28 Sep 2011
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Bahrain – Manama e o Norte do Pais

Bahrain, Dicas de Viagens

Apesar de realmente achar que Bahrain nao tem tantos atrativos turisticos quanto alguns de seus vizinhos do Golfo, eu fiquei um pouco decepcionada que meu passeio ficou ainda mais limitado por causa dos conflitos politicos na regiao.

Eh uma situacao triste, a populacao esta assustada, e infelizmente muita cosia legal foi destruida nos conflitos entre o exercito Saudita e os “rebeldes”, ou foram interditadas por questoes de seguranca. Algumas mesquitas foram demolidas e o historico “Pearl Roundabout” ja nao existe mais…

Mas ainda assim valeu conhecer Manama, a capital do reino, e as outras ilhas ao norte do pais. Aprendi bastante sobre a cultura(s) arabe do Golfo e sobre o povo de Bahrain, muito hospitaleiro e educado, diga-se de passagem!

Alguns fatos que valem a pena mencionar sobre Bahrain, sao:

– O pais pode ser cruzado de ponta a ponta em apenas 4 horas

– Eles tem mais de 400 mesquitas soh na capital

– Apesar de ser uma ilha, Bahrain nao tem “praias”, pois toda costa do pais eh propriedade privada da familia real! Mas alguns resorts conseguiram concessao de uso e oferecem praia particular a seus hospedes.

Mas como eu estava por la a trabalho, ter ou nao ter acesso a praia nao me fez a menor diferenca… e estava muito mais interessada na parte cultural do pais!

Bahrain tem uma cultura e costumes diferentes do resto da Penisula Arabe pois passou centenas de anos isolado do mundo e seus vizinhos – a ponte que os conecta a Arabia Saudita soh foi construida no final da decada de 1980!

E isso fica aparente na comida (muito diferente da comida “arabe” que imaginava), nos costumes, nas roupas e na curiosidade geral da populacao. Talvez por ainda ter essa cultura “de ilha” tao enraizada, eles sao muito curiosos em relacao a visitantes. Mas eh uma curiosidade genuina, quase Asiatica em ver alguem “diferente”, e nada ofensiva (em paises Muculmanos, eu nunca sei ate que ponto nossa cultura tao diferente deles eh “ofensiva” a alguem). Eles querem saber quem eh voce, de onde voce veio e principalmente, oque o resto do mundo sabe sobre Bahrain. Eles sao viciados em futebol e Formula 1, entao a palavra “Brasil” arrancou sorrisos de felicidade de todo mundo! Foram conversas quase utopicas, eles mal acreditando que o Brasil eh um pais que existe de verdade que “produz” seres humanos como eles!

Apesar da cultura muculmana super tradicional, eu senti que as pessoas sao mais “calorosas” e mais abertas. Exemplos bem bobos sao o fato de que os homens do escritorio me cumprimentaram com aperto de mao (visto como uma afronta em alguns outros paises Islamicos), e as meninas nao tiveram vergonha de me fazer mil perguntas sobre a vida em Londres (apesar de cobertas da cebeca aos pes, e se encaixando bem no estereotipo de mulher submissa), sobre usar ou nao usar burqas e abayas, trabalhar, viajar etc. Tudo bem “normal”.

Entao o primeiro ponto do passeio que fiz pelo pais foi justamente na area mais tradicional, no centro da ilha de Muharraq.

Eh ali que estao os mercados tradicionias (Souqs) e as poucas casas tipicas que sobraram. Algumas dessas casas de arquitetura tradicional da ilha foram recentemente reformadas e viraram centros de cultura, bibliotecas, galerias de arte e museus.

Foi legal entender como que esse povo (sobre)vivia pre arcondicionado, como armazenavam agua e preservavam comida.

Uma outra coisa que fiz por la, e que normalmente acharia uma cilada pega-turista, foi conhecer uma dessas fabricas textil artesanal.

Bahrain tem uma tradicao de vestimentas e textil bem particular, e a tecnica que eles usam pra “bordar” fios de ouro ou prata nas tunicas eh uma arte! Foi uma visita um tanto piegas, turisticamente falando, e o tipo de programa que eu evito a todo custo, mas as 4 mulheres que estava coordenamente trabalhando num bordado ficaram TAO felizes de me ver por lah, que fizeram questao que eu sentasse com elas, me explicaram como a tecncica funciona, quanto tempo demora etc.

