30 Oct 2011
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Saint-Germain-des-Prés

Dicas de Viagens, França, Paris, Restaurantes & Cafes, Roteiros & Passeios

O bairro Saint-Germain-des-Prés na area River-Gauche (lado esquerdo do Sena) de Paris deve ser um dos pouquíssimos bairros centrais de Paris onde vemos mais Parisienses do que turistas pelas ruas.

Nao que o bairro nao seja turístico – e vale demais a pena um visita – mas ao ser comparado com outras areas do outro lado do Sena a concentração de atrações turísticas por metro quadrado é bem reduzida, oque consequentemente tem um efeito diretamente proporcional aos turistas que a area atrai.

Tudo que Saint-Germain nao tem de cartões postais, ele tem de charme-cliche-Parisiense e ainda hoje atrai o mesmo estilo de moderninhos intelectuais de outrora.

E foi justamente isso que ajudou a desenvolver o bairro no século 19, que foi o berço do movimento existencialista.

As cafés escondidinhos das ruas do entao bairro low profile no 6eme arrondissement abrigaram nomes como os escritores e filosofos Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir enquanto desenvolviam suas criticas antropologicas, sociais e politicas que contribuiram para uma revolução social na Europa no inicio do seculo 20.

Muitos desses cafes ainda existem (mas hoje em dia atrem mais turistas doque filosofos) e os mais notaveis sao os historicos Cafe de Flore – que era o preferido da elite intelectual e literaria nos periodos pre e pos guerras – e o rival Les Deux Magots – que era o preferido entre a elite artistica e fashionista durante o mesmo periodo, listando entre seus clientes mais notaveis, nomes como Pablo Picasso durante sua fase “cubismo”.

Mas apesar de hoje em dia apenas atrair turistas, os dois cafes ainda mantem uma forte presença no mundo literário de lingua Francesa, e ainda sediam dois prêmios de literatura, o “Le Prix des Deux Magots” e o “Prix de Flore” desde a decada de 30.

Mas intelectuais e literatura clássica a parte, o Saint Germain de hoje em dia, atrai um novo estilo de vanguarda, e cada esquina e cada quarteirao do bairro (principalmente no Bulevard du Saint Germain, a rua principal do bairro) sao ocupadas por lojas de design: seja moda, como os incomuns Sonia Rykiel e Zadig et Voltaire, que sao duas marcas francesas que definitivamente nao se moldam no padrão Chanel-Dior-Hermes de ser.

Alem das lojas de design mobiliário (como por exemplo uma loja gigante da Armani Casa ou Bang & Olufson), pecas de arte, pinturas e galerias de fotografia.

E é em Saint Germain tambem que esta a loja de Departamento Le Bon Marche, com estrutura desenhada por Gustav Eiffel e que eh a loja de departamentos mais antiga da Europa.

Mas apesar dos cafes de peso Flore e Deux Magots, Saint Germain é inteirinho dedicado a arte de beber cafe e nao fazer nada numa mesinha na calçada.

Sao quarteiroes e mais quarteiros, com ruas inteiramente ocupadas por cafes, bistros e restaurantes chamoso, principalmente entre as ruas Rue de Seine e Rue du Buci (bem atras da Igreja de Saint Germain), e eh justamente ali que esta o maior tesouro escondido do bairro: o Cafe Procope (na rue de l’Ancienne Comédie, praticamente chegando no Odeon) que leva o recorde do primeiro e mais antigo cafe de Paris!

O engraçado, é que num bairro com tantos grandes nomes e tantas ofertas, o histórico Procope acaba se apagando e passando totalmente despercebido pelos turistas!

O Procope foi fundado em 1686 (no mesmo predio ate hoje!) por um comerciante Italiano que nao se conformava de nao encontrar um bom lugar dedicado a tomar cafe em Paris, entao fundou o primeiro restaurante/bar, com um nome inspirado em “Procopius”, o historiador Romano que divulgou todos os podres do imperador Justino, oque chamou bastante atencao na epoca.

Alem disso o cafe foi fundado praticamente do outro lado da rua do teatro Comédie-Française, fundado por Moliere e um dos primeiros do genero na cidade, e rapidamente virou um estabelecimento frequntado por atores e roteiristas antes e depois das apresentacoes.

Hoje em dia o Cafe Procope ainda funciona como um bar e cafe, mas tambem eh um bistro, e tem um menu bastante variado.

E claro, nao esquecendo da propria igreja de Saint Germain (que ja foi Abadia, mas hoje em dia acho que foi destituida) que marca a area central do bairro.

