Nós chegamos em Cusco ainda sob o efeito pós Machu Picchu – e sabíamos que depois de visitar o santuário Inca, todo o resto seria bônus. Não de uma maneira depreciativa, ou como se não déssemos importância a Cusco ou o resto do país, muito pelo contrário. Mas passado Machu Picchu, o resto da viagem teve gosto de “férias das férias”. Sem compromissos, sem pressão.
No outro dia alguém me perguntou no Instagram quais foram os passeios inéditos e inusitados que fizemos em Cusco, para fugir do lugar comum. Minha resposta? Nenhum!
Tivemos apenas 2 dias e 1 noite em Cusco, e estávamos longe de querer encarar uma gincana! Foram dois dias de apenas curtir e perambular pela cidade, aproveitando tudo que Cusco tem de mais óbvio: seu centro histórico, bares e culinária!
Nós ficamos hospedados no incrível Palácio del Inka, bem no centro da cidade, e de frente para a catedral/templo Koricancha, e a 5 minutos (andando) da praça central da cidade.
O hotel foi construído no casarão de um antigo convento Espanhol, então tem uma arquitetura incrível e decoração “colônia”, que só contribuiu para a experiência de uma das cidades coloniais mais antigas da America do Sul.
Os pátios internos, escadas suntuosas, restaurantes e bares, e claro, os quartos, super confortáveis e cheios de carácter! Com todas as modernidades necessárias na medida certa, mas com móveis característicos, tecidos pesados e muito conforto!
O único problema desse tipo de hotel é justamente o dilema “ficamos aqui pra curtir o hotel, ou saímos pra explorar a cidade?”! – decisão difícil!
Pegamos todas as dicas sobre o que fazer e onde comer na cidade com o concierge do hotel – eles sempre são uma fonte inesgotável de conhecimento local!
Então logo no nosso primeiro dia, nossa primeira refeição foi a recomendação do hotel: o restaurante (relativamente) escondido na praça central “Limo“, no segundo andar de um sobrado, com a vista da praça e da catedral, com culinária Peruana tradicional, porém muito moderna.
A comida estava simplesmente sensacional, e a mistura perfeita de ingredientes e elementos Peruanos, com um toque bem moderno!
Acabamos ficando por lá bem mais tempo do que o planejado, mas sabe aqueles lugares perfeitos para um “almo-rave” (um almoço tão gostoso e relaxante que dura quase tanto quanto uma festa rave!).
Mas quando saímos de lá, já estávamos prontos e na cara do Gol para explorar a praça principal, a Plaza de Armas.
É ali o coração da cidade. Onde os primeiros exploradores construíram suas casas, igrejas e governo, e ao longo dos séculos foi se expandindo.
As duas atrações principais, são impossíveis de se perder: A Catedral de Cusco, e a Iglesia de la Compania.
Nós começamos pela Iglesia de Compania, menorzinha e bem no canto da praça, com uma vista privilegiada. E foi justamente isso que nos atraíu direto pra lá: vimos pessoas nas varandas das torres e imediatamente pensamos na vista!
A Igreja é uma das mais antigas do Peru, construída em 1571, e tinha a intença de ser também a maior e mais imponente… Ela foi parcialmente destruída num terremoto no século 17, e logo depois reconstrída – mas seu interior parece que realmente viu a última mão de tinta mais ou menos nessa época!
Mas ao contrário do que pode soar, isso mantém o clima de “antigo” e carácter da Igreja – inclusive na escadinha que sobre até as torres, que é simplesmente apavorante! E se você mede mais que 1 metro e meio, cuidado com a cabeça!
Mas como imaginamos, a vista foi incrível! Então se você só tiver tempo de fazer uma única coisa em Cusco, suba na Torre da Iglesia de la Compania para ver a cidade lá de cima!
E logo na outra esquina, está a Catedral de Cusco, construída uns anos mais tarde (1560), mas que demorou mais de 100 anos para ficar pronta, e cada novo líder Espanhol que tomava a cidade, decidia acrescentar uma pouco mais e deixar sua marca.
Ambas as igrejas tem uma história controversa, pois foram construídas em cima de templos Incas, que foram destruídos como simbolismo da dominação Espanhola sobre os Incas, servindo de base a matéria prima para as novas construções.
Mas quando estávamos lá dentro ouvi uma bela explicação de um guia à uma família Espanhola, que comentaram justamente isso: que por serem Espanhóis, eles se sentiam “culpados” por tanta destruição, e em boa parte, pelo mundo não saber realmente quem foram os Incas.
E o guia respondeu que não – por mais que realmente isso seja uma página negra do passado Sul Americano e Espanhol, o Peru de hoje é o que é justamente por isso, por essa mistura, e pelas adversidades. Ninguém ali “culpa” os Espanhóis de hoje em dia, e muito menos os Espanhóis exploradores do século 16. Cada povo fez oq ue sabia fazer melhor, e a história de lá pra cá, conta a estória da vitória do mais forte.
Mas ainda assim, é impossível andar pela catedral sem reconhecer os elementos Incas e Peruanos nos detalhes e elementos da igreja, como por exemplo, o seu mais famoso mural, da Santa Ceia, onde Jesus e seus apóstolos ceiam porquinhos da índia assados (uma iguaria Peruana) e bebem “chicha”, uma bebida alcoólica tipica local, feita do milho vermelho.
De resto, tudo que fizemos em Cusco foi perambular e explorar as ruelas ao redor da Plaza de Armas, e os mercadinhos de artesanato e coisas típicas.
Fizemos também o circuito turistico da cidade antiga, que nada mais é do que um roteiro sugerido pela própria cidade, que passa por algumas ruas históricas, principais museus e galerias.
Tudo muito pitoresco e típico, e sempre com muitas mulheres em trajes típicos e coloridos! Muitas eram autênticas, indo e vindo em suas vidas, já outras estavam ali com suas Alpacas e Llamas justamente para chamar a atenção dos turistas.
Sei que essas coisas são de gosto debatível, mas foi impossível resistir às cores e aos sorrisos!
E no fundo, elas fazem parte da economia da cidade, esse é seu trabalho e famílias inteiras dependem disso.
Nossa última refeição em Cusco foi também uma recomendação do concierge do nosso hotel, e fomos jantar no “Chicha“, a versão Cusquenha e Peruana do aclamado chef Sul Americano Gastón Acurio (o mesmo do Astrid y Gastón que tem filiais em algumas cidades, e que nós conhecemos em nossa viagem ao Chile).
O Chicha não faz reservas, então tivemos que esperar um pouco antes de conseguir uma mesa, mas não foi nada terrível, principalmente por causa do belo bar de Pisco la dentro!
A comida foi muito mais tradicional e típica do que esperávamos, com muitos ingredientes que nem sequer sabíamos o que era! Mas igualmente deliciosos!