E o melhor?! Foi pura e simplesmente uma “experiencia” cultural – nao tinha nenhuma gift shop na saida, nem ninguem me ofereceu nada pra comprar (que eh oque eu justamente odeio nessas ciladas turisticas).

Uma das cosias que Bahrain tem em comum com os vizinhos do golfo, eh o amor pelo “artificial” – apesar de uma quantidade minima de arranha ceus pela cidade, eles abracaram com feh a onda de criar ilhas artificiais!

Eles nao tem nenhuma ilha artifical “tematica“, mas tem usado a tecnica de maneira funcional e pratica.

A principal funcao das ilhas articiais eh o suporte a conexao com o continente – sao justamente as ilhas artificiais que permitiram que eles construissem uma ponte de 25km ate a Arabia Saudita, e que viabilizassem a construcao de uma (ainda nao cabada) ponte conectando Bahrain ao Qatar – que tera 40km de extencao e sera a maior do mundo!

Mas eles tambem tem usado essa tecnica de maneira espertinha, construindo mais ilhas ao redor das ilhas existentes, e assim pouco a pouco expandindo o territorio nacional.

Um bom exemplo eh o arquipelago Amwaj, composto por 7 ilhas e construido com o intuido de imitar os canais de Veneza. As ilhas foram construidas como um presente de casamento a Princesa Real Amwaj, pois seu pai (o Rei de Bahrain) queria construir um palacio a sua altura, mas ela nao gostou de nenhuma dos outros terrenos pertencentes a familia (que basicamente eh o pais todo), entao seu pai mandou construir um novo conjunto de ilhas, convenientemente conectado a ilha principal por pontes, e com um pelissimo palacio a beira mar. Entao a princesa tem usado o resto da area pra investir no mercado imobiliario de luxo, construindo villas e casaroes gigantescos na beirada dos canais e do mar.

Oque mais me surpreendeu nessa viagem foi descobrir que os Portugueses foram uns dos primeiros “colonizadores” da Ilha! Nunca tinha ouvido falar em assentamento Portugues em Bahrain (que na epca nao era Bahrain ainda)!

Ate hoje uma das reliquias historicas e turisticas do pais eh o “Forte Portugues”, construido (tcharam!) pelos exploradores Portugueses no seculo 16, atraidos pela posicao “protegida” de uma ilha (sem ataques vindo dos inimigos do interior) e principalmente por causa das fontes de agua doce que brotavam das areas do deserto.

Infelizmente essas fontes ja nao existem mais, mas o Forte foi usado como posto de abestecimento para as Naus Portuguesas que faziam o trajeto entre o leste Africano (Mocambique e Zanzibar) e as Indias (Goa e Macau), que era uma rota altamente navegada pelos Portugas nos seculos 16 e 17 por causa das rotas de comercio de escravos e especiarias.

Na verdade a colonia Portuguesa principal era em Omam, mas o abastecimento e manutencao era em Bahrain.

Mas o ponto alto da passoi foi a visita a Mesquita Al Fatih, que apesar de nao ser antiga nem nada, eh a maior e mais exuberante do pais. Alem de ser uma das poucas que aceita visitas de nao-muculmanos e mulheres.

Nessa mesquita eles operam um programa muito parecido com o “Mentes abertas” de Dubai (um pouco mais improvisado, pois eles nao recebem tantos turistas) onde guias te explicam tudo sobre o Islamismo, comparacoes com outras religioes (varios folhetos e livrinhos explicando o relacionamento do Islam com Jesus Cristo e o Cristianismo) e contam muito muito orgulhos, sobre os muitos milhoes gastos pra construir uma mesquita tao impressionante: marmores Italianos, luminarias Francesas, carpete de la Escocesa feita a mao, madeira Indiana, vidros Austriacos e um domo de fibra de vidro que repele o calor, construido com tecnologia Americana.

Apesar de “deixarem” mulheres entrar na area comum da mesquita (durante as oracoes mulheres usam os mezaninos da mesquita ou a area especial para mulheres e criancas), temos que nos cobrir inteiramente – e mesmo usando calca comprida, blusa de manga 3/4 e um lenco preto cobrindo colo-pescoco-cabelo (passo mal soh de lembrar o calor!) tive que usar uma abaya tradicional, que eles mesmos fornecem antes de entrar na mesquita.

Mas preciso confessar que eu acho mor diversao usar uma abaya em lugares assim, sabe?! É uma experiência diferente, com um “que” de exotico.. sei lá… entender melhor oque acontece do lado de “lá”.

