11 May 2011
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Palacios reais e muito cor de rosa: Seria Jaipur um conto de fadas?

Dicas de Viagens, India, Jaipur

Jaipur eh geralmente referenciada com a cidade Rosa pelo simples motivo de que… é cor de rosa! Em 1853, o então Principe de Gales Britanico visitou a cidade, e o entao Maraja Sawai Ram Singh resolveu mandar a populacao pintar suas paredes de cor de rosa.

O efeito ficou tão bom, e a uniformidade agradou tanto o Principe, que a ideia colou, e ate hoje, mais de 250 anos depois, periodicamente a cidade é toda repintada de cor de rosa.

Na verdade a Jaipur de hoje em dia se expandiu muito alem do seu centro historico cor de rosa, mas assim que se cruza os portões da antiga citadela o impacto é imediato, e voce jura que a India faz parte dos sonhos de uma menina de 7 anos…

Mas muito mais impressionante que as paredes cor de rosa eh a quantidade de palacios espalhados pela cidade!

Nao é a toa que Jaipur criou o termo Maraja, e a cidade é a propria definição desse estilo de vida extravagante! E isso claro, sem esquecer que a cidade sobreviveu a varios novos marajas, que por sua vez teve suas novas – inumeras – esposas e filhos, e a cada novo homem poderoso no poder, o importante mesmo é mostrar que ele é ainda mais poderoso que seu antecessor.

E qual a melhor maneira de fazer isso se nao construir um palacio?

Pra mim o mais bonito eh o Palacio dos Ventos – bem no centro historico da cidade e tambem pintado de cor de rosa, cuja arquitetura foi inspirada na coroa da Deusa Hindu Krishna. Eu nao conseguia enxergar a tal coroa e cada vez que olhava pra faxada do palacio, me minha a cabeca a imagem de um orgam gigantesco!

Mas na verdade o Palacio dos ventos, apesar do nome, nao eh exatamente um palacio, e sim um anexo ao Palacio Real.

Seu nome oficial eh “Hawa Mahal” e suas 953 micro janelas foram construidas como parte do Palacio Real para entreter as Rainhas e as mulheres da familia real, e eh diretamente conectado aos aposentos das rainhas e do harem do Maraja.

A mulheres reais da epoca eram submetidas ao ritual que se chamava “purdah”, que significa que alem de cobrir o rosto com veus, elas ainda nao poderiam ser vistas de maneira alguma. Entao elas passavem seus dias escondidas atras das janelinhas do palacio, vendo a vida passar em Jaipur.

O Palacio Rel (City Palace em Ingles e Chandra Mahal ou Mubarak Mahal em Hindu) eh ate hoje a residencia da familia Real de jaipur.

O Maraja ja nao governa nem manda em nada desde a independencia da India em 1947, mas a familia ainda eh considerada “real” e ainda habita parte do Palacio.

Por azar (ou sorte, neh?) nos estivemos em Jaipur uns dias depois que o ultimo Maraja faleceu, entao a cidade estava em alvoroco e nao se falava em outra coisa!

Foi bem interessante ver como a ex familia real ainda eh poderosa na regiao, e ainda muito respeitada pela populacao local. Turisticamente falando isso significou que algumas areas do palacio estavam fechadas a visitantes, pois o palacio estava sendo limpo e organizado para receber cerca de 200 outros (ex) reis e Marajas de toda a India, politicos e personalidades que participariam do funeral e das cerimonias funebres de Sawai Bhawani Singh.

Mas foi interessante ver que na India, e principalmente na fe Hindu, o branco eh a cor que representa a morte e o luto (por isso noivas Indianas nunca, JAMAIS usam branco no dia do casamento – a cor tradicional eh na verdade o vermelho), e os saris, tunicas e turbantes coloridos dos funcionarios dos Palacios foram todos substituidos por branco.

Mas as partes que conseguimos ver no palacio foram interessantissimas, como por exemplo o hall de audiencias e seus famosos vasos de prata – cada um dos vasos foram feitos usando 1400 moedas de prata derretida, e tinham como unico objetivo transportar agua do Rio Ganjes entre Jaipur e Londres, quando o Maraja viajou a Inglaterra em 1901 para assistir a coroacao de Edward III. O Maraja era extremamente religioso e considerava um pecado beber a agua Inglesa. Os tais dos vasos estao invenciveis na lista do livro dos recordes como os maiores vasos de prata do mundo (??)!

