30 Sep 2010
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Dia 2: Rongai Camp ao Kikelelwa Camp

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

O Segundo dia de caminhada foi o mais longo e causativo… Na verdade, a cada dia que ia passando, AQUELE dia se tornava o mais cansativo, pois a estafa ia acumulando, o oxigenio ia diminuindo… Mas nós ainda nao sabiamos disso, estando apenas começando o segundo dia…

Mas “no papel” esse seria nosso dia mais puxado (excluindo o dia da escalda final), onde tinhamos uma caminhada de 9 horas pela frente, ganhando cerca de 900 metros de altitude!

O unico probleminha, eh que logo depois que acordamos e comecamos a nos organizar para comecar a escalada, as nuvens nos alcancaram e o tempo fechou de novo! Mas pelo menos nesse dia nao choveu, apenas tivemos um nevoeiro muito denso praticamente o dia todo!

Teoricamente esses dois dias seriam os mais puxados em relacao a altitude ganha num unico dia, e em ambos alcancamos o limite maximo (seguro) de ganho de altitude que o corpo humano aguenta. Claro que isso varia muito de pessoa para pessoa, organismo para organismo, mas dizem que passar de 1000 metros de altitude num unico dia eh arriscado demais para saude.

Entao os guias aproveitavam a altitude ainda relativamente baixa (tudo abaixo de 3 mil a 3.500 metros de altitude ainda eh considerado de baixo risco) para conseguirmos subir o maximo da montanha de uma vez soh, enquanto nossos pulmoes aguentavam, para podermos ter um dia extra de aclimatizacao numa altitude bem alta.

Alguem tambem me perguntou oque seria uma escalda de aclimatizacao, que significa que escalavamos ate um ponto maximo, pasávamos um tempinho la em cima, e depois desciamos de novo, para acampar e dormir numa regiao de mais oxigenio – e nesse sobre e desce no nivel de oxigenio que o organismo vai se acostumando com a altitude.

Mas voltando a caminhada, foi sem duvidas um dia, muito, muito longo, mas nao necesariamente difícil.

A subida foi bastante gradual, com algunas areas mais inclinadas que outras, onde tivemos que usar as maos para subir, mas no geral, uma longa e inclinada caminhada.

Nesse dia foi quando saimos da regiao de Floresta Alpina e a paisagem foi ficando menos e menos densa, e passamos a ver mais flores e plantas “exoticas”! Foi nesse dia tambem que vimos nossa primeira arvore Senecio gigante!

Os pontos altos do dia foi ver as cavernas escondidas na trilha Rongai, onde geralmente os animais de escondem durante a noite – vimos varias pegadas de bufalos! E segundo o guia, volta e meia tambem aparecem umas pegadas de elefante!

O grupo de carregadores estava nos esperando na primeira caverna, onde nos serviram o almoco – a sopa do “engenheiro estomacal” caiu perfectamente pois pegamos muito frio nesse dia!

Mas logo depois tivemos que seguir viagem, e a tarde foi ainda mais difícil! Nao soh porque jah estavamos cansados das primeiras 4 horas de caminhada, mas a temperatura caiu bastante a medida que iamos subindo e a trilha foi ficando mais e mais inclinada (sem falar que a quantidade de oxigenio na parte da tarde, jah era mais baixa que na parte da manha, que contribuiu pro cansaco….).

Finalmente acampamos no Kikelelwa Camp, perto da segunda caverna, a 3.600 metros de altitude.

Essa altitude jah eh considerada de risco, entao o guia chefe, Makeke jantou com a gente, prestando bastante atencao em como estavamos reagindo ao cansaco, as horas puxadas de caminhada e a altitude.

Algumas pessoas de nosso grupo comecaram a passar mal nessa noite, com fortes dores de cabeca, enjoo e um desarranjo generalizado, entao resolvi comecar a tomar o Diamox por prevencao. Ate entao eu estava me sentindo otima! Cansada, mas otima. Sem nem um pingo de dor de cabeca, nem enjoo e nem sequer sentia muita falta de ar, e como uns dias antes da viagem, ainda em Londres eu tomei um Diamox (conforme o medico recomendou) para testar o efeito, e passei meio mal, tinha pensado em nem tomar – mas ao ver como algunas pessoas estavam reagindo, resolvi arriscar os efeitos do Diamox para prevenior os efeitos da altitude, e tomei ½ comprimido. Me senti super bem, sem efeito nenhum!

A noite ainda dormi bem, apesar do saco de dormir deslizante!

Mas eu realmente me surpreendi de como me adptei super bem – eu imaginava que jah no segundo dia ia estav me desfazendo de tanto vomitar e dor de cabeca, mas o fato de que meu apetite ainda estava intacto, e estava me sentindo super bem e “forte” foi um alivio que me animou ainda mais pra seguir a escalada nos dias seguintes!

Adriana Miller
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30 Sep 2010
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Os ecosistemas do Kilimanjaro

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

Uma das coisas mais interessantes durante nossa caminhada no Kilimajaro era ver como seria a paisagem daquele dia.

