10 Oct 2011
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Por indicacao de Vossa Majestade, a Rainha

Dicas de Londres, Inglaterra, Tradicoes Inglesas, Vida na Inglaterra

No outro dia, em alguma de minhas viagens a trabalho, assisti na CNN o Piers Morgan (jornalista Ingles que eu adoro, que substituiu o Larry King) entrevistando o Simon Cowel, que foi no minimo interessante.

Uma das cosias que o Simon Cowel falou e que prendeu minha atencao foi o tema da familia real. O Piers tentou jogar a isca achando que o Simon ia ser polemico e falar mal da monarquia, mas na verdade ele confessou que adorava oque a familia real representava na cultura Inglesa. O fato de que os Britanicos em geral, nao sao os melhores, nem os mais bem sucedidos, nem os mais inteligentes nem bonitos – mas eles tem uma familia real como nenhum outro povo, e essa mistica da Realeza da um poder a cultura Britanica inalcancavel a outros paises (com Monarquias operantes ou nao).

Entao esse assunto dominou grande parte do programa, e o principal argumento do Simon Cowel foi que a familia Windsor eh o grande diferencial dos Britanicos. Discussoes a parte sobre sua fortuna, verdadeira funcao politica e tal, isso me fez pensar sobre o tal do “dedo de ouro” que a realeza Britanica tem no mundo.

Vide o fenomeno irmas Middleton. Entao nao da pra negar que a realeza tem um poder que vao muito alem das escadas sociais Britanicas, e de fato, tudo que eles tocam viram sucesso.

Mas isso vai muito alem das capas de tabloides e teorias da conspiracao, pois no Reino Unido existe de fato um “selo” de autenticacao Real que reconhece os fabricantes e comerciantes que produzem bens consumidos pela familia real.

Receber o Royal Warrant eh uma honra maxima alcancada por fabricantes e marcas Inglesas, e significa nada mais nada menos que a Rainha usa, aprova e recomenda determinada marca.

Entao as marcas que recebem essa honra, expoe orgulhosamente seu selo real (com o leao e unicornio) e a frase “By appointment of her Majesty the Queen” (Por indicacao de sua Magestade a Rainha) em todas as suas embalagens e merchandising.

Sao cerca de 800 marcas Britanicas e extrangeiras que detem o selo real atualmente, e entre elas estao algumas das marcas mais tradicionais Inglesas, como a Burberry, as galochas Hunter, os chas Twinings, o hotel Ritz e as bolsas Asprey.

Mas muitas outras marcas que fazem parte do dia a dia no Reino Unido tambem entram na selecionada lista de fornecedores reais, como as farmacias Boots, o supermercado Waitrose e a loja de departamentos John Lewis.

O processo de selecao eh rigoroso, e por isso mesmo atestam a qualidade dos produtos e dos servicos – o selo pode ser conferido espontaneamente por algum membro da familia real (apenas a Rainha, o Duque de Edinburgo e o principe Charles tem “poderes” para conceder selos de appointment) ou depois de passar por uma rigorosa selecao e teste de qualidade, atravez da Camera de Comercio do reino (e do Lord Chamberlain, que tem uma funcao privilegiada de Lord-governanta e conselheiro real).

Ou entao, muito mais facil que receber o selo real pra promover sua marca, basta conseguir que uma das irmas Middleton usem alguma peca da sua loja  e pronto! Estoques esgotados na certa!

Entao da proxima vez que voce estiver preparando seu cha Twinings enquanto passa sua mostarda Colman’s no seu sanduiche, pense que a Rainha poderia estar fazendo a mesma coisa!!

Adriana Miller
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Adriana Miller
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13 May 2011
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Guia conciso de comida Indiana para frescos e medrosos

Delhi, Dicas de Viagens, India

Antes de viajar eu fiz umas piadinhas no Twitter sobre nossa dieta de engorda pre viagem – ja que sabia que iriamos passar 17 dias a base de curry apimentado vegetariano!

Eu nao tinha nada contra comida Indiana, mas esta longe de ser minha preferida. E isso porque sempre achei que o problema era mesmo de meu paladar, pois afinal, Londres eh considerado um dos melhores lugares de mundo pra se comer um curry autentico!

Mas eu estava enganada em duas cosias importantissimas: primeiramente, que a comida do Nepal e do Sri lanka sao muuuuito diferentes da comida Indiana (entao nao foram tantos dias assim imersos em curry!), e principalmente – voce nunca comeu curry ate comer na India!

Nao adianta o quanto digam que Londres tem alguns dos melhores restaurantes Indianos do mundo – Eu so consegui passar a gostar mesmo de curry depois da primeira refeicao na India!

