginas do Dri Everywhere.

Estamos de mudança!

Vamos morar nos EUA!

Eu sei que vocês não me conhecem, e eu não conheço vocês – mas esse blog e a minha “vida virtual” já fazem tão parte da minha historia, que eu juro que uma das primeiras coisas que passou pela minha cabeça quando tudo se desvencilhou nas ultimas semanas foi: qual a melhor maneira de contar essa novidade “pro pessoal” do blog???

Entao aqui estamos nós! E vamos começar pelo principio!

Como muitos de vocês sabem, o Aaron, meu marido, é Americano. Ele já mora em Londres ha muitos anos, mais até do que eu, e nos conhecemos ja ambos morando e trabalhando aqui. Logo no começo do nosso relacionamento, ele teve algumas idas e vindas entre a Inglaterra, EUA e Alemanha (por causa de dificuldades de visto), e sempre concordamos que Londres era nossa “casa”, nosso território em comum. Nos conhecemos aqui, nosso relacionamento foi todo baseado na vida aqui, e então por aqui ficamos,

Nos casamos, montamos nossas vidas, desenvolvemos nossas carreiras e montamos nossa familia.

Mas por outro lado, ele sempre foi muito sincero na sua votade de “um dia”, “no futuro”, voltar pros EUA. Eu pessoalmente, nunca me opus. Sempre me pareceu um bom plano pro nosso futuro: curtir tudo que Londres e a Europa tem a oferecer, e um dia, nos estabelecer nos EUA.

Então muuuuuuitos anos se passaram, volta e meia conversavamos sobre isso, mas nunca num sentido “real”, nunca com planos concretos de fazer com que tal mudança acontecesse e saisse do papel.

A vida em Londres ia muito bem obrigada, e no fundo, simplesmente não tínhamos nenhum motivo pra querer morar em nenhum outro lugar do mundo. Então por aqui fomos ficando.

Até que em Dezembro de 2016 – o Oliver recém nascido, eu de licença maternidade em casa, e fazendo as malas pra passar o Natal com a família nos EUA – o Aaron me ligou no meio do dia, do nada e disse que tinha recebido uma proposta irrecusável de uma promoção: o único porém era que o novo cargo seria nos EUA.

Confesso que foi um choque! Sempre falamos sobre uma possivel mudança como uma coisa muito no “futuro”, pra quando “a gente for mais velho” – então foi um choque aquela realização de que na verdade, o futuro é agora!

Afinal, já estamos “mais velhos”, já temos conforto financeiro, já temos uma família montada. Isso tudo somado a uma proposta irrecusável profissional, pulamos de cabeça na oportunidade.

Então, ainda de férias nos EUA em Dezembro de 2016, começamos a estudar sobre Green Card pra mim, fomos ver casas nos EUA, pesquisar sobre escolas no Colorado. Foi uma loucura!

A timelines que nos deram na epoca era para uma mudança em Março ou Abril de 2017!

Foi muito corrido, e na nossa cabeça, não conseguíamos fazer a conta do calendario fechar: só pra conseguir um visto de residência pra mim (Green card) demoraria quase 1 ano, eu ainda estava de licença maternidade, a Isabella começando escola nova, etc.

Mas então muitos meses se passaram, e acabou não dando em nada.

Por um lado sentimos um grande alívio! Foi tudo tão de supetão, que não deu tempo pra processar a magnitude da mudança, e simplesmente não estávamos prontos. AInda não era a hora de sair de Londres.

Mas por outro lado, apesar do alivio, nós dois nos sentimos inacrediavelmente decepcionados!

Foi uma época de muito conflito inerno. Ao mesmo tempo que sentiamos aquele alivio de poder ficar em Londres mais um tempo, a prespectiva da mudança tambem abriu todo um novo universo de uma vida nova, e com isso, acabou nos trazendo muitas frustrações em relação à vida em Londres.

Coisas que ate então nunca me incomodaram (o clima, as casas, a lotação das coisas, e o polêmico “FOMO” Londrino – o “fear of missing out” que aflige todo mundo que mora aqui!), começaram a incomodar demais!

