08 Jun 2005
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Tauromaquia en España: A cultura dos Toros e Toreros

Vida na Espanha

Recém cegada de uma viagem ao sul da Espanha, alguns pontos da cultura dessa regiao ficaram mais marcadas na minha memoria. A Andaluzia nao é a regiao mais rica, nem mais poderosa nem mais influente na Espanha atual, mas quase todos os “estereotipos” que identificam o povo espanhol tiveram origem nessa parte do país. Tópicos como as Touradas, o Flamenco, o Gazpacho, o calor ardente, as castanholas, etc… sao na verdade, antes de serem espanholas, cultura Andaluza.


Plaza de Sevilla

As touradas, ou Corrida de Toros sao pratica muito comum em todo territorio, mas teve sua origem indiscutivelmente no sul do pais. Quase todas as festas populares da Espanha envolvem de alguma maneira o ritual (por exemplo, a mais famosa de todas, San Fermin em Pamplona), e apesar da controversia mundial e nacional, os espanhois (mesmo os que sao contra a pratica) de alguma forma defendem a Tauromaquia como uma forma explicita da cultura espanhola, e sua aboliçao seria renegar e apagar um pouco de uma cultura tao rica.

Para os espanhois ser Torero Matador é sinonimo de valentia e bravura, o ponto maximo que pode chegar o Macho Iberico, e sao tratados como celebridades nacionais de primeira linha; mais que muitos atores e jogadores de futebol, e seu estilo de vida é mais ou menos o mesmo… Namoram modelos e apresentadoras de tv, perticipam de jartar com a familia Real, estao sempre em festas badaladissimas, etc. E ganham MUITO, mas muito dinheiro!

O espetáculo da-se numa Plaza de Toros (Praça de Touros). Na Arena. Algo parecido a um campo de futebol, porém com outras características. Neste lugar, as pessoas se sentam em arquibancadas (Tendidos) para assistirem a tourada (Corrida). Em todas as corridas o toro sai sacrificado (e em algumas outras – porém poucas – o torero tambem).
Inicia-se com a solta do touro na arena, onde se dará a primeira das três fases da corrida, que são chamadas de Tercios. Na primeira etapa, denominada de Tercio de Varas, o matador enfrenta o touro com uma capa vermelha, o qual é ajudado pelos Peones, seus assistentes, os quais buscam levar o touro para ser perfurado pelo Picador (cavaleiro com lança), este monta um cavalo todo protegido contra as centenas de chifradas que o touro manifesta. Assim que o picador dá as suas estocadas no touro, enfraquecendo os seus músculos, inicia-se a segunda etapa, o Tercio de Banderillas. Onde os banderilleros enfiam as banderillas (dardos afiados) nas costas do touro provocando ainda mais o touro e debilitando este também. A terceira e última etapa, Tercio de Muleta, o toureiro faz o espetáculo ficar bem bonito, com os gritos da platéia de olé-olé, ele usa a Muleta (capa) fazendo passes para que o touro fique cada vez mais cansado, e tira os suspiros da torcida. As vezes, os toureiros perdem a vida neste tão perigoso tercio. Como foi o caso de Manolete, um dos maiores matadores que já existiu. Morreu em 1947 ferido pelo touro Islero em Linares, Jaén. E tantos outros toureiros. Enfim, depois de tantos passes, gritos de olé, o matador se prepara para dar a estocada final. Com um movimento da muleta e a aproximação do touro, este enfia toda a sua espada fazendo o touro cair. É o final do espetáculo. Caso o touro não chegue a morrer com essa estocada. Rapidamente ele é sacrificado, para não ocorrer o sofrimento do animal. Com o termino da festa, vem uma carroça, com cavalos todos enfeitados e faz o arrastre de toros (tiram o touro morto da arena).

Não poderia deixar de falar que, quando no tendido (arquibancada) as pessoas acenam com lenços brancos, é em sinônimo da glória do toureiro. Ou seja, como ele está indo bem na arena. E no final da corrida, o juiz dirá se o toureiro terá o direito de tirar uma ou as duas orelhas do touro morto. E se ele for realmente um torero excepcional, ele tb ganha o rabo do toro (premio maximo!)

As duas mais famosas Plaza de Toros de Espanha são Las Ventas (em Madrid) e La Maestranza (em Sevilha). Tourear em uma dessas duas praças, é algo para os melhores matadores do mundo taurino.