Um roteiro legal pra ser feito por ali eh comecar o passeio nos arredores do museu Les Invalides e do museu Rodin, que apesar de tecnicamente nao estar no bairro Saint Germain, eh um predio lindíssimo e tem um conexão logica e bem facil, seguindo pela Rue de Grenelle (ruazinha estreita cheia de predios antigos ocupados por ebaixadas e consulados) ate onde o Bulevard Raspail se junta com o Bulevard Saint-Germain, e dai pra frente é uma reta que cruza todo o bairro!

 

 

 

Adriana Miller
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28 Oct 2011
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Le Matignon

Dicas de Viagens, França, Paris, Restaurantes & Cafes

Volta e meia alguém me pergunta como eu consigo aproveitar tanto minhas viagens a trabalho. A resposta(s) é simples: me planejando bem (sempre que da, tento encaixar uma horinha – ou duas! – extra antes de voltar pro aeroporto, pesquiso a area do hotel que vou ficar e cosias assim), mas principalmente por nao me incomodar de fazer nada sozinha.

Seja passear, seja jantar ou almoçar num lugar legal, oque for. Então enquanto estava em Paris, no fim do primeiro dia na cidade, fiz um comentário no Twitter que ia aproveitar a melhor companhia do mundo – eu mesma! –  e sair pra jantar depois de um dia cansativo, mas muito produtivo. E foi isso mesmo que fiz!

Segui as dicas da gerente Francesa (a mesma que me deu a dica do Carette) e fui jantar no Le Matignon, restaurante que fica praticamente na esquina da Champs Elysees (bem onde começa o jardim).

O Le Matignon nao se “rotula” como um restaurante, e sim um “playground“, pois combinam boa comida, boas bebidas, restaurante-bar-lounge com ótima decoracao,  que com a ajuda de um promoter e um arquiteto famosos, rapidinho virou o hot stop queridinho de Paris. O arquiteto responsavel foi o Jacques Garcia, que entre muitos outros trabalhos high profile, assinou a reforma do Hotel Metropole em Monte Carlo e o restaurante Spice Market en NY e Londres!

Entao desde sua inauguracao em 2010 o Le Matignon tem aparecido nas listas de melhores restaurantes de Paris e sediou varias das grandes festas das semanas de moda na cidade – o Karl Lagerfeld gostou tanto de la, que ganhou ateh um booth personalizado para suas festas prive, com sua foto estampando a parede e tudo mais!

E isso se nota no estilo “excentrico” da decoracao, com muito veludo escuro, sofas e cadeiras que te engolem, lustres gigantes e ate um “pato” de pelucia num balanco giratorio… realmente da pra imaginar as fashionistas saracutiando de um lado pro outro entre os diferentes ambientes!

Mas muito se engana que acha que tantos titulos e celebridades criaram um ambiente snob e precos proibitivos! Da hostess ultra simpatica na porta, ao garcon que falava portugues perfeito (e me contou toda sua historia de como foi passar um carnaval em Salvador, se apaixonou por um Brasileira e acabou transformando as ferias de 2 semanas em 5 anos vivendo entre Salvador e Sao Paulo!), um servico espetacular!

A comida estava otima, mas ao mesmo tempo, relativamente simples. Nao espere menus indecifraveis, e muito menos precos que te levarao a falencia: meu jantar – incluindo vinho Cote de Provence, entrada, prato principal e taxa de servico – saiu por cerca de 40€!

Nao chega a ser uma restaurante pechincha, mas para precos de Paris e sendo o lugar que eh, achei otimo!

http://www.matignonparis.com/

3 Avenue Matignon

75008 Paris

 

 

Adriana Miller
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27 Oct 2011
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Hôtel Ritz Paris

Dicas de Viagens, França, Hoteis, Paris

Quando fui marcar minha ultima viagem a trabalho pra Paris essa semana, pensei: Porque não?

Por sorte, os hoteis que tem parceria com minha empresa são sempre ótimos, e em Paris em particular, a seleção de opções é de cair o queixo! Então o hotel escolhido dessa vez foi o fenomenal e histórico Hôtel Ritz Paris.

A rede Ritz por si só, já é sinônimo de luxo e elegância, mas o de Paris é ainda mais especial!

