11 May 2012
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Dim Sum e um Guia – mastigadinho – de comida Chinesa

China, Dicas de Viagens, Hong Kong, Pequim, Xangai

Desculpem a piadinha alimentícia, mas não resisti!

Um dos comentários mais comuns que ouvi de amigos turistas e Chineses antes da viagem sempre foi em relação a comida – o quanto a comida Chinesa na China é tãaaaao diferente doque estamos acostumados no Ocidente, como se come mal por lá, isso e aquilo.

Eu sempre gosto de explorar a gostronomia dos lugares por onde viajo (principalmente na Asia), mas fui pra China sem a menor expectativa. Na verdade eu fui com medo doque encontraria por la!

Afinal quem nunca ouviu falar aquelas historias que involvem ingredientes exoticos como miolo de macaco, file de cachorro, escorpiao frito e varios outros itnes que parecem saidos de uma receita de pocao magica do Harry Potter!?!

Puro bla bla bla. Variando entre restaurantes baladados em Hong Kong, Xangai e Beijing, a barraquinhas de rua, mercadinhos inteligiveis e restaurantes sem uma unica palavra em Ingles, comemos muito, mas MUITO bem na China!

Confesso que ate pra mim isso foi uma surpresa, pois realmente esperava altas emocoes alimenticias e cheguei a cogitar levar um estoque de barrinhas de cereais na mala!

Mas claro, isso vindo do ponto de vista de duas pessoas com baixissimo limite de frescuras, e que gostamos mesmo de nos aventurar a mesa e sempre provar oque um determinado destino tem a oferecer.

Dim Sum:

O primeiro passo na minha check list gastronomica era o Dim Sum, pois apesar de gostar bastante de comida Asiatica em geral, eu sabia que o ritual de Dim Sum era uma coisa bem tipicamente Chinesa, que nao vemos em outras regioes da Asia.

Minha primeira introducao ao Dim Sum foi na verdade na China Town de Londres, com uma amiga Chinesa – entao pelo menos a primeira vista, nao foi tao intimidador!

Tentando ser o mais simplista possivel, Dim Sum poderia ser comparado como as Tapas Espanholas – nada mais eh doque comida servida em pequenas porcoes individuais, tendo como objetivo que cada pessoa possa comer e provar o maior numero possivel de opcoes.

 

A tradicao de Dim Sum comecou ao longo das estradas da Rota da Seda, onde os viajantes paravam em pensoes para o ritual de cha Chines. Porem, originalmente as pessoas nao tinham o costume de comer e beber cha ao mesmo tempo, entao apenas pequenas porcoes eram servidas.

Oque era excessao cabou virando regra, e pouco a pouco o costume de servir pequenas porcoes de comida com o cha, foi se espalhando pela China.

Hoje em dia, apesar de ser possivel achar Dim Sum em restaurantes Chineses e Asiaticos em todo mundo, na China esse costume ainda eh ligado a pequenas refeicoes, como por exemplo, um lanche depois de fazer exercicios pela manha, pra acompanhar o cha da tarde ou entao um brunch no fim de semana.

Nos tivemos oportunidade de comer Dim Sum em dois lugares fantasticos na China: primeiro no restaurante Tim Ho Wan em Hong Kong, considerado um dos melhores do mundo, e vencedor ate de esrela Michelin!

Em Xangai tivemos o privilegio de nos hospedar no Westin Bund, que pra nosso deleite serve o Dim Sum brunch mais famoso e badalado de Xangai!

O ritual do Dim Sum eh bem legal: voce recebe uma comanda com as varias opcoes de pratos e porcoes – tente nao se assustar com os nomes e traducoes dos ingredientes (que eram sempre um tanto quanto assustadores!) – e entao vai escolhendo oque quer comer.

 

Logo depois, um garcon passa com um carrinho lotado de bandeijinhas de bambu empilhadas, e vao espalhando pela mesa suas diversas opcoes.

Tudo que provamos foi delicioso, e tentavamos focar nos ingredientes principais, ja que as traducoes nao faziam muito sentido.

E acho que eh justamente por isso que tanta gente se assusta com a comida na China – nas eh que a comida seja ruim ou diferente, muito pelo contrario! Mas os nomes e descricoes sao pessimas!

