04 Jun 2009
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S.A.L. – Reconhecimento de diplomas

Blog, Estudos, Recursos Humanos, S.A.L., Trabalho

A Erika me enviou uma pergunta interessante, e que jah apareceu por aqui varias vezes. Minha resposta vai ser um pouco vaga, baseada na minha opiniao (minha experiencia pessoal e minhas experiencias como Recursos Humanos). Quem tiver opinioes,/experiencias diferentes (ateh porque essas coisas variam demais de pais pra pais, carreira pra carreira, e nao dah pra generalizar “lah fora” – exterior, fora do Brasil em geral – como se fosse uma grande nacao).

Um mestrado ou pos-graduacao em outro pais, digamos aqui mesmo no Brasil, eh reconhecido ai fora? Digo, se colocar no meu CV formada nisso, MBA naquilo e Pos ou Mestrado (nao sei ainda o q fazer..) naquilo outro, chama a atencao ou nao quer dizer nada pra vcs na Inglaterra, por ex?

Abstraindo-se a experiencia nesse caso. (leve em consideracao q a pessoa tem experiencia na area…)Pode falar ate mesmo na area de RH, pq acho uma area interessante qdo se trata do performance improvement….

Entao, formacao aqui no Brasil conta ou eles acham q nao vale nada?

Bem, vou comecar com o seguinte. Ha formacoes, E formacoes, e fazer afirmacoes generalisadas seria um erro da minha parte.

Minha visao sobre os estudos no Brasil eh um pouco suspeita, pois no Brasil qualquer “Faculdades Integradas” oferece curso de pos graducao e “MBA”, que sinceramente acho que nao valem pra nada.

Obviamente que estudar SEMPRE vale a pena, e cada dia a mais que vc passa na sala de aula, esta te trazendo um beneficio inmesuravel pro futuro.

Porem o fato de um determinado curso ter como titulo MBA nao faz dele um Master in Business Administration. Oque vejo no Brasil eh que MBA vioru giria pra curso de pos-graduacao em geral. E pos graduacao pode ser em QUALQUER coisa que seja feita DEPOIS da Graduacao oficial.

E ai comecam os problemas. Por existirem pos de tudo e mais alguma coisa, a grande maioria dessas “pos” nao tem reconhecimento algum.

Nao que nao tenham valor para quem as faz, muito pelo contrario, mas acho que “aqui fora” nao servem pra muita coisa. O proposito de fazer um curso desses (ao meu ver) eh fazer um mini-curso que seja focado num assunto e mercado especifico, fazer networking na sua area, conhecer outros profissionais, professores etc. E portanto, uma vez que vc muda de pais, essas coisas perdem um pouco o valor.

Jah se vc fizer um Mestrado (nao Pos ou “MBA”) ai a coisa muda um pouco, pois geralmente no Brasil, as unicas Universidades que ministram mestrado sao as publicas ou reguladas (ou serah que mudou? Na minha epoca de UERJ era assim). Geralmente eles exigem dedicacao exclusiva, um numero minimo de horas de sala de aula, mais as horas que vc tem que se dedicar sozinho, os livros academicos que le (que geralmente sao os mesmos no mundo todo), pesquisas de campo, dissertacao academica, qualificacao dos profesores que lecionam, etc, etc. Ou seja, a dedicacao e esforco de se fazer um mestrado de verdade, aquele que te dah um titulo de Mestre, eh reconhecido no mundo todo.

(obviamente um Mestrado em Direito, ou medicina, ou qualquer carreira super especifica, funciona diferente, e geralmente nao sao validos uma vez fora do pais ao qual o curso se refere)

Mas o problema eh que na pratica o buraco eh mais embaixo.

Se vc estiver recem saido da Universidade, tentando arrumar seu primeiro emprego, talvez um programa de trainee e tal, encher o curriculo de cursos e titulos (pos disso, MBA daquilo, etc) ateh dao um bela ajuda, jah que vc nao tem mais nada pra pra “encher papel”, e realmente como jah disse, quanto mais tempo vc passar na sala de aula, melhor.

