23 Mar 2011
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Cruzando a fronteira entre o Líbano e a Síria

Dicas de Viagens, Siria

Ha umas semanas atras quando a oportunidade de ir ao Libano surgiu pela primeira vez, logo me ocorreu que seria uma otima oportunidade pra tentar dar uma esticadinha até a Síria.

A oportunidade me pareceu imperdivel, pois a Siria é um pais que eu não visitaria normalmente, de “ferias”. Primeiro porque por ser um pais ainda tão fechado ao turismo, os voos são rarissimos, e as poucas empresas que voam diretamente pra Damasco são carissímas.

Mas o motivo principal mesmo era a questão do visto, e do fato de que Americanos não são permitidos na Siria (teoricamente são, mas precisam de um visto especial, com autorização e aprovação do governo Americano, etc, etc e que geralmente ainda são barrados na fronteira).

Então comecei a pesquisar sobre a possibilidade e…. nada!

Nenhum site, blog nem nada que fosse direto ao ponto, ou que já tivessem feito oque eu queria fazer (um bate e volta a partir de Beirute, por terra).

E como comentei em outro post, a estrutura turistica do Libano ainda é bem precaria, e as agencias, ou guias são escassos – e o motorista que eu usei pra ir até Baalbek não fazia o trajeto Beirut-Damasco, justamente por causa das dificuldades e corrupção na fronteira.

Os sites oficiais com informação sobre vistos eram bem incompletos, e os depoimentos e opiniões em sites especializados (como Trip Advisor, por exemplo) eram desanimadoras.

Até apelei pra comunidade de trips, e sabia que se alguem no mundo soubesse o caminho das pedras, a resposta seria encontrada no “Perguntódromo”. Mas ainda assim, mais respostas desanimadoras.

Então deixei a ideia de lado.

Mas como ha males que veem pra bem, acabei ficando no Libano o tempo todo e tive a oportunidade de conhecer outras partes maravilhosas do pais!

Então quando a oportunidade de voltar a Beirute uma segunda vez pintou, novamente a ideia da Siria e veio a cabeça – e então acudi ao meu fiel companheiro: Lonely Planet! Nem sabia se ia conseguir ou nao, mas comprei o guia da Siria, e voilá! Indicação de varias outras agencias que fazem passeios variados no Libano.

Da lista de umas 5 ou 6 agencias, apenas 3 tinham a opção de passeios em Damasco, sendo que nenhuma delas estava atualmente oferecendo o passeio por ser baixa temporada…

Até que na sexta de manha uma das agencias me ligou de volta: apareceu um casal de Turcos interessados no passeio, e se eu ainda estivesse interessada, eles podiam organizar a viagem!

Mas ai recomeçou a duvida: Sera que consigo entrar no pais?

A entrada da Siria

A regra pra visto para a Siria ão é exatamente clara, mas de maneira geral a regra é: vistos SEMPRE tem que ser tirados com antecedencia, diretamente na Embaixada Siria de seu pais.

Americanos só podem sequer pedir visto se tiverem uma carta de recomendação da embaixada Americana (que “aprova” se sua visita é valida), Brasileiros devem aplicar para o visto com antecendencia na embaixada ou consulados da Siria no Brasil, e Europeus diretamente na embaixada Síria local.

Mas aí, a medida que fui pesquisando sobre o visto, e como poderia pedir um visto express, eu descobri dois furos na regra: Primeiro que por não ter Embaixada da Siria em Portugal, portugueses podem pedir visto na entrada (aparentemente esse “furo” nao rola no aeroporto de Damasco, mas rola nas fronteiras terrestres com o Libano e a Jordania), e o segundo furo é a “flexibilidade” (vulgo corrupção) nas fronteiras terrestres (principalmente com o Libano, pois a fronteira com a Jordania eh ainda mais dificil, pois muita gente chega na Jordania atravez de Israel, e portanto sao barrados na Siria).

A agencia nunca tinha feito esse passeio com um Portugues(a), entao eles não sabiam como eram as regras especificas, mas a agente me garantiu que eu não teria problemas!

Então fui na fé e resolvi pagar pra ver. Ou teria uma oportunidade unica de ir a Siria, ou cairia no maior golpe da historia!

Então depois de cerca de 1,5 hora de Beirute chegamos na fronteira com a Siria! O Motorista me deu os formularios pra preencher com antecendia, e me pediu que nem saisse do carro – se tivesse algum problema ele me chamaria. E lá se foi o motorista Libanes, com meus passaporte e meu dinheiro adentro da fronteira Siria.

