29 Sep 2010
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Primeiro dia – o comeco da escalada (do Portao Nale Moru aos 2.600 metros de altitude)

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

Nosso primeiro dia na montanha comecou cedo e com um ultimo e reforcado banho!

Tivemos um ultimo briefing com o guia lider, ajudamos a organizar as malas e mochilas no jeep e seguimos na estrada de terra por cerca de 2:30 hrs ate a entrada do Parque Nacional do Kilimajaro, pelo lado norte, perto da fronteira com o Kenya.


A viagem de carro foi bem legal e interessante, onde pela primeira vez na viagem finalmente me senti na Africa estradas de barro e terra sem ter fim, muitos bananais por todos os lados e a pobreza e simplicidade imposible de ignorar! E isso porque devido a industria do turismo a regiao do Kilimajaro eh uma das mais prosperas do pais


Passamos por varios mercados de rua, vilas e valarejos, onde tivemos o primeiro contato e vimos de perto como eh o dia e a dia e a vida da populacao local e acho que a reacao era reciproca! Cada vez que pasavamos por algum vilarejo, nos ficavamos todos animados, tirando fotos e prestando atencao nas roupas coloridas, sacos de batata na cabeca das mulheres, as arvores e frutas exoticas, e etc, e da mesma maneira que assim que a populacao local percebia que tinha um jeep de turistas cruzando suas ruas eles vinham para beira da estrada (principalmente as criancas!) para nos ver, dar tchau, correr atrás do carro


Quando finalmente chegamos no portao da entrada do parque, o tempo tinha virado totalmente!

Um nevoreiro denso, com uma chuvinha chata que de cara desinflou nossos animos la fomos nos desempacotar mais camadas de roupas, colocar nossas capas de chuva, luva, gorros, e afins


Mas antes de finalmente subirmos a montanha, tivemos a primeira apresentacao oficial da equipe de apoio e conhecemos os 4 guias asistentes e o cozinheiro chefe uma ultima sessao de perguntas&respostas, registro de todo mundo com a Guarda Florestal, e lah fomos nos floresta acima!


Esse primeiro dia comecamos a trilha a 1.900 metros de altitude e cruzamos boa parte do dia na zona de floresta Tropical e cultivo, cruzamos um mini-micro vilarejo de cultivo de milho no meio do nada (a criancada fez a festa quando nos viu chegando!!) ate que comecamos a adentrar a zona de floresta Alpina e a montanha ficou absolutamente deserta dai para frente!

Ao longo do dia a chuva apertou bastante, oque foi extremamente frustrante alem dos motivos obvios do frio e humidade, que nao sao nada legais quando se esta totalmente exposto aos elementos, mas principalmente o aspecto psicologico da viagem Mal conseguiamos ver um palmo na frente do nariz, quanto mais conseguir admirar a paisagem da subida, ver os animais etc (conseguiamos ouvir os animais, mas ver que eh bom nada).


Ja no fim do dia, chegamos no acampamento, onde cada um de nos (cada casal/grupo) conheceu sua tenda e seu “ajudante de tenda, nos mostraram como funcionava o banheiro, onde era a tenda comunitaria etc e fomos oficialmente apresnetados ao “washy-washy”…

Quando pensavamos que finalmente iamos poder descansar depois de mais de 5 horas de caminhada. O guia nos levou para mais uma caminhada de aclimatizacao de cerca de mais 1 hora de subida ingreme


Mas pelo menos chegamos no acampamento (a 2.600 metros de altitude) bem na hora do Washy-Washy e jah com tudo pronto para nosso primeiro jantar!

Como a chuva ainda estava apertada, e todos estavamos exaustos, nao rolou muita confraternizacao na barraca comunicataria, e acabamos indo todos dormir assim que o sol se pos

Essa nao foi a primeira vez que acampei na vida, entao sabia muito bem oque esperar. O unico problema eh que todas as outras vezes que acampei na vida (e foram muitas!) era em regiao de praia e fazia calor. Nao me importei nem um pouco em ficar confinada na barraca, pra mim o pior mesmo foi conseguir ficar confortavel “embrulhada” no saco de dormir ultra grosso (era um saco de dormir de 4 estacoes em formato “mumia”), e pior: como paramos pra acampar no meio do nada na montanha, o solo era ingreme! Entao lentamente iamos escorregando pro pe da barraca, e acabei acordando varias vezes durante a noite pra me “empurrar” de volta (ate porque o saco de dormir escorrega no colchao termico, que por sua vez escorrega no chao da barraca…)!

