No outro dia a leitora Juliana me perguntou sobre a alimentação da Bella e pediu pra falar mais um pouco sobre isso.
Pra quem lê o blog a bastante tempo sabe que ela não é muito boa de boca – come pouco e simplesmente não é muito fan de comida em geral e ponto final.
Na verdade ela nunca foi comilona, mesmo bebezinha quando eu ainda amamentava, e todo o período de introdução alimentar e afins. Mas mais ou menos com 1 ano e meio, de um dia pro outro (depois de uma virose, na verdade) a coisa degringolou de vez e seu apetite desapareceu.
Tentei várias dicas/técnicas e conselhos, e aos poucos fui me dando conta que cada criança é de um jeito, as fases vão e vem, e enquanto ela estivesse saudável (Não fica doente nunca, é impressionante!), crescendo se desenvolvendo (e com energia pra dar e vender), eu não iria mais me estressar.
Dri, me lembro uma vez que vc comentou que a Isabella não comia muito bem. Passo por isso em dose dupla em casa, e tento não me estressar, mas juro que morro de medo de ver meus filhos no futuro com péssimos hábitos alimentares. Vejo que vc costuma dar sorvete para sua filha em passeios, levou ela no vídeo para comprar bolachas. Como você deu as dicas da chupeta e da fralda e achei bem sensatas e sem extremismos, queria te perguntar sobre a alimentação, se você puder, tipo, qual o seu approach ? Que tipo de dicas você daria, e como vc procura fazer isso com a Bella ? Alguma dica sobre como melhorar a alimentação dos pequenos ? Meu marido quer sempre dar sorvete e biscoitos, mas sou eu que sempre corto o barato, e fico com receio de ser radical.
Obrigada. Juliana
Bem, então antes de começar o post, quero deixar o disclaimer de sempre: O que deu certo pra mim e funciona bem na nossa família, não quer dizer que vá funcionar na sua família ou com seus filhos – e muito menos quer dizer que se você fez diferente, significa que fez/faz errado. Criar filhos é uma coisa muito individual, e o “certo” é o que dá certo pra você!
Pois é, o “problema” da Bella é que ela é tão ruim de boca, que até porcaria ela não come! Hehehhe
Adora sorvete, mas raramente consegue comer um até o final… sempre pede biscoito ou bolo, aí lambe a cobertura e deixa o resto…
Mas sim, deixo ela comer “besteiras” numa boa, desde que sempre sejam longe dos horários das refeições, e depois de ter comido alguma comida de “verdade” e frutas.
Também tento não ser radical nem permito muito oba-oba, mas não sou hipócrita, e se vamos jantar pizza, não vou obriga-la a comer ensopadinho de brócolis, sabe?
Me considero uma pessoa “balanceada” na alimentação, e pra mim “balanço” também significa comer besteiras, beber refrigerante, comer doces… porém, de maneira balanceada, sabendo que não é a melhor opção, mas que também não vai me matar – e assim não entro em paranoias, nem faço dietas malucas, e me considero ter uma relação muito saudável com comida em geral etc
Mas claro, eu nunca tive barriga de tanquinho, e obviamente tenho celulites e todas essas cosias vistas como “vilã” e oposto da imagem que se prega para uma “vida saudável” hoje em dia – e sinceramente, saber apreciar um bom restaurante, uma taça de vinho ou uma fatia de bolo do aniversário de um amigo, me trás muito mais felicidade do que ter uma barriga sem dobras ou o “bumbum na nuca”!
Na minha vida seria inconcebível levar marmita de clara de ovo pra um evento social, só para ter uma barriga “seca”. É uma conta que não fecha…
E espero conseguir passar isso pra ela.
Em casa comemos saudável no dia a dia – não fazemos receitas “fit” nem “funcionais”, mas comemos “comida de verdade”, muitas saladas, legumes, verduras, e frutas, e jantamos juntos todos os dias (isso significa que hoje em dia eu e meu marido jantamos as 18:30 com ela, que não é nossa preferência, mas achamos que essa tradição de refeiçoes “em família” reforçariam um relacionamento saudável com a comida, em vez de ficar dando papinhas e comidas separadas e insossas pra ela num horário diferente do nosso).