Na verdade o Ritz de Paris foi o primeiríssimo hotel desenvolvido por Cesar Ritz e seu sócio Auguste Escoffier, em 1898. Ambos trabalhavam para o Hotel Savoy em Londres, Cesar como gerente geral e Auguste como Chef, e entre os anos de 1889 e 1897 os dois desenvolveram o Sovoy London que ouvimos falar ate hoje.

São eles quem levam o credito de desenvolver o hotel em altíssimo padrão, atraindo a alta sociedade e realeza Londrina que viveram a época dourada do final do século. Porem os dois se meteram num escandalo e foram demitidos do Savoy – mas ainda assim seu legado e fama eram tao popular na Europa que atendendo a demanda, eles resolveram fundar um hotel em Paris, onde o Ritz esta a te hoje, na esquina da Place Vendome no 1er Arrondissement.

O predio onde o Ritz ocupa ate hoje, foi construido em 1705 e Cesar contratou um arquiteto para transformar o antigo palacio em uma “hospedaria tao luxuosa, que seria propicia ate a um principe”. E conseguiu! Supostamente o Ritz Paris foi o primeiro hotel na Europa a ter eletricidade e banheiro dentro do quarto para seus hospedes.

E por falar em hospedes, o Ritz de Paris ja hospedou todo o who’s who artistica, intelectual, politica e real da Europa, e entre seus hospedes ilustres estao a Garielle (Coco) Chanel que morou no Ritz por mais de 30 anos, e Ernest Hemingway, que tambem chamou o Ritz de “casa” por muitos anos (e o bar do hotel se chama Hemingway em sua homenagem) e profanou uma de suas frases iconicas “quado em Paris, a unica desculpa pra nao se hospedar no Ritz, eh se voce nao puder pagar…”.

E tambem ja passaram por suas suites nomes como Marcel Proust, Charlie Chaplin, Greta Garbo, Marlene Dietrich e Jean-Paul Sartre, entre muitos outros alem de ter servido como pano de fundo para outros tantos livros e filmes baseados em Parivariando entre a suite de Miranda Presley em “O Diabo veste Prada”, ao James Bond ” From Russia with Love”, Audrey Hepburn em “Love in the Afternoon” ate alguns classicos como F. Scott Fitzgerald em “Tender Is The Night”.

Entao realmente o hotel eh tudo isso mesmo, com quartos e saloes que lembram muito mais os saloes de Versailles, doque um hotel – mas li na revistinha do hotel que no final de 2011 o Ritz Paris fechara suas portas por 2 anos para uma reforma e modernizacao geral (e sinceramente? Esta precisando de um update urgente)!

Assim como o Ritz de Madrid e o Ritz de Londres, o hotel original de Paris mistura a decoracao classica e imponente caracteristica da marca, mas por outro lado, se tornou antiquado ao ponto de ja nao conseguir oferecer a seus cliente do seculo 21 o nivel de conforto e modernidade que se esperaria de um hotel desse porte.

Espero que a reforma seja apenas estrutural, e que o Ritz nao perca seu perfil historico e decoracao tipica – e espero poder voltar daqui a dois anos e conferir o antes e o depois!

O hotel Ritz tambem conta com o restaurante L’Espadon, fundado por Charles Ritz (filho de Cesar) e que hoje em dia possui 2 estrelas Michelin, e eh o restaurante-vitrine da prestigiosa escola de gastronomia Francesa Ritz-Escoffier, que atrai os melhores chefs da Europa, mas que tambem tem cursos de alta cozinha para “leigos”!

Um workshop de 4 horas (incluindo como combinar comida com vinho) custa cerca de 150 Euros, e um curso mais completo de 2 dias inteiros, pode chegar a custar mais de 1.000 Euros.

E tudo isso, claro, sem esquecer a Place Vendôme, onde o hotel esta situado!

No centro da praça, esta a Coluna Vendôme, ereta por Napoleão I para comemorar a vitória da Batalha de Austerlitz em 1805 e que foi modelada, arquiteturalmente falando, na Place de Vosgues, também em Paris.

A praca esta a cerca de 2 quadras do jardim Tuleries e da Rue du Rivoli, e eh ali na Place Vendome que comeca  Rue de La Paix, que deve ser, sem sobre de duvidas a rua mais cara de Paris! Eh ali que estao todas as maisons de alta costura, porem… apenas vendendo joias!

Soh a loja da Cartier eh praticamente um quarteirao inteiro! Sem falar na Chanel joias, Dior Joias, Louis Vuitton Joias, Bucheron, Tiffany’s, Van Cleef and Arpels, De Beers e muitos, muitos outros!

 

Adriana Miller
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