Logo que chegamos em Kathmandu, definitivamente nao foi amor a primeira vista!
O voo vindo de Delhi atrasou mais de 2 horas por causa de mau tempo em Kathmandu, e o aeroporto da capital do Nepal parece que ficou parado no tempo em 1937. Foi um choque cultural sair do aeroporto novissimo, moderno e super bem organizado de Nova Delhi, passar cerca de 1,5 hora no aviao e pousar em Kathmandu!
Pra comecar que o aeroporto eh minusculo, alguns dos sinais e informacoes sao pedacos de papel escritos a mao e colados nas paredes, e os turistas ficam meio zuretas tentando entender oque fazer e pra onde ir…
Eu tinha pesquisado sobre o visto Nepales, e sabia que nem eu nem o Aaron precisavamos de pedir visto com antecedencia, mas mesmo assim imprimi os formularios do visto, separei as fotos 3×4 e deixamos tudo prontinho e preenchido (eu tinha lido num forum qualquer de mochileiros que levar tudo prontinho economizaria uns 40 minutos de burocracias na fronteira – e era verdade).
Mas ai, assim que saimos do aviao, qual foi a primeira coisa que eu lembrei? Lembrei que esqueci de levar toda papelada do visto pro Nepal!!!!
Nao foi o fim do mundo, mas tivemos que disputar espaco com outras dezenas de turistas pra usar a bancadinha com os formularios, e pagar uma pequena fortuna pra tirar uma foto 3×4 com o “fotografo” do aeroporto (que cobrava seu preco em dolares, mas soh aceitava pagamento em Rupees Nepaleses, que por sua vez significou que tivemos que ir trocar dinheiro na casa de cambio do aeroporto, e pagamos mais uma pequena fortuna em taxas e comissoes e uma taxa de cambio que foi uma verdadeira roubalheira!).
Mas logo que saimos do portao de desembarque eu vi a plaquinha com meu nome nos esperando (a agencia que nos acompanhou na trilha pelo Hilamalia foi nos buscar), e foi mais um deus-nos-acuda de gente querendo oferecer taxis, oferecer ajuda pra carregar as mochilas, oferencendo hoteis, oferencendo pacotes de viagem… uma verdadeira visao do inferno! E claro, golpe numero 1 em viagens – se vc deixa alguem te “ajudar” por um segundo que seja (no caso, um carinha “segurou” a alca da mochila enquanto o Aaron colocava nossas coisas na mala do carro) eles vao cobrar uma gorjeta! O problema nao eh pagar pelo servico prestado, e sim a imposicao do pagamento por um servico nao solicitado (e nesse caso duvidosamente prestado)! Entao o Aaron resolveu abrir a carteira pra pegar umas notas de Rupees Nepaleses, e pronto, uns outros 3 caras pularam no nosso carro pra pedir gorjeta tambem, metendo a ao pela janela, e logico, quem vai querer 100 Rupees Nepaleses (cerca de 1 dolar) quando a mesma carteira tem notas de Euro e Libras?! (mas isso ja eh uma ooooooutra discussao que vivo tendo com meu dignissimo esposo que cisma em viajar carregando sua carteira “chamativa” e cara, cheia de cartao e diferentes “dinheiros”. Mas enfim, deixa pra la!).
Mas tudo bem.
Seguimos diretamente pra fazer check in no nosso albergue, o Kathmandu Madhubam Guest House (que recomendo DEMAIS!!!!) e de la fomos pro escritorio da nossa agencia fechar os acertos finas da viagem.
Nossa trilha nos Hilamaias foir organizada pela agencia Alpine Adventure Club, que eh uma agencia 100% local. Foi meio que um tiro no escuro fechar a viagem com eles, ja que nao tive nenhuma referencia pessoal, e foi tudo decidido a base de e-mails.
Mas como contei antes, eu pesquisei demais as opcoes de rotas e trilhas e qual seria a melhor opcao pra nossa viagem. E uma das coisas que eu li bastante sobre o Nepal, foi da importancia de prestigiar as agencias e guias locais.
O governo do Nepal leva super a serio a industria do Turismo, assim como a preservacao ambiental de seu principal bem e gerecao de renda: as montanhas (e isso soh foi comprovado ainda mais depois que comecamos a trilha pelos vilarejos), e tudo por la eh super bem regulado e inspecionado, mas sobretudo porque o turismo eh a unica opcao que a maioria esmagadora da populacao tem de ter uma vida um pouco melhor.
