01 Jul 2005
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Eu, ferias e viagens…

Dia a dia, Dicas de Viagens, Vida no Exterior

Quem me conhece (ou quem le o blog ha um tempinho) sabe que eu ADORO viajar… Nao perco nenhuma oportunidade de conhecer um lugar novo, ou simplesmente mudar de ambiente um pouquinho, mesmo que isso signifique encarar perrengues ou gastar um pouquinho mais doque meu orçamento permite.

  

Pois é. Amanha estarei saindo de ferias outra vez. Ferias de verao por 2 semanas!!!

Minha me nao consegue entender onde eu arrumo tanto tempo, e dinheiro pra viajar… Entao vamos por partes.

  

O roteiro dessas duas semanas serao:

Amanha estou de partida pra Barcelona, onde vou passar 4 dias com minha tia e minha prima fofucha. De lá sigo diretamente pra Pamplona pra ir à festa de San Fermin e o Running of the Bulls outra vez (já fui ano passado e foi OTIMO!), onde encontro com varios amigos. Ficaremos por lá apenas alguns dias (a festa dura 1 semana) pq nao ha saude que aguente festa e sangria 24 por dia durante um tempo muito grande, e ainda por cima dormindo ao relento no parque (mas essa é a melhor parte!!)! E finalmente, proximo sabado partirei pra IBIZA para mais 8 dias de muito sol e partying hard!!!

Eu e a Nienke (da Holanda) já estamos com os nervos a flor da pele, calendario das summer parties no bolso e mochila nas costas!!

Vou voltar dessas ferias precisando de ferias, e provavelmente precisando de um medico tambem…

  

Mas e qual é o segredo?!?!?

  

Muito simples.

Pra começar, como eu já tinha explicado aqui antes, eu trabalho pra IBM Portugal, porém sediada na Espanha. Isso significa que eu trabalho de acordo com o calendario Portugues, ou seja, nao tenho direito de usufruir os feriados espanhois; por tanto oque acontece é que eu tenho, por lei como qualquer trabalhador na espanha, direito a 22 dias uteis de ferias, e mais um credito de 14 dias uteis correspondente aos feriados espanhois que eu nao usufrui por estar trabalhando para Portugal. E de quebra eu ainda tenho a possibilidade de usar minhas horas extras como dias livres, em vez de receber dinheiro por elas. Oque significa que eu tenho + ou – 6 semanas de ferias por ano. E acreditem: 6 semanas é MUITO tempo, principalmente pq eu sempre tento otimizar esses dias, emendando com fim de semanas etc…

  

Mas e dinheiro pra fazer isso tudo?!

Logico que eu só vou pra esses lugares todos pq eu moro aqui do lado. Se tivesse no Brasil seria impossivel ir passar um fim de semana em Sevilla, depois outro em Tarifa e depois outro em Ibiza.

Mas aqui é tudo realtivamente perto, e os acessos sao faceis.

E mesmo a espanha nao sendo um pais barato para se viajar, sempre ha uma alternativa, e tudo é uma questao de prioridade.

Por exemplo, eu nao me incomodo em passar uma noite viajando de onibus, e depois passar o dia todo andando conhecendo em uma nova cidade, ou pais. Nao me incomodo em me hospedar em albergue com banheiro no corredor, ou acampar. Passar alguns dias comendo sanduiche, etc… Tudo é uma questao de prioridade, e pra mim, viajar e conhecer o mundo é uma prioridade.

  

E falando em prioridades, financiar essas andanças tb é feita na base das prioridades…

  

Viajar na europa é relativamente barato, se pensar em quem ganha em euros e nao tem que multiplicar todos os gastos por 3 (ou 4, depende de como estiver a cotaçao do Real…). ha companias aereas de Low cost pra praticamente todos os cantos do continente. Trem entao nem se fala… te levam pra onde vc quer. E os onibus sempre sao infinitamente mais baratos, e as distancias nao sao tao grandes, entao dá pra encarar numa boa.