A primeira vez que isso aconteceu, na Siria, eu fiquei um pouco apreensiva, mas dessa vez gostei. Achei que me deixou mais confortavel e mais camuflada entre os locais. Passei desapercebida entre os fieis, oque me deu mais liberdade de andar pelos ambientes da mesquita sem me sentir invadindo o espaco alheio e sem chamar atencao demais, oque me deu a chance de explorar melhor o interior.

Outra area legal da cidade, que eh seu “simbolo” pro mundo, eh a parte mais moderna de Manama, e a Zona Diplomatica, onde ficam os escritorios das multinacionais e grandes bancos, principais hoteis e os arranha ceus arrojados e modernos da cidade.

O principal, eh o World Trade Centre, que sao na verdade duas torres, meio em formato de vela e conectados por helices de moinhos de vento.

Esse predio eh o orgulho do pais, que construiu o primeiro edificio 100% verde e auto sustentavel da regiao. As helices produzem energia eolica, enquanto que sue exterior eh todo coberto por paineis de energia solar.

E claro, Bahrain nao seria um pais mebro do Golfo que se preze, se nao fossem os (muitos) shoppings!!

Basicamente todo hotel e/ou grande predio tem um shopping pra chamar de seu, e muitos deles com conexoes subterraneas com os outros (porque sair na rua com aquele calorao eh impensavel!).

Nenhum deles eh o “maior” disso ou daquilo, mas fiquei surpresa de ver que eles tem absolutamente todas as marcas possiveis e imaginaveis, tanto da Europa quanto dos EUA (muitas marcas Americanas que nao temos na Inglaterra por exemplo), das mais baratinhas e acessiveis (Primark e Forever 21), passando por todas as possiveis High Street/Fast fashion, ate as super carissimas.

Os shoppings que eu coonheci, foram:

Moda Mall: Era conectado ao meu hotel por uma passagem subterranea, no frescor do ar condicionado a 300 graus negativos (mentira… 17 graus), e vendendo unica e exclusivamente marcas de luxo (e que faz parte tambem do complexo do World Trade Center).

Seef Mall: Um dos principais da capital, apesar de nao estar localizado oficialmente em Manama (mas o pais eh tao pequeno que a cada 5 minutos na avenida voce esta numa “cidade” diferente). O Seef Mall tambem eh conectado ao Marina Mall, que eh um shopping de moveis e decoracao.

City Center Mall: Meu preferido de Bahrain, e bem no estilao Brasileiro/Americano de shopping. Tudo quanto eh tipo de lojas e marcas, muitas opcoes de entretenimento, restaurantes, parque de diversao etc.

Uma coisa interessante que vale a pena contar sobre a cultura (e cultura de compras) do pais, eh que eles tem fama de “festeiros” e “notivagos”.

Ao contrario dos vizinhos Arabia Saudita e Qatar que seguem uma linha super estrita do Islamismo, o Bahrain se considera (e eh considerado) o pais bon vivant da regiao.

Talvez por trem essa coisa meio “de ilha”, ou mais provavelmente por causa do calor assolador, o pais funciona melhor depois que o sol se poe.

Eles adoram uma festa e um festival, suas avenidas ficam engarrafadas e lotadas de Sauditas e Qatarianos que veem festejar em seus restaurantes, bares e baladas (o Bahrain tolera bebida alcoolica e musica/danca, coisas banidas da cultura Qatariana e Saudita), e muitas de suas lojas nem sequer abrem as portas antes das 5 da tarde – que eh quando o sol se poe, as temperaturas baixam e as pessoas saem de casa mais livremente.

Os shoppings acima, por exemplo, ficam aberto ate meia noite de quarta a sabado (pegando o fim de semana Saudita – quinta e sexta – e o fim de semana Arabe – sexta e sabado) e muitos restaurantes nem sequer divulga o horario de encerramento (coisa impensavel na Europa, onde os restaurantes comecam a lavar os pratos as 10 da noite no maximo!).

 

 

Adriana Miller
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26 Sep 2011
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Bahrain na Pratica

Bahrain, Dicas de Viagens

Como quase todos os paises arabes (e principalmente quando em “conflito”), qualquer viagem para o Oriente Medio requer uma certa prepacao a mais, sejam nos detalhes pre-viagem, ou seja psicologicamente mesmo. E no caso de Bahrain, como eu nao conhecia ninguem que ja tivesse visitado o pais, fiz questao de fazer meu dever de casa direitinho, pra nao cometer nenhuma gafe cultural nem me meter em roubadas!

