Cheguei!
Estou de volta ao Rio para mais uma longa semana de preparativos casamenticios… mas o post de hoje foi escrito durante a viagem, no voo mais lono e conturbado da historia…
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Estou no aviao.
Meu voo para o Rio de Janeiro fez escala em Madrid, umas 24 horas depois que sai de lah. Ah! E ainda vi o Javier Barden tirando o cinto e o boneh pra poder passar pela seguranca. Ele eh baixinho e e tem bem um pinta de Espanholito matador.
Mas continuando.
Na sexta feira fui pro escritorio logo direto do aeroporto, que aliais tive que acordar as 4:30 pra chegar lah a tempo. Trabalhei ateh tarde, tentando terminar o maximo possivel de coisas pendentes antes das ferias, e o Aaron foi me pegar pra jantarmos fora. Comi algo (apesar de ter sido uma opcao vegetariana) que me fez passar tao mal, mas tao violentamnete horrivel, que largamos tudo pela metade e voltamos correndo pra casa! Hahahahahah! Soh nao eh comico, porque foi deveras tragico.
As malas soh foram fechadas, passando da meio noite, e mesmo assim, arrumei tudo “que nem a minha cara”, como diria a minha mae, quando quer dizer que algum coisa nao foi bem feita. A mae de voces tambem tem mania de frases feitas, ou serah soh a minha, que por sua vez herdou da minha avo, e que agora eu tambem que pego repetindo…
mas nao me ligo muito quando faco malas pro Brasil, poruqe sei que tenho o armario da minha irma a disposicao pra qualquer emergencia nao planejada.
O voo diurno da Ibera esta meio vazio, entao dei sorte de vir sentada sozinha. Como acordei mais uma vez as 4 da manha pra ir pro aeroporto, assim que encostei na poltrona do aviao (no trajeto Londres – Madrid), apaguei; entao agora estou wide awake.
Mas o voo tem seu entretenimento proprio, apesar da claridade e de nao estarem passando nem um filminho sequer.
Pra comecar que acho que esse voo tem no minimo umas 30 criancas, 70% das quais menores de 1 ano. Isso deve estar perto dos limetes legais de decibeis causados por choro simultaneo num ambiente fechado, sobrevoando o atlantico, por 10 horas.
Mas a culpa nao eh das criancas coitadas. Entretenimento de fato foi causado por uma das passageiras. Uma brasileira com aparencia de ter seus 20 e poucos anos, bem novinha, sendo deportada de volta pra casa. Quando entrei no aviao, e me dirigi a minha poltrona, no fundo do aviao, me deparei com a gritaria.
Nao soh ela gritava “Nao voy! Nao me voy!” com toda sua forca pulmonar, ela tambem se esperniava, dava socos e murros no ar. Uma mulher espanhola, com pinta de assistente social gritava com ela, e 3 policiais tentavam segurar a menina.
Enquanto o aviao enchia, os passageiros iam ficando mais e mais assustados e chocados com a cena. Mais tres policias entraram correndo, com algemas e cacetete. E a mulher gritava sem parar.
As duas meninas sentadas atras de mim chamaram o comissario e perguntaram oque estava acontecendo, e se iam retirar-la do aviao. A resposta dele? “Nao, ela vai assim mesmo. Nao se preocupa nao. Temos Brasileiros deportados em quase todos os voos, daqui a pouco ela se acalma. Ninguem consegue esperniar e gritar por 10 horas seguidas”.
Enquanto ele explicava a situacao, eu assisti em choque os policiais espanhois amordacarem a coitada e amararem ela na poltrona com silver tape. Delicadeza da policia Espanhola, ao cumulo. Todos os passageiros assistindo, e um sem nocao estava fazendo um filminho com seu celular. O policial espanhol que se deu conta, deu-lhe logo um tapao na mao, e o celular do cara voou longe.
Mas dito e feito. Ela ficou em silencio e em questoes de minutos os policias foram embora e o aviao decolou.
Eu estava em choque. Eu sei que brasileiros encabecam as listas de imigrantes ilegais deportados em todos os paises europeus (principalmente na espanha) e desde que uma estudande classe media foi deportada uns meses atras, isso ficou mais obvio e em evidencia (afinal, no Brasil tudo que machuca o ego da classe media eh crime, mas ninguem esta nem ai com os milhares de pedreiros, faxineiras e prostitutas deportadas todos os dias), mas ver uma coisa dessas acontecendo ao vivo e a cores, eh beeeem diferente do que ler no jornal.
Enquanto o aviao decolava, eu fiquei imaginando oque deveria estar passando pela cabeca dela…. humilhada e amordacada na poltrona da Iberia. Oque a trouxe pra Espanha? Que sonhos e experiencias ela estava deixando pra tras? Que realidade ela tera que enfrentar ao desembarcar no Brasil?
O voo segue. AInda tenho pelo menos mais umas 6 horas pela frente. E uma semana inteirinha, muito agitada no Rio, que termina coma tao eperda festa de casamento da Lauren!
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Quando finalmente chegamos no aeroporto do Rio, passei horas na fila da imigracao, pois ainda estou com o passaporte Brasileiro vencido, entao entrei como estrangeira. A deportada estava na verdade com um grupo de mais 3 pessoas, todos enviados de volta ao Brasil, com com aparencia bem jovem, e aquele olhar de quem teve seus sonhos estracalhados.
