Apesar de realmente achar que Bahrain nao tem tantos atrativos turisticos quanto alguns de seus vizinhos do Golfo, eu fiquei um pouco decepcionada que meu passeio ficou ainda mais limitado por causa dos conflitos politicos na regiao.
Eh uma situacao triste, a populacao esta assustada, e infelizmente muita cosia legal foi destruida nos conflitos entre o exercito Saudita e os “rebeldes”, ou foram interditadas por questoes de seguranca. Algumas mesquitas foram demolidas e o historico “Pearl Roundabout” ja nao existe mais…
Mas ainda assim valeu conhecer Manama, a capital do reino, e as outras ilhas ao norte do pais. Aprendi bastante sobre a cultura(s) arabe do Golfo e sobre o povo de Bahrain, muito hospitaleiro e educado, diga-se de passagem!
Alguns fatos que valem a pena mencionar sobre Bahrain, sao:
– O pais pode ser cruzado de ponta a ponta em apenas 4 horas
– Eles tem mais de 400 mesquitas soh na capital
– Apesar de ser uma ilha, Bahrain nao tem “praias”, pois toda costa do pais eh propriedade privada da familia real! Mas alguns resorts conseguiram concessao de uso e oferecem praia particular a seus hospedes.
Mas como eu estava por la a trabalho, ter ou nao ter acesso a praia nao me fez a menor diferenca… e estava muito mais interessada na parte cultural do pais!
Bahrain tem uma cultura e costumes diferentes do resto da Penisula Arabe pois passou centenas de anos isolado do mundo e seus vizinhos – a ponte que os conecta a Arabia Saudita soh foi construida no final da decada de 1980!
E isso fica aparente na comida (muito diferente da comida “arabe” que imaginava), nos costumes, nas roupas e na curiosidade geral da populacao. Talvez por ainda ter essa cultura “de ilha” tao enraizada, eles sao muito curiosos em relacao a visitantes. Mas eh uma curiosidade genuina, quase Asiatica em ver alguem “diferente”, e nada ofensiva (em paises Muculmanos, eu nunca sei ate que ponto nossa cultura tao diferente deles eh “ofensiva” a alguem). Eles querem saber quem eh voce, de onde voce veio e principalmente, oque o resto do mundo sabe sobre Bahrain. Eles sao viciados em futebol e Formula 1, entao a palavra “Brasil” arrancou sorrisos de felicidade de todo mundo! Foram conversas quase utopicas, eles mal acreditando que o Brasil eh um pais que existe de verdade que “produz” seres humanos como eles!
Apesar da cultura muculmana super tradicional, eu senti que as pessoas sao mais “calorosas” e mais abertas. Exemplos bem bobos sao o fato de que os homens do escritorio me cumprimentaram com aperto de mao (visto como uma afronta em alguns outros paises Islamicos), e as meninas nao tiveram vergonha de me fazer mil perguntas sobre a vida em Londres (apesar de cobertas da cebeca aos pes, e se encaixando bem no estereotipo de mulher submissa), sobre usar ou nao usar burqas e abayas, trabalhar, viajar etc. Tudo bem “normal”.
Entao o primeiro ponto do passeio que fiz pelo pais foi justamente na area mais tradicional, no centro da ilha de Muharraq.
Eh ali que estao os mercados tradicionias (Souqs) e as poucas casas tipicas que sobraram. Algumas dessas casas de arquitetura tradicional da ilha foram recentemente reformadas e viraram centros de cultura, bibliotecas, galerias de arte e museus.
Foi legal entender como que esse povo (sobre)vivia pre arcondicionado, como armazenavam agua e preservavam comida.
Uma outra coisa que fiz por la, e que normalmente acharia uma cilada pega-turista, foi conhecer uma dessas fabricas textil artesanal.
Bahrain tem uma tradicao de vestimentas e textil bem particular, e a tecnica que eles usam pra “bordar” fios de ouro ou prata nas tunicas eh uma arte! Foi uma visita um tanto piegas, turisticamente falando, e o tipo de programa que eu evito a todo custo, mas as 4 mulheres que estava coordenamente trabalhando num bordado ficaram TAO felizes de me ver por lah, que fizeram questao que eu sentasse com elas, me explicaram como a tecncica funciona, quanto tempo demora etc.