– Visto

Bahrain exige visto de todos os seus visitantes de paises nao-membros do Golfo, e recomendam que seu visto seja solicitado, e pago, com antecedencia direto no consulado de Bahrain.

Porem, como eh um pais pequeno e que nao tem presenca consular na grande maioria dos paises, eles tambem operam uma politica de “visto na entrada” pra quem vai ficar menos de 15 dias, que incluiu em sua lista “limpa” quase todos os paises Europeus, EUA, Canada e Brasil.

Para ser eligivel a um visto na chegada a Bahrain (mesmo procedimento e regrinhas caso vc va pedir seu visto com antecedencia) voce tem que ter um passaporte que seja valido por um minimo de 6 meses e sem carimbos de Israel (tema comum em quase todos os paises do Oriente Medio, que ja falei sobre na minha viagem a Israel, Dubai, Libano e Siria). AInda no aviao, nos deram um formulario de entrada, e o visto eh concedido diretamente pelo guardinha de imigracao. A unica pergunta que respondi foi qual empresa trabalhava e se essa era minha primeira viagem ao Reino, e tive que pagar o visto na hora, em dinheiro.

O visto custa 5 Dirhams, que eu nao tinha, mas alem do Dirham Bahreni eles tambem aceitam Dolares, Euros ou Libras. Paguei em Libras pois nao tinha moeda local ainda, e recebi o troco em Dirham.

– Transporte

Voce provavelmente entrara em Bahrain pelo unico aeroporto do pais, na capital Manama. O aeroporto eh grande, moderno e bem organizado.

Mas o pais tambem tem acesso direto a Arabia Saudita atravez de uma ponte de 25km de comprimento, conectando a ilha principal ao continente. A entrada e saida da Arabia Saudita eh livre para Saudis e Bahrenis, mas super-duper controlada para turistas. Nao tente de forma alguma tentar cruzar a fronteira sem pedir um visto Saudita com antecedencia – e mulheres soh podem entrar no pais se acompanhadas pelo marido, pai ou irmaos (os vistos feminios sao concedidos apenas como dependente no visto de um macho).

Ja o transporte interno no pais eh altamente limitado.

Assim como sua vizinha Dubai, Manama foi nao projetada para pedestres, e apesar de ter reparado numa calcada aqui ou ali, nao se ve pessoas nas ruas. Transporte publico eh inexistente, e nao existe nenhuma linha de onibus nem metro.

Mas por outro lado, os taxis sao baratissimos e alugar carro (e o preco da gasolina!) tambem eh bem barato, entao eu nem penso duas vezes! Pego taxi ate pra ir na esquina!

– Dinheiro e economia

Bahrain, assim como seus vizinhos do Golfo, eh um pais rico – sua populacao nao paga impostos ao governo, e o pais vive basicamente de petroleo e de servicos bancarios (Bahrain eh a Suica do Oriente Medio no setor financeiro).

A moeda, o Dirham, esta num momento de super valorizacao, apesar dos conflitos politicos, e eh muito mais valiosa que o Euro, Dolar ou Libra, por exemplo.

Mas por ser uma ilha desertica que nao produz praticamente nada, os precos sao relativamente altos, e o custo de vida, caro. Um mal muito comum a outras ilhas do mundo, pois quase tudo que voce vir a venda por aqui, sera um produto importado.

Uma coisa que eu achei engracada e me deu um baita susto quando cheguei foi que aqui eles usam centavos com 3 decimais. Ou seja, 80 centavos, sao 80/100,  entao todos os precos de 1 digito mostram seus centavos com 3 digitos. Explico: Um item que custe 1 Dirham e cinquenta centavos vai aparecer como 1.500 Dirhams. Entao na minha primeira noite no hotel, eu achei que estava jantando uma salada (de ouro cravejada em diamentes) de 6 mil e 900 Dirhams….! Ouch! Mas depois a ficha caiu, e a menina do escritorio me explicou como as coisas sao calculadas….

– Cultura e religiao

A primeirissima coisa a ter em mente eh que Bahrain eh um pais Muculmano. Dentro do Islamismo, a populacao eh dividida entre Xiitas e Sunitas, oque tem causado muitos conflitos sociais, politicos e ideologicos (seria Bahrain a Irlanda do Norte do Oriente Medio?!), mas oque importa pra quem esta de fora eh ter conciencia das diferencas entre Ocidente e Oriente.