Afinal, quem quer comer “frango no vapor com arroz gelatinoso”?!?!

Mas quem tiver medo de provar, nao vai descobrir que na verdade esse prato se trata de um paozinho delicioso de massa de arroz com recheio de frango temperado!

E aos poucos descobrimos que quase todas as comidas e restaurantes na China sofrem do mesmo mal – e nao ha tradutor Google on line que ajude esse povo a dar nomes mais apetitosos a seus pratos!

Pato Laqueado de Pequim:

Outra iguaria que eu sabia que nao podia voltar pra casa sem provar in loco era  o Pato Laqueado de Pequim!

Eu nao sou muito fa de pato nao, mas esse estilo de pato assado Chines eh uma coisa de boa!

Tanto que foi esse o prato que escolhemos pra nossa ceia de Natal em Hong Kong no dia 24 de Dezembro!

Oque faz do pato de Pequim ser diferente eh o processo de assado, onde os patos sao assados inteiros, em um forno especial vertical (entao cada pato eh assado pendurado, para que todas as areas sejam assadas por igual).

E claro, os temperos usados (que cada restaurante  jura ter a mistura perfeita da combinacao de ingredientes e ervas) na preparacao o pato, que tambem sao criados e alimentados especialmente para esse fim.

O pato eh servido individualmente, cortado pelo chef direto na mesa a ser servida – e a parte do pato que eh considerada iguaria eh somente a pele.

Com o que sobra do pato (basicamente a ave toda) voce pode escolher comer tambem, e os diferentes pratos usando a carne de pato sao preparados na hora, depois que seu pato ja foi fatiado na sua mesa.

A pele do pato eh entao servida com alguns acompanhamentos complementares, como uma mini paqueca, que usamos pra enrrolar o pato com uns molhinhos e vegetais, que fazem a combinacao perfeita de sabores!

Ai eh so fazer um rolinho com seus ingredientes, e pronto!

E quando chegamos em Pequim, claro que nao poderia deixar passar a oportunidade de comer um bom pato de Pequim, em Pequim!

Por recomendacao de nosso hotel e a Time Out Beijing, escolhemos o restaurante Da Dong, super premiado (apesar de nao ser muito badalado) e reconhecido como um dos melhores e mais tradicionais restaurantes especializados em pato laqueado da cidade.

E todo o resto? A Comida do dia a dia?

Essa foi sem duvidas minhas principal surpresa. Comemos desde barraquinhas no mercado a restaurantes no meio do nada que simplesmente resolvemos entrar e arriscar – e foram justamente nesses lugares onde comemos melhor.

No fundo no fundo, se voce gosta de comida Chinesa e Asiatica, pode ir sem medo. Os pratos sao basicamente os mesmos, e as opcoes bem parecidas.

Tirando umas invencoes e misturebas com nome mais ocidentais (tipo “Frango Chadrez” e “molho agridoce”), o basico eh exatamente igual que veriamos no menu de qualquer China Town do mundo.

Os pratos principais sempre incluem algum tipo de carne, molhos, vegetais e voce tem a opcao de escolher diferentes tipos de arroz ou noodles para acompanhar.

Verdade que os menus dos restaurantes na China incluem alguns pratos e algumas opcoes que nao fariam sucesso no ocidente (pe de pato, ou rosto de porco, alguem?!?), mas isso nao quer dizer que eles soh comam isso por la!

Comemos muitos stir fry de carne e frango com vegetais – tanto com molho de soja, ou molho de feijao, ou simplesmente grelhado no alho.

Sempre, sempre, sempre deliciosos!

Os dumplings tipo Gyosa e rolinhos primavera tambem estao sempre disponiveis como entrada, e claro os mais diversos tipos de noodles e arroz que voce puder imaginar!

E como eu disse acima, tente focar nos ingredientes principais e nao se assustar tanto com as traducoes sem pe nem cabeca (ate porque alguns dos ingredientes incluem pes e cabecas de diferentes animais!) que voce vai ver nos restaurantes!

E como se diz em Ingles, as vezes “ignorancia eh uma bencao” e por nao saber exatamente oque vc esta comendo, voce pode acabar provando uma coisa nova deliciosa que nem sabia que existia!

