Antes mesmo da Isabella nascer nós já sabíamos que viajaríamos com ela desde cedo. E não é só por causa dessa coisa de “viciados em viajar” não. Filhos de expatriados é assim mesmo, e seja você um amante das viagens ou não, não tem medo nem insegurança de viajar com crianças que vai te impedir de apresentar seu(s) filho(s) para sua família e cultura!
Então a primeira coisa que fizemos quando ela nasceu foi marcar as passagens para nossa primeira viagem, para o Colorado, nos EUA, para visitar a família do Aaron. Fomos pra lá primeiro pois podíamos combinar uma viagem a trabalho do Aaron, com o final da temporada de esqui com uma abundância de babysitters!
Esse post será uma série de muitos outros, pois acredito que cada fase da vida de uma criança demanda estilos de viagem e preparações de viagem diferentes – então vou escrever com um misto de “dicas” e experiência pessoal, que tenho certeza absoluta vai mudar e evoluir ao longo dos meses e anos, com muitos erros e acertos – nem tudo vai ser útil para todas as crianças e famílias, mas de post em post a gente chega lá!
– Planejamento pré nascimento:
Como comentei acima, nós sabíamos que essa viagem ia acontecer mais ou menos nessa fase de Março/Abril, mas preferimos não marcar nem reservar nada antes dela nascer. A data prevista de nascimento era dia 9 de Janeiro (e acabou sendo dia 10!), o que fez com que essa viagem fosse super em cima da hora para nossos padrões de planejamento (geralmente planejo viagens com cerca de 4 a 6 meses de antecedência!).
Mas optamos por fazer assim pois o nascimento de um bebê realmente é uma surpresa. Afinal, e se o nascimento for adiantado? E se atrasar? E se tivermos complicações com ela? E se eu acabasse tendo que fazer uma cesárea de emergência que atrapalhasse minha recuperação?
E se ela fosse um bebê reclamão? Ou tivesse muitas cólicas? Ou se acabássemos sendo pais muito mais neuróticos do que jamais imaginamos?!
Ou seja, são muitas incertezas, e preferimos não marcar nem confirmar nada até que ela estivesse em nossos braços, com a certeza de que ela era saudável e que nós aguentaríamos a pressão de sermos pais de primeira viagem!
– A reserva:
Crianças de até 2 anos não pagam passagem inteira de avião se viajarem no colo dos pais, mas essa é uma regra que muda de companhia pra cia aérea. Algumas cobram 10% do valor da passagem , outras cobram apenas as taxas de embarque. Então vale a pena fazer uma pesquisa de mercado e comprar o preço final das passagens da família: por exemplo, as vezes a passagem dos “adultos” é mais barata na cia X, mas o bebê paga uma taxa mais alta, enquanto que na Cia Y a passagem adulta é mais cara, mas a do bebê mais barata, dando um total mais em conta.
Outro ponto que levamos em consideração foi a comparação voo direto Vs voo com escalas, e acabamos preferindo pagar a mais pela segurança (e nosso medo inicial!) e não ter que lidar com conexões, troca de aviões, potenciais atrasos, perda de bagagem etc.
No final das contas, voamos direto Londres-Denver de British Airways pelo mesmo preço que sairia um voo com conexões e ligeiramente mais barato por adulto!
– Escolha de Assento:
Na verdade isso ainda esta relacionado ao item “Reserva”, mas considero tão importante que merece um destaque: ao reservar sua passagem já reserve logo sua poltrona nas fileiras frontais do avião, onde o espaço para pernas é maior e onde é possível colocar um bercinho para o bebê.
Muitas cias aéreas estão fazendo a sacanagem de cobrar uma taxa para reserva de assento adiantado – meu conselho? Pague!!
Geralmente a taxa não é muito alta, e pelo menos te dá a paz de saber que tanto você quanto seu bebê viajará confortavelmente!
Tecnicamente esses assentos frontais são mesmo reservados para pais com crianças de colo, então você pode arrsicar e deixar pra reservar seu assento na hora do check in, e provavelmente você irá consegui-lo sem problemas. Mas vai que não?
Afinal muitas cias aproveitam o espaço extra nessas fileiras para cobrarem a mais de passageiros em busca de mais conforto (e se alguém já pagou a mais pra sentar lá, eles não vão muda-lo de assento só pra acomodar o seu bebê), ou então o voo pode estar cheio de familias e simplesmente não ter espaço extra!