As opcoes eram sempre muitas, e o principal problema eh sempre saber oque escolher no menu! Entao aproveitei a boa vontade dos guias e o Ingles precario dos garcons e explorei a fundo os menus e as especialidades servidas por la. Entao esse mini guia/menu tem algumas de minhas escolhas preferidas (com links para receitas!) que sao uma boa introducao a essa culinaria.

Logo no dia que chegamos, na estrada a caminho de Jaipur, paramos pra comer numa birosca na beira da estrada que era de arrepiar. Enquanto lia o menu, tentava recaptular onde estava o estoque de remedios pra dor de barriga que tinha comprado, e acabei pedindo uma opcao facil e segura, que reconheci na hora: Tikka Masala Vagetariano com arroz Basmati.

Tikka Masala

O Tikka Masala eh um prato tipico Indiano e muito popular na Inglaterra, que involve marinar os vegetais (ou frango, na versao Britanica) em curry e especiarias numa base de tomate, coentro, curry e yogurte, cozido num forno Tandoor (forno de barro tipico Indiano).

Eh um prato que eu como bastante aqui em Londres, e acho bem gostosinho. Mas nossa! Como foi diferente!! De-li-ci-o-so!! E foi exatamente oque precisava pra perder o medo e experimentar um pouco mais a mesa durante a viagem!

E pra completar, o prato veio acompanhado com pao Naan de alho de chorar de delicioso! (e acabou virando nosso acompanhamento obrigatoria em todas as refeicoes durante a viagem!)

Pão Naan com alho (MUITO alho)

 Entao passado o receio original, resolvi comecar a explorar outras opcoes que apareciam no cardapio e eu nunca soube oque eles eram extamente.

Uma otima descoberta (que depois tambem foi repetida algumas vezes) foi o arroz Biryani, que tem como base de seu tempero acafrao e sementes de mostarda, com nozes e cebola frita por cima pra dar uma textura.

Arroz Biryani

E apesar de que eu pedi que meu Biryani nao fosse muito apimentado, eles serviram o prato com molho Raita, feito de iogurte e muito comum em pratos de curry, pois o iogurte “refresca” a pimenta.

Molho Raita

 Esse raite em especial foi muito bom, pois em vez de ser o Raita comum que tem como ingrediente principal penino e menta, esse era quase que uma versao de molho vinagrete Indiano, com pepino, menta, tomate cebola e alho!

E olha que geralmente nao sou muito chegada em molhos cremosos e a base de leite/iogurte, mas esse tava tao bom que perdi o medo!

Depois de algumas refeicoes super bem sucedidas, o Aaron resolveu se aventurar um pouco mais e perdeu o receio de provar o tal do Paneer, que foi terrivelmente traduzido como queijo cottage, mas que depois que provamos eu achei que era super parecido com nosso queijo coalho!

Paneer

Paneer eh o principal substituto de proteina em pratos vegetarianos e vc encontrar Paneer em tudo! Ate o McDonalds tem uma selacao incrivel de McPaneer substituindo o hamburger de vaca! Mas a versao mais comum eh sempre o simples Paneer com curry.

Jalfrezi

 Quando estavamos em Agra, jantando com a vista do Taj Mahal a noite, eu resolvi provar o Jalfrezi, que eh outra maneira de preparar curry que eh tipica da regiao, e foi desenvolvida pelos Mugals, tribo de origem Bengali que foram os principais artesaos responsaveis pela construcao do Taj.

Eu adorei o Jalfrezi vegetariano, pois apesar de ser predominantemente um prato a base de curry, o tempero eh bem mais leve e menos marcado doque num curry comum.

Mas uma coisa que me surpreendeu foi que apesar de ser predominantemente um pais vegetariano, nao foi impossivel achar carne nos menus.

Talvez tenha sido pelo simples fato de que nos acabavamos sempre sendo levados nas opcoes mais turisticas (menu em Ingles ajuda, mas eh o primeiro sinal de que vc esta longe de estar num restaurante “autentico”!), mas sempre tinha uma ou outra opcao com frango, e nas cidades maiorzinhas (ou em Delhi) vimos varios menus com carne de vaca.

O problema eh que voce se sente muito errado de estar comendo um animal na India!

Eh muito impressionante esse respeito que eles tem com a vida, por menor e mais insignificante que ela paresce ser… Por exemplo, enquanto eu ficava louca com as moscas e mosquitos e ficava me abanando e tentando matar as desgracadas desperadamente, nosso motorista ia calmamente “encaminhando” cada uma das moscas pra fora da janela do carro, sempre com uma paciencia e precisao de Gandhi pra se livrar de cada uma delas.

