07 Feb 2011
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Beirute

Beirute, Dicas de Viagens, Libano

A grande maioria dos guias e sites que sequer mencionam Beirute, descrevem a cidade como a “Paris do Oriente Medio”. Então já vou começar o post dizendo que discordo.

Realmente Beirute foi a cidade mais “Europeia” que já conheci no Oriente, e na verdade me lembrou demais cidades do sul da Italia ou Espanha, com toda su arquitetura Mediterranea, seu espirito festeiro de quem não se preocupa demais com os problemas pois sabe que no final tudo dá certo.

Beirute esta de volta no mapa

De Paris mesmo, não vi nada. Mas na verdade eu discordo da comparação, simplesmente porque geralmente discordo com comparações em geral. A gente sempre ouve falar na “Paris do Leste”, ” A Veneza do Norte”, a ” Nova Iorque da Asia” e outras comparações do tipo. Mas eu acho que cada cidade tem seus proprios méritos, e ninguem deveria ter que viver a sombra de outra grande cidade.

Não que uma comparação com Paris não seja um grande elogio, mas Beirute é Beirute, e merece ter seu brilho proprio e ser admirada pelo que tem a oferecer e pelo que é, e quem sabe um dia não ouviremos falar por ai sobre a “Beirute do Norte” ou a “Beirute da Asia” ou algo parecido…

As montanhas nevadas vistas do "calçadão" da praia

Afinal são poucas as cidades do mundo (se é que existe alguma outra) onde voce pode caminhar na praia enquanto admira as montanhas nevadas e as estações de esqui. Onde o maior e mais caro relogio Rolex do mundo faz parte da mesma historia de uma praça que foi interamente destruida por bombardeios, e ruinas Romanas, ruinas Fenícias, igrejas catolicas, ortodoxas e mesquitas dividem o mesmo quilometro quadrado!

Place D'Etoile e o Rolex gigante

Mesquita Mohammed Al-Amin

A verdade é que a cidade é relativamente pequena, e de facil locomoção, mas ainda esta aos poucos tentando se reerguer depois de quase 3 decadas de guerras sangrentas e destruidoras.

O Rolex original de fabricação Suiça é de 1897

O centro historico já foi inteiramente reconstruido, e hoje em dia é uma região interamente peatonal, e tanto o governo quanto a população fieram questão (e morrem de orgulho) de não ter caido no erro de seus vizinhos do Golfo e ter reconstruido uma cidade que cresce “pra cima”, coberta de vidros, neons e arquitetura arrojada. Então a Beirute de hoje é exatamente igual a Beirute de antigamente, só que melhorada.

O centro historico reconstruido

Os predios mantiveram suas fachadas originais, com janelas de estilo Arabe e pedras em tons terrosos, mas ganharam interiores modernos e garagem subterranea.

A area hoje em dia é cercada pelos melhores restaurantes da cidade, e ruas que se iluminam e recebem visitantes e locais até as altas horas da madrugada.

Os bares e restaurante da Place D'Etoile a noite

E ao bom estilo Libanes, até mesmo a guerra pode trazer algum salto positivo, como as recen descobertas ruinas de um “banheiro” publico Romano, com todo seu sistema de circulação e aquecimento de agua; e um mercado Fenicio com arcos, caves e colunas milenares.

Ruinas Romanas

Vestigios de uma ciade Fenícia

Ainda ali no centro esta o Souk – que do original sobrou apenas uma pequena cupula e alguns pedaços de mosaico arabe no chao.

Os Mosaicos que sobraram do mercado original

Mas sua reconstrução não trouxe shoppings gigantescos, e sim uma versão moderna de um Souk Arabe, que reflete o estilo de vida do seculo 21. O Souk ainda é divido em “especialidades” como o Souk de joias, o Souke de comidas, etc, mas em vez dos esterotipos que esperariamos ver brigando por clientes nas ruas de Instambul ou do Cairo, na verdade vemos lojas que variam da Zara e H&M a Armani e Hermes.

O novo Souk é a melhor area de compras e restaurantes da cidade

E a poucos passos esta o Mediterraneo, com seus 4 quilometros de “Corniche” que bordeia a cidade num calçadão que começa na Marina e segue até a “Pigeon Rock” (“Rocha dos pombos”), onde estão concentrados os hoteis de luxo, os apartamentos de frente rpo mar da elite, o calçadão, os pescadores, e claro, a vista das montanhas nevadas!