Essa era nossa politica nos mercadinhos de rua – sempre procuravamos barraquinhas bem movimentadas, pra garantiar uma boa rotatividade de ingredientes, e evitamos (por puro preconceito mesmo) opcoes muito “explicitas”, como o rosto de porco ou o passarinho (literalmente) no palito – mas mesmo tendo procurado bastante nao vimos espetinhos de barata, nem escorpiao frito e nem churrasquinho de cachorro…

Sabe?! Aquelas coisas esquisitas que voce passou a vida toda ouvindo falar que as pessoas na China comem?!

Na hora de fazer o pedido, era tudo sempre na base da mimica. Por sorte quase todos os restaurantes tem o costume de incluir fotos dos pratos, entao iamos escolhendo pela pinta de cada prato e apontando oque queriamos. Nas barraquinhas era so apontar pra sua escolha!

Ate imagino que no interior da China e cidades mais remotas o esquema realmente seja diferente, mas convenhamos neh, que voce meu caro amigo turista, por mais aventireiro que seja, voce provavelmente vai viajar por regioes mais industrializadas e turisticas, e dificilmente tera que conviver com familias que passam dificuldade e comem escorpiao na fronteira com o Tukmenistao

Entao pode ir pra China com a mente e a boca bem aberta e eu garanto que seu estomago nao vai se decepcionar!

 

Adriana Miller
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10 May 2012
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Os Templos e Parques de Pequim

China, Dicas de Viagens, Pequim

Pequim eh sem duvidas uma cidade de superlativos – por mais que nao tenha o ambiente cosmopolita e moderno de Xangai ou Hong Kong, Pequim tem tantas outras atracoes milenares e imperdiveis, que eh facil ficar meio perdido na cidade, sem saber exatamente como dividir seu tempo.

Pra piorar aidna mais a situacao do turista, a cidade eh enorme e super espalhada. O sistema de metro eficiente ajuda, mas nao soluciona. E sem contar na quantidade enorme de novas construcoes e atracoes que surgiram nos ultimos anos por causa das Olimpiadas de 2008.

Entao, entre todos aqueles lugares que voce ja chega sabendo que nao pode perder, eh impossivel ignorar os tantos parques e templos que vemos espalhados pela cidade, que deixam sempre aquele sensacao de “nossa, olha aquele pavilhao! oque sera que eh aquilo? Vamos la ver?” – e foi assim que passamos praticamente todo nosso tempo em Pequim.

Nao tinhamos um roteiro nem “programacao” detalhada, e queriamos justamente aproveitar a cidade como nos parecesse melhor – indo descobrindo Pequim aos poucos, indo na contra mao da correria da cidade de 20 milhoes de habitantes.

Claro que isso tambem significou que em 4 dias na cidade, nao tivemos tempo de ver absolutamente tudo que a cidade tem a oferecer – oque, realisticamente, seria impossivel! – mas voltamos de la com aquela sensacao boa de que realmente conhecemos a cidade!

Entao alguns dos nossos lugares preferidos foram os parques e os templos. Apesar de ser inverno, e os jardins estarem congelados e sem flores, demos muita sorte com o clima, oque significou que apesar do frio, os parques estavam sempre lotados de gente curtindo sua fotossintese invernal – familias, idosos praticando Tai Chi e ate aula de Tango nos vimos!

Parque Beihai (Palacio de Inverno)

O Parque Beihai, fica imediatamente no noroeste da Cidade Proibida, e durante muitos seculos, fez parte do complexo Imperial de palacios e jardins.

Ele foi construido para servir de parque/palacio de Inverno a familia Imperial, que morava na CIdade proibida e frequentava o palacio de verao, apenas nos meses mais quentes do ano.

As principais atracoes de Beihai sao seus lagos e o templo Bai Tai, uma Dagoba construida em pedra branca, que fica bem no topo da ilha Ilha Qiónghuá, no centro do lago principal.

A Stupa abriga um relicario Budista, e eh ate hoje um local de prestigio nas cerimonias Budistas, abrigando por exemplo, as cinzas de monges cremados.

Uma das coisas mais legais que vimos foi que na subida para a Stupa, existem uns outros mini templos pelo caminho, e todos eles sao rodeados de mensagens, bilhetinhos e oferendas – e apesar de nao conseguirmos entender nada, eles criaram otimas oportunidades fotograficas!

