01 Oct 2010
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Dia 3: Kikelelwa a Mawenzi

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

O Kilimanjaro nao faz parte de nenhuma cordilheira, mas na verdade eh uma montanha que tem 3 picos principias: Shira a cerca de 3500 metros de altitude, Mawenzi tem 5000 metros de altitude e Kibo, com 5895 metros, que é a montanha onde esta o pico Uhuru, que eh o ponto final e geralmente referido como “O” Kilimanjaro (ja que ninguem esta nem ai pros outros picos: oque importa mesmo eh chegar a Uhuru!).

Em nosso 3º dia de escalada fomos ate o acampamento base do pico Mawenzi, que eh o segundo maior pico do Kili e altamente impressionante! Quem se aventurar a escalar Mawenzi, precisa tirar uma licenca especial, fazer um treinamento especial, pois eh uma escalda altamente tecnica e muito perigosa!

Esse dia, nossa caminhada seria relativamente “facil”, afinal seriam apenas 4 horinhas de trilha… Mas em compensacao foi tambem o dia mais inclinado, onde esperavamos ganhar cerca de 750 metros de altitude em 4 horas, e precisamos usar nossas maos pra ajudar na subida boa parte do tempo.

Mas acabou que a escalada foi muito mais difícil doque imaginamos, e nem todo mundo conseguiu acompanhar. Do grupo de 9, 4 pessoas (os mais velhos) estavam jah se sentindo muito mal com os efeitos da altitude, com fortes dores de cabeca, enjoo e varios outros desarranjos, alem de muito cansaco (afinal ja foram 2 noites mal dormidas, seguidas de dias bem puxados). Tivemos que fazer varias longas paradas pelo caminho, que nao estavam previstas, ou simplesmente andando mais devagar doque o ritmo normal, para que todo mundo no grupo pudesse continuar junto.

Entao, oque era para ter sido feito em 3 ou 4 horas, acabou levando mais de 6, e chegar no acampamento Mawenzi (a 4.330 metros de altitude) foi como chegar num oasis! E o engracado eh que esse acampamento eh caracterizado por um laguinho no meio das pedras, entao realmente foi um oasis!

Achavamos que iamos poder ir direto para nossas barracas, mas na verdade ainda tivemos que fazer mais uma caminhada de aclimatizacao ate 4.500 metros de altitude!

Para mim essa foi a pior parte…. Quando chegamos no acampamento eh jah tinha meio que “desligado” mentalmente e nao estava preparada para passar mais 1 hora subindo pedregulho (essa parte foi “escalada” mesmo, usando maos, cordas e nossas bengalinhas para ajudar) bem na hora que a chuva comecou a cair pesada! Foi difícil conseguir me concentrar na escalada, na respiracao, no caminho que o guia estava fazendo (com o nevoeiro, mal conseguiamos ver quem estava caminando na nossa frente!) com aquele temporal que escoooorre no seu rosto… Colocamos a prova nosso equipamento a prova d’agua e por dentro fiquei seca, mas foi bem desagradavel… (o washy-washy quentinho que veio depois nunca foi tao bom!).

Essa noite eu custei para pegar no sono, pois os Escoceses na barraca ao lado nao paravam de tagarelar!! Entao em vez de ir dormir no horario habitual de 8 horas… acho que acabei pegando no sono as 10:00…

Adriana Miller
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30 Sep 2010
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Dia 2: Rongai Camp ao Kikelelwa Camp

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

O Segundo dia de caminhada foi o mais longo e causativo… Na verdade, a cada dia que ia passando, AQUELE dia se tornava o mais cansativo, pois a estafa ia acumulando, o oxigenio ia diminuindo… Mas nós ainda nao sabiamos disso, estando apenas começando o segundo dia…

Mas “no papel” esse seria nosso dia mais puxado (excluindo o dia da escalda final), onde tinhamos uma caminhada de 9 horas pela frente, ganhando cerca de 900 metros de altitude!

O unico probleminha, eh que logo depois que acordamos e comecamos a nos organizar para comecar a escalada, as nuvens nos alcancaram e o tempo fechou de novo! Mas pelo menos nesse dia nao choveu, apenas tivemos um nevoeiro muito denso praticamente o dia todo!

Teoricamente esses dois dias seriam os mais puxados em relacao a altitude ganha num unico dia, e em ambos alcancamos o limite maximo (seguro) de ganho de altitude que o corpo humano aguenta. Claro que isso varia muito de pessoa para pessoa, organismo para organismo, mas dizem que passar de 1000 metros de altitude num unico dia eh arriscado demais para saude.

