29 Aug 2004
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Fim de Fase

Dia a dia, Trabalho

Para começar uma grande decepção: A festa da La Tomatina (evento tão aguardado por meses) não rolou… Agora o trauma passou, mas eu nem conseguia acreditar…! Já estava tudo combinado há semanas, carro alugado, maquina descartável comprada, roupas velhas selecionadas e empolgação no Maximo! Chegou o grande dia… lá fui eu felizinha com minha pior roupa p/ a estação encontrar com o pessoal. Aparentemente tudo certo, eu não estava nem acreditando… Mas de repente, nada mais que de repente, um a m, TODOS desistiram de ir!!!! COMO ASSIMMMMMMMM?!?!?!?!?!?!? Dei ataque no meio da estaca de Atocha!! VCS ACHAM QUE SOU PALHAÇA!!!!!!!! Mas oque não tem remédio, remediado esta… cada um com seu motivo e acabamos não indo… Passei o dia todo em depressão profunda… Tudo que eu fiz durante o dia pensava: Nesse momento era p/ eu estar tacando um tomate na cara de alguém….! Mas passou… Quem sabe ano que vem…?!?!

  

De resto em estou num momento de transição… Fim de fase…

Acabou o curso de espanhol; depois de 2 meses de aulas, já me sinto muito mais confortável com meu espanhol. Tirei 98 na prova final (uhuuu!) fui elogiada pelos professores (que apesar da minha vagabundagem irremediável, todos se surpreenderam com o meu desenvolvimento nesses dois meses) e segundo meu chefe meu sotaque tb melhorou bastante.

Quer dizer ex-chefe. Sub empregos e Summer jobs são um passado na minha vida (heheheheeh, duraram 3 semanas). Arrumei um emprego “de verdade”. Por um lado é ótimo estou super feliz e orgulhosa de mim mesmo (a melhor coisa de estudar muito e trabalhar muito na vida são momentos como esse, onde vc vê um anuncio onde pedem alguém super qualificado, e vc não só vê que se encaixa perfeitamente no perfil, mas ainda por cima é chamada p/ uma entrevista e é selecionado), mas por outro lado minha mãe me disse uma coisa que me fez pensar: Não perca o foco. Se fosse p/ trabalhar como economista numa multinacional vc não precisava ter saído do Brasil. Não se esqueça que vc foi p/ ir p/ mudar de carreira.

E eu sei que ela tem razão. Apesar de adorar ficar falado sobre meu novo emprego (tenho que fazer aqui tb: Economista poliglota ¿ Português, espanhol, Italiano e inglês ¿ para trabalhar em projeto de expansão da IBM na Europa do Sul) é um pouco estranho ter que voltar ao mundo “financeiro”, que eu não gosto nem um pouco e que eu tanto quero fugir… Será que alguém um dia vai acreditar que o que eu quero mesmo é trabalhar com turismo? Hahahahahahahaah

Mas estou satisfeita e pronta p/ começar com empolgação 100%!

  

Essa semana vou ter meus últimos dias de férias, sem trabalho e sem aulas. Como ainda está fazendo um calor do caramba nessa cidade vou aproveitar todos os dias p/ tentar pegar uma corzinha em alguma piscina e talvez vá p/ Málaga aproveitar um pouco a praia.

Depois disso já era; começa um treinamento e trabalho pra valer. Acabou essa moleza de vida de estudante. Depois de 4 meses de vida boa, reassumirei minha personalidade profissional, e iniciarei uma nova fase dessa viagem…

  

Fotos novas:

De Madrid e de Pamplona (cedidas pelo Thomas. Estão incríveis!!)

 

Adriana Miller
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09 Aug 2004
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The girl next door

Pessoal

Uma coisa nada a ver, mas que eu preciso compartilhar com alguém!

Acabei de chegar à conclusão de que eu sou o ser mais comum da face da terra… Em qualquer esquina do planeta vc pode se esbarrar com uma Adriana dando sopa por aí…

Chega a ser engraçado cada vez que alguém vira p/ mim e fala “vc é tão parecida com uma menina de não sei a onde…”, ou então “vc é de não sei onde? Vc parece ser de lá”.

Nacionalidades, origens e personalidades que já foram atribuídas à minha pessoa….:

Quando eu estava na Itália, me perguntavam se eu era espanhola. Agora que estou na Espanha me perguntam se sou Italiana. Na Grécia disseram que eu tinha cara de Grega (e quando eu falei que não, que era da família Portuguesa a velhinha na rua respondeu ¿ em Italiano ¿ “Una faccia una raccia”; ou seja, uma raça um rosto, querendo dizer que somos todos da mesma origem, Portugueses, Italianos, Gregos, Espanhóis…). No trabalho me perguntaram se eu era Romena. O Mammet, menino Mauritânio da minha sala disse que eu sou a cara da princesa da tribo dele (fui promovida à realeza pelo menos…) e que se fosse p/ lá eu ia “valer” muito (quantos camelos alguém daria por mim?!), mas como sou católica na verdade não valeria quase nada (destroçou meus sonhos de um reino no deserto da Mauritânia). Logo no dia seguinte, Saeed do Iran me perguntou se eu era de origem árabe, pois eu tinha cara de iraniana…

Ou seja, produção em massa… Descobri que não existe ninguém mais comum e sem graça que eu… Alguém pode me ajudar?