  

Memos assim isso implica um custo. E eu, como boa economista, analiso todas as possibilidades, alternativas e orçamentos. Me planejo com antecedencia e fuço bastante na internet. Portanto sempre acabo achando uma opçao que se encaixa no meu bolso.

  

E no meu dia a dia eu sempre penso nisso tb. Já passei da minha fase de consumista desmedida ha muito tempo… Hj em dia nao entro numa loja pra gastar, por exmplo, 50 euros, pq com esse dinheiro eu poderia compra uma passagem pr air nao sei onde, comprar o ingresso pra ir no show de nao sei quem, ou sair com meus amigos nao sei quantas vezes. E coisas assim, pra mim, valem muito mais doque comprar uma blusinha “linda-rosa-de-florzinha-é-que-é-tudo!” que eu vou enjoar depois de algumas semanas. Economizo até em coisas bobas, mas que pra mim nao sao prioridades e nao me fazem a menor falta. Minhas amigas adoram me chamar de pao dura, bla bla bla, e eu morro de rir com isso. Sou mesmo, fazer oque? É tudo uma questao de ponto de vista, e realmente nao gasto dinheiro desnecessario em coisas bobas.

Trabalho muito, estudo muito, nao aceito dinheiro dos meus pais ha muito tempo, e aprendi direitinho a dar o valor necessario às coisas que tenho.

Entao na verdade, nao existe segredo nem magica nenhuma. É tudo bastante real e bem possivel….

  

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E voltando às ferias…

Acho que o acesso a internet durante essas duas semanas serao escassos, mas pretendo relatar todos os detalhes aqui o mais frequente possivel. Pq eu sei que vou ter muuuuuuuita coisa pra contar!!

 

 

Adriana Miller
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30 Jun 2005
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She said good bye too many times before…*

Dia a dia, Vida na Espanha, Vida no Exterior

Ontem foi o dia mais temido dos ultimos 11 meses. Eu sabia que um dia ia chegar, mas me parecia um futuro tao longiguo, que eu nem pensava nisso.

O problema é que o tempo passa rapido demais. Sempre passa. E como nada dura para sempre, e oque é bom dura pouco, ontem virei a pagina final de um grande momento da minha vida.

Cliches e frases feitas a parte, eu explico.

Ontem foi a festa de despedida dos meus grandes amigos. Alguns já tinham ido antes, outros ainda ficam um tempinho mais, mas ontem foi literamente uma debandada, e as pessoas que partiram eram sem sombra alguma de duvida, as mais importantes.

  

Quando eu vim pra cá, e durante todo o tempo que eu planejei a vinda pra espanha, o mestrado etc, eu nunca nem poderia imaginar as pessoas tao maravilhosas que eu encontrei aqui, e nem no meu mais wildest dream eu sonhava em viver tudo que vivi e ser tao feliz quanto fui todo esse tempo.

  

Esse meu estado de graça tem varios motivos, uma conspiraçao galatica extrememtante feliz, uma conjugaçao de fatores que fez com que tudo fosse dando certo, e muito certo.

Sem duvida um dos pontos fundamentais foi ter conhecido as pessoas certas nos momentos certos.

  

Os amigos que conquistei aqui foram os melhores companheiros que eu podia pedir pra compartilhar a maravilha que foi toda essa experiencia.

Aqui eles foram meus companheiros, amigos de verdade. Minha familia, minha bebida, minha comida, meu ar. Assim como eu pra eles, e todos por todos. Aqui formamos uma comunidade e niguem era “yo”, mas todos eramos “nosotros”. O pensamento era sempre coletivo. A feliciadade era compartilhada irmamente, assim como a dor e as dificuldades.

Eles cuidaram de mim, e eu cuidei deles.

Eles me amaram, e eu amei eles.

  

Agora ficou a promessa dos reencontros futuros, que sinceramente nao acho que será dificil de virar realidade, mas nunca, jamais, será a mesma coisa.