O parque foi construido no seculo X, mas so foi desconectado da Cidade Proibida e aberto ao publico depois da queda do Imperialismo, em 1925.

Mais da metade dos 69 hectares do parque sao ocupados por lagos artificiais, interligados por canais – e demos sorte de ver os lagos completamente congelados, servindo de ringue de patinacao para familias locais, que nao se deixaram abater pelo inverno! 

Templo do Ceu ( Tiantan )

Um dos templos mais iconicos da China, o Templo do Ceu eh tambem o maior complexo de templos Taoistas do pais, construido em 1420 pela Dinastia Qing.

O principal intencao religiosa do templo era relacionado a colheitas, onde as familias Imperiais realizavam cerimonias de colheita no inicio da primavera, e cerimonias de agredacimento pelos frutos no Outono.

O pavilhao principal, e que simboliza o parque, eh o templo “Sala de Oracao pelas Boas Colheitas”, uma construcao imponente com 30 metros de diametro e 38 metros de altura – interamente construido e talhado em placas de madeira e pintado a mao. A construocao inteira nao utilizou nenhuma viga, nem nenhum outro material de suporte – e esta de pe ha 600 anos!

O simbolismo do templo eh super interessante, nso contando um pouco mais sobre as crencas e misticismos Chineses. Uma cosia que eu achei muito interessante por exemplo, eh que todos as escadas que nos levam ao templo, sao organizados em grupos de 9 degraus, ja que o numero 9 eh considerado o numero da sorte do Taoismo.

E todos os templos e pavilhos foram construidos com uma acustica perfeita de “eco”, e portanto a voz dos monges e do imperador poderia ser perfeitamente ouvida em qualquer posicao dentro do tempo, e ia se repetindo e propagando aos poucos!

O parque estava incrivelmente decorado para as celebracoes do ano novo Chines, que aconteceria cerca de 1 semana depois, e a paisagem do parque com o ceu perfeitamente azul foi o contraste perfeito para as lanternas Chinesas!

Parque Jingshan

O Paruqe Jingshan eh mais um parque que originalmente fazia parte do complexo Imperial da Ciadade Proibida.

Na verdade, quando a capital Chinesa foi transferida para Pequim e as construcoes da Cidade Proibida se iniciaram, os idealizadores da capital notaram um grave problema: Pequim nao tinha colinas nem lagos suficientes para trazer a boa fortuna ao Imperador.

Entao o Parque Jingshan foi iteramente construido a mao para fornecer o simbolismo Feng Shui necessario para que Pequim pudesse ser uma capital prospera.

O solo escavado na construcao dos palacios da Cidade Proibida e seu fosso protetor, foram transferidas para o norte, criando – manualmente – a colina de 46 metros de altura.

Entao segundo as regras do Feng Shui, residencias sempre devem ser construidas ao sul de colinas, e o Parque vizinho, o Beihai, providenciava os lagos e riachos necessarios para que a boa energia possa fluir livremente.

Mas o melhor mesmo do Parque eh a vista Magnifica da Cidade Proibida – la de cima eh possivel ter uma melhor perspectiva sobre como a “cidade” eh organizada, como cada construcao se intercala e relaciona com as outras, alem de claro, deixar bem claro da magnitude e imponencia da Cidade Proibida e a Praca Tianemen!

Ah, e em dias claros e de boa visualizacao, ainda eh possivel ver muito alem da Cidade Proibida, com uma vista total de Pequim, incluindo algumas de suas novas construcoes, como o ginasio Olimpico “O Ovo” de um lado e a Torre CCTV do outro.

Os Hutongs de Pequim

E apesar de nao serem exatamente parques nem templos, outra parte da cidade que nao da pra ser ignorada sao os Hutongs, que sao pequenas casas e ruelas que foram se espalhando ao redor da Cidade Proibida, e sao na verdade a Pequim “original”.

Ou seja, quando Pequim foi transformada em Capital, a populacao “proletaria” vivia a margem da Cidade Proibida, desenvolvendo pequenas comunidades que vivam de comercio e servicos que serviam a nova cidade.

Depois do fim do Imperialismo, os bairros de Hutongs diminuriam drasticamente, seja pela instauracao de um regime igualitario socilaista (onde boa parte dessa populacao foi transferida para blocos de apartamentos socialistas), ou seja mais recentemente, pelo crescimento da classe media Chinesa.