Vamos lá: Enquete! Quem acha que eu pareço com:

a) Brasileira mesmo

b) Portuga. Não nego minhas origens

c) Italiana. Parentesco distante, mas ta no sangue ainda

d0 Grega. Como uma deusaaaaaaa….. Você me manteeeeeem…..

e) Espanhola. Só se for daqui pra frente…

f) Princesa Mauritânia. Ia gostar de ter uns súditos p/ mandar

g) Iraniana. Com ou sem véu?


Place your bets…


 

Adriana Miller
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05 Aug 2004
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Imigração S.A.

Vida no Exterior

Não é novidade para ninguém que os paises do chamado “primeiro mundo” todos os dias recebem uma enxurrada de emigrantes vindo de tudo quanto é parte do “terceiro mundo” em busca de uma vida melhor; vida essa que na maioria das vezes não passa de sonho.

Cada dia que passa me surpreendo com a diversidade de pessoas e culturas que convivem juntas nas grandes cidades européias.

No meu bairro, por exemplo, eu divido a fila do supermercado com pessoas usando roupas coloridas africanas, afegãs de burca, Peruanas com roupa de índio Inca, muçulmanas de véu, chinesinhas olhando p/ o chão, etc… e eu na minha calça jeans sou o bicho mais estranho do pedaço…. hehehehehe

Me surpreende a coragem que as pessoa tem de largar tudo e vir p/ um lugar tão diferente de toda e qualquer referencia que eles tem na vida, para suportar coisas e viver em condições nada, nada ideais…

Não me considero parte desse bolo migratório, pois meus propósitos aqui são diferentes, e conseqüentemente vejo as coisas ao meu redor de maneira diferente também.

  

Mas por outro lado me identifico mais do que ninguém com as pessoas que saem de seus paises com um ideal não de sobreviver, mas de viver uma coisa diferente.

Pessoas que estão aqui para estudar, viajar, passear.

Mas mesmo assim vc acaba vendo e escutando coisas que não dá p/ acreditar…

  

No outro dia no intervalo da aula comecei a conversar com o cara Iraniano do meu curso, e papo vai papo vem, a inevitável conversa sempre chega: e aí? Porque vc quer estudar espanhol? As respostas sempre são as mais variadas possíveis, mas dessa vez me pegou de surpresa.

Simplesmente a resposta do dito cujo foi: para poder ir p/ os EUA.

Resumidamente, o sonho dourado da vida dele sempre foi ir p/ os EUA; passear, conhecer, morar, tudo vale p/ ele. Passou a vida toda tentando um visto, e nunca conseguiu; agora mais do que nunca, é impossível p/ aum Iraniano ultrapssar as fronteiras norte americanas. Mas o que o c* tema ver com as calças certo?

Aprender espanhol é mais uma de suas tentativas desesperadas de se americanizar, pois ele disse que ouviu falar muito que a influencia latino-americana nos EUA esta cada vez maior, que em algumas cidades já tem mais gente que fala espanhol do que inglês. Então caso os EUA se transformem num país “bilíngüe” ele já estará preparado. E além disso, disse Saeed (o nome do dito cujo), caso um dia ele consiga realizar o seu sonho dourado, ele sabe que não será bem recebido pela sociedade americana, então vai tentar se aproximar da comunidade latina, os underdogs da America do Norte.

Foi uma sensação muito estranha ver seus olhos brilharem de admiração/inveja quando eu respondi positivamente que sim, já tinha ido aos EUA varias vezes; norte, sul, leste, oeste. “É como nos filmes?”. Dá pra acreditar? Morri de pena ao imaginar a decepção do coitado ao passar pela fronteira americana, ser revistado na alfândega, os olhares suspeitos por todos os lugares que ele for, a discriminação, o racismo cada vez maior contra os árabes, e por aí vai….

Em Firenze convivia com a Barbie Japão, e agora convivo com o Ken Iran…

  

Isso sem falar no choque cultural que a convivência de tantas culturas tão diferentes podem provocar. Depois de 4 meses, quatro cursos e quatro grupos diferentes de alunos, eu já ouvi e vi tantas barbaridades anti diplomáticas que eu poderia escrever um livro para o Itamaraty.

O impressionante é que na maioria das vezes, essas conversas que acabam com o ambiente de qualquer festinha, muitas vezes são fruto da curiosidade dos próprios professores, porém eles mais do que ninguém deveriam saber que certas coisas não se perguntam…

Alguns exemplos que me vem à cabeça (os mais absurdos a gente nunca esquece):

Nunca pergunte para um alemão sobre Hitler, para um Koreano sobre a batalha Korea do Sul – Korea do Norte, para um brasileiro sobre o turismo sexual infantil no nordeste, para um árabe sobre Osama Bin Laden, para um Americano sobre Bush, para um Canadense sobre as diferenças French Canada – English Canadá, para um Slavo sobre a separação da república Checa, porque uma marroquina não usa véu no cabelo, para uma Israelense sobre a faixa de Gaza, para um Nigeriano sobre a miséria na África, para um Tailandês sobre o trafico de escravas sexuais, para um Colombiano sobre o trafico de drogas, etc…

  

Existem muito mais coisas na vida de um expatriado do que supõe a nossas vã filosofia…

 

Adriana Miller
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