Entao os guias aproveitavam a altitude ainda relativamente baixa (tudo abaixo de 3 mil a 3.500 metros de altitude ainda eh considerado de baixo risco) para conseguirmos subir o maximo da montanha de uma vez soh, enquanto nossos pulmoes aguentavam, para podermos ter um dia extra de aclimatizacao numa altitude bem alta.

Alguem tambem me perguntou oque seria uma escalda de aclimatizacao, que significa que escalavamos ate um ponto maximo, pasávamos um tempinho la em cima, e depois desciamos de novo, para acampar e dormir numa regiao de mais oxigenio – e nesse sobre e desce no nivel de oxigenio que o organismo vai se acostumando com a altitude.

Mas voltando a caminhada, foi sem duvidas um dia, muito, muito longo, mas nao necesariamente difícil.

A subida foi bastante gradual, com algunas areas mais inclinadas que outras, onde tivemos que usar as maos para subir, mas no geral, uma longa e inclinada caminhada.

Nesse dia foi quando saimos da regiao de Floresta Alpina e a paisagem foi ficando menos e menos densa, e passamos a ver mais flores e plantas “exoticas”! Foi nesse dia tambem que vimos nossa primeira arvore Senecio gigante!

Os pontos altos do dia foi ver as cavernas escondidas na trilha Rongai, onde geralmente os animais de escondem durante a noite – vimos varias pegadas de bufalos! E segundo o guia, volta e meia tambem aparecem umas pegadas de elefante!

O grupo de carregadores estava nos esperando na primeira caverna, onde nos serviram o almoco – a sopa do “engenheiro estomacal” caiu perfectamente pois pegamos muito frio nesse dia!

Mas logo depois tivemos que seguir viagem, e a tarde foi ainda mais difícil! Nao soh porque jah estavamos cansados das primeiras 4 horas de caminhada, mas a temperatura caiu bastante a medida que iamos subindo e a trilha foi ficando mais e mais inclinada (sem falar que a quantidade de oxigenio na parte da tarde, jah era mais baixa que na parte da manha, que contribuiu pro cansaco….).

Finalmente acampamos no Kikelelwa Camp, perto da segunda caverna, a 3.600 metros de altitude.

Essa altitude jah eh considerada de risco, entao o guia chefe, Makeke jantou com a gente, prestando bastante atencao em como estavamos reagindo ao cansaco, as horas puxadas de caminhada e a altitude.

Algumas pessoas de nosso grupo comecaram a passar mal nessa noite, com fortes dores de cabeca, enjoo e um desarranjo generalizado, entao resolvi comecar a tomar o Diamox por prevencao. Ate entao eu estava me sentindo otima! Cansada, mas otima. Sem nem um pingo de dor de cabeca, nem enjoo e nem sequer sentia muita falta de ar, e como uns dias antes da viagem, ainda em Londres eu tomei um Diamox (conforme o medico recomendou) para testar o efeito, e passei meio mal, tinha pensado em nem tomar – mas ao ver como algunas pessoas estavam reagindo, resolvi arriscar os efeitos do Diamox para prevenior os efeitos da altitude, e tomei ½ comprimido. Me senti super bem, sem efeito nenhum!

A noite ainda dormi bem, apesar do saco de dormir deslizante!

Mas eu realmente me surpreendi de como me adptei super bem – eu imaginava que jah no segundo dia ia estav me desfazendo de tanto vomitar e dor de cabeca, mas o fato de que meu apetite ainda estava intacto, e estava me sentindo super bem e “forte” foi um alivio que me animou ainda mais pra seguir a escalada nos dias seguintes!

Adriana Miller
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30 Sep 2010
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Os ecosistemas do Kilimanjaro

Dicas de Viagens, Kilimanjaro, Tanzania

Uma das coisas mais interessantes durante nossa caminhada no Kilimajaro era ver como seria a paisagem daquele dia.

E todo dia a paisagem mudava consideravelmente, e a cada hora parecia que estavamos num lugar completamente diferente.

E nao digo da paisagem da vista nao, e sim o lugar onde estavamos caminhando (ate porque pegamos muito nevoeiro e chuva, entao a vista lah de cima era bem restrita).

Uma das caracteristicas principias do Kilimanjaro eh que por seu uma montanha independente (que nao faz parte de nenhuma cordilheira) as mudancas no clima e na vegetacao sao bem visiveis a cada X metros de altitude, devido ao solo vulcanico e a flora Sub-Sahariana, a proximidade do Equador e ao Oceano Indico. Nossos dias eram passados admirando as flores diferentes, as arvores extranhas e como de uma hora para outra tudo mudava, como num passe de magica!