Mas nos arredores da Cidade Proibida, eles ainda existem, e hoje em dia sao considerados patrimonios da humanidade, com muitas dessas casinhas Hutongs restauradas e transformadas em hoteis e restaurantes de luxo.   

Entao em nossos passeios entre templos e parques no centro de Pequim, sempre optavamos pelos triciclos e tuk’tuks, pra fugir do caos do transito, e de quebra, pra escapar das avenidas principais, sempre acabavamos pegando atalho pelas ruelas dos Hutongs, que era sempre uma aventura…!

 

Adriana Miller
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09 May 2012
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Guia passo a passo pra visitar a Muralha da China por conta propria

China, Dicas de Viagens, Pequim

Visitar a Muralha a China esta longe de ser uma tarefa difícil – mas nós tínhamos um requerimento bem específico: não queríamos ir de excursão de jeito nenhum!

O motivo era simples: depois de fazer muita pesquisa, chegamos a conclusão que a maioria das excursões seguem o mesmo roteiro, sendo que na verdade dedicam apenas uma parte mínima do dia para visitar a muralha, e passando o resto do dia todo visitando lojas, museus, vilarejos e outras programações aleatórias que não tínhamos o menor interesse! Lemo muitos feedbacks negativos, nenhum positivo, e ate o Lonely Planet China tem uma pagina inteira dedicada a furada que eh fazer excursoes pra Muralha!

Além disso, as excursões pra Muralha, em sua grandíssima maioria, além de caros, visitam a parte mais turística e lotada da muralha, nos horarios de pico do dia, oque queríamos evitar.

Chegamos a considerar opções como a agencia Beijing Hikers, recomendada pelo Lonely Planet (e testada pela Mirella), mas devido a época do ano que fomos (muito frio!) e o tipo de viagem que fizemos (mochilando) não queríamos nos comprometer a passar o dia todo fazendo trilha (e ter que carregar equipamento de caminhada no inverno durante toda a viagem exclusivamente pra isso!) e correr o risco de pegar um tempo horrível. Por fim, decidimos nao fechar com eles pois seus horarios e dias eram muito restritos ao roteiro que queriamos fazer nos nossos dias em Pequim.

Além disso, a idéia de seguir um guia, ter que visitar a muralha no ritmo de um grupo não fazia parte da nosso idéia de diversão. Queríamos visitar a Muralha no nosso ritmo, no nosso horário, podendo mudar os planos de ultima hora e fazer oque bem entender! (leia, parar para tirar mil fotos, montar e desmontar o tripé, ir e voltar mil vezes até conseguir um ângulo perfeito, fazer filminho de kung fu e nos divertir sem seguir um ¨criterio¨).

Não vou falar que foi fácil não, e mesmo depois de fazer muita pesquisa em fóruns na internet, acabei achando algumas dicas mais práticas no site Seat61 (que também já tinha usado ha muitos anos pra planejar minhas viagens de trem no Marrocos e no Egito). Mas como acabamos descobrindo na prática que as informações do site estavam desatualizadas e incompletas, aqui vai meu B-A-BÁ.

Existem várias regiões restauradas abertas a visitação da Muralha nos arredores de Pequim, mas a única que tem um bom sistema de transporte público é a região de Badaling – que geralmente é usada para exemplificar um dos maiores pega-turista da China!, e que ate entao tinhamos certeza absoluta que nem sequer colocariamos nossos pes – mas sabendo fugir do horario de pico, foi bem tranquilo.

Então sabíamos que pra visitar Badaling por conta própria teríamos que chegar super, SUPER cedo, pegar o primeiro trem do dia, passar algumas horas na muralha e ir embora no horário onde as centenas de ônibus de turismo estão desovando suas excursões e tornando a muralha um inferno na terra.

Então na nossa primeira tentativa, seguimos passo a passo as instruções do site e deu tudo errado – TUDO errado – então ainda na estação de trem, ligamos pro motorista que fez nosso transfer (que eu perdi o cartão com o contato dele… infelizmente!! o nome do guia é Michael Dong, Agencia  China CITS, e-mail: China_cits@hotmail.com e tel +86-0/13671038062) e combinamos dele passar por lá e nos levar direto a Mutyanu, que é outra região restaurada da muralha, e considerada a mais bonita, mas que sabiamos que não seria possivel chegar até lá de transporte publico.

