Como eu comentei nos outros posts sobre São Petersburgo, nós fizemos tudo a pé – além de termos mesmo evitado andar de transporte publico com a Isabella (o metrô Russo não é muito não é muito kids friendly), eu achei a cidade muito fácil de ser navegada: ruas largas e bem sinalizadas, muitas praças, e pontes que conectam os bairros e ilhas.
Não é que a cidade seja pequena, muito pelo contrário; com toda essa sensação “arejada”, significa que as cosias são relativamente distantes umas das outras. Mas como moramos em Londres e sempre fazemos tudo a pé, não acho que uma caminhada de 20 ou 30 minutos de um ponto a outro seja “longe”. Sem falar que na Europa, qualquer cidade é muito mais legal de ser visitada quando fazemos tudo caminhando!
Uma coisa que vale a pena ressaltar é que a geografia de São Petersburgo é bem particular, e seus diferentes bairros são na verdade, ilhas. Todas elas conectadas por pontes, e canais, dando uma sensação bem Estocolmo de ser (ou poderia ser comparada com Veneza ou Amsterdam, mas tudo em São Petersburgo é mais ampla, maior mesmo, com esse ar nórdico tipo Estocolmo).
Por um lado, isso dificulta a locomoção de um lugar ao outro, pois além de que as coisas acabam ficando mais longes umas das outras, o acesso só é possível pelas pontes; então as vezes você esta “do lado” de alguma coisa, mas tem que andar mais 3 quarteirões até alcançar a próxima ponte.
Mas por outro lado, fica fácil organizar seus dias e passeios pela cidade, e seguir roteirinhos específicos de acordo com as atrações de cada ilha.
Então eu organizei nossa viagem e nosso roteiro de acordo com cada região que visitamos, e ficou mais ou menos assim:
– “Orla” do Palácio
A primeira grande região é o bairro do palácio, que pode ser abordada como uma unica ilha-região, mas na verdade e toda recortada por canais, formando varias mini ilhas.
Mas eh ali que esta o “centro” de São Petersburgo, assim como suas principais atracões.
Nosso hotel ficava numa das transversais da Admiralteyskiy Prospekt, a 2 blocos da Nevsky Prospekt e 3 blocos do Hermitage (Palácio de Inverno), então todos os dias nossos passeios começavam por ali.
Aliais, a avenida Nevskiy Prospekt merece menção honrosa, pois é a coluna vertebral da cidade. O que também é uma ótima dica pra quem procura hospedagem por la: estando próximo da Nevsky, você consegue alcançar as principais atracões turísticas sem grades problemas.
Ao longo da avenida, alguns edifícios merecem sua atenção:
A avenida começa bem ali na praça do Admiralty, com um edifício central em amarelo e dourado onde foi a sede da marinha Russa por cerca de 300 anos, desde a fundação da cidade.
Hoje em dia, o edifício sedia a faculdade de Engenharia Naval da Universidade de São Petersburgo.
O Literary Cafe fica em uma das principais esquinas da avenida (pois dali se tem a vista clássica da Catedral do Sangue Derramado), e durante a era Bolchevita foi ponto de encontro dos grandes nomes da literatura Russa (São Petersburgo foi berço – ou domicílio – de nomes como Alexander Pushkin, Grigory Rasputin, Fyodor Dostoevsky (que escreveu sua grande obra “Crime e Punição” durante os anos que viveu na cidade) e Pyotr Tchaikovsky, entre outros).
Do outro lado da Nevsky fica a Catedral “Lady Kazan”, construida tendo como inspiração a Basilica de São Pedro no Vaticano.
Mas a principal atracão da região do Palácio, é obviamente, o Palacio de Inverno, também conhecido como o Museu Hermitage.
Quer dizer, me corrijo. O museu Hermitage, à beira do rio Neva, é na verdade um conjunto de cerca de 10 edifícios a redor do Palácio de Inverno, que foram sendo apropriados pelo governo Russo para sediar uma impressionante coleção de obras de arte (a medida que as mesmas foram sendo confiscadas da Nobreza Russa apos a queda do regime Czarista na Russia).
Mas o Palácio de Inverno é a estrutura central e mais impressionante do Hermitage, e a origem do museu. O Palácio, que foi residencia ininterrupta das famílias Reais Russas, também hospedou a Czarina Catarina durante seu reino, e ela era uma grande mecena e colecionadora de artes, e acabou dando o pontapé inicial a uma das maiores coleções do mundo, que hoje resulta em um dos maiores e mais importantes museus de arte da Europa.
Entre suas principais obras, estão alguns Van Goghs, Rembrants, Renoirs e Cezanes, Matisse, entre vários outros nomes Russos, Europeus e Asiáticos.
Mas pra mim, o próprio museu e o palácio foram os motivos principais pelos quais eu sempre quis conhecer o Hermitage!
E como la dentro tudo é enorme, e é praticamente impossível ver tudo, ficamos nosso tempo no edifício do Palácio de Inverno mesmo, que é a parte mais impressionante e grandiosa.
* Dica: baixar a app do museu (como eu mostrei no vídeo da TV Everywhere de São Petersburgo!) como guia, para você conseguir se achar lá dentro e saber o que esta vendo.
O Palácio de Inverno foi construído no começo do seculo 18, logo depois que Sao Petersburgo foi fundada, e tinha como intuito ser a residencia oficial dos Czares, e com a intenção de transformar a cidade numa capital “Europeia”, e portanto com muita influencia Italiana e Francesa.