Mas surpreendentemente, acabei apagando e dormi super bem!

 

Adriana Miller
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28 Sep 2010
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African Walking Company

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

Nossa viagem foi contratada atraves da Exodus, uma agencia Inglesa especialista em pacotes de aventura. Mas como o Kilimajaro eh uma are protegida, turistas (e locais) soh podem entrar no parque se acompanhados por guias treinados e registrados, e portanto a Exodus tem parceria com um agencia receptiva local, a African Walking Company (nao achei um link especifico pra eles…).


O servico prestado nao poderia ter sido melhor e foi bom saber que fomos acompanhados por especialistas locais o tempo todo.

A equipe que nos acompanhou era enorme, oque definitivamente justificou o preco alto que pagamos pela viagem. E para falar a verdade, quando estavamos lah e nos demos conta na estrutura de apoio que rola no background para garantir que tudo vai ser perfeito durante nossa estadia, eu achei ateh que na verdade o preco que pagamos nao tinha sido suficiente e justo, para tipo de trabalho que aquele pessoal faz!


No total eramos 9 turistas e subimos o Kilimajaro com uma equipe de apoio de nada mais, nada menos que 31 pessoas!!!

Entre eles estavam o guia lider, que atuava como o super chefe da operacao nao soh liderava o trekking, como tambem dava as cordenadas paro pessoal da cozinha, pro pessoal do acamapamento, fazia reunioes com nosso grupo todos os dias de manha e de noite, e ainda fazia suas rondas de seguranca e primeiros socorros, para garantir que estavamos todos fisicamente e mentalmente bem o tempo todo. Era ele tambem quem carregada e verificava diariamente o kit de primeiro socorros incluindo equipamento cardiaco, seringas com esteroides e varias outras coisas assustadoras!


Alem do guia lider, tambem tinhamos mais 5 guias asistentes, que eram os caras que nos acompanhavam ao longo da caminhada, e se dividiam no grupo, para garantir que teriamos um acompanhamento personalizado o tempo todo (e assim cada um podia seguir no seu ritmo).

Um outro personagem principal do grupo era o cozinheiro chefe! Um dos principias efeitos da altiture eh a falta de apetite e enjoo, que consequentemente pode piorar todos os outros sintomas (se vc nao se alimentar bem e beber pelo menos 4/5 litros de agua/liquidos por dia, gastando uma media de 5 mil calorias por dia, nao da pra aguentar o ritmo).  Eu nao tinha nenhuma expectativa em relacao a comida, e achava que iamos comer biscoito Maria com macarrao instantaneo e atum em lata todos os dias que ja mata meu apetite mesmo no nivel do mar, entao imagina la em cima?!

Mas para nossa surpresa a comida foi OTIMA, super balanceada, nutritiva e gostosa todos os dias! Entao apelidamos o James, nosso cozinheiro chefe de “engenheiro estomacal”, porque ele definitivamente foi muito mais que simples cozinheiro!!

O café da manha sempre tinha porridge, panquecas com geleia e/ou mel, ovos, torradas, biscoito, café e cha. E o almoco e jantar sempre incluiam uma sopa com algum prato principal (com bastante carboidrato, afinal gastavamos uma media de 5000 calorias ao dia!, carne, peixe, salada, pao, etc). E isso sem falar que sempre eramos recepcionados no acampamento por um cha da tarde tipicamente Ingles, com cha, café, bolo, biscoitos  e pipoca!! E pra mim, que nao como carne de porco, e um outro cara vegetariano, sempre tinhamos opcoes diferentes caso preferissemos!

Foi incrivel, e era so o cheirinho da sopa invadir a tenda-refeitorio que eu ficava logo morrendo de fome!! E realmente acho que isso teve um papel muito importante na adaptacao do grupo, e que ninguem sofreu nada muito grave por causa da altitude, e todos nos aguentamos bem ate quase os ultimos dias.