Mutyanu foi exatamente oque esperávamos da Muralha da China!

Uma paisagem impecável, quilômetros e mais quilômetros de muralha a perder de vista com as montanhas como pano de fundo.

E o melhor: VA-ZIO! Durante a manhã toda tivemos a muralha inteirinha praticamente só pra gente, sem outros turistas, sem vendedores chatos, nem guias forçando a barra!

Fomos e voltamos inúmeras vezes, explorando cada canto e cada detalhe da muralha!

Subimos fazendo trilha só nos dois, e voltamos de bondinho (apesar do céu azul, tava MUITO frio), enquanto nosso motorista nos esperava lá em baixo.

Nós pagamos cerca de 50 doláres por 6 horas de passeio, fazendo nosso horário e no nosso ritmo. Saímos de Pequim as 8 da manha, evitamos o engarrafamento do horario do rush e antes das 9, quando a muralha “abre” já estávamos na fila pra comprar nosso ingresso!

Infelizmente perdi o cartão com o contato do Michael, nosso motorista, que não só nos levou pra muralha, como ainda fez nosso transfer na chegada e saída entre o aeroporto de Pequim e nosso hotel. Mas para quem quiser tentar em contato com ele mesmo assim, nós entramos me contato com ele atravez da agência do nosso hotel em Xi’An.

A experiência na Muralha foi tão divertida, que não nos damos por vencidos e resolvemos voltar pra muralha e dessa vez reunir mais informações com os locais e conseguir chegar a Badaling por contra própria!

A maneira mais eficiente de visitar a Muralha da China por conta própria é de trem, saindo a partir da estação “Pequim Norte”.

A estação é moderna, grande e limpa – a única e principal dificuldade é a comunicação. Basta um simples mal entendido (como aconteceu com a gente na nossa primeira tentativa!) para que todos os seus planos vão por agua a baixa.

Então nosso passo a passo foi assim:

Na noite anterior, pedimos pro nosso hotel reservar um taxi bem cedinho pra nos levar para a estação Pequim Norte. É imprescindível ter todos os detalhes e instruções escritas em Chinês, bem direitinho e explicadinho.

Também é possivel chegar na estação de trem de metro (que usamos na volta), mas como fomos super cedo, pois queríamos pegar o primeiro trem, preferimos usar um taxi.

Chegando na estação, começam os detalhes que fazem toda diferença:

Pra começar que apenas a bilheteria do térreo vende passagens para Badaling (tem outro guichê no sub-solo, bem na saida do metrô, que NÃO vende tickets para Badaling).

A entrada é pela rua, no canto direito da estação, sem nenhuma placa nem símbolo em Ingles…

Lá dentro começa o caos…

Na nossa primeira tentativa, seguimos as instruções do Seat61, mas por estar incompleto, nos faltou alguns detalhes cruciais:

Primeiro, os trens tem horários bem específicos, sendo que o primeiro trem é as 6 e pouco da manha. Mas a bilheteria só abre depois desse horário. Como não sabíamos disso, chegamos lá as 5 e pouco da manha e ficamos mais de 1 hora esperando em vão, sem conseguir esclarecer nada com ninguém (ingles é não existente), e a esse ponto, desistimos e ligamos pro Michael (e fomo pra Mutyanu, como contei acima).

Outro detalhe, é que por algum motivo que nunca chegamos a entender, eles não vendem bilhetes de trem para Badaling para turistas antecipadamente – ou seja, quando tentamos comprar passagem pro dia seguinte as 6 da manha (que já sabíamos que seria antes da bilheteria abrir), descobrimos que não seria possivel, e turistas só podem comprar passagem para o mesmo dia de viagem.

Portanto, só é possível comprar passagem para trens a partir das 7 da manha.

Quando finalmente chegamos lá depois das 7 e a bilheteria já estava aberta, nos deparamos com um mar de Chineses, que imediatamente se congelaram no momento, para assistir nós dois tentando comprar nossos tickets.

Nesse momento, a principal barreira foi mesmo cultural… A bilheteria tem 8 guichês, e nenhuma fila. Era gente pra tudo quanto é lado, sem a menor ordem, nem o menor sentido. Tentamos nos comunicar usando o tradutor do iPhone, mas no geral, apesar de simpáticos e prestativos, os Chineses são muito tímidos.