  

Viajar o mundo, conhecer pessoas diferentes, é uma coisa maravilhosa, mas nada vem de graça, e nesse caso o preço que se paga é que um dia vc tem que se despedir de todas as pessoas que vc conheceu.

  

Ontem eu chorei até nao poder mais… soluçei de verdade, como ha muito tempo nao fazia. Mas pensando bem, eu nao consigo ficar triste.

Sou uma otimista irrmediavel, nao tem jeito. Memso quando me estestelo de cara no fundo do poço eu vejo o lado positivo. Sou dessas pessoas irritantes que sempre estao tentando convercer os outros de como a vida é boa. E acho que é por isso que a minha vida é tao boa. Eu faço ela ser assim.

Entao como poderia ficar triste, mesmo depois de todas essas despedidas?

Voltando pra casa ontem, caminhando pela Calle Fuencarral, olhando a lua e só conseguia pensar: OBRIGADA!! Por tudo. Pela vida, pela experiencia, pela oportunidade e pelas pessoas.

  

Outros amigos virao; outras situaçoes, outras experiencias virao. Cada um terá seu papel importante, sua contribuiçao.

  

Sabado estou saindo de ferias, por 2 semanas, e com certeza isso vai ajudar bastante a me adptar a nova “realidade”. E com certeza agora a expectativa em relaçao ao novo rumo e novo futuro estao cada mais mais aguçadas. Espero poder compartilhar as boas novas muito em breve.

  

  

*musica “This Love”, Maroon Five, que eu simplesmente adoro, e já ouvi tanto que até enjoei do cd.

E realmente eu já dei adeus vezes demais na minha vida. Já tive que deixar pra tras, e já fui deixada pra tras por pessoas muito importantes. Cada despedida é uma nova fase que começa.

Já passei por isso tantas vezes, e sei que ainda tenho muitos outros me aguardando vida afora.

Quando sai de Portugal aos 15 anos, me rasgando de desespero, uma amiga me deu um bilhetinho, um papel enrroladinho, meio sujo, meio amassado que dizia “Uma despedida nao é um ponto final… e sim uma virgula”. Tenho esse bilhetinho guardado até hj, e acho que ela nao tem nem ideia de como esse gesto tao simples e inocente mudou tanto a minha vida.

 

Adriana Miller
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25 May 2005
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Estereotipo, preconceito e bizarrices afins

Vida no Exterior

Eu acho que nunca sofri preconceito na vida. Acho. Se alguem foi preconceituoso comigo, foi muito discreto e nao percebi. O que já aconteceu foram, inumeras vezes ser vitima de estereotipos, mas isso até que tudo bem, porque de uma maneira ou de outra, isso acontece com todo mundo, principalmente os que vivem fora do seu “habitat natural”.

Na grande maioria das vezes, dizer “sou brasileira” desencadeia uma serie de imagens e estereotipos, mas que em sua grande maioria sao bons, divertidos e/ou alegres (só nao me pede pra dançar samba, pq nao sou palhaço de gringo!).

  

Até que de repente, nao mais que de repente, ontem aconteceu uma coisa bizarra, que me deixou revoltada com a vida!

  

Eu já comentei aqui que quando fui pra Portugal umas semanas atras, uma das razoes pelas quais eu fui, foi pedir segunda via da minha identidade, que tinha sido roubada em Valencia. Tudo tranquilo. Tudo resolvido. E um amigo que agora mora no Porto e trabalha no mesmo predio da loja do cidadao, ficou com todos os documentos necessarios para ir lá levantar o BI por mim.

Nos deram um prazo de 10 dias. Ele foi lá e nada. Uns dias depois ele voltou, e nada. Mais uns, e nada. Comecei a achar estranho, e pedi pra ele tentar perguntar se tinha acontecido alguma coisa, ou se era lerdeza e burocracia mesmo.

Entao ele foi lá. E depois do almoço me deu a noticia.