Mas infelizmente (ou felizemente!) depois de uns anos no mercado, isso tudo jah nao vale pra mais nada. Nao importa quantos zilhoes de cursos vc tenha, se nunca tiver usado nada daquilo na pratica, eles nao tem valor ou sentido algum (a nao ser que vc esteja seguindo uma carreira academica).

Eu entrevisto pessoas com 10, 15, 20 anos de experiencia profissional, para cargos de gerencia senior, diretoria, Vice Presidencia etc, e NUNCA perdemos tempo falando sobre qual o curso universitario aquela pessoa fez, ou se a universidade ou diploma eh “bom” ou “ruim”. E acreditem, na maioria das vezes, essas pessoas estao exercendo profissoes que nao tem NADA a ver com seu diploma, ou nem sequer tem um curso universitario – acabaram entrando num determiando mercado/carreira por acaso e foram progredindo por puro talento.

As raras excessoes sao se por acaso me aparece nas maos um CV de alguem que ALEM dos 20 anos de carreira ainda fez um Mestrado em Harvard, ou Oxford, ou coisa parecida. Isso sim chama atencao.

Mas como jah falei antes, isso muda MUITO de pais pra pais. Por exemplo na Africa do Sul, os curriculos parecem CVs Brasileiros, cheeeeeiros de cursos disso e daquilo e a Diretora Regional soh gosta de entrevistar candidatos com “MBA”, coisa que jah virou ateh piada aqui em RH, pois ateh a secretaria dela e o menino que cuida do estoque teem “MBA”. Ou seja, lah em Johanesburgo virou uma coisa que todo mundo “tem que ter” mas na verdade nao tem valor algum, pois nao te diferencia, jah que nao sao Masters in Business Adminstration e sim um pos de qualquer coisa.

Isso tudo pra mostrar que generalizar eh um pouco perigoso, mas a realidade de quem quer imigrar eh que oque conta mesmo eh a experiencia profissional relevante naquela profissoa especifica, seja um curso feito “aqui fora” ou em qualquer outro lugar do mundo.

O meu exemplo eh otimo pra ilustrar isso. Fiz faculdade de Economia, numa Universaidade considerada ser uma das melhores do Rio e do Brasil. Nao gostei muito do curso, e detestei a carreira. Entao decidi que a melhor maneira de mudar seria fazer “um curso”. Fui pra Espanha e fiz um mestrado em Turismo, pois achava que uma vez tendo um titulo Espanhol todas as portas se abririam pra mim.

O curso foi otimo, aprendi um monte, fiz varios contatos (todos locais, logico) e tal, mas quando fui munida de meu Cv pro mercado, nao valia pra nada (mesmo sendo Espanhol) pois eu nao tinha experiencia NENHUMA daquele mercado.

Entao entrei numa outra situacao muito comum nesses casos: estava Overqualified (ou seja, qualificada demais) para alguns cargos (que geralmente sao os mais baixos da cadeia alimentar de determinada carreira, e que poderia me abrir algumas portas) e Underqualified para outros cargos (que exigiam experiencia na area e eu nao tinha nenhuma!).

Me deseperei e acabei caindo por acaso em RH. Como? Acabei descobrindo que oque eu fazia no Brasil na area de Financas, aqui na Inglaterra eh considerado parte de RH, entao jah tinha 3 anos de experiencia numa carreira que eu mal sabia que existia, e por sorte, me dei bem.

Entao, dois anos depois trabalhando no mercado local, resolvi fazer um outro mestrado, dessa vez especifico da carreira que queria seguir e que jah tinha experiencia, para aprimorar meus conhecimentos tecnicos e teoricos (afinal nunca tinha estudado RH antes na vida) e fazer todo networking local.

Talvez se um dia eu mudar de pais de novo, esse mestrado perca um pouco seu valor, mas pelo menos lah se foram muitos anos de carreira + um Mestrado na area, que alem do titulo de Mestre ainda me dah uma qualificacao profissional (CIPD) que eh reconhecida em varios outros paises dentro e fora da Europa.