Corniche

As montanhas na beira da praia

Pescadores

Pigeon Rock

A area surpresa da cidade é o bairro Hamra, e principalmente a rua Hamra – que é o bairro dos artistas, estudantes e mochileiros. Muitas lojinhas, cafes, restaurantes, agencias de viagem, albergues e hoteis baratinhos – o paraiso dos mochileiros e dos que procuram uma experiencia mais “autentica” e “caotica” em Beirute.

Rue Hamra

Mas oque eu achei mais interessante na cidade foi justamente o contraste da prosperidade do Oriente Medio com as marcas da destruição da guerra, que querendo ou não, estão por todos os cantos da cidade, e não dá pra evitar.

Oque sobrou do antigo Holiday Inn

Um dos principais “monumentos” a guerra é oque sobrou do hotel Holiday Inn (que fica exatamente atras ao Phoenicia, e era a vista da minha janela todas as manhas) – o hotel era recem inaugurado quando a guerra civil começou em 1975. Por ser o predio mais alto da cidade na epoca, acabou sendo ocupado pelo exercito e seus atiradores de elite usavam as varandas dos quartos de hospedes pra mirar e atacar os inimigos.

As marcas da guerra

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Inimigos esses que por sua vez sabiam que os atiradores estavam ali – entao o predio foi alvo de incontaveis bombardeios, tiroteiros, incendios e toda sorte de artimanhas de guerra. Porem, por causa de sua construição de primeira linha e estrutura anti-terremoto, a estrutura do predio nunca foi abalada, e o esquelo do Holiday Inn continua lá, nem nunca ter sido recuperado, reconstruido nem destruido, cumprindo seu papel de “lembrete” da destruicnao da guerra, e assim quem sabe a nova geração de Libaneses não conseguem evitar que isso aconteça novamente?

Adriana Miller
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05 Feb 2011
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Hotel Phoenicia Beirute

Beirute, Dicas de Viagens, Libano

Quando eu comecei a tratar dos detalhes praticos da viagem ao Libano, o sistema de viagens corporativas do banco me dava duas unicas opções de hospedagem. Instintivamente eu escolhi o mais barato, e mal sabia eu que estava prestes a me hospedar num dos pontos mais tradicionais do Libano, um hotel iconico cheio de historias do auge do glamour da Beirute dos anos 60 e historias sangrentas das diversas guerras nos anos 70/80 e 90.

A historia do hotel reflete a historia da cidade e do pais.

O Hotel Phoenicia foi construido no inicio da decada de 60 e representava tudo de melhor que o mediterraneo tinha pra oferecer. Foi um dos edificios que garantiu a Beirute o titulo de “Paris do Oriente Medio”.

Porem, durante a guerra civil o hotel foi usado como epicentro de bombardeamentos e atiradores de elite usavam sua posiçnao estrategica pra atacar os inimigos – o hotel dos fundos, ainda esta aos pedaços e hj em dia virou um “monumento” da guerra.

Logo depois do fim da guerra o Phoenicia foi reconstruido, e em 2005, foi mais uma vez danificado quando o então Pirmeiro Ministro Rafic Hariri foi assasinado na porta do hotel por um carro bomba.

Hoje em dia o hotel foi comprado pela rede Intercontinental e já retomou inteiramente seu posto de icone numero 1 de Beirute, usado como referencia para o “renascimento” da cidade para o mundo. (e claro, segurança redobrada nas ruas em volta não faz mal a ninguem!).

O hotel realmente é lindo, o serviço impecavel com “old glamour” em todos os cantos, além da situaçnao ultra privilegiada na cidade – a poucos passos da marina e da Corniche (orla de Beirute) e a 10 minutos (a pé!) do centro historico e financeiro.

Adriana Miller
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04 Feb 2011
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O Líbano na pratica

Beirute, Dicas de Viagens, Libano

Se eu falasse que não estava um pouco apreensiva antes de vir pro Libano, estaria mentindo.

Claro que quando sequer percebi uma remota possibilidade dessa viagem acontecer, me empolguei na hora, comprei guia de viagem, pesquisei possiveis “esticadas” depois do trabalho e tentar aprender e conhecer o maximo possivel do pais.