E o melhor?! Foi pura e simplesmente uma “experiencia” cultural – nao tinha nenhuma gift shop na saida, nem ninguem me ofereceu nada pra comprar (que eh oque eu justamente odeio nessas ciladas turisticas).
Uma das cosias que Bahrain tem em comum com os vizinhos do golfo, eh o amor pelo “artificial” – apesar de uma quantidade minima de arranha ceus pela cidade, eles abracaram com feh a onda de criar ilhas artificiais!
Eles nao tem nenhuma ilha artifical “tematica“, mas tem usado a tecnica de maneira funcional e pratica.
A principal funcao das ilhas articiais eh o suporte a conexao com o continente – sao justamente as ilhas artificiais que permitiram que eles construissem uma ponte de 25km ate a Arabia Saudita, e que viabilizassem a construcao de uma (ainda nao cabada) ponte conectando Bahrain ao Qatar – que tera 40km de extencao e sera a maior do mundo!
Mas eles tambem tem usado essa tecnica de maneira espertinha, construindo mais ilhas ao redor das ilhas existentes, e assim pouco a pouco expandindo o territorio nacional.
Um bom exemplo eh o arquipelago Amwaj, composto por 7 ilhas e construido com o intuido de imitar os canais de Veneza. As ilhas foram construidas como um presente de casamento a Princesa Real Amwaj, pois seu pai (o Rei de Bahrain) queria construir um palacio a sua altura, mas ela nao gostou de nenhuma dos outros terrenos pertencentes a familia (que basicamente eh o pais todo), entao seu pai mandou construir um novo conjunto de ilhas, convenientemente conectado a ilha principal por pontes, e com um pelissimo palacio a beira mar. Entao a princesa tem usado o resto da area pra investir no mercado imobiliario de luxo, construindo villas e casaroes gigantescos na beirada dos canais e do mar.
Oque mais me surpreendeu nessa viagem foi descobrir que os Portugueses foram uns dos primeiros “colonizadores” da Ilha! Nunca tinha ouvido falar em assentamento Portugues em Bahrain (que na epca nao era Bahrain ainda)!
Ate hoje uma das reliquias historicas e turisticas do pais eh o “Forte Portugues”, construido (tcharam!) pelos exploradores Portugueses no seculo 16, atraidos pela posicao “protegida” de uma ilha (sem ataques vindo dos inimigos do interior) e principalmente por causa das fontes de agua doce que brotavam das areas do deserto.
Infelizmente essas fontes ja nao existem mais, mas o Forte foi usado como posto de abestecimento para as Naus Portuguesas que faziam o trajeto entre o leste Africano (Mocambique e Zanzibar) e as Indias (Goa e Macau), que era uma rota altamente navegada pelos Portugas nos seculos 16 e 17 por causa das rotas de comercio de escravos e especiarias.
Na verdade a colonia Portuguesa principal era em Omam, mas o abastecimento e manutencao era em Bahrain.
Mas o ponto alto da passoi foi a visita a Mesquita Al Fatih, que apesar de nao ser antiga nem nada, eh a maior e mais exuberante do pais. Alem de ser uma das poucas que aceita visitas de nao-muculmanos e mulheres.
Nessa mesquita eles operam um programa muito parecido com o “Mentes abertas” de Dubai (um pouco mais improvisado, pois eles nao recebem tantos turistas) onde guias te explicam tudo sobre o Islamismo, comparacoes com outras religioes (varios folhetos e livrinhos explicando o relacionamento do Islam com Jesus Cristo e o Cristianismo) e contam muito muito orgulhos, sobre os muitos milhoes gastos pra construir uma mesquita tao impressionante: marmores Italianos, luminarias Francesas, carpete de la Escocesa feita a mao, madeira Indiana, vidros Austriacos e um domo de fibra de vidro que repele o calor, construido com tecnologia Americana.
Apesar de “deixarem” mulheres entrar na area comum da mesquita (durante as oracoes mulheres usam os mezaninos da mesquita ou a area especial para mulheres e criancas), temos que nos cobrir inteiramente – e mesmo usando calca comprida, blusa de manga 3/4 e um lenco preto cobrindo colo-pescoco-cabelo (passo mal soh de lembrar o calor!) tive que usar uma abaya tradicional, que eles mesmos fornecem antes de entrar na mesquita.