Crianças aprendem na base do “faça o que faço e não apenas o que digo”, e se ela crescer vendo seus pais tendo uma relação saudável com a comida e refeições, acredito que ela também terá (assim como eu cresci assistindo meus pais terem bons hábitos à mesa, e acho que isso se reflete em mim).
Nossa única regra com a Bella é que ela sempre tem que provar o que colocamos na frente dela. Se ela não gostar, não precisa comer (mas geralmente come, ainda que pouco). E no momento que ela diz que não quer mais, que esta satisfeita, ok. Pode parar de comer. Sem forçar, sem negociar “mais 3 colheradas” nem nada disso.
Ela come tipo passarinho (muito pouco!), mas continua crescendo e se desenvolvendo sem o menor problema, então já esta claro que apesar de ser uma criança magrinha, ela esta consumindo o que seu corpo precisa… E meu maior medo é tentar força-la a comer “demais” e criar algum tipo de trauma, onde comida vire castigo, ou ainda pior, que comida vire “recompensa”.
Desde que começamos com a introdução alimentar dela, aos 6 ou 7 meses de idade, aplicamos a técnica do “Baby Led Weaning” (que acho que cheguei a mencionar por aqui algumas vezes…), que nada mais é do que servir ao bebê a mesma comida que o resto da família, e deixar ela ir explorando aos poucos, sozinha, com as mãos, fazendo sujeira e bagunça mesmo.
Mas também nunca fui radical, nem levei nenhuma “técnica” a ferro e fogo. Apesar do Baby Led Weaning, tinha dias que fazia papinha especial, tinha dias que servia papinha pronta de potinho… e assim íamos levando. Ela se acostumou com todos os tipos de sabores, texturas e temperos (de casa, de potinho pronto, legumes e frutas inteiros, pedaçudos ou triturados), e nunca teve nenhuma rejeição desse tipo (como por exemplo, a criança que só como BLW e aí quando precisa de um papinha – por ser mais prático ou numa viagem – não consegue se acostumar. Ou a criança que só come papinha peneirada e tem dificuldades em passar pras papinhas com pedaços e comidas inteiras).
Talvez isso tenha sido um “erro”… nunca vou saber… mas ela come o que a gente come, não temos (muito) problemas quando viajamos e nos deparamos com comidas “exóticas” (ou um simples tempero ou consistência diferente das papinhas de casa).
Então ela come comida “normal” e não apenas comida “de criança”.
E pra mim comida “saudável” é comida “normal” – é lasanha, é frango assado, é chili con carne, é peixe empanado, curry, é arroz com feijão.
Me assusto com essa onda “fitness” onde as pessoas olham para um prato de spaghetti bolognese e proclamam não ser “saudável”! Como assim? Só porque tem “carbo”? Ou seria lactose? Ou Glutem?
Quero que ela possa crescer sabendo saborear e apreciar um sorvete durante um passeio sem ficar achando que “não é saudável”, ou que vai ficar “gorda” porque não é uma comida “fit”. Sabendo que uma vez por semana (no caso do biscoito da padaria depois da escola na quarta feira que apareceu no vlog) ela pode comprar um biscoito pra sobremesa, e não ter a necessidade (psicológica) de ter que devorar a caixa inteira de biscoito. Ou achando que tem que “pagar os pecados” na academia porque “jacou” no meio da semana.
Pra mim, isso sim é que não é ser saudável, e não necessariamente (apenas) o alimento em si!
É a filosofia que aplico na minha vida (e tem dado certo!), e espero poder passar para meus filhos. Afinal, um corpo saudável não é necessariamente um corpo “sarado” ou “fit” – Saúde é um conjunto de fatores, e o psicológico e como nos relacionamos com a comida revela muito mais sobre nossa saúde do que o percentual de gordura do seu corpo.
Mas por outro lado nós nunca temos “guloseimas” em casa, então ela já sabe que não faz parte do dia a dia, e nem sequer pede. Não tem 1 pacote de biscoito na dispensa, nem sorvete no freezer, nem chocolates, nem nada disso. Sobremesa e lanches são sinônimo de frutas e nada mais.