De repente, eu comecei a enxergar vários pequenos defeitos na minha cidade preferida do mundo, e aos poucos isso foi gerando uma vontade de mudança. Não sabiamos exatamente o que, nem pra onde, nem pra quando. Mas como num passe de magica, Londres passou a não ser mais nosso lugar “pra sempre”.

E ao longo do ano, outro evento da nossa familia contribuiu pra esse desejo de mudança: a Isabella começou na escola de verdade, e entrou no sistema de ensino Inglês.

Por um lado, correu tudo MUITO bem. Ela entrou numa escola pública de excelente qualidade, se daptou super bem, fez muitos amigos novos muito rápido. Mas por outro lado, ao passarmos a entender melhor o sistema educacional Inglês, nos demos conta da fragilidade de nossa situação.

Ela esta crescendo, e cada vez mais se apegando ao dia a dia em Londres, aos seus amigos, atividades e aos costumes. Porém, como nunca quisemos comprar uma casa em Londres, isso nos colocou numa situação muito vulnerável, pois sabiamos que mais cedo ou mais tarde poderiamos ter que mudar toda nosa vida de novo, o que teria um grande impacto nas crianças, e principalmente na Isabella.

Entao começamos a pensar nas alternativas. Outros bairros de Londres, procurando casas e apartamentos no nosso proprio bairro que nos permitiria ainda ficar dentro do destrito escolar onde moramos. E traçamos um plano de mais 1 ou 2 anos no máximo.

Até que, exatamente 1 ano depois de que todo esse processo começou, em Dezembro de 2017 – eu já estava de férias no Brasil com as crianças e o Aaron ainda estava em Londres trabalhando mais uns dias. Então ele me liga de novo, do nada: “você nao vai acreditar… recebi mais uma proposta de promocao, e mais uma vez também é para um cargo nos EUA”.

Então dessa vez não tivemos dúvidas , e pulamos de cabeça e de olhos fechados! Poderia não dar certo de novo, mas pelo menos nos sentimos “experientes” no processo, o que tinhamos que fazer para nos preparar para uma possível mudança.

Incrível a diferenca que um ano faz!

Em 2016 foi uma situação de tanta insegurança , medos e incertezas! Nao sou muito religiosa, mas sei que Deus tem um plano maior, e tudo acontece no tempo certo, por um propósito certo.

Foram duas semanas intensas no Brasil, onde o Aaron teve que passar por incontáveis entrevistas, painéis, provas, reuniões.

Assim que voltamos pra Londres, eu já comecei a conversar com a minha empresa – que tem varios escritórios nos EUA – sobre uma transferência pra mim, e tudo começou a se encaixar.

Umas semanas depois, eu cheguei em casa um dia a noite, e o Aaron estava dando jantar para as crianças , mas deixou eles sozinhos na cozinha e estava falando no telefone na sala. Achei estranho, mas pelo tom de voz dele, percebi que era alguma coisa séria , e provavelmente alguma emergência de trabalho.

Mas assim que ele voltou pra cozinha, na mesma hora eu soube o motivo do telefonema! Ele tinha sido promovido, e nossa mudança estava confirmada!

Ainda tivemos um outro mini-susto: ele teria que começar seu novo cargo nos EUA em Março , cerca de 6 semanas depois!

Então como vocês devem imaginar, as últimas semanas tem sido pura correria. TANTA coisa pra organizar, planejar, se preocupar!

Meu visto já esta quase finalizado, mas também foi um processo muuuuuuito estressante nas últimas semanas (também estou gravando um video sobre o processo do Green Card, e depois falo sobre isso com mais calma!).

Minha transferência tambem esta (quase) finalizada, e a empresa (nos dois lados: UK e EUA) foram extremamente solícitos em me ajudar a achar um novo cargo, a entrevistar com as pessoas certas, entender as diferenças entre as duas empresas, conectar com futuros colegas, futuros clientes, etc. Já me sinto em casa com minha nova equipe! Eu sei que vai ser um tremendo choque cultural depois de tantos anos trabalhando na Europa – mas ao mesmo tempo, eu sempre trabalhei para empresas Americanas, e conheço bem a cultura e ética de trabalho deles, então pra mim, essa “mudança” não é uma coisa negativa não.

Ufa! Como vocês podem imaginar, são muitos detalhes, e muitas coisas pra pensar!

