Entre as ilhas conectadas do arquipélago Faroese, a Ilha Vágar é a mais ao sul/sudoeste – e provavelmente será também seu primeiro contato com o país, pois é nela que está seu único aeroporto.
Mas apesar de ser relativamente pequena e inabitada, a Ilha Vágar hospeda 5 das principais atrações de beleza Natural do país, além de ser o ponto de partida para os ferries que vão para a Ilha Mykines (que infelizmente não visitamos por causa do risco climático, mas é onde ficam as maiores colônias de Puffins do mundo).
O país é muito, muito pequeno, e o mapa das ilhas definitivamente engana qualquer planejamento! A distancia entre o aeroporto (bem no meio da Vágar) e a capital Torhsavn, por exemplo, não leva nem meia hora (de carro), então acabamos indo e voltando a Vágar várias vezes durante nossa estadia, seja para rever algum lugar, refazer fotos, ou visitar alguma paisagem num horário do dia ou clima diferente!
– Sørvágsvatn:
O lago Sørvágsvatn é o maior das Ilhas Faroe, e também um dos maiores cartões postais do país.
São menos de 4km quadrados de area, mas o que o torna tão único é sua geografica dramática! O lago esta acima de penhascos rochosos, e chega até a beiradinha no Oceano Atlantico (com direito a cachoeira caindo no mar e tudo), mas por causa dos penhascos que chegam a até 100 metros de altura, recortados em mini fjords, ao chegar na ponta da trilha que rodeia o lago, é possível er a perspectiva do que o lago esta flutuando sobre o mar!
Aliáis, foi justamente essa imagem do “lago flutuante” das Ilhas Faroe que nos convenceu a visitar o país!
A imagem realmente é impactante, uma ilusão ótica sem igual no mundo!
Nós fizemos duas trilhas em volta do lago, justamente para conseguir diferentes ângulos e luzes, e capturar essa composição ótica incrível.
A trilha dura cerca de 2 horas, entre a entrada do lago, e a cachoeira que se encontra com o mar (é possível cruzar a cachoeira andando – perigosamente! – para continuar a trilha do outro lado do lago). Eu tive coragem na primeira vez, mas o Aaron não. Quando voltamos da segunda vez, o vento estava tão violento que me bateu um pânico horrível de cair lá de cima (apesar de que a passagem não fica perto da beirada não!).
Mas a trilha não é marcada, e é uma pura lama!
Como estávamos com a Isabella, a caminhada acabou se tornando mais difícil do que era, pois tinha trechos que ela não conseguia andar (por causa da lama e muitas pedras), ou por causa do vento (tinha horas que não dava pra deixar ela sozinha em pé no chão! Pra vocês terem uma ideia da força do vento por lá), mas por outro lado, ela adorou passear tão pertinhos das ovelhas e do lago!
O país é estonteante em vários aspectos, mas o Lago Sørvágsvatn realmente merece a fama que tem!
– Miðvágur:
A cidade & baía Miðvágur é a maior da Ilha Vágar, e apesar de sua praia fofa com a igrejinha coloria ao fundo, ela esta longe de ganhar prêmios como uma praia paradisíaca, muito pelo contrário!
A areia é escura e cheia de pedras, a água é cheia de algas e o vento e o clima, como era de se esperar, é constantemente congelante.
Quando eu postei uma foto de lá, durante a nossa viagem, me perguntaram se dava pra entrar na água do mar em alguma época durante o ano… Olha, se você tiver sangue Viking, eu imagino que sim! Se resto, não. Nunca!
Mas Miðvágur é uma das cidades mais antigas do país, e acredita-se que tenha sido o primeiro lugar onde os Vikings se estabeleceram, a mais de mil anos atras. E dá pra entender porque: sua baía em formato de ferradura protege a área dos ventos destruidores, e a maré que sobre e desce dramaticamente ao longo do dia, facilita a pesca sem muito esforço.
E é justamente isso que fez de Miðvágur, e as Ilhas Faroe como um todo “conhecido” no mundo: sua polêmica matança das baleias piloto.
Sim é uma prática polêmica, cruel, bla bla bla. Mas acho que só estando lá e observando como a população local viveu e sobreviveu nos últimos séculos para realmente apreciar o fato de que cada povo se vira com o que a natureza lhes dá.
E Miðvágur foi a resposta certeira para a sobrevivência num lugar tão adverso! Então todos os anos, no final do verão, os “Sea Sheperds” (ou “Pastores do mar”, como os pescadores Faroeses são conhecidos) encaminham as baleias piloto, que fazem colônia por ali durante o verão até a entrada da baía durante a maré alta. A medida que a maré vai abaixando, as baleias ficam presas no banco de areia, e só então os pescadores as abatem. (nós passamos por Miðvágur tanto na maré alta, com a praia “normal”, quanto na maré baixa, quando o mar chega lá na entrada na baía, e mal dá pra acreditar que tinha uma praia ali!)
Não dá pra negar que as imagens são chocantes: a baia é relativamente pequena, a maré baixa bem rápido, e centenas de baleias ficam presas ao mesmo tempo. O resultado é um mar vermelho de sangue, enquanto os pescadores vao abatendo de uma a uma.
Mas é uma prática de subsitência, e a população consome praticamente até a última grama das baleias ao longo do resto do ano (nao gente, não é prática esportiva, nem crueldade por diversão).
Muitas entidades de proteção aos animais já tentaram exterminar a prática, mas os governantes se mantem firme na proteção de uma das principais atividades econômicas do país, e a prática cultural que basicamente viabilizou a colonização do país a mil anos atras.
– Bøur:
Bøur é um vilarejo que quase nos passou despercebido… já tínhamos visto fotos de lá, e estávamos com a cidade marcada no mapa, mas sua posição na beira do mar, e bem abaixo no nível da estrada, somado à meia-dúzia de casa que abrigam seus 75 habitantes…
Bem, acabamos só encontrando a entrada para o vilarejo, já numa segunda/terceira passagem pela ilha Vágar!
As casinhas da cidade são todas juntinhas umas das outras, e com telhados cobertos de grama, para que protejam umas as outras do vento, e a grama no telhado, um dos símbolos das Ilhas Faroe, servem como isolamento térmico (e também criam “raiz”, também protegendo o telhado e a estrutura das casa do vento).
Sua marca registrada é a Igrejinha, do século 18, que fica apontada diretamente á ilhas pontiagudas Tindhólmur e Mykines, deixando a paisagem ainda mais dramática!
– Gásadalur:
Gásadalur é a fronteira final da Ilha Vágar, e um dos motivos que nos fez voltar várias vezes a esse lado do país: a cachoeira que se debruça drmáticamente sobre o mar, é o paraíso dos (aspirantes a ) fotógrafos!
Junto com Sørvágsvatn, Gásadalur é uma das imagens símbolo das Ilhas Faroe!
A cidade tem uma população de 18 pessoas (!!!), mas é de lá (e sua cachoeira) que saem a maioria das lendas e histórias do folclore Faroese, geralmente envolvendo fadas e duendes que habitam atras da cachoeira.
Adriana Miller, Carioca. Profissional de Recursos Humanos Internacional, casada e mãe da Isabella e do Oliver.
Atualmente morando em Denver, Colorado, nos EUA, mas sempre dando umas voltinhas por ai.
Viajante incansável e apaixonada por fotografia e historia.
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