Sempre foi assim na casa dos meus pais. Lembro que achava o máximo quando ia na casa das amigas e tinha Coca-Cola na geladeira! Lá em casa no máximo tinha Mate em dia de festa! Hahahha
Porque claro, bons hábitos se formam em casa, e não dá pra negar que açúcar, gorduras e industrializados em geral podem causar vícios e dependências, etc. Então se não fizer parte do dia a dia, melhor. Mas de jeito nenhum significa que são “proibidos”. Se um dia ela disser que quer um sorvete depois do jantar, nós compramos sem problemas!
Então sempre que possível ela come alguma combinação de proteína + carboidrato + legumes/vegetais (prefere os crus), sempre come alguma fruta de sobremesa (em relação a frutas ela topa tudo, nunca recusou nenhuma, o que é um alívio! Foi a salvação em muitas refeições!).
E também sempre faço adaptações mais naturebas ou saudáveis, como por exemplo cereais, massa, arroz e pães integrais (nem compro nada refinado), sucos sem açúcar (desde que não tenham adoçantes artificiais), muitas e muitas frutas, e pequenos gestos do tipo, que acho que fazem diferença ao longo prazo.
A escolinha dela também colabora e reforça essa filosofia, o que foi um dos motivos pelos quais a escolhemos – eles também aplicavam BLW (Baby Led Weaning) na medida do possível, servem de um tudo para as crianças (que almoçam por lá, e tem um cardápio que varia de “Mac and Cheese”, a cordeiro ao curry, frango creóle, sopa de cebola francesa, salada de feijões mexicana, etc, etc. Super eclético e variado, sem frescura).
Muitas vezes fazem passeios ao mercado local onde as crianças compram as frutas e legumes da refeição do dia, e mantêm uma hortinha no playground.
Mas obviamente, eu apelo muitas vezes! Nuggets, pizza, baked beans (aquele feijão Inglês enlatado), salsicha, mac and cheese de caixinha, misto quente… Porque não sou de ferro e as vezes estou sem tempo, paciência e saco pra fazer nada mais elaborado que isso!
E a comida preferida dela no mundo é fish’n’chips! Então também sempre temos fish fingers no freezer (aquelas nuggets de peixe branco, que faço no forno), ervilhas congeladas e cenoura cortadinha. E se vamos no pub no fim de semana, ela pode comer o fish’n’chips tradicional sem problemas: com direito a empanado frito e batata frita!
Então eu aprendi desde cedo a respeitar os limites dela (bem cedo mesmo, desde a época de amamentação!) e não me ligar demais nas regras em relação a quantidades por idade etc. Cada criança é uma pessoinha diferente, não dá pra ditar que todos os bebes de 6 meses querem/precisam beber X mls de leite a cada Y horas! Penei pra aceitar e entender isso, afinal, não é o que os livros, sites e pediatras dizem! Mas hoje em dia levo super numa boa.
Ela sempre mamou menos que a média recomendada (tanto no peito quanto os complementos), sempre comeu menos quantidades de sólidos que outros bebês, mas sempre comeu de tudo. Nunca se interessou por lanches, e como ela come pouco nas refeições eu também nunca insisti (até hoje ela só faz 3 refeições diárias, sem lanchinhos pela manhã ou a tarde). Se ela não quis comer, e não estava com fome no almoço, por exemplo, pelo menos também não tem dessa de ficar beliscando biscoitos a tarde e afins (até porque nunca temos em casa). Só vi comer de novo na hora do jantar, e (se tudo der certo!), comer bem melhor com um apetite (um pouco) maior.
Mas de uns meses pra cá isso vem mudando um pouco. Não me perguntem o que fiz pra resolver a greve de fome dela, porque não sei mesmo!! Hahahaha
Mas sei que é normal, e foi uma fase que foi e voltou. Então hoje em dia, aos 3 anos e meio, o corpo e metabolismo dela provavelmente precisam de mais quantidade, mais energia e mais calorias do que precisava antes. Vai saber…
Então ela tem se aventurado mais nos pratos diferentes e tem comido mais quantidade também. Então estou achando ótimo, e isso até tem nos incentivado a cozinhar mais, e nos aventurar em receitas mais exóticas e variadas no dia a dia, e por enquanto tem dado certo!
Mas se ela provar o Green Thai Curry e não gostar, ok também. Rapidinho faço um misto quente e assunto resolvido. Daqui a umas semanas faço de novo, e ela vai provar de novo… e por aí a diante.
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