O unico lugar que o Aaron fazia questão de conhecer em Chipre era Salamis – o unico lugar que ele reconhecia o nome, sabia da historia e já tinha visto fotos impressionantes. E foi também o mais dificil de chegar!
Salamis fica na parte Turca da ilha, que é na verdade um novo país e um novo continente (já que oficialmente a parte Turca é considerada Oriente Medio)! E pra nosso azar, Salamis ficava exatamente no extremo oposto de onde estavamos hospedados na ilha.
Além disso, tem toda a complicação de conseguir chegar lá, e mesmo depois de horas na estrada, não sabiamos se conseguiriamos ou não cruzar a fronteira, já que as informações pela internet não são muito concisas, e até mesmo nosso livro guia foi bem generico, e o recepcionista do hotel não deu muita bola e tentou nos convencer de fazer alguma outra coisa.
O problema principal é o embargo internacional que atinge a região Turca, e que manteve essa parte da Ilha completamente isolada do mundo por mais de 30 anos.
As fronteiras só foram abertas em 2004 (para turistas e principalmente para Chipriotas Gregos, que eram terminanentemente proibidos de cruzar a fronteira) depois que Chipre entrou pra Comunidade Europeia.
Mas mesmo assim a fronteira só esta aberta em 4 pontos, que são supervisionados pelas Nações Unidas e com soldados armados até os dentes. Desses 4 pontos de fronteira, um é aberto apenas para pedestres (no centro da capital Nicosia que é dividia ao meio entre os dois paises) e mais 3 pontos em estradas, para veiculos comerciais e de passageiros: Agios Dometios, Pergamos e Strovilia. Tentar cruzar a fronteira em qualquer outro ponto da Ilha, fora das regioes autorizadas por ambos governos e a NU, da cadeia!
Então nós escolhemos cruzar a fronteira em Pergamos, pois achamos que parecia ser mais facil – segundo nosso mapa, bastava pegar a auto estrada principal atéeeee quase o final, depois uma outra estradinha e tal, e já já estariamos lá.
Mas é claro que na realidade a coisa foi bem diferente, e a tal “estradinha” acabou virando um vilarejo fantasma, que mesmo a apenas 20 mins de Lanarka (uma das principais cidades da Ilha), não poderia ter sido mais isolado do mundo e despreparado para o turismo.
Quando achávamos que nunca conseguiriamos descobrir qual seria o caminho correto, começamos a ver as placas identificando a “terra de ninguem” das Nações Unidas. Mas ainda assim, NENHUMA placa indica a direção correta!
Mas conseguimos chegar na fronteira, e a coisa é serissima!
Nos pediram para sair do carro e deram uma inspecionada no porta malas, porta luvas e afins, além de fazer algumas perguntas obvias de fronteira e carimbar nossa entrada.
Porém, por causa do embargo internacional (que foi aliviado, mas oficialmente ainda existe) não é recomendavel ter o carimbo do Chipre Turco no passaporte, e eu estava tensa por causa disso – por não ser uma região tão frequentada por turistas, não sabia se – caso pedisse pra não carimbassem meu passaporte, como fiz em Israel por exemplo – o guardinha ia fica ofendido e negar nossa entrada…
Mas nem precisamos falar nada, e assim que o guarda nos perguntou onde moravamos, ele deixou os passaportes de lado, e carimbou um papelzinho, e nos pediu pra guardar a 7 chaves, pois sem aquele papel/carimbo, não poderiamos sair pelo lado Chirpiota, e a unica saida do pais seria por um ferry pra Turquia (?!?!).
Ah, e ainda teve o tal do seguro do carro, e até agora não sei se é alguma coisa legitima, ou se fomos vitimas de um golpe na fronteira…. Mas aparentemente carros alugados no lado Grego não podem cruzar para o lado Turco, a não ser que tenham um seguro Turco, que o guardinha prontamente nos oferenceu por modicos 30 Euros…
Na duvida, eu que não ia ficar batendo boca com o guarda Turco, certo?
E assim que cruzamos a fronteira, foi li-te-ral-men-te como se tivessemos completamente trocado de continente mesmo!
Os hoteis, luxury Villas, “tavernas Gregas” e tudo que nos fazia lembar a Grecia e destinos turisticos do Mediterraneo, foi substituido por um cenario retirado diretamente do filme “Borat”…
Cidades fantasma, casas abandonadas, e os varios “checkpoints” das Nações Unidas e do Exercito Turco supervisionando as estradas.
E outra surpresa! TODAS as placas eram apenas em Turco! Direções, inctruções, e até o nome das cidades! Então nosso mapa se tornou 100% inutil, e não conseguiamos descobrir de jeito nenhum onde estavamos! Dica importante, compre um mapa que tenha todos os nomes e nomeclaturas em Grego E Turco (vende nos postos de gasolina ou pontos de informacao turistica).
Então continuamos dirigindo na direção que eu “sentia” que ia nos levar até lá (eu tenho OTIMO sentido de direçao e NUNCA me perco. Já o Aaron, mal consegue voltar pra casa depois do trabalho).
Até que por sorte, finalmente vimos uma placa com nome reconhecivel: Salamis! Graças a Deus o nome é o mesmo!!
E finalmente chegamos até lá… mas demorou TANTO e já estavamos tão exaustos do estresse da estrada Turca, que a animaçnao já não era a mesma…
Mas ainda assim, valeu demais a viagem!
Salamis é o maior e mais importante (e imponente) complexo arqueologico de Chipre, e foi a primeirissima capital jamais estabelecida na ilha, e foi um porto muito importante na luta dos Gregos contra os Persas – e diz a lenda que a cidade foi fundada (e consequentemente a Ilha “conquistada” pelo guerreiro Teucer, que após perder uma batalha contra os Troianos, ficou com vergonha de voltar pra casa.