E todo dia a paisagem mudava consideravelmente, e a cada hora parecia que estavamos num lugar completamente diferente.

E nao digo da paisagem da vista nao, e sim o lugar onde estavamos caminhando (ate porque pegamos muito nevoeiro e chuva, entao a vista lah de cima era bem restrita).

Uma das caracteristicas principias do Kilimanjaro eh que por seu uma montanha independente (que nao faz parte de nenhuma cordilheira) as mudancas no clima e na vegetacao sao bem visiveis a cada X metros de altitude, devido ao solo vulcanico e a flora Sub-Sahariana, a proximidade do Equador e ao Oceano Indico. Nossos dias eram passados admirando as flores diferentes, as arvores extranhas e como de uma hora para outra tudo mudava, como num passe de magica!

Dizem que escalar o Kilimajaro eh passar pelas 4 estacoes do ano em 4 dias (ou no mesmo dia), e nao poderia ser mais verdade!!

A pesar de termos cuidadosamente escolhido a estacao seca para nossa viagem, e termos subido a montanha pelo lado seco (Trilha Rongai, que eh considerado o lado mais seco da montanha) nos pegamos chuva todos os dias, menos o ultimo!

Todos os dias acordavamos com o sol brilhando, e aos poucos as nuvens iam subindo, o clima ia fechando, a temperatura descendo Entao nossa mochila do dia sempre tinha que incluir opcoes de roupas que nos protegessem nas 4 estacoes! Camisetas, calcas que viram bermuda, blusa de manga comprida, bone e oculos de sol ate agasalhos de la merino, gorro e luva e todo equipamento a prova dagua!

E a medida que iamos subindo a montanha as diferentas no clima e nas temperaturas iam ficando mais e mais extremas! No nosso ultimo dia de subida (o dia antes do summit final) tivemos uma caminhada de 6 horas, onde comecamos com sol, depois o tempo foi fechando (todos os dias acordavamos acima das nuvens, e a medida que o sol ia subindo e esquentando a atmosfera as nuves iam subindo e nos pegando pelo caminho!), ateh que virou num temporal, o temporal virou granizo, depois o granizo virou neve e nossa ultima noite, no acampamento base Kibo Hut, fomos atolados por neve e temperaturas que beiravam os -20 graus! Por sorte essa foi justamente a noite que nao dormimos, porque realmente seria imposivel pegar no sono no chao congelado e a 4.700 metros de altitude!!

Entao tudo isso contribui para que o Kilimnjaro tenha uma das paisagens mais diversificadas do planeta e com uma vegetacao interesantísima, variada e unica!

A regiao entre os 800  e 2800 metros de altitude eh a area de cultivo e floresta. Nossa caminhada comecou a cerca de 1.800 metros de altitude no primeiro dia, e na regiao dos 2 mil metros foi onde vimos os ultimos vilarejos e familias que cultivam a terra aos pes da montanha. A cada hora a vegetacao ia mudando de floresta tropical para uma floresta Alpina, com muitos pinheiros e eucaliptos por todos os lados.

Essa eh tambem a parte mais umida da montanha, e segundo nosso guia, a regiao mais Londrina pois esta exatamente na altitude onde a condensacao fica presa na montanha, e por tanto essa area fica quase que constantemente enterrada em nuvens e nevoeiros.

Foi tambem o ultimo dia onde vimos cultivo e pessoas nao-turismo; Demos de cara com um vilarejo que vive do cultivo do milho ha mais de 2300 metros de altitude!

A partir do segundo dia a mudança da paisagem ia ficando mais e mais obvia e notavel a cada hora de caminhada, e apartir dos 2.800 metros de altitute, até mais ou menos 4.000 metros de atitude (depende da trilha que vc esta, e de que lado da montanha vc esta) é a zona onde o ar começa a ficar rarefeito o suficiente que não permite que vida se desenvolva bem, então é aqui que esta uma vegetação semi-tundra e umas flores meio secas que nascem em moitinhas de cactus.

E aí é que a coisa fica interessante tambem! É nessa região que estao as arvores de cactus (são arvores gigantes, que en vez de galhos e folhas, tem “braços” de cactos gigantes!) e as famosas arvores Senecio, que carcterizam a paisagem “exotica” do Kilimanjaro.

A partir dos 4.000 metros de altitude, vida é praticamente inexistente, na região conhecida como deserto Alpino, ou deserto Lunar.

Tudo a sua volta é uma subida gradual (que vendo em foto, parece até facil…. mas vai subir ladeira a 4.400 metros de altitude!) com nada mais que pedras e areia vulcanica por todos os lados (e como vcs podem imaginar, fazer xixi “au naturel” a cada dia que passou era mais e mais dificil, e menos e menos digno).

O ecosistema final é a zona artica, onde estão os glaciares, e só existe pedra e gelo! (e gelo empedrado!)

