25 Feb 2005
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A volta dos que nao foram: Simpatizantes e afins

Vida na Espanha

Thank god it’s Friday.
E na expectativa de mais um fim de semana que promete na capital Espanhola, revendo fotos de baladas passadas e etc (nada pra fazer hj no trabalho) eu comecei a me dar conta de um fato muito interessante que eu tenho reparado por aqui, principalmente depois da visita da minha irmã mes passado.

 
Quando a Monica chegou aqui, já fomos pra balada logo no primeiro dia.

Eu, já no esquema madrileño, vesti minha boa amiga calça jeans, calçei meu querido tenis, uma blusinha qualquer, uma maquiagem “tapa-olheira-de-quem-nao-ve-sol-ha-6-meses” e estava pronta. Enquanto isso, ela ainda estava vivenciando o grande dilema de que roupa usar, que brinco combina com qual cinto, que por sua vez deve estar perfeitamente coordenado com o sapato, com a calça (jeans e tenis nem pensar!!!!), o casaco, o cachecol, luva, etc… nao que a minha irma seja um poço de futilidade ou vaidade; pelo contrario: ela é a penas uma menina carioca.

 
Desde entao eu venho reparado em certas coisas, os comportamentos dos europeus em geral, no dia a dia e na balada. As contradiçoes entre machos e femeas que habitam o velho continente.

 
Eu vejo as pessoas no metro, no trabalho, na Universidade e nas ruas.

Os homens, influenciados pelo efeito Beckham se tornaram ultra metrosexuais. Roupas de designers famosérrimos (mesmo que seja falsificado, comprado no mercado do El Rastro), oculos no ultimo estilo, sapatos, cintos e acessorios perfeitamente combinados. Vaidosos, por assim dizer. O unico homem que mora no meu apartamento, ocupa mais espaço na estante do banheiro que todas as outras 4 mulheres juntas. E olha que eu sou a rainha do creminho. Tudo bem que ele é gay, mas nesse ponto nao chega a ser diferente a nenhum dos meus amigos hetero-metros.

Já as mulheres, depois de anos de liberdade sexual e igualdade social, sao o mais pratico, simples e asexuado possivel. Nenhuma das minhas amigas usa salto. Nenhuma das minhas amigas usa maquiagem. Nenhuma das minhas amigas usa decotes ou roupas sexies em geral.

 
É a era do macho-femea e da femea-macho.

 
E como nao podia deixar de ser, esse comportamente se reflete tambem na night.

 
Meninas de tenis Puma e calça caindo pelas cadeiras, que nao dançam.

Meninos de calça justa, gel no cabelo (quer dizer, wax), se requebrando.

Meninas que beijam meninas, só pra provocar os meninos; mas que na verdade nao querem nem ouvir falar em compromisso ou namorado, e sao praticantes assiduas do “one night stand”.

Meninos que se requebram e se apalpam, só pra provocar as meninas; que até queriam arrumar uma namorada, mas no final das contas nao chegam em ninguem, e muito frequentemente voltam pra casa sozinhos.

 
Nada contra. Isso nao é uma critica, apenas uma constataçao.

 
Porém, eu aindo sou partidaria do fato que: homem é homem, e mulher é mulher. Até que se prove o contrario, vc saia do armario e assuma sua escolha.

 
No fundo fico na duvida entre qual situaçao realmente prefiro:

A ditadura da moda e corpos perfeitos que reina no Brasil (principalmente no Rio), onde a mulher tem que estar sempre perfeita, coordenada, combinada, malhada, sarada, bronzeada. E por favor, cale sua boca porque eu nao estou prestando atençao.

Enquanto que os homens estao de bermudao, sem camisa (pra mostrar os musculos contruidos com muito ardor), criticando as meninas “desleixadas”, mas que na verdade nao estao nem aí se a outra menina esta combinando a pedrinha do brinco com a pedrinha da sandalia, porque no final ele vai tentar “engravatar” ela e todas suas amigas.

 
Ou será a “ditatuda” disfarçada na europa, onde mulher nao pode ser mulher, feminina, serao vira futil, cabeça vazia. E do homem que nao pode ser homem, se nao vira brutamontes e antiquado.

 
Eu sempre fui vaidosa. Sempre fui feminina. Muitas vezes tachada de patricinha, apesar de nao ser fã de marcas ou estilos especificos. Porem sou mulher, gosto disso e pretendo continuar assim.

Aqui nao me encaixo no grupo femea-macho, destoando de todas as minhas amigas. Mas tenho que certeza que muitas das minhas amigas no Rio teria “vergonha” de serem vistas ao meu lado em nights badaladas no Rio, por estar de calça jeans (larguinha e confortavel) e tenis. Enquanto que por outro lado, minhas amigas olham pra mim aqui e se assustam: onde vc vai assim tao arrumada?!? Quem vc esta querendo seduzir hoje?!?!? HAHAHAHAH

Ah..! Se elas soubessem o dilema cultural de uma carioca no mundo…

 
Acho que por isso as mulheres latinas (sejam elas da America ou da Europa) acabam fazendo mais sucesso onde quer que vao.

Uma vez uma professora me perguntou se era verdade que o Brasil era o pais campeao em cirugias plasticas no mundo e se é verdade que existe uma academia em cada esquina. E principalmete porque somos tao vaidosas.

Nesse dia eu tinha acordado atrasada e fui pra aula com uma camiseta que nao tinha sido passada a ferro, chinelo e sem um PINGO de maquiagem. Vaidosa?! Eu?! Entao olhei a minha volta: vi Canadenses, Holandesas, Francesas, Turcas, Checas, Norueguesas, e reparei que todas elas, dentro do meu conceito de carioca estavam absurdamente mulambentas!! Porem confortaveis, satisfeitas e felizes.

Depois disso eu nunca mais peguei metro usando salto.

Nunca me senti tao confortavel comigo mesma na vida.

 

Adriana Miller
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