Uma das coisas mais legais que nós fizemos em Dubai foi assistir uma palestra “Open doors, open minds” ministradas por voluntarios do “Centro de Compreensão Cultural Sheikh Mohammed” (o nome verdadeiro é “Sheikh Mohammed Center for Curtural Understanding“) que tem como objetivo desmistificar os estereotipos e mitos sobre muçulmanos e o Islamismo.
A palestra acontece na Mesquita Jumeirah todos os Sabados, Domingos, Terças e Quintas as 10:00 horas, dura cerca de 1 hora e meia e custa 10 Dirhams (mais ou menos 4 dolares).
A palestra que assistimos foi dada por duas Inglesas, convertidas ao Islamismo após se casarem com Muçulmanos, e logo de cara elas avisaram: nao se inibam; Nós já ouvimos de tudo nessa vida, e já estivemos “no outro lado” e tínhamos as mesmas duvidas e os mesmos preconceitos que voces. Entao a palestra é justamente pra quebrar todos esses mitos e explicar oque realmente acontece.
Eu achei a iniciativa sensacional, e adoraria que mais cidades e religiões fizessem o mesmo!
Para entrar na mesquita é necesario estar com pernas e braços cobertos (para homens e mulheres), e as mulheres devem cobrir os cabelos com um lenço. Os sapatos devem sempre ser deixamos na porta (ou guardados na bolsa, se for mais pratico).
A palestra comecou com um tour pelo interior da mesquita, mostrando algumas das caracteriscas de arquitetura especificas da religiao. Pra quem nunca entrou numa Mesquita, ao contrario das Igrejas elas sao realtivamente simples e um espaço bem aberto. Na verdade tudo que é necessario para “ter” uma mesquita é um carpete, respeitar os horarios de orações e a direção de Mecca.
As cadeiras estavam ali apenas para a apalestra – mesquitas nao tem cadeiras, pois todas as orações sao feitas no chao, direto no carpete.
Numa mesquita o ponto principal, ou oque seria o equivalente de um altar, é o Mihrab, que é um espaço na parede do fundo da Mesquita que indica a direção da Qibla, ou a direção de Mecca; e o Mihrab sempre tem o formato de uma porta, pois simboliza a passagem para Mecca.
Outro ponto focal de uma Mesquita é o Minbar, que é um mini altar, ou mini plataforma de onde o Iman (lider daquela especifica mesquita – como se fosse um padre) ministra o sermão de sexta feira, ou o Khutba.
A principal função do Iman, alem do sermão Khutba é “cantar” o Adhan que é a “chamada” para oração que acontece 5 vezes por dia, de acordo com o calendario lunar e a posição do sol: Al Fajr, antes do sol nascer; Al Thuhur, meio dia, ou antes do almoço; Al Asr, no meio da tarde; Al Maghrib, entre o por do sol e o anoitecer, e o Al Isha, a noite – diariamente, os jornais Arabes publicam os horarios corretos da oração, e todos os Muçulmanos abeis, devem parar oque estiverem fazendo e completar o ritual do Salat (a oração em si). No nosso passeio ao deserto, o motorista do nosso jeep parou num posto de gasolina no meio da estrada, onde ele fez sua “Ablution” e depois foi a sala especial de oração. E quando reparei oque estava acontecendo, tirei uma foto discretamente e entao vi que praticamente todos os carros, taxis e caminhões que passaram pelo posto naquele momento, pararam, e os motoristas foram direto para a sala de oração.
Nos shoppings centers tambem existemm varias salas de oraçao espalhadas, para que as pessoas nao tenham que para suas compras para cumprir com suas obrigações religiosas.
Na palestra elas contaram tambem algumas estatisticas interessantes: Estima-se que 1 em cada 5 pessoas no mundo sejam muçulmanas, e que ao contrario dos mitos que cercam a religião, apenas 20% dos Muçulmanos sao Arabes, e apenas 30% de todos os Muçulmanos do mundo moram no Oriente Medio. A maior comunidade Muçulmana do mundo esta na Indonesia, e o Islam é a segundo maior religião nos Estados Unidos e Gran Bretanha.