Eu também gravei esse vidoe aqui la pro canal do YouTube contando um pouco mais! E daqui pra frente, pretendo fazer vários outros posts e videos contando um pouco mais sobre todo esse processo de mudança e da nossa nova vida!

Obrigada por me acompanharem ha tantos anos! E podem puxar uma cadeira e pegar um cafe, porque ainda tem muito mais por vir!!

 

 

Adriana Miller
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26 Jul 2017
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O fim da licença Maternidade… Mais uma vez!

Baby Everywhere, Dicas de Maternindade, Oliver, Pessoal, Trabalho, Vida na Inglaterra, Vida no Exterior

Umas semanas atras encerrei mais um periodo na minha vida: depois de 10 meses, acabou minha licenca maternidade, e voltei a trabalhar.

Uns anos atras, eu escrevi alguns posts sobre como funciona a licenca maternidade no Reino Unido, e como foi a minha experiencia de voltar a trabalhar depois que a Isabella nasceu.

E 4 anos depois, aqui estou eu novamente!

Desde que comecei a escever sobre maternidade e minhas experiencias aqui na Inglaterra, esse tem sido um dos temas mais procurados aqui no blog – e nos ultimos meses, desde que o Oliver nasceu, isso so se intensificou!

Mas eu mesmo fui reler meus posts antigos sobre isso, e me surpreendi com o quao pouco minha posicao e sentimentos em relacao a isso mudaram.

E principalmente agora, mae de duas criancas, me sinto ainda mais segura do caminho escolhido e de como estamos criando nossa familia!

Dessa segunda vez confesso que as decisoes foram mais faceis de serem tomadas: os medos e insegurancas ja nao sao os mesmos, e acima de tudo, eu ja sabia do bem incrivel que voltar a trabalhar faria pra mim mesma. E nunca, nunca se esquecam: mae feliz = bebe feliz! Independente de qual escolha tal mae tenha feito em relacao a sua propria carreira.

Dessa vez, as duvidas e insegurancas foram mais nem relacao a  questoes praticas: horarios e creche/escolas, viagens a trabalho, custos a mais e como conjugar isso tudo. Enquanto que da primeira vez, era tudo mais sentimental, filosofico mesmo.

Sera que a maternidade me mudaria tanto assim mesmo? Sera que me transformaria em uma pessoa assim tao diferente da Adriana que sempre fui? Dos sonhos e aspiracoes que sempre tive?

Nao. Absolutamente nao. A maternidade apenas foi a realizacao de mais um sonho, mais uma etapa na vida, e mais uma adaptacao.

Na verdade, ter tido a Isabella, passado varios meses cuidando dela, depois voltado a trabalhar por alguns anos, ter tido o Oliver e ter passado varios meses em casa cuidando dele, reforcaram o que sempre achei da maternidade: ser mae em periodo integral eh uma carreira, uma profissao como outra qualquer. Algumas mulheres nasceram pra isso. Outras nao.

Algumas mulheres nasceram para serem medicas. Outras advogadas. Outras designers. Outras dentistas. Outras, mae.

E nao precisa ser polemico, nem rolar bafafa. Nao eh isso que quero dizer!

Eu nasci pra ser mae! Mas nao quer dizer que eu queria ser “apenas” a mae da Isabella e do Oliver – e tao pouco digo isso em tom pejorativo! Ser “soh” mae eh muitas vezes muito mais dificil do que qualquer profissao do mundo! E pior: sem reconhecimento social e financeiro.

Nenhum curso te prepara para ser mae. Nenhum livro tem todas as respostas. E nem mesmo ter tido outros filhos vai te dar respostas e solucoes! Eh um misterio da humanidade, e a unica solucao eh aprendendo na marra, dando a cara a tapa. Um filho atras do outro.

Mas pra mim, ser “eu mesma” sempre foi igualmente importante. Claro que a Adriana de 2017 eh diferente da Adriana de 2013 (quando a Isabella nasceu), que por sua vez eh muito diferente da Adriana pre-2012 (pre maternidade)!

Mas eu nunca quis escolher – pra mim nunca foi “ou um ou outro”! Entao adicionei o fator “mae” na equacao da minha vida, mas ela aida inclui “marido”, “familia”, “amigos”, “viajar”, “hobbies”, etc

A gente nao passa a vida toda aprendendo a se adaptar? A crescer, desenvolver e ir se adaptando aos poucos?