Curiosidades da Taurimaquia:

– Até uns 20 anos atras os cavalos dos Picadores nao tinham nenhuma proteçao contra as chifradas do Toro, entao em cada corrida, morriam em media 25 cavalos. Porque todo mundo fica tao horrorizado com a morte do Toro e ninguem fala nada sobre os pobres cavalinhos…?!

– Um toro que foge do Torero e pula o muro da arena, é considerado um mau touro, medroso, e o torero pode exigir que troquem de toro, e o animal pode vir a ser sacrificado por isso.

– Um touro é um animal que tem no minimo 4 anos de vida (antes disso ele é um novillo) e pesa em media 700 kilos. Ha 100 anos atras os touros pesavam em media 400 kilos.

– O touro que matou Manolete (o Toureiro mais famoso da espanha e que morreu jovem) foi obviamente sacrificado, mas o seu dono, se sentindo culpado, tb matou a vaca que era sua mae (parece que estou chingando alguem né?!) para impedir que ela desse a luz a outros assassinos. Sua cabeça esta exposta no museu da Plaza de Sevilla.

A cabeça da Vaca mae

– Os Toreros sao submetidos a rigorosos controles de peso e altura, e devem seguir a um padrao estetico especifico para poderem usar as roupas tipicas do espetaculo.

Traje y Mantilla

– A santa protetora do Toreiros á a Virgem de la Macarena (eu e a Milagros começamos a dançar a “macarena” quando a guia disse isso, mas ela nao gostou muito da brincadeira, e os outros turistas morreram de rir! Aposto que todo mundo pensou a mesma coisa!) e apesar de nao terem uma padroeira, todos entoam a mesma oraçao.

– Cada corrida é composta de 6 atos, com 3 toreros e 6 toros. Cada torero mata 2 toros por corrida.

– A portinha por onde saem os toros na arena fica exatamente de frenta pro camarote do Rei.

– Já perguntei pra varias pessoas, mas ninguem sabe oque fazem com a carne do touro morto…

 

 

Adriana Miller
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07 Jun 2005
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Sevilla

Dicas de Viagens, Sevilla, Viagens pela Espanha

Chegamos em Sevilla, mortas e famintas… totalmente esgotadas, depois de passar mais de 12 horas andando sem parar sob o sol em Cordoba.
O Albergue de Sevilla, tambem era otimo, apesar de um pouco afastado do centro historico; mas quase que como um presente dos deuses dos mochileiros, quando abrimos a porta do nosso quarto, surpresa!!! AR CONDICIONADO!!!! Vai por mim, no verao da Andaluzia, ar condiconada nao tem preço…
Continuando… Mesmo em estado deploravel, reunimos força pra ir pro centro de Sevilla caçar algum lugar pra comer (prioridade numero 1), e por que nao, um lugar pra sair depois. As duas sabiam que seria quase impossivel, mas enfim… estavamos em Sevilla, que tem uma das noites mais animadas da Espanha.
Banho tomado, roupa trocada, onibus tomado. Quando chegamos no centro nos demos conta que nem sequer nos lembramos de pedir um mapa… Nao tinhamos a menor ideia de onde estavamos, e começamos a seguir um grupo de pessoas (que estavam com pinta de que iam pra night) pelas ruas, até que eles se meteram num buraco meio suspeito, e nós avistamos um Burger King (semi) aberto do outro lado da rua. Na verdade o Burger já etsava fechado, mas como sou muito cara de pau e estava com o estomago roncando, entrei por debaixo da grade e pedi pelo amor de deus pra nos atenderem, pq tinhamos acabado de chegar de viagem, e tudo ao redor estava fechado. A atendente morreu de rir da minha cara, mas mesmo ssim, nos serviu o pior (e ao mesmo tempo melhor, devido às circunstancias) Wopper da minha vida… A saga continuou, mas como nao conseguimos encontrar nenhum lugar pra ir depois, e eu já estava quase babando de sono, me convenci que nao havia nada na face da terra, naquele momento, que fosse melhor que um quarto com ar condicionado no maximo!

O domingo foi corrido. Sevilla é uma cidade relativamente grande, e com muitas coisas pra conhecer, e só teriamos 1 dia pra ver tudo.
Aplicamos a mesma tecnica do dia anterior: explorar oque for ao ar livre durante a manha, e oque for fechado pela tarde. A diferença é que as 10 da matina já estava fazendo um calor de 38 graus na sombra por aquelas bandas…

Começamos pela Plaza de Toros, na beira do rio Guadaquivil, que é uma das mais importantes do pais. Eu nunca tinha entrado em uma, e que fiquei impressionada! Fiquei impressionada com a barbarie que é todo o espetaculo das touradas, fiquei impressionada com a grandiosidade do lugar, e fiquei impressionada com a paixao com que a guia se referia e defendia a pratica. Mas confesso que fiquei curiosa pra ver como é uma tourada ao vivo e a cores.