Aliais isso vale nao soh pra Bahrain, mas pra todos os paises do Golfo e do oriente Medio. Bom senso e respeito na “casa” dos outros. Se voce se sente tao incomodado pela religiao e costumes locais (um exemplo bobo? Gente que fica horrorizada de ver mulheres cobertas por abayas pretas), entao melhor escolher outro destino pra sua viagem.

Apesar de se considerar “liberal” (percebi que eles se comparam demais com a Arabia Saudita, que sao super extremistas, principalmente no que diz respeito a igualdade entre homens e mulheres), eles mantem as tradicoes “estereotipicas” do Islamismo.

Mulheres aqui tem direito a voto, a dirigir, estudar e trabalhar, mas ainda assim se cobrem da cabeca aos pes, com burqas, abayas e veus.

Visitantes mulheres nao precisam cobrir os cabelos (a nao ser quando visitam mesquitas – eles terao abayas pra te emprestar), mas o bom senso sempre cai bem nesses momentos, e tente ignorar o calor de 37.946 graus centigrados la fora e se cubra o maximo possivel, por respeito (a voce mesmo e aos locais).

– Oque vestir, e como fazer a mala?!

Isso me leva diretamente ao proximo ponto: como se vestir entao?

Dessa vez eu nao tive tantos dilemas pra fazer minha mala, quanto tive quando fui a Dubai, pura e simplesmente porque vim a trabalho; e roupa social eh aquela cosia meio universal no mundo todo: blusas comportadas, ternos, calcas e sapatos fechados. Eu trabalho num banco de investimento, então não vou trabalhar de mini-saia de paetes nem em Londres nem na Conchinchina, então porque aqui seria um problema, certo?

Se eu estivesse aqui de ferias, aplicaria exatamente tudo que falei no post sobre Dubai e Egito: roupas ocidetais e “calorentas” devem ser limitadas a areas privadas de hoteis e resorts. Em areas publicas  mantenha a extencao de pele a mostra limitada ao minimo possivel (isso vale tanto para homens quanto pra mulheres), e lembre-se que para visitar mesquitas mulheres devem cobrir bracos, pernas e cabelos, e homens as pernas e bracos.

Aqui em Bahrain um lenco e calca + blusa comprida nao foi suficiente, e assim como na Siria, eu tive que usar uma abaya da cabeca aos pes para entrar na mesquita, e vi outros turistas homens tendo que se vestir com as tunicas brancas dos homens locais.

– Seguranca

Ate uns meses atras Bahrain se gabava de ser um dos paises mais seguros do mundo, com virtualmente zero indice de violencia e furtos urbanos, e muito menos ainda casos de extremismo religioso.

Infelizmente essa situacao mudou em 2011 devido aos problemas politicos.

A situacao da violencia urbana continua baixissima, e pode sair na rua coberta de ouros e diamantes sem o menor problema, mas a populacao local anda apavorada de retaliacao do exercito, das blitz policiais nas avenidas principais e possiveis futuros conflitos.

E uma das meninas do escritorio comentou que apesar dos problemas que Bahrain teve esse ano, o pais ainda eh visto entre os vizinhos arabes como “aberto” e “liberal” oque tem atraido outros imigrantes das regioes que sofreram mais, como Tunisia, Siria e Egito, oque aparentemente esta causando um certo desconforto interno.

E como o pessoal dessa area nao tem o menor pudor em ser politicamente incorreto contra seus vizinhos, digamos que eles deixaram bem claro que os Arabes do Norte da Africa nao sao bem vindos e muito menos vistos como iguais… Phew…!

– Lingua

A lingua oficial é o Arabe, mas o Ingles é tão comum quanto. Na verdade, em Bahrain, quase todo mundo é bilingue. As escolas publicas começam a ensinar Ingles na 4a série (logo que estão alfabetizadas em Arabe) e em escolas particulares a alfabetização em Arabe e Ingles acontece ao mesmo tempo.

– Turismo

Bahrain tentou de tudo nos ultimos anos pra investir em turismo e entrar na competicao com seus vizinhos de Golfo, construindo novos hoteis, pistas de formula 1, ilhas artificiais e afins, mas tudo esta parada desde o comeco do ano.

Por isso foi praticamente impossivel achar qualquer tipo de passeio ou atividade turistica que nao envolvesse passear no shopping (que sao muitos!). As agencias de turismo receptivo fecharam as portas ha muitos meses, e os turistas ainda nao voltaram.