Na volta de Denver a Isabella era o único bebê no voo, mas na volta do Brasil eram inúmeras famílias com crianças e bebes de todas as idades, e portanto todas fileiras frontais estavam ocupadas! Quem não reservou com antecedência, dançou… (ou pior, passou 11 horas com um bebê no colo!).
Se seu bebê já é maior do que o permitido pelo bercinho do avião (a comissária da BA não soube me informar o limite de peso, mas diria que só bebês até uns 6 ou 8 meses caberiam confortavelmente), algumas cias aéreas também oferecem um bebê conforto, que acomoda bebês maiores, que pode ser encaixado na mesma “bandeja” onde vai o bercinho, e assim nem os pais nem o bebê dormem desconfortáveis.
E por fim, uma dica que uma amiga me deu em relação a esse bercinho: os aviões internacionais tem espaço para cerca de 10 berços (as tais “bandejas”), mas dentro do avião geralmente só tem alguns poucos berços. Se o voo vier vazio, ótimo. Mas se o avião for grande e o voo lotado, mesmo que você esteja no assento correto, pode acabar sem o berço. Então a dica da amiga foi pedir o berço ASSIM que entrar no avião – e foi exatamente o que fiz em todos os voos que peguei com a Isabella (a minha amiga aprendeu essa “dica” depois que uma comissária explicou que não tinha berço pro filho dela pois ela não pediu primeiro…).
O bercinho tem um forro e é até bem confortável, mas não esqueça de levar umas mantas e cobertores a mais, para deixar a “caixa” mais quentinha e aconchegante.
– Alimentação:
Se você viaja ainda amamentando, isso talvez não seja tão relevante, mas mesmo nos primeiros voos com a Isabella, eu levei uma caixinhas extras de fórmula pronta e um potinho com leite em pó para emergências.
E dito e feito: como a bichinha sentiu fome no voo!!
Talvez seja a altitude, ou quem sabe o ar mais seco… ou até mesmo a mudança na rotina. Mas em todos os voos longos que fizemos até hoje ela acabou mamando MUITO mais, e se não fosse o leite extra, estaríamos perdidos!
– O “equipamento”!
Em todos esses voos nós levamos MUITA coisa extra!
Olha, é um saco mesmo, e essa é um aspecto de ter filhos que eu acho que nunca vou me acostumar: a quantidade de tralha que temos que carregar!
No total foram 4 mudas extra de roupas para ela e mais uma pra mim. Na ida pros EUA ela usou 3 das 5 mudas de roupa. Já na ida pro Brail ela usou TODAS as mudas de roupa que levei…
(Dica: Coloque cada muda de roupa já separada dentro de um saquinho de plástico num compartimento separado na bolsa de fralda – assim, cada vez que você precisar alcançar uma nova troca de roupa, basta puxar um conjunto completo (body, pijama, meias, etc) e depois já colocar a roupa suja dentro do mesmo saco, pra não ficar com cheiro nem sujar as outras coisas dentro da bolsa)
Talvez seja a quantidade maior de leite, ou a pressão do avião, ou seja lá o que for – mas ela bateu todos os recordes de fraldas explosivas de sua vida!! (os voos diurnos foram MUITO piores que os noturnos, já que ela já dorme a noite toda e portanto produz menos conteúdo para suas fraldas!).
Então as roupas, cobertores, mamadeiras, chupetas etc extras foram divididas entre uma bolsa de fralda (que fica mais fácil de acessar) e a mala de mão (para momentos de desespero, ou se sua bagagem for extraviada, ou o voo atrasar e afins).
Comigo, só uma micro bolsa, de cruzar no corpo, com nossos passaportes, celular e o mínimo indispensável.
Todo os resto (laptop, iPad, câmeras, objetos de valor, líquidos, cabos de eletrônicos e afins) vão na mala de mão.
Se seu bebê já tem idade para se entreter com brinquedinhos, leve alguma coisa que vá ajudar a passar o tempo (na viagem para os EUA, com dois meses e meio ela não reconhecia nem se animava com nenhum brinquedo. Ja na viagem pro Brasil, com 3,5 ela já tinha seu bonequinho preferido, que curou qualquer encheção de saco e tédio!). mas cuidado pra não ser alguma coisa barulhenta que vá incomodar nem irritar os outros passageiros!
– Embarque e desembarque:
Na hora do check in confira se sua cia aérea e o aeroporto de partida e chegada, permitem que você leve seu carrinho até a porta da aeronave.
A maioria dos aeroportos internacionais de médio/grande porte aceitam – mas vale perguntar antes, pra você se planejar bem!