Plaza de Toros de Sevilla

Seguimos a avenida de Colon até a Torre del Oro, que é uma contruçao de origem arabe, que servia como base de defesa, impedindo que barco inimigos subissem o rio e invadissem o interior do continente; mas o nome atual é devido à importancia dessa torre durante a epoca do descubrimentos das americas: os navios que chegavam abarrotados de ouro e outras riquezas eram descarregados e armazenados nessa pequena fortaleza antes de serem transferidos à corte.

De lá seguimos pro Alcazar de Sevilla, que deixa um pouco a desejar ao de Cordoba. Na verdade, hj em dia, o antigo forte arabe já foi totalmente transformado, e é muito mais um palacio luxuoserrimo doque um forte de defesa. O jardim nao é tao impressionante, mas os saloes compensam, e principalmente pela representatividade historica do lugar: Foi desse palacio que a Rainha Isabel “despachou” a comitiva de Cristovao Colombo, que viria  a descubrir a America.

Do outro lado da rua, esta a Catedral de Sevilla e a famosa torre La Giralda.
Assim como Cordoba, a Catedral de Sevilla tb era um antiga mesquita, porém aqui eles destruiram quase tudo, e recosntruiram uma catedral de dimensoes gigantestas! Acho que nunca na minha vida eu tinha entrado numa igraja tao fenomenal… ë a maior construçao realigiosa da Espanha e a 3ª do mundo cristao.
 O Altar, que preenche toda a parte frontal da igreja (e vai do chao até o altissimo teto) é inteiramente feito de ouro, com 44 imagens que relatam a histria de Jesus Cristo, e ao mesmo tempo representando uma cachoeira de ouro, que simboliza a riqueza do imperio Espanhol. E numa outra parta da construçao, está o tumulo de Colombo, numa estatua gigante, sendo carregado por 4 cavalheiros, que representam os 4 reinos da Espanha Catolica: Castilla, Aragao, Navarra e Asturias.
Completando a Catedral, esta a torre La Giralda, que originalmente foi inspirada na torre da mesquita de Marrakesh, mas pouco a pouco foi sendo mudada, e hj conserva muito pouco do seu original. Apesar do calor insuportavel de 45 graus (SIM!!! QUARENTA E CINCO GRAUS!!! Em plena primavera!) subimos os 36 andares da torre, pra poder apreciar a vista lá de cima, e que realmente compensa…


O inferno na terra


Jardin Alcazar


La Giralda


O Tumulo de Cristovao Colombo, e os 4 Reinos
De lá, fomos vencidas pelo calor e nos refugiamos num restaurante, onde comemos e nos esparramamos nos sofás enquanto disfrutavamos do ar condiconado no maximo! Era impossivel botar o nariz na rua. Até mesmo o bafo quente que entrava quando alguem abria a porta do restaurante, era mareante…

Mas como o tempo estava passando rapido e ainda tinhamos muita coisa pra ver, fomos andando até a Plaza de España, do outro lado da cidade, e depois ficamos lagartixando um pouco nos jardins do Parque de MariaLuisa.


Plaza de España
E como nao podia deixar de ser, uma correria final pra pegar o onibus que nos levaria de volta a Madrid durante a noite. Só abri o olho quando cheguei aqui de novo…

Mais fotos, aqui!

 
 

Adriana Miller
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06 Jun 2005
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Cordoba

Cordoba, Dicas de Viagens, Viagens pela Espanha

A viagem foi combinada meio que de ultima hora, mas como a temporada alta ainda nao começou, foi facil achar um albergue e passagem pra Andaluzia, no sul da Espanha.
Sexta a noite, fui eu e a Milagros (Peru) e no dia seguinte iamos encontrar com o Henning (Honduras) e um outro amigo dele.
A Viagem foi tranquila; um bebe nao parava de chorar e a Milagros quase cometeu um assassinato, mas em compensaçao eu, na hora que bati no poltrona do onibus, apaguei e só acordei lá.