Da escola pra faculdade. Da casa dos pais pra morar sozinho. Casamento. Carreira. Filhos. Filhos crescidos fora de casa. Aposentadoria, etc, etc, etc

Entao pronto. Porque tanta polemica?

Eu lembro do choque que foi ter que estudar pro vestibular: Nao posso mais dormir a tarde toda e assistir Sessao da Tarde?! Tenho que estudar e fazer cursinho?! E ai depois que entrei na faculdade: O que?! Tenho que fazer estagio? Estudar de manha, trabalhar a tarde toda, e ainda fazer materias eletivas a noite? Estudar fim de semana?! E que horas eu vou pra praia com os amigos?! E depois me formei, comecei a trabalhar “de verdade” e pagar contas, mudei de pais varias vezes (tem choque maior que esse?!), fui morar sozinha, depois fui morar com o namorado, depois casei, fiz mestrado, bla bla bla…

E a cada nova etapa fui me adaptando. Algumas fases melhores, outras piores. As vezes olhava para as “vidas” anteriores e sentia saudades… Mas a fase seguinte no jogo da vida sempre touxe alguma coisa melhor, mais exitante! Uma Adriana melhor e mais completa do que a anterior.

E me tornar mae, foi exatamente igual!

Entao porque tudo tem uma conotacao tao negativa, ne? “Ter filhos eh cansativo”, “viajar com criancas da trabalho”, “nao ter ajuda todos os dias eh muito dificil”…

Ah gente!! Vamos reclamar menos!

E nao eh que ter filhos nao seja cansativo… mas bom mesmo era dormir depois da aula e assistir Sessao da Tarde comendo goiabada com requeijao na cama dos meus pais! O que nao quer dizer que eu quero voltar a ter essa vida!

Entao as vezes eu queria poder ficar no escritorio sem pressa pra voltar pra casa – mas ao mesmo tempo, por mais cansada que esteja, nao tem nada melhor na vida do que ser recebida em casa por sorrisos banguelas, gritinhos de “mamae chegou!!” e todas as suas variacoes!

No outro dia eu e o Aaron estavamos conversando sobre isso, como por mais cansativo que essa fase de filhos pequenos seja, esses sao os melhores e mais felizes anos de nossas vidas, e sao esses dias (e noites) que um dia vamos relembrar com saudades e lagrimas nos olhos, assistindo nossos filhos crescendo e ganhando o mundo e vivendo suas vidas sem depender da gente…

 

Mas voltando a volta a labuta propriamente dita…

O prazo e periodo para o retorno nao foi exatamente estrategico nao. Entrei de licenca ano passado sabendo que poderia ficar fora ate 13 meses sem problemas, e ia decidir aos poucos. Mas depois de fazer alguns dias de “KIT days” (que aqui no UK permite que a mae possa trabalhar alguns dias sem comprometer os beneficios da licenca), estar de volta no escritorio, conversar com meus colegas, reunioes sobre potenciais projetos e oportunidades, etc, aquilo me fez TAO bem, que resolvi ja me programar pra voltar mais cedo.

Alem disso, como trabalho com projetos de consultoria, volta e meia fico uns periodos sem “trabalhar”, entao achei que isso poderia acontecer, entao era melhor voltar antes mesmo e ter tempo de ir me re-adaptando.

Mas fiz muito bom proveito dos meus dias KITs, fiz otimos contatos e logo no primeiro dia de volta, fui alocada a um projeto muito legal, com uma equipe super legal e estou amando cada segundo – apesar de que sim, eh cansativo, ainda estamos nos adaptando com a nova rotina, e morro de saudades dos meus bebes todos os dias!

 

Mas apesar dos pesares, acho que o principal eh mesmo o fato de que tive a opcao e o provilegio da escolha, de sequer ter essa opcao.