Então Salamis tem herança Helenica, Romana, Bizantina e Ottomana, e todas essas civilizações deixaram sua marca no lugar, que é gigante (impossivel ver tudo a pé, Salamis era realmente uma cidade grande, e é bastante espalhada pela area).
Entre as ruinas que valem a pena visitar estão um “Sudatorium” (“quarto de suar”… um sauna Romana com aquecimento sub-solo!), uma latrina publica, um aqueduto e sistema de cisternas, um anfiteatro de 2 mil anos e que abrigava 15.000 espectadores.
Além de um ginasio Grego enorme, com direito a duas piscinas (uma de agua quente e outra de agua fria!) e um auditorio/coliseu, mercados, avenidas principais, casas, palcios, etc, etc.
O unico problema de lugares assim é que é precsiso muita imaginação e paixão por historia (mitologia, arquitetura e afins) pra conseguir realmente apreciar um lugar desses, pois muitas das coisas “visitaveis” são na verdade ruinas que não passam de um monte de pedras empilhadas…
Pra mim isso não foi um problema, e adorei cada cantinho, mas enquanto estavamos admirando uma das avenidas “colunadas” de Salemis ouvimos uma familia comentando pros filhos “aqui não tem nada, só mais um monte de pedras empilhadas…”.
E claro, no fim de tudo, a volta pra civilização foi igualmente exaustante, pois na ida pra SAlamis estavamos tão preocupados em achar o cmainho, que não prestamos atenção em como voltar pelo mesmo caminho e nos perdemos algumas vezes e demos algumas voltinhas desnecessarias… mas por sorte, conseguimos voltar por hotel antes de escurecer!
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“Ja o Aaron, mal consegue voltar pra casa depois do trabalho”
Coitado, Adriana!
rsrsrs
Hahahah!
Tadinho, mas eh verdade… Ele eh muito perdido!
nasceu sem GPS implantado no cerebro… :-)
Sou solidária, também nasci sem GPS… A gente sofre, viu!
Adriana
Que grande aventura…
Como professora de História senti-me emocionada com o vosso esforço, sobretudo porque são pessoas fora “do ramo”, o que torna a demanda tão mais bonita.
Vocês formam um casal mesmo giro. Desejo-vos as maiores felicidades.
(por que é que este post me deixou lamechas?)
Bj
Nao sou “do ramo” mas AMO historia, entao acho que conta neh? :-)
Muito obrigada pelos votos de felicidade!
Dri,
viagem pedreira, mas no final sempre vale a pena mesmo.
E o Aaron, é bom companheiro pra esses perrengues? Ele curte essas visitas as ruínas?
Sim, por sorte ele entra na espirito tambem!
Acho que se fosse soh por ele, nos passariamos mais tempo sem fazer nada na beira da piscina, mas a verdade eh que temos um gosto bem parecido em tudo! Gracas a deus! E ele eh o melhor companheiro de viagem que existe!
Que bom que ele não se importa…mas tb pergunta boba a minha, depois do Kilimanjaro tudo é muito fácil…rsrsrsrs….
Tenho outra pergunta (já tá virando entrevista…rs….) E vocês já passaram por alguma situação difícil por causa da nacionalidade dele?
Sim… algumas vezes… o “mundo” nao gosta muito dos Americanos :-)
Ele teve que pedir um visto especial pra entrar no Vietnam, e foi super interrogado pra entrar na Russia (que tambem tem um visto especifico pra Americanos, que eh 3 vezes mais complicado que os visto para o “resto do mundo”), alem de ter levado uma dura do policial de fronteira em Israel, e quase ter sido deportado do Brasil nas vesperas do nosso casamento! (na verdade a culpa foi dele, mas o carinha da PF me disse que se meu marido fosse de qualquer outro lugar do mundo, ele deixava passar, mas Americano eles gostam de deportar!).
Nossa, mto chato isso!
Eu já reclamei algumas vezes de ser brasileira pq acreditei que passava por alguns preconceitos, mas imaginava que pra o Aaron, quero dizer, para os americanos é mto pior, por todos os motivos que todos nós sabemos.
Nessas horas tem que ter muita calma e não pode se estressar, as vezes nem tentar compreender até pq cultura eu costumo dizer que não é para ser compreendida e sim respeitada.
Ainda bem que ele é tranquilo e boa companhia.
Bjs! :o)
Oi Adriana
Suas viagens continuam ótimas; mas essa foi meio aventura, e tem q gostar de História mmo (eu tb amo). Gostei de saber da situação de Chipre, aliás nós aqui tão distantes e nesse país continental… achei o resort mto,mto barato.
Lindo o seu óculos. Boa sorte nas próximas.
Uau! Eu estava fazendo um trabalho para a escola sobre o Chipre e vi o seu site. Simplesmente adorei! Que viagens incríveis (me deu até um pouco de inveja haha)! Virei a sua fã.
Dri!
Quanto tempo de estrada (contanto os erros e perrengues de fronteira) de pafos até salamis? Valeu todo o estresse?
(Comentário idiota: leio salamis e só penso no Mussum falando salame! Não posso ir para esse lugar, vou ter uma crise de risos!) hahahahaah
Beijos
Ui… não lembro exatamente, mas foi coisa de passar o dia todo pelo lado Turco da Ilha. Varias horas dirigindo até la (mais fronteira e afins), algumas horas por lá pra visitar as ruínas, e no fim do dia, mais umas longas horas de estrada de volta ao lado Chipriota.