 

Bem, esse post ficou gigantesco e nao sei se respondeu a pergunta, ou se confundiu mais ainda… Sintan-se livres para dar sua opiniao, contar diferents experiencias e tal. Quem sabe assim nao ajudamos alguem.

 

 

Adriana Miller
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13 May 2009
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Quem nao chora, nao mama

Recursos Humanos, Trabalho

O mundo corporativo eh feito de dois tipos de chefe: os chefes bons, e os chefes maus. (bem, todo tipo de mundo eh assim, nao soh o “corporativo”).

E nao estou falando de simpatia, de chefe que bate papo do lado da maquina de cafe etc. Estou falando do tipo de gerente que defende e luta por seu time. Por outro lado tem os gerentes que podem ateh ser super gente boa, mas sao pessimos gerentes. Tudo fica por isso mesmo, e nao pensam no futuro; no desenvolvimento; no alem do horarios de 9 as 5.

Quando eu comecei aqui na empresa, quase 2 anos atras, eu tinha uma chefe otima. Minha gerente era a chefona vice presidente do departamento. Uma pessoa que desde o inicio acreditou muito em mim, me mandou pra varios trainamentos, e me deu total responsabilidade sobre meu trabalho. Pra mim, esse eh o melhor tipo de chefe. Afinal, se nao achasse que eu era boa, ela nao teria me contratado, certo?

Um ano e pouco depois, o time de RH passou por uma pequena reestruturacao, e a vice presidenta achou que estava sem tempo para se dedicar ao time, e alguns de sues direct reports foram transferidos a uma outra gerente. Eu incluida.

A principio isso nao mudou nada, afinal eu e a outra gerente trabalhavamos lado a lado e nos davamos relativamente bem.

A diferenca veio com o tempo, pois por ser bem menos experiente, e na pratica ter o mesmo nivel de experiencia que eu (diria ateh que um pouco menos….), ela se transformou numa chefazilla!

Sem grandes exageros, e nem de longe tao pentelha quanto minha chefa na outra empresa. Mas talvez por inexperiencia de como gerenciar um time, ela virou super micro-manager querendo estar presente em cada reuniao, copiada em cada e-mail, e dando palpite em cada coisinha. Porem, ano passado eu me envolvi em varios projetos internacionais, que nao eram parte do departamento dela, e comecamos a ter alguns atritos.

Naaada demais, mas sabe quando teu santo nao bate com o da outra?

Entao um dia, eu vesti minha mascada de pau e resolvi mandar um e-mail pra chefona. Afinal entendia os motivos dela de nao querer mais ter responsabilidade gerencial sobre mim, mas me sentia injusticada porque agora estava me reportando a uma pessoa que nao tinha muito pra contribuir ao meu desenvolvimento, e que nao tinha poder suficiente para influenciar minha carreira. A solucao? Me promova, por favor!

Mandei um relatorio imeeeenso, provando por A + B o porque eu deveria ser promovida, o quanto meu cargo jah tinha mudado gracas a mim, etc, etc.

Cagaco, puro cagaco. Mas neses anos de RH uma coisa que eu aprendi, eh que a nao ser que vc tenha um otimo gerente (no sentido gerencial, nao no sentido gente boa da coisa), vc tem que tomar as redeas de sua carreira, se nao jah era. E eu nao estava a fim de passar anos estagnada fazendo a mesma cosia de sempre.

Passaran-se semanas e nao recebi nenhuma resposta! MORRI de medo de ter sido cara de pau demais!

Depois ela me respondeu, meio que desconversando, numa de “vamos conversar melhor depis do projeto tal, da reuniao nao sei oque” e assim foi ficando.

Os meses passaram e chegou a epoca das revisoes de performance. Mais uma vez meti a boca no trambone (eu to cheia de frase feita hoje, heim?) e usei os mesmos argumentos de antes pra provar que deveria ser promovida, mais meus mestrado, meu CIPD, o feedback otimo que recebi dos projetos em que estava trabalhando etc,etc. Nada. Mas mantive a feh!

Um tempo depois a chefinha me chamou numa sala, e falou que quem sabe, pode ser que, talvez role uma promocao. Mas sabe como eh neh, com essa historia da crise, a empresa cortando cabecas, salarios congelados etc, nao sei se vai ser aprovado.