O mundo paralelo da maternidade ja tem julgamento e palpites nao requisitados demais – e nao podemos esquecer que a maioria esmagadora das mulheres do mundo simplesmente nao tem essa opcao. Muitas adorariam poder parar de trabalhar e se dedicar aos filhos, mas nao podem, pois precisam trabalhar por questoes financeiras e sociais. Enquanto outras, adorariam poder voltar a trabalhar e estudar, desenvolver suas carreiras, mas nao conseguem – pelas circunstancias, os muitos preconceitos e machismos que as maes-trabalhadoras enfrentam no mercado de trabalho, ou ate mesmo por preconceitos sociais e religiosas.

Entao que tal? Da proxima vez que der aquela vontade avassaladora de “ensinar” outra mulher ou homem a como educar e criar seus filhos, pense duas vezes sobre o quanto voce nao sabe nem entende a realidade daquela familia – e logo, nao eh da sua conta! :-)

Adriana Miller
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22 Oct 2015
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SAL: Trabalhar em Londres – Vou conseguir um emprego na minha área?

S.A.L., Trabalho, Vida na Inglaterra, Vida no Exterior

O “tema” das perguntas mais comuns que recebo aqui no blog geralmente variam de acordo com a situacao politica e economica do Brasil…

Mas de uns tempos pra ca comecei a perceber uma mudanca no perfil e “intencao” nos e-mails em relacao a se mudar, morar e trabalhar em Londres.

Antes rolava muito “to disposto a fazer qualquer coisa”, mas acho que com mais acesso a informacao, blogs e relatos sinceros e verdadeiros, e ate mesmo por me “conhecerem” atras do blog e midias sociais, os aspirantes a imigrantes tem se (e me) perguntado mais se “vale a pena” imigrar pra Europa e Inglaterra (cuja minha resposta e opiniao já virou post aqui oh), e mais recentemente tem aumentado as perguntas sobre o mitico “emprego na minha area”.

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Como quase todos os posts sobre o tema que aparecem aqui no SAL (Servico de Atendimento ao Leitor), vou comecar falando o obvio: não existe resposta certa, e eh impossivel eu te dar uma resposta certeira, que seja aquele empurrao final que voce estava precisando pra tomar coragem de largar tudo.

Muita gente quer aquele apoio psicologico, e uma passada de mao virtual na cabeca pra ter coragem de fazer uma coisa que sim, eh muito arriscada e assustadora!

E não, voces nunca vao me ver incentivando ninguem a fazer isso – já brinquei muitas vezes por aqui que imigracao eh coisa seria e “não facam isso em casa”, e a decisao e riscos são seus – nem deve ser um blog nem uma blogueira (eu, no caso) te dando resposta as quais eu obviamente não sei sobre uma decisao que deveria ser so sua.

Pra comecar com “minha area” – eu não conheco sua experiencia, provavelmente não conheco sua area ou industria de atuacao (tanto no Brasil quanto aqui na Europa) alem dos muitos outros fatores que separam um candidato de uma vaga: visto, formacao academica, experiencia relevante, fluencia na lingua, desenvoltura nas entrevistas, carisma, e principalmente – se destacar em processos de selecao onde voce estara concorrendo com os mehores candidatos do mundo.

Eu já escrevi um monte de posts com dicas de Recursos Humanos, entrevistas, cartas de apresentacao, etc, aqui oh!

Outra frase que já repeti bastante por aqui tambem eh: Londres eh a terra das oportunidades, mas tambem eh a terra da concorrencia, pois assim como eu, voce, e mais um monte de gente, todo mundo quer vir pra ca “passar um tempo trabalhando na minha area”.

Aqui a concorrencia eh contra um mercado infinitamente maior, cada candidato esta concorrendo contra um mundo de Britanicos, Europeus e gente do mundo todo com um bisavo Italiano ou uma avo Espanhola que te deu direito ao passaporte Europeu. (que sim, facilita, mas não eh garantia de absolutamente nada).

Entao minha gente, não, não eh facil.
Eh impossivel? Devo desistir de tudo agora?!
Não, tambem não eh assim. Eu consegui e muita gente tambem consegue!
Mas temos que ser realistas, certo?

E usando a mim mesma como exemplo: eu vim pra ca super nova, há mais de 10 anos atras. Já tinha uma boa formacao no Brasil, estudei na Espanha e já era fluente em Ingles. E sem falar que há 10 anos atras Londres era beeeem diferente. A concorrencia era diferente, uma epoca pre-recessao de 2009, pre midia social, pre boom da inernet.

