As dicas de hoje sao para as pessoas que estao do outro lado da mesa: os entrevistadores!
A grande maioria dos comentarios, e-mails e pedidos realcionados a carreira e RH sao sob o ponto de vista do candidato, mas volta e meia alguem me pede dicas para entrevistador.
Nao todas as empresas que tem o luxo de ter um departamento de RH, com pessoas treinadas para entrevista e selecao, e a grande maioria das entrevistas que acontecem mundo a fora sao feitas por gerentes e funcionarios “comuns”.
O interessante eh que quem se candidata a uma vaga e vai fazer sua entrevista numa determinada empresa, nunca imaginaria que provavelmente a pessoa te entrevistando esta tao nervosa quanto o candiato!
Jah perdi as contas de quantas vezes entrei na sala de entrevista com um gerente ou diretor suando frio, sem saber oque falar, oque perguntar, e com inseguranca de tomar uma decisao e acabar contratando a pessoa errada pro emprego. A responsabilidade eh grande!
Entao uns dias atras uma amiga da blogsfera me mandou uma e-mail de socorro, pedindo minhas Top 5 dicas de entrevistas, pois no dia seguinte ela entrevistaria umas 15 pessoas, e nunca tinha entrevistado ninguem na vida!
Entao porque nao transformar isso num post, certo?
Pra comecar, acho que a licao numero 1 em entrevistas, como entrevistador eh evitar a todo custo as perguntas “fechadas”, ou seja, nunca perguntar nada diretamente, tipo “voce sabe usar Excel?” A resposta vai ser SIM ou NAO e voce nunca vai poder de fato avaliar quanto aquela pessoa sabe usar excel (por exemplo).
O truque eh sempre focar nas perguntas de situacao, compentecy based e sempre, sempre abertas. Sempre pensando e focando nas qualificacoes e qualidades que voce quer que o candidato ideal tenha. Eh nisso que voce vai basear sua entrevista.
Entao digamos que vc vai entrevistar uma secretaria, e as “base compentencies” sao, digamos: atencao ao cliente, informatica e organizacao. De quebra se a pessoa tiver experiencia similar, souber falar Ingles e tal serao adicionais e diferenciadores.
Entao nesse caso as perguntas devem ser direcionadas aos “skills“, ou habilidades, que o candidato ideal TEM que ter, tanto baseado em experiencias passadas, mas tambem baseado em como aquele pessoa reagiria em situacoes hipoteticas. Por exemplo:
– Me de um exemplo de uma situacao onde voce teve que lidar cara a cara com clientes?
– Me de um exemplo de uma situacao onde um cliente foi mau educado com voce, e como voce lidou com essa situacao?
– Oque voce faria na situacao onde um cliente tem uma reclamacao, onde a culpa foi da empresa?
– Me de um exemplo de uma cargo ou experiencia passada (ou atual) onde vc eh responsavel por oganizar a correspondencia de um gerente? Quais sao seus criterios de prioridades?
– Me de um exemplo de uma apresentacao que voce teve que fazer em Power Point onde a informacao sobre o assunto era limitado? Como voce se preparou ou pesquisou sobre o assunto?
– Descreva uma situacao onde voce teve que lidar com clientes ou fornecedores internacionais? Quais foram as principais dificuldades dessa situacao?
Cada uma dessas perguntas vai colocar o candidato numa situacao real, onde voce, como entrevistador, podera avaliar se a maneira como aquela determinada pessoa lidou com uma determinada situacao esta de acordo com oque voce espera ou nao.
Deu pra entender o espirito da coisa?
E ai, cada pergunta pode ter uma inifindade de sub-perguntas, onde voce vai testar e aprofundar as respostas do candidato, pra garantir que nao tah rolando pura enrrolacao nas respostas.
Esse metodo eh semi-infalivel pois tudo eh baseado em situacaoes reais, e ou eles sabem lidar com aquele situacao de uma maneira satisfatoria, ou nao.
E isso vale pra tudo numa entrevista, as habilidades praticas (informatica, Ingles, datilografica, conhecimentos tecnicos e qualquer outra coisa “demonstravel”), e para as habilidades teoricas (comunicacao, atendimento ao cliente, personalidade, paciencia, etc).