No inicio, estava demorando por pura burocracia, mas algum funcionario publico desocupado, achou estranho o fato de que o BI de uma brasileira, que mora na espanha estar sendo requerido por um homem portugues. E resolveu nos “investigar”. Traduçao: hoje em dia, ser brasileiro em Portugal virou sinonimo de prostituta e vigaristas em geral. Resultado: Eu estou sob suspeita de prostituiçao, e ele de ser meu cafetão.

Nunca ouvi historia mais absurda que essa!!!

Tudo bem que a coisa está complicada por lá, semana passada mesmo a policia portuguesa desmantelou uma rede de trafico de mulheres brasileiras que eram trazidas pra portugal e espanha pra trabalharem em regime de escravidao em casas “especilalizadas”. Mas mesmo assim, fiquei revoltada! Pra que servem todos aqueles computadores?!?!? Nao existe um historico?! Nao sabem que passei anos da minha vida naquele pais???!

Me senti traida, abandonada e desacreditada…. E todos os anos que passei defendendo os portugueses?! Tentando acabar com os estereotipos que nem todo portugues é burro, ladrao, fedorento e que as mulheres tem bigode! E todos os anos que passei estudando num colegio catolico portugues, aturando padres portugueses, estudando a historia de portugal antes da historia do brasil, estudando a geografia de Portugal antes de estudar a geografia brasileira! Heim?! Heim?! Disso ninguem lembra…. e agora estou aqui, “ganhando a vida honestamente” e tenho que aturar isso?!?!

  

Na minha epoca era bem diferente… ha 10 anos atras Portugal ainda esta saindo da obscuridade europeia, resgatando sua cultura e sua dignidade perante os vizinhos, e nao estavam com essa bola toda. Os brasileiros que iam pra lá, eram como minha familia, iam pra lá pq queriam restagatar raizes, e nao “ter uma vida melhor”. A cultura brasileira era extremamente exaltada, tudo que era brasileiro era melhor e mais legal. Na escola eu era uma verdadeira Super star, fui votada como representante de turma todos os anos, era lider do meu grupo de escoteiros, e o padre da Igreja sempre me pedia (ou a minha irma) pra ler algo durante a missa, pq as pessoas adoravam nos ouvir, e ele achava que isso ia atrair mais fieis… Chegava a ser engraçado. Depois de passar a vida toda sendo criada para me ver como uma Portuguesa, finalmente eu estava lá, e me orgulhava de ser Brasileira. Foi lá que eu me senti Brasileira de verdade pela primeira vez, foi lá que eu aprendi a ser patriota (pelo Brasil), e foi lá que me interessei pela primeira vez na cultura Brasileira.

E agora? Quando eu voltar lá outra vez tenho que sentir vergonha de abrir a boca se nao as pessoas voa me olhar com cara feia? “Essa aí é Brasileira”…

Um banho de agua fria…

  

E entao comecei a pensar em estereotipos e como cada um tem o seu, e que todos acabamos aprendendo a conviver com eles. Alguns dos que eu vejo de perto (por meus amigos tb extrangeiros que moram aqui) sao:

– Logico, em primeiro lugar, Brasil: Toda brasileira é gostosa e foguenta, e os homens jogam futebol muito bem

– Espanha: Mulheres peludas e submissas, homens ainda mais peludos e grossos (além de que todos, muito barulhentos)

– Italia: Os homens sao conquistadores e as mulheres sao otimas maes, apesar de controladoras

– Escandinavia (em geral): Loiras gostosas e burras, e muito liberadas sexualmente

– Reino Unido: Pontuais, frios, metodicos e com dentes horrorosos

– França: Fedorentos e sem higiene, e se acham superior ao resto do mundo. Se for de Paris, pior ainda

– Holanda: Legalize já!

– Alemanha: Grossos, frios e nazistas

– Europa do leste (em geral): Comunistas, grossos e sub desenvolvidos. Aqui na espanha entao, se pudesem mandavam construir um muro, e assim eles deixariam de ser chamados “europeus”…

  

E assim por diante…

 

Adriana Miller
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