Depois de passarmos um dia no Palácio de Verão de Pequim, a próxima parada era a Cidade Proibida, que pelo menos pra mim, sempre foi sinônimo da cidade.
A Cidade proibida, que hoje em dia é conhecida como “Palácio Museu”, eh o coracao e o centro absoluto da capital Chinesa, e eh na verdade um complexo de pracas, parques, templos, palácios e casas, construídos no comecinho do século 15 e que durante cerca de 500 anos foi a residência oficial dos Imperadores Chineses.
E eh justamente dai que surgiu o nome popular de ser uma “cidade proibida”: a entrada, e sequer aproximação das muralhas do palacio a pessoas nao autorizadas (O Imperador e sua familia, funcionários especiais e políticos aprovados pelo Imperador) era punida com execução sumária, sendo classificado como o pior crime que alguém poderia cometer na China – sem perguntas, segundas chances nem julgamento.
E o complexo é mesmo uma cidade dentro da cidade, e algumas das traduções literais do nome dado ao complexo nos dialetos Chineses fazem justamente referencia a uma “cidade em camadas”, ou “cidade interna”.
A entrada principal, pelo Portao do Ceu, na famosa Praca Tiananmen (ou a Praca da Paz Celestial), que é outra atração a parte!
Muitos das estruturas dentro da Cidade original foram destruídos na revolução, mas a grande maioria ainda esta lá, inteirinha, formando a maior coleção de estruturas de madeira da China – que assim como no Palácio de verão, são super interessantes, extremamente trabalhadas e geralmente sustentadas por bambus ou troncos de madeira – ha 500 anos!
E a estrutura da Cidade ainda é a mesma, composta pelo circula externo, onde ficavam os palácios oficias do governo e templos, e o circulo interno, onde ficavam os aposentos da familia Imperial.
Logo o primeiro portão que vemos é a Portão da Harmonia Suprema, numa praça aberta enorme, que logo de cara dá aquele imagem inconfundível de onde você esta no mundo!
Todos os prédios e estruturas são nomeados de acordo com seu significado, e cada um tem um sentido específico e toda uma simbologia Budista.
Mas o portão é apenas a porta de entrada para a area principal, a Galeria da Suprema Harmonia, que era o principal templo cerimonial de poder Imperial, e até hoje é a maior estrtura de madeira da China!
E foi ali que Imperadores foram coroados, casaram, celebraram vitórias e conquistas, onde há um trono e um dos pouquíssimos prédios dentro da Cidade Proibida onde é possível ver o interior do templo – infelizmente quase todos os outros são fechados ao publico, então o passeio pela Cidade Proibida é muito mais um passeio pelos jardins e galerias, doque um “museu” propriamente dito.
Mas os nomes é que são um caso a parte! Claro que como as plaquinhas (que eu conseguia ler!) estavam traduzidas em Ingles, acabam sendo umas traduções literais meio toscas! mas muita “harmonia”, “paz”, “Longevidade”, e sem esquecer dos animais simbóicos, como o dragão, o leão, a tartaruga e tal.
Mas o mais legal mesmo é entender sobre todo simbolismo do lugar, e como tudo ali dentro tem uma cor, um tamanho, uma altura (por exemplo, alguns templos ficam em cima de “plataformas” de pedra, acessíveis por degraus, enquanto outros estão “no chão”), a posição em relação ao nascer e pôr do sol ou a direção da montanha ou da agua.
Por exemplo, as cores. O Amarelo é a cor simbolica do poder imperial, então quase todos os telhados são pintados em amarelo, pois os telhados eram as unicas partes da cidade visiveis ao mundo exterior.
E suas exceções também tem motivos específicos, como por exemplo o “Pavilhão da Profundidade Literária” (falei que os nomes são engraçados, né?) que tem um telhado preto, pois o simbolismo da agua é preto, e a agua espanta incêndios que por sua vez preserva e protege os livros.
Ou então o Palacio onde moravam os principes e princesas, que tem telhados pintado de verde, que esta associado a madeira e platas, que crescem.
Outro detalhe são os números das estatuetas que decoram os telhados – e quem são essas estatuetas. Quanto mais imagens, mais importante é o predio.
O numero máximo de imagens esta na Galeria da Harmonia Suprema, que possuía a honra maxima da cidade e seus habitantes.
Lá dentro varios predios e palácios são abertos a visitação e exibem diferentes coleções de pinturas, esculturas, jóias e moveis – mas uma quantidade absurda de relíquias foram despachadas pro Museu de Taipei logo depois da Segunda Guerra mundial, na iminencia da invasão Japonesa e sob ameaça da revolução Comunista.
O Governo decidiu retirar todos os itens valiosos e insubstituives da cidade, com medo de uma revolução e invasão da cidade, que poderia facilmente destruir o patrimônio do país.
A Cidade Proibida deixou de ser a sede oficial do Governo Chines em 1912, que marcou a queda do ultimo Imperador (e sua Dinastia), fechando os quase 1.000 anos de Imperialismo Chines e 500 anos de Cidade Proibida.
E foi justamente ao fechar o capítulo do Imperialismo que a China trocou os palacios da Cidade Proibida como seu principal simbolo e apresentou o mundo a Praça da Paz Celestial, a terceira maior praça publica do mundo.
Foi ali na Praça da Paz Celestial que a República Popular da China foi proclamada em 1949. Durante as duas decadas seguintes, o novo governo popular Chines considerou destruir a Cidade Proibida, derrubar as muralhas, delapidar os palacios e transformar o espaço em um parque popular.
Mas por sorte, nenhum desses projetos saiu do papel, e hoje em dia temos um museu a ceu aberto incrivel praticamente intacto!
Mas a foto do cara continua lá, inconfundível, bem de frente para a Tiananmen e guardando a entrada da Cidade: Mao Tsé-Tung!
Mao Tsé-Tung foi o líder da revolução Chinesa em 1949 e arquitetou oque o mundo passou a conhecer (e temer!) como a Republica Popular da China, um dos maiores, mais populosos, poderosos e estritos do mundo!
E a Praça da Paz Celestial não lembra em nada o charme imperial da Cidade Proibida, e a maioria de seus predios tem uma arquitetura tipicamente Soviética, incluindo o Monumento dos Hérois, e o Mausoléu de Mao Tsé-Tung, lá no fundão do praça.
O mausoléu foi construído com a ajuda do governo Vietnamita, tendo o mausoléu de Ho Chi Minh em Hanoi, e o Mausoléu de Lenin, em Moscou, como inspiração.
Bem no centro da praça é comum vermos os “ensaios” do exercito, alem de uma cerimônia que me lembrou bastante uma troca de guardas, tanto com os soldados que guardam a entrada da Cidade Proibida, assim como os guardinhas que todos os dias hasteiam (e retiram) a bandeira da China do topo do monumento aos Herois.