Mas o pricipal motivo mesmo de termos optado por seguir o vegetarianismo enquanto estavamos la (que pro Aaron era uma ideia incincebivel ate entao!) eh ver a condicao em que os animais vivem na India. Afinal, se eh proibido matar vacas, da onde saiu essa carne do seu hamburguer?! Sabe?

As vacas, galinhas, porcos, javalis e cabras estao em todos os cantos, sempre largados, sujos, magros, comendo lixo na beira das estradas.

Por mais que voce nao necessariamente associe as vacas gordinhas e saudaveis do Pampa Argentino com a picanha na sua churrasqueira, quando vc passa o dia todo vendo vacas magras e doentes comendo lixo na entrada da favela, impossivel nao pensar que voce nao quer que aquilo ali chegue nem perto do seu prato!

Entao ser vegetariana por 2 semanas foi muito mais facil doque imaginei, e nao senti falta nem um pouco de carne nenhuma!

McDonalds sem Hamburguer!

 Mas quando estavamos esperando uma conexao no aeroporto de Delhi, nao resisti em tirar uma foto do menu 100% sem carne vermelha!

E quer saber, nao passamos mal nem ficamos doentes nenhuma vez por causa da comida!

Claro que tivemos muito cuidado com agua, frutas com casca e coisa assim (cuidados normais em qualquer viagem!), mas eu ja tinha ouvido tanta historia cabeluda sobre tudo na India ser tao sujo, tao sem higiene, tao isso, tao aquilo…. achei tudo um belo exagero!

Adriana Miller
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03 Mar 2011
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Open House (antes e depois!)

Lar doce lar

Não sei mais se posso chamar a casa nova de “nova” agora que já moramos aqui ha mais de 6 meses… mas como prometi, vou mostrar os “antes e depois”, porque realmente estou orgulhosa da transformaçnao que demos nesse lugar!

Quando nos mudamos eu bem que disse, né? O Apartamento tinha muito potencial, mas ia dar trabalho!

Se esta pronto? Definitivamente não, mas acho que casa nenhuma deveria nunca ficar “pronta”, afinal as estações mudam, a dinamica da familia muda, seus gostos por decoração mudam… E alem disso, depois que passou a empolgação da mudança nos primeiros meses, e as coisas horrendas pelos cantos foram sendo escondidas aos poucos, eu fui me aquietando, e acabei deixando algumas coisas pela metade.

Quadro por pendurar, estantes por armar… meu quarto por exemplo, eu to cheia de planos de como “transforma-lo” mas como é um comodo que ninguem ve, e é 100% habitavel, a empolgação foi embora..

Mas vamos ao ponto! O post de hoje é a sala, que era com certeza o lugar mais medonho da casa!

Cortinas de veludo vermelho, combinando com o sofa, igualmente de veludo vermelho e desbotado… que “combinam” com almofadas amarelo mostarda com chadrezinho em vermelho, que por sua vez combinava com uma poltrona de braço no mesmo tecido amarelo mostarda…

Sem falar na estante de madeira escura, descentrada na parede (?!) com uma TV de tamanho desproporcional, um videocassete (?!?!?!) que nao funciona, um estereo com fita cassete e auto falantes (?!?!), e uma quantidade desumana de flores de plastico, relogios que não funcionam, cinzeiros, arranjos de pout-purri, e “bibelots” medonhos em geral…

E as paredes?! Os quadrinhos de bichinhos, florzinhas, criancinhas tambem enfeitavam as paredes da sala, todos desnivelados, descentrado na parede, e claro, mais relogio que nao funcionam!

Sem falar que por algum motivo a sala nao tem luz de teto, mas herdamos varias lampadas pedestal, e obvio, nenhuma combina nem tem nada a ver com a outra!

Então o processo de “transformação” da sala foi um dos principais da casa! Não suportava chegar em casa todos os dias e dar de cara com aquelas cortinas vermelhas!

E como todos os moveis são bem escuros (que não sou muito chegada em moveis de madeira escura…) resolvi que então queria transformar tudo que fosse “transformavel” (pois não podiamos pintar nem reformar moveis) em tons claros e neutros.

O primeiro passo foi o mais impactante, e trocamos as cortinas pesadonas de veludo vermelho por cortinas de linho beije e suporte de metal escovado. Aproveitei quando meus pais estavam aqui, e meu pai botou a mão na massa (meu pai é super handyman!).

O segundo passo, foi o sofa. Eu achei que seria o mais dificil, pois é carissimo refomrar sofa e trocar o tecido! Mais caro que comprar um sofa novo (que nao era opção, pois não podiamos nos desfazer de nada). Mas por sorte, acabei caindo num site Americano (overstock), que entrega na Inglaterra, e tem umas coias pra casa bem boas!

Foi um tiro no escuro, pois era impossivel saber se a capa ia ficar boa ou não, mas resolvemos arriscar (afinal a outra opção era manter o veludo vermelhão-alaranjado).