Por sorte, a cidade eh bem pequena, e meu hotel conseguiu reservar um motorista/guia pra dar umas voltinhas comigo. Mas ainda assim, muitas das areas interessantes da cidade estao internditadas e ocupadas por protestantes ou pelo exercito Saudita, e portanto inacessiveis para passeios.

Entao pra quem interessar possa, entrem em contato com o Sr. Abdulla Muhanna, no email muhanna@batelco.com.bh

E por fim: eu voltaria?

Espero ter a oportunidade de voltar um dia, quando essa instabilidade tenha passado e o pais esteja de novo com a auto estima em alta, mas nao achei um pais particularmente turistico, e nao sei se um dia voltaria de ferias pra ca.  Faltou uma tchan, sabe? Aquele atrativo-simbolo, que por mais artificial que seja, seus vizinhos tem de sobra!

 

 

Adriana Miller
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25 Sep 2011
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O Reino de Bahrain

Bahrain, Dicas de Viagens

O Reino de Bahrain (ou Bahrein, ou Baréin) é um arquipelago composto por cerca de 33 ilhas, ao norte da Arabia Saudita, no Golfo Arabe que ultimamente tem aparecido bastante nos jornais por causa da revolução politica pelo qual o país (e praticamente todo mundo Arabe) esta passando desde Fevereiro desse ano.

Então essa viagem (a trabalho) tem sido um suspense desde o inicio do ano. A viagem estava planejada para Março, logo quando os problemas começaram, e imediatamente foi deixada de lado. mas eu estava ansiossísima pra vir!

Eu já tinha uma certa pré-imagem da cidade/pais, e realmente, não me decepcionei! A primeira impressão, lógico, foi o calor! MEU DEUS! No segundo que a porta do aeroporto abriu meu organismo só faltou entrar em choque! As 8 da noite ainda estavam fazendo 42 graus… ok, eu sei que não é o fim do mundo, mas pra quem acabou de sair do fresquinho de Londres, o calorão realmente me pegou de surpresa!

Manama, a cidade capital me pareceu super tranquila… avenidas largas, casarões, carrões e muito, muitos arranha céus ponteando a paisagem 100% flat. Hoje vi algumas blitz policiais, mas no geral, o clima é pacifico (apesar do problema politico não ter sido solucionado ainda, e tecnicamente o país continua em “revolta”).

Só ficarei aqui até terça feira, quando vou pra Dubai, então não sei se terei muitas oportunidades pra passear pelo país. Por sorte, como o país é tão pequeno, em algumas horas dá pra ver quase tudo!

Oque eu achei marcante mesmo até agora é a sensação de “vazio” o tempo todo. Com o calor sufocante da região e a arquitetura milimetricamente planejada para não ser muito usada por pedestres (que me lembrou bastante Dubai), realmente não esperava ver ruas lotadas de pessoas, mas a população ainda esta assustada e em constante estado de sobressalto, esperando a proxima onda de violência assolar o país. O motorista que me levou pra dar uma voltinha hoje estava me contando como não via nenhum turista desde Fevereiro, e até levou um susto quando o concierge do meu hotel ligou pra ele ontem!

O Bahrein é um pais completamente dominado pela familia real, que ainda é a mesma dinastia que declarou independencia do Imperio Persa a algumas centenas de anos atrás;  apesar da propaganda de “economia mais liberal do Golfo”, agora o mundo sabe que a história não é bem assim. Os protestantes apenas pedem eleições livres, e que a familia real passe a ser apenas “enfeite”, em vez do regime de hoje em dia, que apesar de não ser tecnicamente considerado uma ditadura, todos os postos publicos são nomeados pelo Rei, e consequentemente concedidos a membros da realeza.

Isso se somou a conflitos religiosos, pois a população é composta por uma maioria (70%) xiita, mas a família reinante Al Khalifa é sunita – que criou uma situação perigosa onde a maioria é tratada como “minoria”, com menos direitos, menos acesso e muito, muito menos poder.

Eu espero que os conflitos acabem logo, e a populaçao e o governo cheguem a um acordo amigavel. Esse fim de semana aconteceram eleições para membros do parlamento, mas pelos vistos a população não esta levando muita fé não.

Apesar de nao estar sob estado e guerra, é sempre fascinante, e também muito triste, ver o efeito de revoluções e guerras em paises e sua populacao, e como os ultimos meses mudou a vida desse micro país pra sempre. E espero um dia poder voltar e conhecer o país e a população em seu estado normal!

 

 

Adriana Miller
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