Longos 15 minutos depois ele volta pra me chamar: Querem te ver!

Eu já estava com um pessimo pressentimento de que alguma coisa ia dar errado, e o motorista foi comigo. Então começou a discussão em Arabe, que obviamente não entendi nada, enquanto dois ou 3 guardinhas Sirios examinavam meu passaporte –  que ia passando de mão em mão… acho que eles nunca tinham visto um passaporte Portugues! – até que finalmente meu passaporte foi carimbado.

Só isso? Já acabou? To dentro?

Não… e fui seguindo o motorista, cruzando a fronteira a pé até chegarmos a um outro guardinha, e então ele me fez o sinal, e mostrou o segredo da “eficiencia”: colocar o dinheiro do visto dentro do passaporte, e deixar o guardinha “verificar” que tava tudo em ordem…

Nossa, e o pavor?!?! Eu sou radicalmente contra esse tipo de situação, mas oque fazer naquele momento, com o passaporte já carimbado com a saida do Libano e a entrada na Siria, mas sem estar “de fato” na Siria?!

Então eles iam batendo um papo sobre mim em Arabe, entreguei meu passaporte, que foi levado pra uma outra sala por uns minutos. E quando o guarda Sírio voltou, ele me devolveu o passaporte com um sorriso – Welcome to Síria!

No total levou cerca de 1 hora, e tivemos exatos 8 pontos de verificação (4 para a saida do Libano, e mais 4 pra entrada na Siria)!

Moral da historia?

Facil não foi, mas tambem ão foi tão impossivel quanto achei que seria, mas uma coisa é fato – a unica opção recomendavel é fazer o trajeto com a “expertise” de uma agencia, que já tem a manha e o “jeitinho” de passar pela fronteira.

A fila dos turistas “avulsos” que iam sendo desovados pelos onibus, vans e taxis coletivos ia crescendo, crescendo, e os depoimentos são de horas e horas de espera sem explicação, e criterio 100% aleatorio – voce pode estar viajando em grupo e deixrem algumas pessoas entrarem, outras não. As filas não tem nenhuma indicação nem instruções, e os funcionarios da fronteira mal falam Ingles.

Como eu já comentei em outros posts sobre o Oriente Medio, eles não são nada politicamente corretos, e o “racial profiling” (perfil racial) é uma pratica comum e muito aceitavel – então dependendo da sua pinta, te deixam entrar ou não.

E o mesmo vale pro preço dos vistos – a tabela só vale para os vistos pedidos (e pagos) com antecedencia na Embaixada. Na fronteira, o preço final vai de acordo com a cara do freguês! Eu paguei 40 dolares no total (incluindo a graninha da “cerveja” do guarda) mais 500 Libras Sirias (cerca de 10 dolares) pela taxa de saida do pais.

Além disso, passaportes com carimbo de Israel são absolutamente proibidos (tanto no Libano quanto na Siria, assim como Dubai e tantos outroa paises do Oriente Medio)

Agora dou graças a deus por não ter tentado fazer o trajeto sozinha, e entendo perfeitamente o porque das historias de horror, e quem ficou pelo caminho…

Mas afirmo: valeu a pena! (e a volta foi beeeem mais tranquila. Sair da Siria é facil, e entrar no Libano é facilimo)

A quem interessar possa eu viajei com a Belair Tours: belair@inco.com.lb ou +961 3770565 e falar com a Sandy ou Rym.

Adriana Miller
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07 Apr 2010
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Pensa rápido!

Dicas de Viagens, Egito, Luxor, Sharm El Sheikh

Mudanças de planos fazem parte de qualuqer viagem, ainda mais quando viajamos com o tempo e o bolso aprtado, tentando aproveitar cada segundo e fazendo tudo independentemente. É completamente diferente viajar quando você tem alguem que pensa, planeja e cuida de todos os detalhes pra voce, de quando você é a pessoa que tem que pensar em absolutamente tudo. E quando o relogio esta correndo contra suas ferias, a coisa só tende a piorar.

Pois então, hoje passamos por um aperto desses.

O plano original era ter saido hoje (dia 7) de Luxor e ir de onibus ateh Hurghada, onde amanha de manha pegariamos o speed ferry pra cruzar o Mar Vermelho.