Mas a reação de todo mundo a minha votla não correspondia a minha empolgação… Meu chefe só falatava me implorar perdão por ter me incumbido com a tarefa de vir pra Beirute, o Aaron ficou peocupadissimo, e minha mãe coitada… apesar de dizer que de mim “espera tudo” me pediu relatos diarios, pra ter certeza que eu não estaria correndo risco nenhum…

E por mais que agora eu veja que 90% das reações sejam puro excesso causado por anos e decadas de midia cobrindo guerras, conflitos e “fanatismo” sobre o pais, ainda assim eu fiz questão de fazer bem meu dever de casa pra não me meter em problemas.

– Visto:

O primeiro ponto foi o visto de entrada. As informações na internet são confusas, alguns sites relatam as dificuldades incriveis de entrar no pais, enquanto outros falam o quão facil é.

Eu me certifiquei que não precisava aplicar pra visto com antecedencia, e tanto Europeus quanto Brasileiros podem pegar o visto direto no aeroporto.

Já para passaportes Americano as informações são mais confusas ainda, e a recomendação é que sempre se aplique para visto com antecendencia pois os criterios para deixar Americanos entrarem no pais ou não podem ser subjetivas…

O visto não custa nada, e nada mais é que um carimbo no passaporte, e na hora eles decidem quanto tempo voce pode ficar no pais – Eu ganhei o visto maximo, de 1 mes.

A unica exigencia que eles fazem é que é terminantemente proibida a entrada a qualquer pessoa que tenha carimbo de Israel no passaporte (que por sorte eu pedi que não carimbassem meu passaporte em Tel Aviv e funcionou), e mesmo pra quem não tem o carimbo, a instrução geral é nunca mencionar que vc já viajou ou pretende viajar a Israel, pois isso tambem seria motivo para negação de visto.

Mesmo no ambiente de trabalho eu tive que me policiar o tempo todo pra não mencionar o escritorio de Tal Aviv e o fato de que usamos os mesmo fornecedores, pois isso poderia causar problemas pro meu lado!

E realmente, como li alguns relatos, a menina que me atendeu na imigração verificou pagina por pagina, varimbo por carimbo, do inicio ao fim do meu passaporte! Não tem como escapar!

De resto, foi só preencher a ficha da imigração que nos deram no avião, e pronto!

– Dinheiro:

Uma vez já no pais minha dica numero um é em relação a dinheiro. A moeda oficial do Libano é a Libra Libanesa (identificada por LBP), que é daquelas moedas que nunca “cortaram 3 zeros” após anos de inflação e portanto tem uma cotação bem louca, e todos os valores são na casa dos milhares, centenas de milhares e milhões de Libras Libanesas!

O resultado? NINGUEM usa LBP na vida real. Então antes de vir pro Libano traga dinheiro vivo em dolares (US).

No geral os preços são baixos, mas bem em linha com preços na Europa, e ATM/caixa automatico são bem faceis de encontrar pela cidade, e ate mesmo os caixa eletronicos te dão a opção de sacar dinheiro em moeda local ou dolar… as lojas imprimem suas etiquetas com preços nas duas moedas e até memso o salario dos funcionarios do BAML é pago em dolar.

– Transporte:

Uma coisa que me impressionou foi a ausencia total de transporte publico em Beirute e pelo resto do pais. Existir até que existe (pelo que me falaram), mas eu não vi um unico onibus, uma unica estção de trem ou metro… E aparentemente os pouquissimos onibus que circulam pela cidade são caidno aos pedaços e super infrequentes, então as pessoas nem sequer cogitam a possibilidade de ir pro trabalho de onibus, por exemplo.

Já os taxis são abundates, e relativamente baratos (mas não achei baratinho nao! Qualquer corridinha de 5 minutos é 10 dolares prá cá, 15 doalres pra lá) mas fui insistentemente instruida pelo pessoal do escritorio e do hotel a NAO pegar taxi direto na rua. A grande maioria dos taxis não sao regulados, não tem taximetro, e uma vez lá dentro, eles vão fazer de tudo pra te cobrar o maximo possivel.

– Estrutura Turistica:

Como comentei nos outros posts, a cidade/pais esta sendo inteiramente reconstruida, depois de quase 2 decadas de uma guerra destruidora entre as decadas de 70 e 90, e mais alguns conflitos recentes no ano 2005/2006.