Infelizmente, a parte que eu mais gostei do palacio nao permitia fotografias, e foi justamente o salao de audiencia particulares, e eh um salao recoberto de obras de arte, tapecarias e pinturas/retratos de todos os Marajas de Jaipur e da dinastia Singh, que nos deu uma aula de historia sobre as divisoes de castas na India e ainda as divisoes e classificacoes de grandiosidade e “superhumano” dos Marajas – Alguns deles, alem do titulo de Maraja (que por definicao ja eh um degrau acima de um Rei “comum” – Maha = Superior; Raja = Rei) ainda tinham classificacoes above and beyond dos poderes de seres humanos, e entao eu aprendi que que quando um Maraja tinha numeros em seu nome (como por exemplo o Maharaja Sawai Madho Singh II), nao significa que ele era o segundo em sua dinastia a ter esse nome, e sim que ele era ¼ a de homem a mais que um Rei normal. E essa classificacao era dada de acordo com seus feitos ao longo da vida, como aptitude para ciencia, astronomia, esportes, arquitetura e medicina.

E finalmente o Jal Mahal, ou o Palacio das Aguas, que fica bem no meio do Lago Man Sagar, bem na entrada de Jaipur.

O lago artificial foi construido no final do seculo 16 por ordem do Maraja, em meio a uma crise de seca que assolou a regiao. A depressao ja existia (na epoca Jaipur ainda nao existia, mas era proxima o suficiente de Amber) e entao construiram uma represa, delimitanto o espaco, e assim permitindo que a agua das chuvas das moncoes fosse capturada, assim servindo de reservatorio para a cidade ao longo do ano.

Logo depois o Palacio foi construido, mas como soh era acessivel de barco por boa parte do ano, nunca foi muito usado.

Hoje em dia, o Palacio nao eh aberto a visitacao e esta completamente abandonado, oque eh uma pena. O governo local e a iniciativa privada tem alguns projetos de transformar o palacio em um hotel de luxo ou algum tipo de complexo turistico, mas os projetos estao empacados por enquanto – em parte por causa da corrupcao, e principalmente por causa dos altos niveis de poluico da agua do lago Man Sagar!

Mas independento do que eh, doque foi ou doque possivelmente sera, o Palacio das Guas eh uma das imagens mais marcantes da cidade!

Adriana Miller
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10 May 2011
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Forte Amber: A antiga capital do Rajastão e o epicentro do Reino dos Marajás

Dicas de Viagens, India, Jaipur

O Rajastão, cuja capital é a cidade de Jaipur, é o maior e uma dos mais diversificados estados da India – Inclui de montanhas a deserto, rios, lagos e vales, mas é uma região que ficou conhecida principalmente pela opulencia de sua realeza: os Marajás.

Antes da independencia da India (em 1947, quando a região se dividiu em India, Paquistão e Bangladesh), o pais tinha cerca de 600 reis (basicamente cada cidade/estado tinha o seu), mas foi no Rajastão que o termo Marajá, que na lingua Sanskrit, significa “Rei Superior”, se originou, e Jaipur é a cidade ideal pra ter uma ideia do poder e da vida que essas familias reais tinham.

Jaipur nos foi descrita por nosso guia como uma cidade “pequena” e provinciana, pois afinal tem apenas 6 milhões de habitantes  e tem alguns dos palacios, monumentos e templos mais bem conservados das dinastias dos Marajás, desde que foi fundada pelo Marajá Sawai Jai Singh II em 1727.

Na verdade, a Jaipur moderna nada mais é que a continuação da cidade e dinastia de Amber, que foi fundada em 1037 e fica a cerca de 11 km de Jaipur. Cerca de 700 anos mais tarde o Marajá decidiu transferir a “capital” de Amber pra Jaipur, por causa da seca e da dificuldade de fornecer agua para a cidade que não parava de crescer.

E é justamente o Forte Amber a primeira cosia que se avista de longe ao chegar em Jaipur, e foi logo nossa primeira parada na India!

O Forte Amber, apesar dos tons terrosos e amarelados, não se chama “Ambar” por causa da cor, e sim por causa do nome da cidade onde foi construido – e é impossivel ignorar sua grandiosidade e seus muros que se estendem pela paisagem da cidade.

O forte na verdade é uma coleção de templos e palacios confinados entre as paredes de seus 6 quiometros de muralhas, e impossivel não se perder entre seus jardins, fontes, templos e salões majestosos.

Lá de cima, logo na entrada, a vista de todo o vale de Amber e Jaipur não nega que aqui ali foi consruido por e para alguem muito poderoso!

Hoje o Forte funciona apenas como um museu, mas nos seus tempos aureos, as entradas e portoões eram definidas de acordo com sua casta e seus escalão social e cheio de passagen secretas e salões excusivos.

Além disso, o Amber forte também é conectado com o Forte Jaigargh, construido em 1726 para defesa dos Palacios de Amber e da familia real.

O interior do forte é incrivel, e passamos horas e mais horas analisando cada detalhe e cada entalhe de suas paredes – com relevos em marmore maciço, pedras semi-preciosas e e cores de origens naturais (as principais materias primas na “decoração” do forte foram frutas, vegetais e oleo de coco, que criavam pigmentos e fixadores que resistem até hoje!

Uma das areas principais do forte é o salão dos espelhos (nome oficial Sheesh Mahal), onde o Raja (Rei) recebia seus suditos especiais para audiencias privadas ou para impressionar outros cefes de estado.