Nos voos para os EUA, onde viajei com o Aaron, nós optamos levar o carrinho até a porta do avião. É super cômodo, vc não precisa ficar carregando o bebê no colo por horas enquanto espera o voo, eles ficam mais confortáveis, vendo o mundo passar, dormindo e tal. Ai na hora de entrar no avião, é só desmontar seu carrinho, entregar para o funcionário da cia aerea e pronto. Quando você chegar ao seu destino final, ele estará te esperando mais uma vez na porta do avião.
Porém… nem sempre isso é vantagem!
Nos dois voos que fiz sozinha com a Isabella (sem o Aaron), preferi despachar o carrinho junto com as malas, justamente por ser mais tralha pra carregar!
Ela foi no Canguru (uso da marca Baby Bjorn) e assim fiquei sempre com as duas mãos livres para carregar a mala de mão, bolsa de fraldas, pegar passaporte/passagem na bolsa e o que mais fosse preciso.
Se você decidir despachar o carrinho com sua bagagem, lembre-se de embala-lo bem, para evitar danos e perdas durante o manuseio do carrinho. Algumas marcas de carrinho vendem uma “mala” específica pra levar o carrinho, mas eu achei desnecessário, e simplesmente coloquei aqueles plásticos de embalar mala no aeroporto mesmo (em Londres custou 8 Libras e no Galeão 35 Reais).
Todo bebê tem direito a uma mala despachada MAIS um carrinho MAIS uma cadeirinha de carro! (a não ser que você esteja voando low cost, onde precisará pagar extra por todos esses itens…)
– Pouso e decolagem (e turbulência):
Mesmo com o bercinho do avião ou com o canguru, na hora do avião subir ou descer, ou quando o sinal de cinto de segurança acende durante turbulências, você tem que tirar o bebê de onde estiver e colocar no seu colo com o cintinho especial para crianças.
Eu questionei em todos os voos se não poderia decolar/pousar com ela no canguru (principalmente quando ela estava dormindo), pois não só é mais confortável, é também muito mais seguro. Mas não. A regra é clara, e você sempre tem que colocar o bebê no cinto de segurança, pois só assim a cia aérea poderá se responsabilizar por acidentes.
E caso o bebê esteja no bercinho durante o voo, como o berço não tem nenhum tipo de proteção nem cinto de segurança, o bebe também tem que ir pro colo, pois caso haja uma queda de altitude, eles podem voar longe!
Ainda no tema pouso e decolagem, temos também o problema de pressão dos ouvidos dos bebês!
O que todo mundo sempre recomenda (e deu super certo pra gente!) é sempre amamentar/dar mamadeira/chupeta pro bebê nessas horas.
Então as horas pré voo tiveram uma precisão astro-física de calculo de sonecas e amamentação, para que eles coincidissem com os momentos de decolagem e pouso.
Eu sofro bastante com pressão nos ouvidos, então esta preocupada com isso, mas a Isabella não se afetou muito…. Em todas as decolagens consegui coincidir com mamadas, mas nos pousos não! Tentei insistir ou colocar chupeta, que deu certo algumas vezes, outras não, mas como ela não reclamou de dor de ouvido, não me preocupei muito. E em todas as vezes, o chacoalhar do avião na subida e descida fizeram ela dormir rapidinho (mesmo fora de hora – nisso ela puxou a mãe!), o que foi ótimo!
– Trocando o bebê no avião:
E já que eu falei em conteúdo de fraldas explosivas aí em cima, com certeza em algum momento de um voo longo você terá que trocar a fralda de seu bebê no avião!
Não é um bicho de 7 cabeças, já que todos os banheiros do avião tem uma mesinha “fraldário”.
O que eu levei (não só pra viagens, mas é o que levo sempre na bolsa de fraldas da Isabella) é um necessaire específico com tudo que preciso pra trocar a fralda dela sem ter que carregar a malona toda junto.
Nesse necessaire tenho sempre 2 fraldas (porque acidentes acontecem!), um pacote de lencinhos, sacos de lixo (pra não deixar a fralda pra trás fedendo o banheiro todo!) e um trocador descartável (porque além de que esses fraldários públicos geralmente são sujos, não tem nada pior do que ter que limpar seu trocador portátil de plástico num banheiro publico/minúsculo quando um acidente de fato acontece! Com os trocadores descartáveis, o que sujar, vai direto pro lixo!).
Adriana Miller, Carioca. Profissional de Recursos Humanos Internacional, casada e mãe da Isabella e do Oliver.
Atualmente morando em Denver, Colorado, nos EUA, mas sempre dando umas voltinhas por ai.
Viajante incansável e apaixonada por fotografia e historia.
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