Porque? Bem, além do fato obvio da economia de dinheiro (pegar um onibus + ferry no Egito é mais barato que aviao), mas a verdade é que achavamos que a experiencia seria legal (gostamos da voltinha que fizemos na Tailandia e resolvemos repetir a dose).

Então fiz o dever de casa e planejei e pesquisei tudo direitinho. Chegamos em Luxor e o pesoal do albergue foi super prestativo, e nos ajudaram a cuidar de tudo, já que no guichê da estação de onibus ninguem fala Ingles, e pra evitar que deixassemos pra comprar o ticket do ferry na ultima hora.

Estava tudo certissimo, até que hoje, entre um templo e outro, resolvemos dar uma passadinha no albergue, só pra garantir que estava tudo bem.

Obviamente nao estava! O carinha da agencia de viagens, avisou pro dono do albergue que os ferrys tinham sido cancelados essa semana, pois esta ventando muito e o Mar Vermelho esta agitado demais.

O detalhe é que isso nao é uma coisa que geralmente eles avisem os turistas – muita gente vai até Hurgada e acaba descobrindo que ficaram ilhados por lá!

A primeira reação foi de panico! Hotel pago em Hurgada e Sharm El Sheikh, viagem a Jordania tb reservada e paga, e já tinhamos feito check out do nosso quarto!

Nossa primeira reação foi tentar apelar pro onibus, uma viagem torturante de 15 horas, atravessando noite a dentro, cruzando todo deserto, o canal de Suez e entrando na penisula do mnte Sinai.

Essa opção, que era nossa ultima opção no momento, sairia da estação em menos de uma hora! O suficiente pra jogar tudo dentro das mochilas, e correr cidade a dentro!

Entramos na rodoviaria de Luxor já fazendo mimica e apontando pro mapa. Se o tiozinho nos entendeu ou nao, ainda nao sei, mas a conclusão da historia é que o unico onibus diario que faz essa rota já estava lotado!

O conselho entao era ir pra Hungharda assim mesmo e tentar a sorte lá. Mas como todos os ferries estavam cancelados, as chances de conseguir um onibus pra qualquer lugar eram bem poucas…

Voltamos pro albergue desesperados (nesse ponto a recepção inteira já estava tensa por nós!) e voamos pro laptop: qualquer opçnao que nao nos levasse a falencia, nem causasse cancelamento de toda nossa viagem!

Por sorte conseguimos uns dos ultimos assentos num voo que conecta Luxor a Sharm El Sheikh diretamente, em 50 min da Egypt Air. O preço estourou nosso orçamento, mas mesmo assim acabou saindo mais barato doque se tivessemos comprado esse mesmo voo ha 6 meses tras quando estava planejando toda a viagem!

Então pudemos aproveitar uma ultima noite em Luxor e amanha de manha voamos pra riviera do Mar Vermelho, onde passaremos o resto da viagem aproveitando as ferias das nossas ferias!

Adriana Miller
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02 Apr 2010
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Se a primeira impressão é a que fica…

Cairo, Dicas de Viagens, Egito

Nosso voo estava marcado pra chegar no Cairo bem tarde da noite, entao como precaução reservei um transfer do albergue para que alguem fosse lah nos buscar. E nosso voo ainda atrasdou mais de uma hora, pois o terminal 5 do Heathrow estava uma zona nessa vespera de feriado.

Pousamos no terminal novissimo do aeroporto de Cairo mas de cara senti que falatavam sinais de informação: pra onde vamos? Onde fica a imigração?

Eu sabia que tinhamos que comprar o visto, pago no desembarque, mas nao estava obvio o suficiente onde deveriamos faze-lo. Entramos na fila da imigração, os formularios para estrangeiros tinham acabado, e quando chegou a nossa vez o policial nos mandou de volta, pois estavamos sem o visto… Voltamos o corredorzão e entramos na fila do “Bank of Cairo” comprar nosso visto-adesivo por 15 dolares (que voce mesmo cola no seu passaporte).

Na saida nosso motorista estava a nossa espera, e depois de passar por varias vans, carros privados e semi-limousines, chegamos ao carro mais caindo aos pedaços do estacionamento. Onde colocamos as mochilas? No colo pq o porta malas nao abre.

O Aaron sentou na frente, e se deu conta que o cinto de segurança nao funcionava “Que isso meu amigo! Nao precisa de cinto nao! Eu sou bom motorista!”, ao mesmo tempo que ligava o radio na estação de musica arabe no volume maximo, abriu as janelas e ascendeu um cigarro!