O Hostal que ficamos é otimo (como diria minha mae “BBB”, bom, bonito e barato) e ainda por cima no centro historico da cidade: preço muito abaixo da media, instalaçoes limpissimas e modernissimas, quarto duplo com banheiro privado (tb fora do normal) e uma varandinha simpatica com vista pratorre da Mezquita de Cordoba.
Mal chegamos no hotel e nao calamos a matraca. Bla bla bla noite a dentro, e começamos o sabado mortas… mas como somos otimas viajantes, nada destruiu nosso pique. Só tinhamos um dia pra comnhecer tudo que a cidade tinha pra oferecer, e tivemos que começar o dia cedo.
Como o sol de verao na espanha nao é de brincadeira, planejamos de ver tudo que é ao ar livre durante a manha, enquanto ainda nao esta tao quente, e as atraçoes fechadas durante a tarde, pra fugir do sol na hora de pico.

Entao começamos nossa rota pelo bairro Judeu; suas ruelas estreitas com casinhas brancas e janelinhas azuis e amarelas. Patios floridos, flores na janela, e varias lojinhas de cacarecos que eu adoro. A ponte romana que corta o rio Guadaquivil, e por fim o Alcazar, que merece uma explicaçao a parte.


Patio no interior de uma casa no bairro judaico


Ponte Romana
O Alcazar (palavra arabe que significa Fortaleza) fica no final do bairro judio, com os restos doque seria a antiga muralha da cidade. A construçao original é Califal, mas o Rei catolico Alfonso XI (no ano 1328) construiu uma residencia de verao e um jardim fenomenal no seu interior. O jardim parece um verdadeiro oasis no deserto que é a Andaluzia, com seus lagos artificiais cheios de Vitorias Regias, flores até nao poder mais, e laranjeiras que dao um ar e um odor totalmente especial ao ambiente. Diz a lenda que foi nesse castelo que se celebou a primeira tourada da espanha.


O Alcazar e um dos lagos


Os jardins

Saindo do Real Alcazar, o calor já estava quase insuportavel, entao paramos pra encontrar com o resto do grupo, comer e beber alguma coisa que estivesse estupidamente gelada. Acabamos achando um barzinho perdido numa ruela no bairro judio, uma graça… bebemos muito Tinto de Verano com Salmonejo, uma comida tipica de Cordoba (que é muito parecido ao Gazpacho Andaluz, mas mais grosso e menos acido).

Recuperadas as energias, seguimos pra Mezquita de Cordoba, que hj em dia é uma catedral catolica.
A Mezquita é uma construçao muçulmana do seculo VIII, quando a penisula iberica ainda estava sob a dominaçao arabe, é a 3ª maior mesquita do mundo e foi declarada patrimonio da Humanidade.
Apesar da fachada “simples” da contruçao, o interior da mezquita é impressionante, misturando estilos hispano-muçulmano e visigoda, com influencia Siria , Persa e Bizantina, com arcos muito particulares que caracterizam o estilo Califal.

Mas oque realmente impressiona nessa contruçao é a maneira como se pode ver como as culturas e o poder da religiao se sobrepoe uns aos outros…
E finalmente quando Cordoba foi conquistado pelos catolicos (1236), uma catedral cristã foi contruida no seu interior. A Arquitetura original nao foi alterada ne destruida, mas chega a ser uma aberraçao (eu já ouvi uma descriçao mais exagerada que falava da capela no meio da mesquita como um “estupro”) ver aquele altar todo de ouro cheio de anjinhos barrocos, rodeados por arcos de marmore Califal; mas eu acho que é isso que faz dessa mesquita/catedral algo tao diferente e unico.


A Torre da Mezquita e o Jardim de los Naranjos

Antes que pegar a estrada rumo a Sevilla, tivemos que esperar o sol baixar totalmente, pois seria impossivel enfrentar a estrada com o sol de 38 graus na cara. Entao numa nova exploraçao pela cidade antiga, encontramos uma casa de chá arabe, que servia sucos naturais, infusoes geladas maravilhosas e um ar condicionado no maximo!

No caminho pra Sevilla (mais ou menos 1 e ½ de viagem) fomos premiados por um por do sol sensacional, no meio dos campos de plantaçao de Girasois. Eu tirei zilhoes de fotos (de dentro do carro mesmo), mas impossivel captar a beleza e a energia do lugar. Só estando lá pra sentir mesmo… E ainda resolvemos parar numa cidadezinha qualquer, só pra ver como é a cara da “verdadeira Andaluzia”, e acabamos indo parar em Ecija, que por coincidencia estava comemorando uma festa religiosa qualquer com uma enorme procisao. Nada mais Andaluz… Eramos, sem sobra de duvida, os unicos turistas do local, e as pessoas do Pueblo acabaram proetsando mais atençao nos flashes das maquinas que no santo carregado nas castas dos fieis…

Mais fotos da viagem aqui

To be continued…

Adriana Miller
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