E que é tambem a parte mais fascinante… não existe nenhuma paisagem comparavel a ficar cara a cara com um glaciar de algum milhoes de anos, que sobe dezenas de metros acima da terra de puro gelo!

Os guias iam nos ensinando e explicando sobre cada planta, arvore e flor, contando os “causos” que eles jah presenciaram por causa do clima instavel da montanha e assim iamos nos entretendo dia a apos dia, e hora apos hora…


Adriana Miller
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29 Sep 2010
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Primeiro dia – o comeco da escalada (do Portao Nale Moru aos 2.600 metros de altitude)

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

Nosso primeiro dia na montanha comecou cedo e com um ultimo e reforcado banho!

Tivemos um ultimo briefing com o guia lider, ajudamos a organizar as malas e mochilas no jeep e seguimos na estrada de terra por cerca de 2:30 hrs ate a entrada do Parque Nacional do Kilimajaro, pelo lado norte, perto da fronteira com o Kenya.


A viagem de carro foi bem legal e interessante, onde pela primeira vez na viagem finalmente me senti na Africa estradas de barro e terra sem ter fim, muitos bananais por todos os lados e a pobreza e simplicidade imposible de ignorar! E isso porque devido a industria do turismo a regiao do Kilimajaro eh uma das mais prosperas do pais


Passamos por varios mercados de rua, vilas e valarejos, onde tivemos o primeiro contato e vimos de perto como eh o dia e a dia e a vida da populacao local e acho que a reacao era reciproca! Cada vez que pasavamos por algum vilarejo, nos ficavamos todos animados, tirando fotos e prestando atencao nas roupas coloridas, sacos de batata na cabeca das mulheres, as arvores e frutas exoticas, e etc, e da mesma maneira que assim que a populacao local percebia que tinha um jeep de turistas cruzando suas ruas eles vinham para beira da estrada (principalmente as criancas!) para nos ver, dar tchau, correr atrás do carro


Quando finalmente chegamos no portao da entrada do parque, o tempo tinha virado totalmente!

Um nevoreiro denso, com uma chuvinha chata que de cara desinflou nossos animos la fomos nos desempacotar mais camadas de roupas, colocar nossas capas de chuva, luva, gorros, e afins


Mas antes de finalmente subirmos a montanha, tivemos a primeira apresentacao oficial da equipe de apoio e conhecemos os 4 guias asistentes e o cozinheiro chefe uma ultima sessao de perguntas&respostas, registro de todo mundo com a Guarda Florestal, e lah fomos nos floresta acima!


Esse primeiro dia comecamos a trilha a 1.900 metros de altitude e cruzamos boa parte do dia na zona de floresta Tropical e cultivo, cruzamos um mini-micro vilarejo de cultivo de milho no meio do nada (a criancada fez a festa quando nos viu chegando!!) ate que comecamos a adentrar a zona de floresta Alpina e a montanha ficou absolutamente deserta dai para frente!

Ao longo do dia a chuva apertou bastante, oque foi extremamente frustrante alem dos motivos obvios do frio e humidade, que nao sao nada legais quando se esta totalmente exposto aos elementos, mas principalmente o aspecto psicologico da viagem Mal conseguiamos ver um palmo na frente do nariz, quanto mais conseguir admirar a paisagem da subida, ver os animais etc (conseguiamos ouvir os animais, mas ver que eh bom nada).


Ja no fim do dia, chegamos no acampamento, onde cada um de nos (cada casal/grupo) conheceu sua tenda e seu “ajudante de tenda, nos mostraram como funcionava o banheiro, onde era a tenda comunitaria etc e fomos oficialmente apresnetados ao “washy-washy”…

Quando pensavamos que finalmente iamos poder descansar depois de mais de 5 horas de caminhada. O guia nos levou para mais uma caminhada de aclimatizacao de cerca de mais 1 hora de subida ingreme


Mas pelo menos chegamos no acampamento (a 2.600 metros de altitude) bem na hora do Washy-Washy e jah com tudo pronto para nosso primeiro jantar!

Como a chuva ainda estava apertada, e todos estavamos exaustos, nao rolou muita confraternizacao na barraca comunicataria, e acabamos indo todos dormir assim que o sol se pos

Essa nao foi a primeira vez que acampei na vida, entao sabia muito bem oque esperar. O unico problema eh que todas as outras vezes que acampei na vida (e foram muitas!) era em regiao de praia e fazia calor. Nao me importei nem um pouco em ficar confinada na barraca, pra mim o pior mesmo foi conseguir ficar confortavel “embrulhada” no saco de dormir ultra grosso (era um saco de dormir de 4 estacoes em formato “mumia”), e pior: como paramos pra acampar no meio do nada na montanha, o solo era ingreme! Entao lentamente iamos escorregando pro pe da barraca, e acabei acordando varias vezes durante a noite pra me “empurrar” de volta (ate porque o saco de dormir escorrega no colchao termico, que por sua vez escorrega no chao da barraca…)!

Mas surpreendentemente, acabei apagando e dormi super bem!

 

Adriana Miller
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