Tambem aprendemos sobre os 5 pilares do Islam, que sao: – Shahadah: acreditar na existencia de apenas um unico Deus; – Salat: as cinco orações diarias; – Zakat: caridade e ajuda ao proximo (que deve ser equivalente a 2.5% da renda de cada individuo, ou familia. Esses 2,5% podem ser doados a quem voce quiser, ou a sua Mesquita); – Haj: a pelegrinaçnao a Mecca, pelo menos uma unica vez na vida.
No final da palestra, começamos a seção de perguntas e respostas, e quase todas foram sobre as roupas e relcionamentos familiares e entre homens e mulheres.
Segundo elas, ao contrario doque as pessoas pensam, segundo as leis do Islamismo, homens e mulheres sao exatamente iguais, e por mais que os ocidentais acreditem que o Islamismo é opressor as mulheres, elas discordam, e acham que suas vidas e liberdade de ir e vir nao mudou em nada ao se converterem ao Islamismo e morarem em Dubai.
E nos explicaram tambem sobre as roupas tipicas dos Emirados. O nome correto é Abaya, ou o “vestido” que elas usam por cima da roupa – a cor mais comum é preto, mas podria ser branco, azul, ou qualquer outra cor. A função da Abaya é “esconder” oque esta por baixo e dar mais liberdade para que as mulheres usem oque quiserem; E por isso tambem a maioria das mulheres acaba escolhendo o preto – pois ajuda a comuflar melhor a roupa que elas estao por baixo.
E o mesmo vale para o lenço que cobre os cabelos. Por uma questao de respeito a Deus, as mulherem devem cobrir seus cabelos – porem nao é obrigatorio. Na verdade vimos muitas mulheres andando pelos shoppings com lenços que cobriam apenas metada da cebeça, ou deixavam a fraja ou o topete pro lado de fora.
Em compensação outras, estavam to-talmente cobertas, inclusive seus olhos. Segundo as palestrantes, usar ou nao veu no cabelo, cobrir ou nao o rosto é uma opção pessoal, e geralmente significa um comprometimento meio com Deus.
Elas tambem falaram sobre a Burqa, que é uma “mascara’ usada por algumas mulhres que cobre as maças do rosto e o nariz. Na verdade, a mascara que parece ser feita de metal e extremamente opressora é feita de couro e seda, e teve sua origem nos povos nomades do deserto, e as mulheres usavam a burqa para proteger sua pele e olhos do reflexo do sol. Por um tempo o uso da Burqa diminuiu bastante (depois que inventaram filtro solar e oculos escuros), mas que de uns tempos pra cá, muitas mulheres voltaram a usar como um “protesto” e como proteção da cultura Arabe, que tem sofrido bastante nos ultimos anos, pos 11 de Setembro. Hj em dia é bem comum ver meninas bem novas e adolescentes que usam a Burqa cobrindo seus rostos como um ato de orgulho de suas raizes e tambem como um fashion statement, comprando burqas em diferentes cores, com brilhantes, pedras preciosas etc.
E o mesmo vale para os homens. Usar o Kandoora (o “robe” branco até o chao) além se pratico, tambem ajuda a diminuir o calor corporal no calor do deserto do Golfo, e o lenço na cabeça Gutra, mostra respeito a Deus e seu compromisso com a religião. É igualmente aceito que homens usem bonés ou outrso tipos de chapeu, por exemplo, mas de uns tempos pra cá, por puro “orgulho de ser Arabe”, muitos homens voltaram a usar a Gutra e Agal (que a corda que amarra o lenço Gutra na cabeça deles) como um fashion statement.
Os shoppings de Dubai sao cheios de lojas que vendem as Abayas e e Kandooras, que sao “moda” como qualquer outra loja – teem opcoes mais caras, mais baratas, tecidos tradicionais ou cheios de tecnologia, Petes, brilhantes e detalhes…
Definitivamente recomendo demais uma das palestras ministradas pelo centro de cultura (eles tambem tem outros eventos culturais que soa abertos a turistas), e se mais paises e mais religioes tomassem iniciativas desse tipo, o mundo teria menos preconceito e provavelmente teriamso menos conflitos e confusoes causadas por interpretacoes erradas da religiao alheia.