Opcoes nao faltam de agencias baseadas na Europa, EUA e do mundo todo que organizam expedicoes nos Himalaias, que muitas vezes sao mais bem organizadas e oferecem uma infra estrutura melhor; mas por outro lado, eles utilizam guias estrangeiros, carregam material de acampamento e afins, oque significa que a populacao local nao se beneficia nem lucra com esse movimento de turistas.
Entao entrei em contato com varias agencias locais em Kathmandu (e inclusive, muito gente que vai pra la com tempo e uns dias sobrando, deixa pra fechar a agencia e opcoes de trilha soh depois de ja estar em Kathmandu), mas a Alpine Adeventure Club foi a que mais me cativou.
Todos os e-mails foram trocados diretamente com o Sr. Binod Thapa, que eh o dono da agencia, e que depois nos contou que tinha mais de 20 anos de experiencia como carregador, sherpa, guia e inspetor, antes de decidir abrir sua propria agencia.
Ele entendeu perfeitamente meus requerimentos, nossa limitacao de tempo, e o fato de que queriamos ter belas paisagens pra tirar muitas fotos!
Ele fez varias sugestoes, e ofereceu organizar um pacote personalizado soh pra nos dois, por apenas 50 dolares de acrescimo (nao queriamos ficar presos a um grupo, queriamos poder andar no nosso proprio ritmo e ter certo poder de decisao no roteiro). Entao tivemos um roteiro soh nosso, sem estar presos a nenhum grupo, e com um guia e um carregador particular.
O Binod cuidou de toda papelada de autorizacao de trilha e afins por nos, e ainda nos instruiu sobre onde comer em Kathmandu, onde alugar nosso saco de dormir, e onde comprar algumas das coisas que estavam faltando.
No dia seguinte, quando fomos na rodoviaria pegar nosso onibus em direcao a Pokhara, ele estava lah, pra garantir que estava tudo certinho!
Mas infelizmente, depois que ja estava tudo resolvido com a agencia, caiu um temporal digno de Himalaias!!
Nao soh atrapalhou nossos planos de conhecer um pouco da cidade, como ainda foi um problemao pra conseguir achar um caixa eletronico que funcionasse! (quando comeca a chover assim, varias partes da cidade ficam seu energia eletrica, entao os bancos travam automaticamente!).
Entao passamos boa parte do tempo no albergue, dormindo, comendo e conversando com o dono do Madhurbam Guest House (que eu nao lembro o nome!), outro Nepales incrivelmente simpatico e prestativo, enquanto tentavamos nos atualizar na internet (gratiz no albergue!) e descobrir oque estava acontecendo no mundo e comendo maravilhosamente bem (pecam o Dal Fry e Momo Vegetariano!! O MELHOR que comemos no Nepal – e olha que comemos MUITO bem no Nepal)
Mas assim que a chuva acalmou, saimos pra passear pela regiao de Thamel (que eh o bairro dos mochileiros de Kathamandu), e a sensacao de que, apesar dos pesares, tinhamos nos apaixonado pelo Nepal e pelos Nepaleses nao parou de crescer ate o final da viagem!
E foi paixao assim de graca mesmo.
Apesar do caos de cidade mal planejada, apesar da poluicao visual (e do ar tambem!), tuk-tuks insandecidos nas ruelas sem calcada, o Nepal eh um lugar que por definicao transmite paz.
As pessoas sao tranquilas, voce se sente bem, bemvindo e querido por todos o tempo todo. A cada lojinha, cada restaurante, cada alojamento, a sensacao era sempre de que eramos hospedes de honra, convidados da familia que eles faziam questao absoluta de tratar bem. Questao de honra mesmo! E de karma!
E como tudo que eh do bem, atrai mais coisas do bem, o Nepal tem esse ar de ciclo vicioso, onde as pessoas se sentem bem pois sao bem tratadas, e por sua vez voce quer ajudar e tratar bem os locais, e o ciclo recomeca!
Nao da pra explicar oque que o Nepal tem, mas eh um lugar de energia sem igual, e ja estamos (mesmo!) planejando uma outra viagem pra la ano que vem!