Aterrisar no novissimo aeroporto de Siem Rep com um tempo ensolarado e ar fresquinho foi um grande alivio depois de uns dias na quente e humida Kuala Lumpur…
Camboja foi um dos poucos lugares que quase nao pesquisamos nessa viagem. Sabiamos que queriamos ver os templos de Angkor e soh. Mas fomos pra lah sem saber muito sobre o pais, a cidade e a cultura local.
Entao Siem Rep foi uma otima surpresa na nossa viagem. A segunda maior cidade do pais, nao deve ter mais de 50.000 habitantes (se isso tudo) e parece ser uma enorme fazenda. Porem as coisas parecem ter mudado muito nos ultimos 1 ou 2 anos. Quando nosso guia (Rough Guide Southeast Asia) foi publicado (final de 2006) o Camboja ainda nao tinha caixas eletronicos, os bancos eram rarissimos e haviam poucos hoteis disponiveis, sendo a maioria deles pensoes ou casa de familia.
Porem a unica avenida que liga a cidade ao recem contruido aeroporto jah tem uma cara bem diferente: hoteis 5 estrelas sendo construidos um ao lado do outro como uma linha de montagem industrial, bancos, supermercados, pizzarias, postos de gasolina.
Porem, como o pais soh foi aberto ao turismo em meados dos anos 90, e soh comecou a ficar popular entre os ocidentais depois da abertura do aeroporto (e com os voos baratos da Air Asia!), o governo decidiu aproveitar a “chance” para fazer as cosias bem feitas.
Os hoteis 5 estrelas por exemplo, todos seguem um padrao estabelecido, para manter a uniformidade da regiao, e respeitar o meio ambiente. A cidade que ateh pouco tempo nao tinha nenhuma rua asfaltada, jah comeca a ter alguma rodovias (uma meia duzia, e as outras ainda estao sendo construidas – o resto do pais eh todo de chao de barro, e a maioria dos vilarejos fica inacessivel durante as moncoes); e o investimento eh nitido principalmente na educacao. Nao encontramos nenhuma pessoa que nao soubesse falar um ingles quase perfeito, e nao eh o mesmo tipo de Ingles que se fala na Tailandia (o suficiente pra tentar arrancar mais dinheiro dos turistas!) e sim um bate papo de igual pra igual.
Alem disso, as pessoas sao genuinamente simpaticas e gentis, e nao nos sentimos gringos “carne no acougue” um unico segundo.
Porem o contraste ainda eh bem grande, e o pais esta entre os mais pobres da regiao, com a maioria absoluta da populacao vivendo no campo, da agricultura de subsistencia ou em plantacoes de arroz. Portanto o turismo eh visto como a grande change que eles tem de tirar o peh na lama, e pelo visto estao seguindo pelo caminho certo.
Para visitar os templos de Angkor, a melhor coisa a se fazer eh “alugar” um tuk-tuk por todo o periodo que voce estiver por lah. Eles cobram um preco fixo por dia (geralmente 15 USD) e te levam pra ver todos os templos. Pode parecer meio preguicoso ter um “motorista” pra andar na cidade minuscula, mas os templos ficam dentro de um parque nacional, no meio da selva e ficam bem afastados da cidade. Alem disso, os templos ficam longe um dos outros, com sinalizacoes quase sempre na lingua local, camuflados na floresta, e na maioria das vezes a km e km de distancia um do outro (alguns chegam a estar uns 40 km dentro do “campo”).
As pessoas sao tao simples e tao simpaticas, que no final do 3o dia, nosso motorista (o Mr. Say) jah era praticamente da familia, e nos levou pra tudo quanto eh canto. Sabia qual horario ir em cada templo (pra ter uma melhor luz do sol para as fotos- ele percebeu que nos dois eramos viciados, com trezentas cameras, tripe, etc), como evitar as massas de turistas, onde tinha o melhor por do sol, o melhor mercado, o melhor restaurante Khmer (que eh a “raca” original do Camboja), etc. E ia nos contando a historia, um pouco mais da cultura local. Nos levou pra ver os campos de arroz, os campos onde ateh pouco tempo atras eram cheios de minas (e que mataram milhoes de pessoas – e ainda matam), e pra comer doce de palmeira num vilarejo no meio do nada.
Apesar de praticamente nao ter dentes dentro da boca, Mr.Say falava um ingles perfeito, que aprendeu na escola e segundo ele eh oque permite que ele tenha o emprego que tem, e assim sua mulher nao precisa trabalhar nos campos de arroz e seus filhos podem ir pra escola.
Essa viagem esta sendo extremamente filosofica para nos, nos dando uma percepcao de vida completamente diferente, e literalmente mudando meu mundo. E o Mr. Say foi um grande contribuinte. No ultimo dia, eu fiquei ateh trsite de me despedir dele!
Depois eu vou escrever um outro post mais detalhado sobre os templos de Angkor (fica dificil lembra qual eh qual sem ter as fotos e o livro a mao…), mas resumidamente eh o seguinte:
Angkor foi inicialmente contruido por volta do seculo V dc como um templo Hindu. Porem um dos Reis Khmer da epoca resolveu se proclamar um Rei-Deus e converteu os templos para Budistas. Porem, para se tornar Deus, ele criou uma religiao hibrida que mistura Hinduismo e Budismo, onde os Reis-Deuses eram a reincarnacao dos filhos dos Deuses Hindus.
No total, os Reis-Deuses se sucederam em 39 dinastias, e os poucos registros historicos que existem, mostram que a cidade tinham ais de 1 milhao de habitantes, e alem de ser a mais poderosa e rica da Asia, tambem era a mior cidade do mundo.
Porem o poder dos reis Khmer gerou inveja e ira de seus vizinhos, que atacavam e tentavam derrubar o reino (principalmente Vietnam e Tailandia), ateh que num desses ataques o rei foi morto, e acidade foi completamente abandonada por toda populacao.
E assim permaneceu por mais de 500 anos. Os locais sabiam da existencia da “cidade fantasma” mas a mitologia local era cehia de historias e crencas e ninguem chegava nem perto, ateh que os templos foram “redescobertos” por um explorador americano no inicio do seculo XX.
Porem por causa de seu total abandono por mais de 5 seculos, a cidade foi literalmente engolida pela floresta, que por um lado destruiu muitos templos, mas ao memso tempo ajudou a conserva varios outros que hoje em dia soh estao perfeitamente de peh porque os troncos das arvores cresceram entre eles.
A visao dos templos se entrancando nos troncos das arvores eh algo simplesmente indescritivel!
Quanto a viagem em si, 3 dias foi mais que suficiente… Sempre rolam aquelas cosias de “pra conhecer direito tem que ficar por lah pelo menos X meses…!!”, mas a verdade eh que depois da 15a ruina, todos sao mais ou menos parecidos, e meio que cansa. Na verdade, daria ateh pra ver os principais templos num unico dia. Seria super corrido, mas dah.
Minha recomendacao seriam 3 dias, que eh o tempo certo pra ver todos os templos com toda calma do mundo, dar uma voltinha pelos vilarejos, pelos campos de arroz e ver alguns do templos mais afastados tambem.