Mas preciso confessar que eu acho mor diversao usar uma abaya em lugares assim, sabe?! É uma experiência diferente, com um “que” de exotico.. sei lá… entender melhor oque acontece do lado de “lá”.
A primeira vez que isso aconteceu, na Siria, eu fiquei um pouco apreensiva, mas dessa vez gostei. Achei que me deixou mais confortavel e mais camuflada entre os locais. Passei desapercebida entre os fieis, oque me deu mais liberdade de andar pelos ambientes da mesquita sem me sentir invadindo o espaco alheio e sem chamar atencao demais, oque me deu a chance de explorar melhor o interior.
Outra area legal da cidade, que eh seu “simbolo” pro mundo, eh a parte mais moderna de Manama, e a Zona Diplomatica, onde ficam os escritorios das multinacionais e grandes bancos, principais hoteis e os arranha ceus arrojados e modernos da cidade.
O principal, eh o World Trade Centre, que sao na verdade duas torres, meio em formato de vela e conectados por helices de moinhos de vento.
Esse predio eh o orgulho do pais, que construiu o primeiro edificio 100% verde e auto sustentavel da regiao. As helices produzem energia eolica, enquanto que sue exterior eh todo coberto por paineis de energia solar.
E claro, Bahrain nao seria um pais mebro do Golfo que se preze, se nao fossem os (muitos) shoppings!!
Basicamente todo hotel e/ou grande predio tem um shopping pra chamar de seu, e muitos deles com conexoes subterraneas com os outros (porque sair na rua com aquele calorao eh impensavel!).
Nenhum deles eh o “maior” disso ou daquilo, mas fiquei surpresa de ver que eles tem absolutamente todas as marcas possiveis e imaginaveis, tanto da Europa quanto dos EUA (muitas marcas Americanas que nao temos na Inglaterra por exemplo), das mais baratinhas e acessiveis (Primark e Forever 21), passando por todas as possiveis High Street/Fast fashion, ate as super carissimas.
Os shoppings que eu coonheci, foram:
– Moda Mall: Era conectado ao meu hotel por uma passagem subterranea, no frescor do ar condicionado a 300 graus negativos (mentira… 17 graus), e vendendo unica e exclusivamente marcas de luxo (e que faz parte tambem do complexo do World Trade Center).
– Seef Mall: Um dos principais da capital, apesar de nao estar localizado oficialmente em Manama (mas o pais eh tao pequeno que a cada 5 minutos na avenida voce esta numa “cidade” diferente). O Seef Mall tambem eh conectado ao Marina Mall, que eh um shopping de moveis e decoracao.
– City Center Mall: Meu preferido de Bahrain, e bem no estilao Brasileiro/Americano de shopping. Tudo quanto eh tipo de lojas e marcas, muitas opcoes de entretenimento, restaurantes, parque de diversao etc.
Uma coisa interessante que vale a pena contar sobre a cultura (e cultura de compras) do pais, eh que eles tem fama de “festeiros” e “notivagos”.
Ao contrario dos vizinhos Arabia Saudita e Qatar que seguem uma linha super estrita do Islamismo, o Bahrain se considera (e eh considerado) o pais bon vivant da regiao.
Talvez por trem essa coisa meio “de ilha”, ou mais provavelmente por causa do calor assolador, o pais funciona melhor depois que o sol se poe.
Eles adoram uma festa e um festival, suas avenidas ficam engarrafadas e lotadas de Sauditas e Qatarianos que veem festejar em seus restaurantes, bares e baladas (o Bahrain tolera bebida alcoolica e musica/danca, coisas banidas da cultura Qatariana e Saudita), e muitas de suas lojas nem sequer abrem as portas antes das 5 da tarde – que eh quando o sol se poe, as temperaturas baixam e as pessoas saem de casa mais livremente.
Os shoppings acima, por exemplo, ficam aberto ate meia noite de quarta a sabado (pegando o fim de semana Saudita – quinta e sexta – e o fim de semana Arabe – sexta e sabado) e muitos restaurantes nem sequer divulga o horario de encerramento (coisa impensavel na Europa, onde os restaurantes comecam a lavar os pratos as 10 da noite no maximo!).