Grande parte da cidade já esta reconstruida, mais bonita do que nunca, oque inclui muitos novos hoteis de luxo.

Mas isso causa um problema para os turistas, pois as opções de hospedagem são reduzidas as opções de super luxo e as opções super-ralé, sem nada meio termo…

E isso tambem erflete um pouco na ausencia total de outras opções de turismo, porque né, convenhamos, pouquissimas pessoas no mundo veem o Libano como opções turistica. E os que o fazem ou tem muito dinheiro pra se encaixar na faixa “luxo” ou são mochileiros-aventureiros total e não se importam de esperar 5 horas na beira da estrada até o onibus chegar.

Então quando comecei a pesquisar possiveis opções de passeios pra esticar minha viagem no fim de semana, simplesmente não existe uma boa oferta de day trips ou passeios rapidos nos arredores da cidade. Então 99% das opções disponiveis, involvem motorista particular, roteiro exclusivo e coisas do tipo, que consequentemente disparam os preços nas alturas.

Minha escolha então foi seguir a recomendação da Fe Costa e contratar o memso motorista que ela usou quando veio ao Libano ano passado. Uma opção bem mais cara doque eu pretendia gastar para um passeio de 1 dia, mas na falta de outras opções, a dica dela foi otima e a unica maneira que consegui achar de conhecer um pouco mais do pais.

– Lingua:

A lingua oficial do Libano é o Arabe, mas TO-DO mundo fala Frances, em graus de maior ou menor fluencia, mas parententemente é a primeira lingua que as criancinhas aprendem na escola. E alem disso, o Frances e o Aarabe se misturam o tempo todo e é comum que no meio de uma conversa em Arabe voce escute um “Bon Jour”, “Merci”, “Bein Sur” e afins.

Comigo, e com outros estrangeiros a primeira reação dos locais é se sempre se dirigir aos turistas em Frances, mas no geral todo mundo fala Ingles fluentemente, do taxista, ou garçon, a atendente da loja ao carinha da esquina pra pedir informações, então achei bem facil ir e vir pela cidade (apesar das placas quase sempre em Arabe) posi sabia que numa aperto, sempre teria alguem pra me ajudar em INgles ou Frances.

– Voce sabia….

Que no Brasil tem mais Libaneses que no Libano?!

Acho que essa foi a frase que mais ouvi essa semana. De alguma maneira, eles sentem um orgulho tremendo e uma certa participação na colonização e no desenvolvimento do Brasil….

– Como se vestir:

Essa era outra coisa que me preocupava um pouco, e nos poucos segundos que tive pra fazer as malas antes da viagem, confesso que me deu um certo panico… mas como vim pra trabalhar, isso ficou mais facil, pois afinal não uso mini saias nem decotão pra ir pro escritorio! Então usei as mesmas calças sociais, terninhos e saias do meu dia a dia em Londres.

Mas oque reparei nas ruas é que no geral Beirute é uma cidade super ocidentalizada, e as pessoas se vestem “normalmente” – vejo muito mais mulheres usando Burqas em Londres doque vi em Beirute!

As meninas do escritorio usavam saia, sapato alfo, braços e pescoço de fora, e em momento algum quando andei sozinha pelas ruas (inclusive de noite) me senti ofendida ou chamando atenção demais por ser estrangeira ou atraindo atenção id=ndesejada de homens locais (que era uma missão na Turquia, Egito, Marrocos…). E até mesmo vi algumas meninas correndo no calçadão usando shortinho e camiseta regata, como veriamos em Ipanema!

Claro, eu estou aqui em plano inverno, entao é normal que as pessoas se vistam mais conservadoras e “cobertas” mesmo, e não sei se no auge do verão com o calor na casa dos 50 graus se as diferenças culturais do guarda roupa seria mais gritante (ocidentias = semi nuas; Arabes = cobertas da cabeça aos pés), mas arriscaria a dizer que não.

Uma coisa que reparei bastante em Dubai por exemplo é que mesmo as lojas de roupas e marcas “ocidentais” vendiam suas peças em modelagem oriental/arabe, com saias compridas, mangas compridas e golas comportadas, calças de modelagem mais larga etc, enquanto que aqui as vitrines estão recheadas das mesmas mini saias, decotoes e calças skinny que vemos nas vitrines da Zara, H&M, Promod e afins nas ruas da Europa.

Adriana Miller
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