Um exercico que eu sempre faco com meus gerentes antes de sequer comecar a procurar CVs eh sentar com eles e comecar a investigar oque eles esperam daquela pessoa. O Job Description vai te dar todas as informacoes praticas, mas oque eu preciso saber mesmo, como recrutadora profissional sao os detalhes sutis que vai fazer um candidato se sobresair entre todos os outros…
Tanto como entrevistadores, ou como candidatos, lembrem-se que quando os candidatos chegam no estagio de entrevista, eh porque o nivel “tecnico” e teorico jah esta todo igual.
Voce vai acabar entrevistando 10 pessoa que estudaram algo bem parecido, que tem mais ou menos o mesmo nivel tecnico, os mesmos anos de experiencia profissional, os mesmos cursos extras etc… hoje em dia eh muito dificil achar alguem que se sobressaia completamente (dependendo da vaga, todos falam uma segunda lingua, todos tem uma pos graduacao, todos trabalharam em multinacionais, por exemplo). Entao, oque, pra voce, gerente daquele time ou departamento, vai fazer a diferenca na hora de escolher o fulano e nao o cicrano?
E eh nisso que voce vai se focar. Entao eu sempre sento com meus gerentes pra perguntar e refletir sobre isso. E dependendo do “perfil” de candidato, habilidades pessoas e tecnicas, personalidade, se o candidato vai se adaptar a cultura da empresa, ou perfil dos clientes, se vai se dar bem com o resto da equipe, etc, ai montamos uma listinha, como alguns dos exemplo que dei acima, com perguntas que visam investigar justamente como os diferentes candidatos vao se sair em determinadas situacoes.
E eh baseado em todos esses pontos juntos, eh que adecisao final deverah ser tomada, e o candidato escolhido.
Selecionar alguem eh uma grande responsabilidade para um gerente; se aquela pessoa der certo, pode ser o sucesso do departamento, da empresa, do escritorio.
Se der errado, basta um “mau elemento” pra desmoronar uma equipe inteira, desmotivar os colegas, irritar clientes, e cometer erros incorrigiveis.
Entoa na hora de avaliar Cvs, nao basta escolher qual a Universidade com mais nome, ou a empresa mais conhecida, nem a pessoas que tem mais anos de experiencia. Essas coisas contam, e muitas vezes dao uma otima colaboracao, mas oque define o sucesso de uma funcionario eh o conjunto da obra, eh a pessoa que nao soh sabe fazer o trabalho, mas faz bem feito!
Adriana Miller, Carioca. Profissional de Recursos Humanos Internacional, casada e mãe da Isabella e do Oliver.
Atualmente morando em Denver, Colorado, nos EUA, mas sempre dando umas voltinhas por ai.
Viajante incansável e apaixonada por fotografia e historia.
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Otimas dicas Dri, eu estou tao acostumada a ser entrevistada dessa maneira que hoje em dia ja tiro de letra e tenho milhoes de exemplos pra dar. Agora, eu ja pensei sim em como ficaria nervosa em entrevistar alguem pra trabalhar pra mim. Vou imprimir esse post e guardar pra quando chegar a hora, pois nunca tive que fazer isso antes e nao quero contratar a pessoa errada. Obrigado por esse post.
Agora uma curiosidade (que eu acho que vai depender da compania onde voce trabalha) – as pessoas do HR tem power de negociar salario; pergunto, pois estou pra receber uma proposta essa semana e o que parece que eles querem me oferecer eh um joke. Vou tentar negociar, mas nao sei se eles tem algum say on it ou se eh somente o que a compania quer oferecer pra essa posicao.
Thanks. Bjos, Lu
Oi Lucia, entao realmente depende da empresa onde vc trabalha, mas geralmente quem aprova e negocia qualquer salario eh sempre RH. Aqui na minha empresa, por exemplo, quem negocia salario com os funcionarios (new hires ou promocoes etc) sou eu mesma, com a aprovacao do diretor de Compensation & benefits.
Geralmente funciona assim, o Comp & Bens dah uma determinada salary band pra RH “Usar” como quiser para determinada posicao. Essa salary band eh determinada por valores de mercado (oque outras empresas equiparaveis pagam) e internal equity, ou seja, naquele time, qual eh a media de salarios versus posicoes, anos de experiencia, responsabilidades etc, pois geralmente as empresas evitam a todo custo ter muita disparidade entre salarios (se nao assim que vc der um aumento pra alguem, o time inteiro vai querer um salario comparavel).