E alem deles, ainda tinhamos toda equipe de apoio, ou os porters, que sao os homens e mulheres que fazem com que tudo funcione perfeitamente! Sao eles que carregam nossa bagagem, nossas barracas, toda estrutura de apoio, a comida, a agua potavel e o banhero quimico.

Entao ao longo de cada dia, iamos conhecendo um pouco mais de cada um deles, e aprendendo um pouco mais sobre a vida na Tanzania, que foi uma das partes mais legais da viagem!

Na ultima manha na montanha, jah descendo, fizemos uma “ceremonia da gorjeta, onde o grupo de turistas e o grupo de apoio se junta para fazer mini discursos de agradecimento, e nos demos gorjetas extras para todos eles, como eh a pratica normal no Kilimajaro. (esse link abaixo tem um videozinho que fiz no ultimo dia. Depois vou tentar consertar o link, pra aparecer o video aqui).

httpv://www.youtube.com/watch?v=19n1SxRwAn8

Kilimanjaro

Eles nos agradeceram por vir visitar seu pais e por ter cuidado bem da montanha (o turismo no Kilimanjaro eh a princiapal industria da regiao, que gera muitos empregos e sustenta familias e cidades inteiras sem a presenca dos turistas, millares de pessoas perderiam seu ganha pao). E por outro lado nos agradecemos toda ajuda fisica e psicologica que recebemos do grupo, reconhecendo o trabalho duro que acontece por tras da cena e o esforco que cada um deles fez para garantir que nos teriamos a melhor impressao possivel do Kilimajaro, da Tanzania e da experiencia como um todo!

Eu e Makeke, no topo da Africa - sem ele me ajudando a cada passo no ultimo dia, jamais teria chegado ate o final!

E no final, tiramos muitas fotos, fizemos filminhos, trocamos e-mails e para encerrar a ceremonia todo grupo de apoio se juntou para cantar a musica-hino da montanha, com o Kilimajaro coroando a paisagem!

Antes da viagem, eu e o Aaron estavamos pensando em como seria nosso grupo, quem seriam os outros turistas que viajariam com a gente, mas na verdade esquecemos que as pessoas que realmente fizeram a diferenca foi o resto do grupo!

Eram horas e mais horas por dia andando e andando, sem muito oque fazer a nao ser conversar (ainda que bem limitado, pq a falta de ar deixava qualquer papo menos dinamico!) e ir conhecendo cada um deles. Como o guia lider, Makeke: ele ja subiu o KIlimanjaro – ate o final – 74 vezes (sem contar as outras centenas de vezes em que estava com grupos que nao chegaram ate o topo- coisa que pra ele nao conta!) e trabalha na montanha ha mais de 10 anos. Comecou como carregador, e por 5 anos subia e descia a montanha carregando malas de turistas enquanto fazia um curso de Ingles nas horas vagas.

Quando seu nivel de Ingles ficou bom o suficiente, ele fez um curso pra ser guia assistente e com ajuda e patrocinio de um de seus clientes, ele pode ficar 6 mese sem trabalhar e tirar o certificado de guia do Kilimanjaro.

Agora seu proximo passo eh conseguir juntar dinheiro pra voltar pro curso oferecido pelo governo por mais uns meses, e o emprego de seus sonhos eh ser guia de safari! Ele vai casar em novembro com uma menina do Kenya, e acha que ser guia no Kilimanjaro ocupa tempo demais na sua vida, e quer poder estar em casa pra comecar uma familia.

E tem tambem o Venice, um dos Guia assistentes, que era maratonista da Tanzania, viajou o mundo correndo maratonas, e foi assim que aprendeu Ingles. Mas acabou machucando seu joelho e nunca mais conseguiu patrocinio pra correr – mas como gosta de fazer exercicios e natureza, agora trabalha no Kili.

E muitas e muitas outras historias como essas, algumas mais outras menos comoventes, mas que ajudou a ter uma otima ideia de como eh a vida real num pais como a Tanzania, e a importancia da conservacao ambiental pro desenvolvimento da regiao.


Adriana Miller
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27 Sep 2010
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Washy-Washy

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

Confesso que a coisa que mais me assustou no processo de planejamento pro Kilimajaro foi a ideia de ter que passer 6 dias sem tomar banho.