Dizem que escalar o Kilimajaro eh passar pelas 4 estacoes do ano em 4 dias (ou no mesmo dia), e nao poderia ser mais verdade!!

A pesar de termos cuidadosamente escolhido a estacao seca para nossa viagem, e termos subido a montanha pelo lado seco (Trilha Rongai, que eh considerado o lado mais seco da montanha) nos pegamos chuva todos os dias, menos o ultimo!

Todos os dias acordavamos com o sol brilhando, e aos poucos as nuvens iam subindo, o clima ia fechando, a temperatura descendo Entao nossa mochila do dia sempre tinha que incluir opcoes de roupas que nos protegessem nas 4 estacoes! Camisetas, calcas que viram bermuda, blusa de manga comprida, bone e oculos de sol ate agasalhos de la merino, gorro e luva e todo equipamento a prova dagua!

E a medida que iamos subindo a montanha as diferentas no clima e nas temperaturas iam ficando mais e mais extremas! No nosso ultimo dia de subida (o dia antes do summit final) tivemos uma caminhada de 6 horas, onde comecamos com sol, depois o tempo foi fechando (todos os dias acordavamos acima das nuvens, e a medida que o sol ia subindo e esquentando a atmosfera as nuves iam subindo e nos pegando pelo caminho!), ateh que virou num temporal, o temporal virou granizo, depois o granizo virou neve e nossa ultima noite, no acampamento base Kibo Hut, fomos atolados por neve e temperaturas que beiravam os -20 graus! Por sorte essa foi justamente a noite que nao dormimos, porque realmente seria imposivel pegar no sono no chao congelado e a 4.700 metros de altitude!!

Entao tudo isso contribui para que o Kilimnjaro tenha uma das paisagens mais diversificadas do planeta e com uma vegetacao interesantísima, variada e unica!

A regiao entre os 800  e 2800 metros de altitude eh a area de cultivo e floresta. Nossa caminhada comecou a cerca de 1.800 metros de altitude no primeiro dia, e na regiao dos 2 mil metros foi onde vimos os ultimos vilarejos e familias que cultivam a terra aos pes da montanha. A cada hora a vegetacao ia mudando de floresta tropical para uma floresta Alpina, com muitos pinheiros e eucaliptos por todos os lados.

Essa eh tambem a parte mais umida da montanha, e segundo nosso guia, a regiao mais Londrina pois esta exatamente na altitude onde a condensacao fica presa na montanha, e por tanto essa area fica quase que constantemente enterrada em nuvens e nevoeiros.

Foi tambem o ultimo dia onde vimos cultivo e pessoas nao-turismo; Demos de cara com um vilarejo que vive do cultivo do milho ha mais de 2300 metros de altitude!

A partir do segundo dia a mudança da paisagem ia ficando mais e mais obvia e notavel a cada hora de caminhada, e apartir dos 2.800 metros de altitute, até mais ou menos 4.000 metros de atitude (depende da trilha que vc esta, e de que lado da montanha vc esta) é a zona onde o ar começa a ficar rarefeito o suficiente que não permite que vida se desenvolva bem, então é aqui que esta uma vegetação semi-tundra e umas flores meio secas que nascem em moitinhas de cactus.

E aí é que a coisa fica interessante tambem! É nessa região que estao as arvores de cactus (são arvores gigantes, que en vez de galhos e folhas, tem “braços” de cactos gigantes!) e as famosas arvores Senecio, que carcterizam a paisagem “exotica” do Kilimanjaro.

A partir dos 4.000 metros de altitude, vida é praticamente inexistente, na região conhecida como deserto Alpino, ou deserto Lunar.

Tudo a sua volta é uma subida gradual (que vendo em foto, parece até facil…. mas vai subir ladeira a 4.400 metros de altitude!) com nada mais que pedras e areia vulcanica por todos os lados (e como vcs podem imaginar, fazer xixi “au naturel” a cada dia que passou era mais e mais dificil, e menos e menos digno).

O ecosistema final é a zona artica, onde estão os glaciares, e só existe pedra e gelo! (e gelo empedrado!)

E que é tambem a parte mais fascinante… não existe nenhuma paisagem comparavel a ficar cara a cara com um glaciar de algum milhoes de anos, que sobe dezenas de metros acima da terra de puro gelo!

Os guias iam nos ensinando e explicando sobre cada planta, arvore e flor, contando os “causos” que eles jah presenciaram por causa do clima instavel da montanha e assim iamos nos entretendo dia a apos dia, e hora apos hora…


Adriana Miller
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