O slão demoru cerca de 6 anos pra ser construido e é inteiramente decorado com mini espelhos, todos importados da Belgica em meados dos 1600 e pedras semi-reciosas.

Uma cosia que eu achei bem interessante no interior do Forte é que todo detalhe tem uma historia pra contar, e cada canto revela sua influencia e inspiração, com motivos de origens Hindu, Budista e Islamica.

E como os Marajás não eram bobos nem nada, uma das maiores areas do forte é a Zenana, ou o palacio onde vivam as mulheres reais – o marajá tinha cerca de 12 rainhas e centenas de concubinas, todas com seus aposentos individuais, e com passagens secretas que conectavam diretamente ao quarto do Rei.

Então ele podia visitar qual esposa/cuncubina ele queria, mas sem que as outras soubessem de suas preferencias, e assim mantendo a hamonia entre suas mulheres!

Adriana Miller
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10 May 2011
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India – O Triangulo Dourado

Agra, Delhi, India, Jaipur

Planejar uma viagem pra India foi uma das tarefas mais dificeis que já fiz.

Pra começar que o pais é gigantesco e incrivelmente diversificado, e então é impossivel definir qual é a “melhor” area pra conhecer.

Segundo que eu nunca tive grandes vontades de explorar a India a fundo – não me perguntem porque, mas a India é um pais que sempre me fascinou e me assustou em proporções iguais! Sempre me pareceu uma daqueles lugares magicos que todo ser humano deveria conhecer na vida, mas ao memso tempo não tinha uma ideia formada na cabeça.

Mas acabou que a decisão foi tomada pelas circunstancias: a India foi apenas uma perna da viagem ao Nepal, então sabiamos que nosso tempo e esforço teria que ser concentrado nos arredores de Delhi. Oimo, pois afinal, o unico “icone” que eu realmente queria muito conhecer na India ficava ali pertinho – o Taj Mahal!

E então a medida que comecei a pesquisar sobre opções de passeios e coisas a fazer na região, descobri o tal do “Triangulo Dourado”, que acho que é o mesmo roteiro que 99% dos turistas de massa fazem na India e inclui Delhi, Jaipur e Agra. Pronto, a solução do nosso dilema!

Ai veio outro problema, pois por causa das enrrolações que tivemos com o visto pra India! Então quando finalmente confirmamos que seriamos aceitos no pais, me sobrou apenas 3 dias pra pesquisar, organizar e reservar tudo!

Resultado,  nossos planos A e B já não seriam possiveis. A India é um pais ultra mega populoso, e aprendi que tudo por lá deveria ter sido reservado com antecedencia de meses e meses!

Então a ideia original era passar os dois primeiros dias em Delhi e depois seguir de trem pra Agra. Mas lendo historias de horror sobre como “navegar” sozinha pelas ruas de Delhi, acabamos desistindo de fazer quaquer coisa independente, e muitos dos tours já estavam esgotados. E pra completar, os trens turisticos que ligam Delhi a Agra nos horarios que queriamos já estavam lotados.

Então a solução foi apelas pra uma agencia, coisa que acabou sendo nossa solução! Por acaso encontrei na Internet o Garhwal Himalayan Expedition que foram super prestativos e me responderam centenas de perguntas por e-mail. Então acabamos mudando de ideia, e em vez de passar 2 dias em Delhi, resolvemos encarar o pacotão do Triangulo Dourado e incluir Jaipur no roteiro!

O roteiro foi punk, pois depois de 8 horas de voo noturno entre LOndres e Delhi, nosso motorista já estava nos esperando no portão de desembarque do aeroporto e de lá já caimos direto na estrada!

Oque me decepcionou um pouco no roteiro que acabamos escolhendo, foi que apensar de que as distancia não são tão grandes assim (para padrão India né?), e as estradas nem são tão ruins, tudo na INdia é tão caótico que uma simples viagem de 200km, durava facil 6 horas dentro do carro!

Tudo bem que estavamos num carro super confortavel e com ar condicionado no maximo, e aproveitamos pra ir colocando o fuso horario em dia, mas ainda assim não sei se reperitia a dose – xonseguimos cobrir uma região bem grande em poucos dias, e acabamos conhecendo mais da India doque teriamos conseguido no plano original, mas ao mesmo tempo ficamos o tempo todo com aquela impressão de que não conseguimos “experenciar” a India, sabe?

Mas nosso roteiro foi o seguinte:

Delhi – Jaipur no primeiro dia, com uma noite em Jaipur.

Jaipur – Agra, com uma noite em Agra

Agra – Delhi com uma noite em Delhi.

Que serão os proximos posts!

Acho que seria impraticavel passar menos que nossos miseros 3 dias na India, e tenho minhas duvidas se sequer gostaria de ter passado mais tempo por lá – então achei que o roteiro do Triangulo foi uma otima opção e introdução ao pais!

 

Adriana Miller
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