Oquei, jah estava satisfeita. Soh queria que elas me ouvissem e se dessem conta de que eu sei do que sou capaz, e se ninguem mais se preocupa com minha carreira, eu me preocupo! Mas realmente, nesse momento, estou feliz de ter um emprego.

O tempo passou novamente, a crise virou desculpa pra tudo e mais um pouco, o trabalho anda uma chatice que soh (culpa da crise!), e jah estava preparada pra ser cara de pau de novo daqui a uns meses, quando a poeira baixasse na economia.

Entao ela me chama numa salinha, no fim do dia, eu crente que ia levar esporro (porque foi uma daqueles dias que acordei com a macaca e nao estava afim de fazer nada o dia todo), e entao ela me avisa que o time dos EUA aprovou minha promocao, e que agora serei Generalista Senior!!!!

Ebaaaaaa!!! Meu queixo caiu no chao de surpresa!!! Ela me deu uma cartinha oficial assinada pela Vice Presidente, e hoje de manha saiu o e-mail global com o anuncio!

Esta sendo uma delicia receber e-mails de todos os meus times no mundo todo me parabenizando, jah encomendei um novo lote de business card com o novo titulo e na hora do almoco fui almocar com o Aaron pra comemorar! Brindamos com Guarana Antartica da pastelaria do Portuga de Tower Bridge!!!

A verdade eh que eu nunca tive um chefe que tenha sido um “bom gerente”, a ponto de se preocupar com meu futuro e me ajudar a desenvolver na minha carreira.

Mas comecei a prestar atencao que esse tipo de chefes sao rarissimos, e a maioria das pessoas que “se dao bem” prifissionalmente (no sentido de serem bem sucedidos, e nao de “espertinhos”) sao os que nao soh sao super competentes no que fazem, mas tambem nao ficam sentados esperando que ninguem faca nada por eles. Sao pessoas que falam oque pensam, que pedem pra fazer treinamentos, que se interessam em novos projetos, e acima de tudo exigem que sejam reconhecidos.

E eh com eles que quero aprender!

 

Adriana Miller
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23 Apr 2009
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It Job

Recursos Humanos

A Ale Garattoni esta escrevendo um guia de carreiras para quem quer trabalhar com moda e tals. O primeiro post da serie eh um guia bem generalizado, que vai direto ao ponto e eh super valido e super UTIL pra todo mundo, em todas as profissoes.

O “It Guia de carreiras” traz pequenas dicas, de A a Z, que todos devem levar em consideracao ao escrever um CV, aplicar pra entrevistas, e no dia a dia de sua carreira (seja lah qual for).

Eu assino em baixo. Como jah falei aqui em outros posts sobre o assunto,  sao os pequenos detalhes que fazem a grande diferenca entre um candidato ou outro, e eh isso que vai garantir que voce consiga ou nao o emprego dos sonhos!

*****

 

Gente, isso eh serio. Acabei de voltar de uma entrevista e o cara tinha um CV top. Otimas qualificacoes, experiencia bla bla, mas nao parava de fazer piadinha o tempo todo! Si-man-col meu filho! Fez a primeira pra quebrar o gelo, e tudo bem. Fez a segunda num momento errado (fazer piadinha sobre resultados do PnL da empresa pro diretor de financas nao rola), e mesmo assim insistiu em ser engracadinho… Resultado, apesar de ter um perfil otimo, a primeira coisa que o diretor falou quando o cara saiu da sala foi “Que cara irritante, nunca conseguiria trabalhar com ele”.

Vontade de repetir em coro: “Ligue o botazinho da sensibilidade. Competencia e envolvimento a parte , nada eh tao fundamental como aquele feeling  que nos mostra qual a hora de falar e qual a hora de ficar calado; qual a hora de brincar e qual hora de ficar serio; qual hora de aparecer e  qual hora de sumir“.

Se ele tivesse tido um pouco mais de sensibilidade, provavelmente tinha ganhado o emprego…

 

Adriana Miller
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