Todo mundo queria chegar perto pra ajudar e nos “assistir”, mas ninguém conseguir se explicar nem comunicar. Até que por sorte, ouvi duas meninas Asiáticas escrevendo em Chines, mas falando em Inglês – na cara de pau foi falar com elas, e acabamos descobrindo que elas eram duas irmãs Japonesas, que conseguiam ler e escrever em Chines, mas não sabiam falar.

E foram elas que nos deram a dica de ouro: Fure fila, assim como todo mundo, e faça muita mímica!

Ok, deixamos a educação de lado, e pouco a pouco fomos nos infiltrando na multidão de Chineses – em questão de segundos lá estava eu me pendurando na janelinha do guichê, fazendo sinal de “2” e apontando pro papelzinho com “badaling” em Chinês.

Tão facil!

Em questão de segundos estávamos com as passagens na mão, e finalmente pudemos entrar na estação.

Ah, e esse é outro pequeno, grande detalhe: você só pode entrar na estação Pequim Norte com as passagens na mão!

Aí, já la dentro foi só ficar de olho no painel com o número do nosso trem, e pontualmente as 7:58 da manhã, partimos em direção a Badaling!

O trem é bem moderninho e super confortável – e a medida que vamos saindo do centro de Pequim, pouco a pouco já dá pra avistar alguns pedaços da muralha, oque torna a viagem hipnotizante!

A viagem não dura mais que uns 40 minutos, bem tranquilão, e ao chegar em Badaling, tem outra pegadinha:

A estação fica a uns 10 minutos (andando) da entrada do bondinho da muralha, mas não tem placa nenhuma (em Inglês) na plataforma nem na estação, e tem uma multidão de taxistas esperando os turistas desavisados na saida a plataforma.

Todos vão tentar te convencer que a distância é enorme, e vão tentar cobrar os olhos da cara – mas basta sair da estação, virar a esquerda e seguir na mesma estrada sempre reto – em 10 minutos você esta lá!

Na bilheteria da muralha já compramos logo a passagem ida e volta do bondinho e entrada para a muralha, e passamos o resto do dia tranqüilamente passeando de um lado pro outro!

E realmente essa parte da Muralha é bem diferente e muito mais movimentada doque Mutyanu, que tinhamos ido no dia anterior.

Apesar de termos chegado bem cedo, e bem antes dos grupos de excursão, ainda assim tinha gente em tudo quanto é canto!

A muralha é igualmente imponente, e apesar de ser maior, mais larga e comprida, também é mais nova, e nos deu uma impressão menos autêntica da coisa.

 

No fim do nosso dia, pra voltar pra Pequim foi o mesmo esquema – só que agora já sabiamos oque fazer e foi muito mais fácil!

Andamos de volta pra estação de Badaling (tem que ficar de olho nos horários dos trens, pois eles só vão pra Pequim de hora e hora mais ou menos), e deixamos pra comrpar nossa passagem de volta na hora que quiséssemos voltar, pra não ter que ficar pra não ter que ficar traduzindo e tentando entender os horários e tal.

Mas lá estava tudinho em Ingles 0 compramos nossa passagens, esperamos mais uns minutos e voilá! E meia horinha estávmos de volta a Pequim!

 

Apesar da nossa enrrolação inicial, foi surpreendentemente fácil ir na Muralha por conta propria.

E apesar de realmente não ter sido o processo mais simples do mundo, os benefícios são incomparáveis com uma excrusão.

Pra começar que nos custou apenas 12 Yuans (ida e volta, cada um – cerca de 3 dolares) para chegar até lá, oque é cerca e 0,5% do preço da maioria dos passeios que sondamos.

Mas a principal vantagem mesmo é a liberdade de ir e vir, de não ter que seguir guias, não estar limitado a horários, e principalmente não ter que aturar programas e “passeios” que não te interessam ao longo do dia, só pra encher lingüiça e tentar tirar mais dinheiro do turista (todos os feedbacks de excursões que lemos incluiam “atividades” como” museu de jade, mudeu do cha, loja de esculturas chinesas, etc).

Vai por mim que vale a pena!

 

Adriana Miller
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