Eu pensei com meus botoes que aquele era provavelmente o carro mais velho que já tinha visto na vida. Mas obviamente eu ainda nao tinha visto nada!

O Albergue fica bem no centrão de Cairo, a menos de 10 minutos da estação de metro e do Museu Arqueologico, e até que é bem “simpatico”. Simpatico na proporção que um albergue que custou cerca de 15 dolares por noite no norte da Africa pode ser!

Os unicos sustos foram as escadarias do predio centenario, que nao veem uma boa vassoura ha muitos anos; ah, e o banheiro, que é literalmente “dentro do quarto” (deixarei a foto falar por si. A camiseta foi minha toalha.).

Banheiro privativo dentro do quarto. Mesmo!

Mas serio, nao tem do que reclamar. A agua do chuveiro era quente, o ar condicionado gelado, a televisao pega BBC e a internet sem fio é de graça!

Ah! E já contei que esse preço inclui café da manha? Cha de menta, ovo cozido (haha), uns 3 tipos de pão, geleia de figo, polenguinho e falafel!

Fomos acordados cedo pela agencia que veio entregar o ticket de trem pra Luxor e aproveitamos pra começar o dia.

Primeira parada? E dá pra nao ser as Piramides de Gizé?!

Ficamos batendo papo com uma familia Canadense na salinha do albergue (um casal novinho que esta aqui com 3 filhos pequenos!) que nos ensinaram a pegar o metro ateh Gizé. Uma taxi custaria 60 Libras Egipcias, o metro custou 1 libra egipcia cada um!

A primeira furada do dia, acabou nao dando em nada, mas o Aaron começou a bater papo com um carinha no metro, e o papo foi enrrolando, enroolando, ele disse que morava em Gizé e ia nos ajudar a sair da estaçnao e pegar um onibus até a entrada das piramides.

Agora, eu tenho que confessar que sou uma turista bem antipatica! Nao tenho vergonha de barganhar preços, de dizer não a pedidos de propina, e principalmente nunca aceitar ajuda de estranhos “solicitos”, principalmente em paises famosos pelas roubadas.

Já o Aaron nao. Entrou numa de “nossa, como todo mundo no Cario é simpatico, nao?”. NAO! Para de puxar papo com a cara e vamos seguir nosso caminho.

Mas nao rolou. Na saida do metro uma multidão de taxistas voou em cima da gente, e esse cara ficou nos protegendo (tava praticamente rolando briga entre os motoristas!); atravessamos um avenida de umas 3 faixas (Pyramid Road) na unha e ficamos parados na beira da estrada esperando o tal do onibus.

Passaram uns 3, todos com sinais em Arabe, e nada. Até que um carro parou do nosso lado, e ele nos mandou entrar. Um carro, nao um taxi! Ainda tentei dar uma de desentendida do tipo “mas oque aconteceu com o onibus?”, e o carinha garantiu que o motorista era amigo dele e ia nos dar uma carona.

Era uma daquelas situações que voce fica entre a espada e a parede. Nao tinha como fugir da situação, e não dava pra evitar entrar no carro do amigo do carinha.

Agora imaginem os olhares de pavor que trocamos. Um carro caindo aos pedaços, os dois Egipcios conversando em Arabe, e eu e o Aaron sentados na ponta do assento, com a mao na maçaneta do carro.

Usei umas das tecnicas de viagem do meu pai, e abri o mapa, fiquei lendo as placas de rua bem explicitamente, tentando mostrar que sabia onde estava. (Obviamente nao tinha a menor ideia!)

Até que vi uma placa avisando a direção das piramides, e quando olhei pro lado esquedo… Tcharam! Lá estavam elas!!

Enormes, magnificas… e cobertas por uma nevoa de poluiçnao como nunca vi igual!

E entao o carro parou. O amigo-motorista nos indicou o caminho certo, nao aceitou nosso dinheiro e nos deixou na porta da entrada das piramides!

Entao em menos de 10 minutos, passarmos do pavor de nos jogar de um carro em movimento em pleno Cairo, a ter conhecido provavelmente um dos Egipcios mais legais e prestativos da cidade!

Dai pra frente foi só alegria, apesar do sol que parecia estar uns 178 graus direto na nossa cabeça!

Mas isso fica pra depois que eu baixar as fotos!

Adriana Miller
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