Entao nesse caso, se eu vou discutir uma oferta com um candidato ou para uma promocao, eu geralmente jah tenho uma boa ideia doque seria o salario “ideal” praquela pessoa, baseado em todas as informacoes que mencionei acima, que pode estar bem no comecinho da salary band ou jah no topo, e eh dependendo disso que poderei ter mais ou menos flexibilidade na hora de negociar qualquer coisa.
Mas a decisao final e aprovacao final sempre eh do time de Comp & Bens, que pelo menos aqui na minha empresa, sao eles que controlam o budget.
Entendi e muito obrigado. Assim me da mais municao pra saber negociar o que eu quero. O que eles me ofereceram de inicio me fez ate rir, ainda mais com minha experiencia e eles querendo alguem que fale Portugues fluentemente. Not competitive at all, you know? We’ll see, I’m waiting to hear from them again, mas acho que ja decidi em dizer “nao” pra essa compania. bjos
òtimo post!
adorei as dicas!
bjo
Jacq
Gostei do post – como o meu marido trabalha para a empresa fa familia, eles nao tem um time de HR e ele que faz as entrevistas e tal e ele ja contratou umas 2 vezes a pessoa errada e acha dificil o processo de entrevistar… xx
Olá Dri, muito obrigada pelo post. Eu fui uma das (meninas) que te enviou e-mail sugerindo um post deste género, exactamente pela dificuldade que é estar deste lado sem preparação especifica. Achei que seria interessante “ouvir” as dicas de alguém expert no assunto. Mesmo tendo a nossa experiência de vida (pessoal e profissional) que nos ajuda com alguns pontos. Mais uma vez obrigada pela dicas, sempre úteis.
Felicidades para o teu novo trabalho.
De nada!
Oi, Dri!
Nossa, eu passei uns três meses pra ler seu blog todo, desde o comecinho. Alguns posts eu passava por cima, outros eu devorava feliz da vida, principalmente com a sua história. Acho que vc fez da vida o que eu idealizo fazer, saiu do país na cara e na coragem, morou em vários lugares e enfim se fixou num só. A diferença é que você parece MUITO corajosa e determinada, e eu sou justamente o contrário hahahaha
Fiquei maravilhada lendo todas as situações que você já descreveu no blog, lendo a sua história com o Aaron desde o comecinho, lendo tudo. Nossa, me apaixonei!
Tou aproveitando pra escrever um comment num post sobre RH porque sou formanda em Psicologia, e achei curiosíssimo a inversão dos papéis entre o Brasil e a Inglaterra. Enquanto aí, pra você chegar no trabalho que faz atualmente teve que passar por mil degraus, aqui, em Psicologia, essa parte de RH é a primeira coisa em que a gente trabalha, que a gente vê de cara na prática, que a gente tem que aprender a fazer: recrutar e selecionar. Pelo que você descreve, as suas funções aí são meio parecidas com a minha como consultora. Tou numa consultoria em RH desde o começo do ano e lido com essa parte de triagem de CV, aplicação e correção de testes (eu acho q essa é a única diferença, do q li de td o q vc faz aí, por aí vcs não utilizam testes no RH da empresa aonde vc ficou esses 4 anos ou essa parte que não é com vc?), entrevistas, entrevistas por competência, práticas de dinâmica de grupo, elaboração de pareceres, etc. É a primeira vez que gosto de alguma coisa q faço dentro da Psicologia, pq eu tive uma fase super perdida do ‘eu odeio esse curso, pq escolhi isso?’, mas adoro essa parte de Organizacional. Finalmente me encontrei em alguma coisa. Eu gosto desse mundo, mas ainda quero trabalhar em RH de empresa mesmo, pq o trabalho em consultoria em algum momento acaba ficando maçante.
Enfim, escrevi esse monte e em resumo só o que queria dizer é que EU AMO O TEU BLOG, e td o que vc escreve só me faz ficar mais encantada com a sua história, o jeito q vc vive e se resolve pelo mundo, a sua praticidade e tudo o mais.