A cada dia pre viagem que chegava em casa, tomava um banho quentinho, as imagens de terror populavam minha mente: dias longos caminando debaixo do sol, suando e morrendo de calor, um fedor de suor generalizado e nao conseguir dormir directo por causa do incomodo da sujeira


Mas na tarde que chegamos ao nosso hotel na base do Parque Ecologio Kilimajaro tivemos nosso primeiro briefing com o lider local da expedicao. Entre as muitas coisas que ele ia nos contando e preguntando volta e meia ele mencionava o tal do Washy-Washy. Como os Briefings eram uma mistureba de Ingles capenga (uns guias eram melhores, outros piores) com algunas palavras em Swahili (que fomos aprendendo ao longo da viagem. Porque realmente eram bem mais interessantes que a versao Ingles!) eu achei que Washy-washy nad amais era doque uma expressao da lengua local que eventualmente iamos aprendendo

Ate que ele finalmente nos explicou oque era o tal do washy-washy, que era a versao Ingles-Swahili do popular banho checo! Ou seja, todos os dias de manha, um dos guias vinham nos acordar en nossa tenda com bacias de plastico com agua morna para nosso ritual lavagem-lavagem.


A primeira reacao, como podem imaginar foi de um pouco de choque e uma galera se empolgava no processo de washy-washy, e saiam da barraca praticamente desnudos e seguiam felizes e contentes no ato publico de auto-lavagem. (Inserir aquí piadinha de que gringo nao toma banho. Eu sei que isso que voce quer fazer)


Eu preferi a privacidade de meu lar e me trancava na barraca!

MInha primeira experiencia de washy-washy foi un tanto quanto timida. De fato nao sabia oque fazer com aquela bacia de agua quente! E como achei que o ultimo banho tomado no hotel ainda nao estava totalmente vencido, aproveitei para lavar o rosto, as maos e os pes. Jah o Aaron se juntou ao grupo Escoceses e exibiram seus bronzeados no frio do acampamento para horror de nossos carregadores!


Mas ai neh, o tempo foi passando e a memoria da minha dignidade civilizada foi se tornando uma imagem mais e mais apagada na minha mente, e finalmente me rendi ao milagre do washy-washy. Digamos que na privacidade da sua barraca, uma bacia de agua quante, lencinhos de bebe e uma lampada de cabeca operam verdadeiros milagres para sua higiene pessoal. E foi tambem esse momento que me desprendi definitivamente de minha dignidade (que dai para frente se foi ladeira a Baixo, afinal era apenas a segunda noite na montanha e eu mal sabia oque vinha pele frente)


No fim das contas, ficar sem tomar banho nao foi tao trumatico quando imaginava!

Obvio que a primeira coisa que fiz quando voltei pro hotel foi tomar banho, mas acho que de certa maneira demos sorte de ter pego um clima horroroso quase todos os dias! Como passamos muito frio, o fator suor e fedor foram reduzidos drásticamente, e a convivencia do grupo nao foi afetada!

Jah os cabelos foram totalmente esquecidos em rabo de cavalo, gorros e faixas, e preferi ignorar o efeito da falta de shampoo + chuva + poeira + suor.

Claro que nao foi confortavel, mas a verdade eh que nossos dias la em cima tinham um zilhao de outros fatores mais importantes, e no fim das contas tomar ou nao tomar banho era a ultima de minhas preocupacoes!

Alem disso tambem tinhamos um banheiro quimco portátil, que foi nossa salvacao!

Eu realmente imiginava que seria tudo 100% selvagem, cada um que encontre sua moita e seu matinho e mande ver (e realmente durante o dia, durante as caminhadas, foi assim mesmo! Mas como disse acima, a essa altura a dignidade jah se foi ha muito tempo), e era um alivio voltar ao acampamento no fim do dia e poder usar um banheiro normal e limpinho”… e com privacidade! (a medida que a altitude ia subindo, as moitas iam diminuindo, ateh chegar no ponto onde era tudo deserto a nossa volta, e nem moitas tinhamos mais. Mas como tinhamos que beber uma media de 3 a 4 litros de agua por dia, chega uma hora que voce nao esta nem ai para quem vai presenciar seus momentos fisiologicos! jah falei da falta total de dignidade, neh?!)

A tenda-banheiro era um cubiculozinho, mas a privadinha (pinico, né?)  tinha descarga e sempre tinha papel higienico! Chique!

 

Adriana Miller
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