 

Logicamente não ficou perfeito, mas ficou bom o suficiente, e bastou dar umas ajeitadinhas nos cantos, varios pregos e grampos por baixo dos assentos, e voilá!

Pra tentar resolver um pouco o problema da estante de mandeira descentrada na parede, usamos o bau de mandeira (que antes estava no corredor) como apoio pra nossa TV (que é grande demais pra colocar na estante), e que por sorte tem um tom bem parecido de mandeira.

E mais sorte ainda foi ver que uma das estantes aleatorias que ficava no meio da parede do escritorio/quarto de hospedes, era exatamente do memso tom, e tinha o tamanho exato pra encaixar na estante e diminiiu um pouco o buraco obvio da falta de uma TV.

Todos os “badulaques” bregas e inuteis que cobriam as estantes foram devidamente escondidos em caixas no fundo dos armarios (nao pudemos jorhar fora nem as velas usadas, nem as flores secas caindo aos pedeços, nem os relogios que não funsionam…) e trocamos pelas nossas coisas.

Então agora essa estante tem minha coleção de “livros pra ver”, que são meus livros de viagem, fotografia e arte, alem da coleção de guias de viagem e porta retratos (muitos deles ainda vazios ou precisando atualizar as fotos).

Além de algumas peças de decoração que trouxemos das nossa viagens, como um buda Tailandes, uma Matrioska Russa, e uma lampada Marroquina.

“Separando” a sala de jantar e de estar, tem um movel (outra peça que estava perdida e descombinada no corredor) com uns quadrinhos que trouxemos de Buenos Aires, e vasos de cristal que comprei em Bratislava.

Na sala de jantar, conseguimos centralizar os moveis um pouco mais, e colocamos mais algumas fotos nossas na parede, tiradas em Pisa, Porto, Tallin e Hanoi e com um “vaso” Kosta Boda que comprei na Dinamarca (e que tinha outra peça combinando, mas que quebrei num dia de faxina-furiosa ha uns anos atras…).

As cadeiras de jantar tinham uma capinha feiosa no mesmo ton de amarelo mostarda que combinava com as almofadinhas do sofa (vermelho-alaranjado) e da poltrona (amarela de chadrez vermelho…), que alem de uma cor pavorosa, ainda estava toda destrambelhada e caindo aos pedaços.

Então quando  meus pais estavam aqui, eu e minha mãe compramos novos tecidos (tambem em tons de beije), e parte da metragem ela levou pro Brasil e mandou fazer as capinhas numa costureira (cheguei a pedir orçamento por aqui, e custava 10 vezes mais doque mandar fazer no Rio), e os assentos eu mesmo reformei!

Bastou uma tesoura e um grampeador profissional!

 

Perfeitas elas não ficaram, mas, sendo que eu fiz tudo isso sozinha, até que ficou bem bom, heim?!

Ficou ou ão ficou um lugar completamente diferente?!?!

Nos proximos meses (assim que a primavera começar a dar as caras) eu pretendo comprar mais flores e plantas, pra dar mais uma corzinha na sala, e ficar menos “parda”, alem de esconder um pouco as lampadas “pedestal” descombinadas que são bem feinhas…

Mas sabe oque eu mais gosto mesmo? Que apesar do apartamento não ser nosso, e estar recheado de coisas “improvisadas”, pela primeira vez me sinto “em casa”, no sentido “dona de casa” de ser. Deu trabalho e não saiu barato, mas depois dos ultimos apartamentos que morei (antes do Aaron e com ele) eu decidi que cansei de ir deixando pra lá e não ligando muito pra onde morava.

Queria mesmo morar num lugar que eu sentisse que fosse “meu” e que tivesse um pouco da minha cara. Estava cansada de comprar um monte de coisa legal pra minha casa (em viagens e afins) e ter que ficar escondendo pelos cantos, pois não queria “desperdiçar” minhas peças de decoração numa casa que não gostava.

E alias, tenho dezenas de outras coisas que comprei em viagens (vasos, arte, etc) que ao longo dos anos levei pra casa dos meus pais ou pro basement da minha sogra, simplesmente porque não tinha espaço pra nada disso em nosso apartamentos anteriores… At´mesmo alguns presentes de casamento, nunca nem sequer trouxemos nada pra Londres, pra não “desperdiçar” nossas peças legais, em ambientes não tão legais. Então nas proximas viagens ao Brasil e aos EUA, vou começar a trazer algumas dessas coisas de volta.

E sabe que até me tornei menos bagunceira?! Hoje em dia eu de fato gosto de ver minha casa arrumadinha! (inha mae vai chorar de emoção…)

 

 

 

 

Adriana Miller
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