Sucesso pra você sempre! :*
Adriana.
Estou indo para Londres estudar Ingles no mes de abril 2011. Ficarei 5 semanas. Pelo que lí no seu blog, vou ter que estudar muito mesmo.
Para acelerar meu aprendizado farei aulas voltadas para minha carreira profissional que é RH.
Li que você trabalha na área de RH, você pode me dar umas dicas do que fazer ai em Londres que seja interessante para minha carreira?
Provavelmente eu não terei condições de fazer um curso especifico voltado para minha área, devido nao ter fluencia no inlges, mas deve ter algo que possa agregar a minha carreira.
Aguardo suas dicas.
Abraços.
Nilcy
Oi Nilcy,
Os cursos que conheco na area de RH aqui em Londres sao os cursos do CIPD (que significa “Chartered Institute of Personnel Development”, que eh o organismo que regula a profissao de RH no Reino Unido), mas sem fluencia em Ingles e com apenas 5 semanas nao sei te indicar nada especifico…
mas da uma olhada no site do CIPD, qum sabe eles tem alguma coisa de curta duracao?
Cara Adriana.
Muito obrigada pela indicação. Vou manter contato e lhe falo depois como foi minha experiência.
Abraços
Nilcy
Querida Adriana,
Tenho acompanhado o seu blog e percebi que você trabalha em recursos humanos, estou tentando conseguir uma bolsa de estudos nesta area (mestrado), como tambem aplicando para algumas universidades, será que você teria um modelo de carta de interesse para universidades? vc poderia me fornecer algumas dicas a respeito?
Desde já te agradeço e te parabenizo por seu blog!
Milka Lins.
Dri! O seu blog é simplesmente admirável! Sensacional mesmo! E me inspirou ainda mais na minha vinda para Londres, onde estou neste momento. Meu destino não era este, mas por voltas que a vida dá, decidi vir, na última hora, para cá. O motivo do meu contato é porque estou completamente apaixonada por este lugar. Não dá vontade de voltar. Estou há 14 dias e ainda vou ficar mais quase 1 mês. Tenho um desejo enorme de estudar fora. Fiz o Mestrado no Rio e quero muito fazer o Doutorado fora. Mas primeiro, sei o quanto preciso me preparar e por isso acho que trabalhar aqui primeiro poderia ser uma boa opção. Opção difícil também, assim como estudar, mas acredito que poderia ser um começo. Sou Psicóloga e trabalhei em RH durante 4 anos e minha dissertação foi baseada no recrutamento e seleção de pessoas com deficiência em empresas privadas no Brasil por conta da Lei que temos na nossa Constituição. Há quase 3 anos saí da área e atualmente trabalho como Psicóloga Clínica na linha Cognitiva-Comportamental. Gostaria de saber se é possível enviar currículos para me candidatar a vagas na área de RH para empresas inglesas, se eles têm interesse em contratar pessoas com esta experiência em RH e caso sim, se você tem o modelo inglês de CV. O meu inglês ainda não é fluente, não sei o peso que isso tem também. Muito obrigada pelo tanto de informações que você dá a todos nós!
OI Danielle! Obrigada! Realmente LOndres eh apaixonante…
Bem, o mercado de RH em LOndres eh bem bom e existem todas as areas e oportuniades possiveis, mas voce tem que pensar em duas cosias primeiro: em primeirissimo lugar, Ingles fluentissimo eh imprescindivel… afinal nao soh voce precisa mandar muito bem nas entrevistas concorridissimas (Londres tem muita oportunidade, mas tambem tem muita concorrencia), e pra trabalhar em RH voce vai ter muito contato com funcionarios, candidatos, outras areas da empresa dos mais variados niveis. Entao sem INgles, realmente nao rola. O primeiro passo eh afiar bastante seu ingles.
E o segundo, que vc nao chegou a mencionar, mas eh tao importante quanto, eh o visto.
Tendo ingles fluente e visto de trabalho, eh soh partir pros sites de emprego e torcer os dedos!
Se voce der uma olhadinha nos links sobre trabalho e “Informacoes Inglaterra” aqui no blog, tem um monte de dicas de sites e agencias de recrutamento.
[…] – Dicas para Entrevistas […]