No total são 460 quartos/aposentos, incluindo teatros, igrejas, salas de baquetes e bailes, e claro, muitos quartos. Basicamente, era praticamente uma cidade por si so, e portante a família real e os altos escalões do governo não precisavam sair do Palácio para nada durante os rigorosos meses do inverno Russo.
Do outro lado da mesma praça do Hermitage fica o predio do “Palacio do Estado Maior”, em formato de meia lua, compondo a praça que delimita o Hermitage.
Outra grande atracão da regiao e quizas a principal atracão de Sao Petersburgo, é a Igreja do Sangue Derramado.
Uma Catedral Ortodoxa Russa, que segue os mesmos moldes da Igreja de Sao Basilico de Moscou, e sao praticamente o simbolo do pais.
A Igreja do Sangue Derramado (nome e sobrenome complete é: Igreja da Ressurreição do Salvador sobre o Sangue Derramado) tem esse nome dramático pois simboliza o local onde o Czar Alexandre II foi assassinado, e na construção original (do começo do seculo 20) algumas das pedras manchadas de sangue do Czar assassinado foram usadas como “decoração” (deve ter sido pra enfatizar o nome-sobrenome-CPF-RG completo da Igreja!), mas que hoje em dia foram retiradas para preservação como relíquias santificadas.
A Igreja eh menos colorida e imponente do que a Sao Basilico em Moscou (realmente aquele posicao bem no meio da Praca Vermelha eh imbativel!), mas é impossivel nao se deslumbrar com a aquitetura das Igrejas Ortodoxas!
Ela parece ser um bolo confeitado por balas e doces, de tao detalhada, colorida e rebuscada que eh!
E como manda o figurino Ortodoxo, o interior eh tao trabalhado quanto, com naves abertas, o altar dourado e as paredes pintadas contando historias da Biblia.
P.S. Uma dica boa para compras de souvenirs é o mercadinho bem em frente à Catedral!
Outro simbolo de Sao Petersburgo que tambem fica localizado no mesmo bairro eh a Igreja de Sao Isaac, a catedral construída em homenagem ao “Santo do dia” do aniversário do Czar Pedro.
– Ilha Vasilevsky
Imediatamente em frente ao Hermitage, do outro lado do Rio Neva, esta a ilha Vasilesky.
Bem maior em tamanho, mas sem tantas grades atracoes. Mas bem ali, ao cruzar a ponte, você estará na região da Strelka, e dará de cara com as colunas Rostral que simbolizam os principais rios da Russia: Rio Volga, rio Neva, Dnieper e Volkhov, e foi originalmente construida para servirem de faróis para os navios da Marinha Russa que entravam na cidade (essa curva da ilha fica exatamente em frente a Fortaleza de São Pedro e São Paulo, e do outro lado, o edifício da marinha).
É por ali tambem que estao alguns museus secundarios da cidade, como o museu de Zoologia (que nos tentamos visitor, pois parece ser bem interessante, com muitos fosseis e animais Siberianos em extincao empalhados. mas acabamos deixando para segunda feira e estava fechado!) e os edificios do Instituto de Lietaratura Russa e a antiga Bolsa de Valores..
– Ilha Petrogradskaya
E eh ali na beirinha da ilha Vasilevsky (de frente para as colunas Rostral)que ja vemos a ilha Petrogradskaya, onde esta a Fortaleza de São Pedro e São Paulo.
Foi bem ali que a cidade foi fundada, pelo então Czar Pedro, o Grande, e fundou a cidade em seu próprio nome. A posição é estratégica, e não foi por acaso: a Fortaleza fica bem na entrada da baia do rio Neva, e protegia o território de invasões Suecas, durante a Guerra do Norte, no começo do seculo 18.
Hoje em dia a principal estrutura da Fortaleza, eh a Catedral de Sao Pedro e Sao Paulo, que desde sua fundação, tem sido a igreja official para funerais e sepultamentos dos imperadores e Kzares Russos, inclusive seu fundador Pedro, ate a ultimo da historia, o Kzar Nicolau, que perdeu o trono durante a revolução Russa.
Apesar de que Nicolau foi assassinado pelos Bolsheviques ainda em 1917, apos a queda do regime soviético, seu corpo foi transportado para a Fortaleza, onde ele foi re-enterrado ao lado de seus antecessores e todos os Czares e Czarinas que já governaram a Russia.
No total passamos 4 dias e 3 noites em São Petersburgo, sendo que uma manhã (boa parte de um dia…) fomos até Peterhof, e deu tempo de ver com bastante calma, fazendo tudo a pé (e parando para muitas fotos!) e sem pressa.
Não posso dizer que voltei pra casa conhecendo a cidade como a palma da minha mão, mas vimos o principal, e tudo aquilo que queríamos ver.
E como pegamos bastante frio e neve, volta e meia ainda voltávamos à algumas das áreas para revisitar ou tirar melhores fotos de certo pontos turísticos (hello Sangue Derramaaaaaaaado). Se tivéssemos mais dias para passar pela cidade (e o clima estivesse um pouquinho melhor e menos gelado!), provavelmente teríamos visitado alguns dos outros palácios nos arredores de São Petersburgo.
Planejando uma viagem para Rússia?
Aqui você encontra todas as dicas e recursos para planejar sua viagem, e podemos cuidar dos detalhes práticos para você:
Adriana Miller, Carioca. Profissional de Recursos Humanos Internacional, casada e mãe da Isabella e do Oliver.
Atualmente morando em Denver, Colorado, nos EUA, mas sempre dando umas voltinhas por ai.
Viajante incansável e apaixonada por fotografia e historia.
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