E ainda assim, parando bem pra pensar, esse papo de “minha area” foi total furada pra mim!

Sou formada em Economia e trabalhva com financas no Rio. Fui pra Espanha estudar turismo e vim pra Londres achando que aqui eu conseguiria arrumar um bom emprego “na minha area” (turismo), e inclusive vim pra ca já com um estagio organizado pela Universidade de Madrid, onde fiz meu mestrado. Ou seja, tudo pra dar certo ne?

Pois eh, mas não foi bem assim. A falta de experiencia na area de formacao (turismo) e conhecimento e experiencia relevante no mercado (Inglaterra) fecharam todas as portas, e depois de algumas idas e vindas eu acabei caindo de para-quedas em Recursos Humanos.

RH agora eh a “minha area”, mas não eh exatamente o que eu tinha sonhado em fazer la atras, há 12 anos quando sai do Brasil.

Mas deu certo pois eu estava numa outra fase da vida, comeco de carreira em tudo mesmo, e no fundo, não me fazia a menor diferenca. Dei muita sorte de ter acabado numa area não planejada, mas que foi onde eu me encontrei e me realize profissionalmente.

Hoje em dia, esse papo seria beeeem diferente, e no mercado de hoje eu provavelmente não teria tido as oportunidades e experiencias que tive nesses quase 12 anos de vida na Europa.

Entao o moral da historia eh que por mais que eu tente ajudar, dar dicas, e escrever posts de “utilidade publica” respondendo perguntas mais comuns e frequentes, eh impossivel prever se voce vai conseguir um emprego na sua area em X meses e que pague X mil Libras (volta e meia eu recebo e-mail com valores exatos que a pessoa “precisa” ganhar pra manter o padrao de vida que tem no Brasil! Gente, por favor! Se “manter o padrao de vida do Brasil” eh tao importante pra voce, entao por favor, não vire imigrante na Europa!!).

Já ate me acusaram a ser “cabeca fechada”, mas não eh isso gente – eh ter responsabilidade, experiencia propria e anos de estrada.

Claro que meu ponto de vista tambem mudou. Hoje tenho uma familia e uma filha pequena, e afinal, estou 12 anos mais velha do que aqueles primeiros posts cheios de energia!

Já sei tudo que pode dar certo ou errado, ou quando a pessoa esta simplesmente se iludindo.

EU, hoje em dia, com trinta e tantos anos, marido e familia, com certeza absoluta não teria embarcado nas mudancas que fiz aos 20 poucos, livre, leve e solta. Não mesmo!

Com familia e filhos, ou voce já esta aqui e “cresceu aqui” como eu, ou entao fique onde estiver se nao estiver disposto a comecar do zero, arriscar e perder tudo…

Por exemplo, no outro dia recebi um comentario engracado: uma leitora pediu pra escrever sobre algumas adaptacoes da vida “aqui fora”, e como lido com coisas do dia a dia, como cuidar da casa, cuidar da minha filha “sem ajuda”, fazer supermercado e afins.
E essa pergunta me fez parar pra pensar… Eu simplesmente não tive que me “adaptar” a nada disso, pois “cresci”  e virei gente grande aqui, ou seja, a primeira vez que fiz supermercado sozinha, já foi aqui. A primeira vez que cuidei da casa foi aqui, a primeira vez que tive uma filha e tive que aprender a ser mae “sem ajuda” foi aqui.

Entao não tenho parametros de comparacao com a realidade de outras pessoas, e de pessoas que imigram pra outros paises e culturas em diferentes fases da vida, deixando outros estilos de vida pra tras, e com outras necessidades imediatas pra sobreviver e ser feliz (como por exemplo, o mitico “emprego na area”).

Ou seja, eh possivel conseguir um emprego na sua area profissional? Sim, claro.
Vai ser facil, e garantido que voce vai ter uma vida boa? Não, asolutamente não!

E infelizmente eu não tenho a resposta magica, entao cada um tem que saber e reconhecer sua propria disposicao a arriscar e aceitar que tudo pode dar errado.

E claro que a vida de imigrante pode ser maravilhosa (a minha eh!), mas uma boa dose de realidade tambem ajuda a manter as coisas no eixo!

 

Adriana Miller
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