Na minha cabeca, a Tunisia sempre teve uma unica imagem: a mistura de azul e branco da cidadezinha litoranea de Sidi Abou Said, no norte do pais.
Esse vilarejo de pescadores que fica a apenas 20km de distancia da capital Tunis, caiu nas gracas do mundo durante a ocupacao Francesa, quando a cidade virou refugio “espiritual” para uma serie de artistas e intelectuais Franceses.
Pouca coisa mudou em Sidi Abou Said (alem do nome, ja que antes dos 1900s a cidade se chamava Jabal el-Menar), e acidade continua pequena e pacata. Suas ruas e construcoes sao patrimonio historico protegido, e portanto existem pouquissmas opcoes de hoteis e ate mesmo de restaurantes na cidade, que apesar da movimentacao durante o dia nas ruas do mercado, matem sua base e historia de pescadores.
E eh mais ou menos isso que tem pra fazer mesmo. Andar pra cima e pra baixo nas ruas do mercado, sentar na varanda de um cafe com a vista do mediterraneo, perambular pelas ruas estreitas…
Sem pressa e sem marcar ponto.
Mas isso nao quer dizer que Sidi Abou Said nao tenha suas atracoes e seu charme – uma de suas marcas registradas sao as grades de ferro ornadas que enfeitam quase todas as janelas das casas.
Essa “arte” tipica dos artesoes da cidade acabaram se extrapolando para outras partes da cidade, enfeitando tambem portoes, caixas de correio e principalmente as gaiolas!
Nem sequer vimos passaros nessas gaiolas, mas elas estao e todos os cantos pela cidade, de todos os tamanhos – e claro, quase sempre em branco e azul.
Impossivel nao se hipnotizar com o trabalho artesanal de ferro e madeira, que vai se mesclando na paisagem de branco, azul e ferros torcidos.
Na area central da cidade esta o Cafe des Nattes, que historicamente era um centro de peligrinagem entre o deserto e as ruinas de Cartago, e o umbigo da cidade.
Gracas ao Cafe a cidade comecou a se desenvolver ao seu redor, e atingiu o apice quase foi tema da pintura de August Macke em 1914.
O cafe ainda esta la, sem grandes mudancas nem atualizacoes desde meados do seculo 19, entao nao deixe de pegar uma mesinha na varanda ou entao se jogue em uma das muitas almofadas espalhadas pela chao do interior do cafe (que ate hoje nao tem mesas e cadeiras) e peca seu cha Tunisio – um cha preto bem doce, mas que vem com sementinhas de pinhao misturadas, fazendo uma mistura bem interessante, misturando o doce com o salgado e as texturas.
Outra atracao imperdivel, e um dos principais cartoes postais da cidade eh o Cafe des Delices, que fica escondidinho num canto da cidade com a melhor vista da Tunisia!
A varanda do cafe tem aquela combinacao perfeita da encosta da montanha, a vista do Mediterraneo e o porto da cidade aos pes, um minarete de uma mesquita em um canto e claro, tudo pintado de azul e branco (e com muitas almofadas coloridas pra gente ir se espalhando!).
A comida eh bem simples, e apesar de toda fama o Cafe des Delicesnao eh badalado nem caro, mas eles servem um kebab otEmo e varias opcoes de sucos de fruta feitos na hora.
(quem quiser assistir o por do sol no Cafe des Delices tem que chegar la no meio da tarde e guardar seu lugar! Eles ficam lotados!)
Mas nem soh de comes e bebes vive Sidi Abou Said, e uma das coisas mais interessantes que fizemos por la foi visitar uma casa historica, numa portinha bem ali no meio do mercado (na mesma rua que acaba no Cafe de Nattes) onde uma casa tipica da cidade, do seculo 17 foi preservada e transformada em museu.
Foi bem interessante ver como aquelas casas sao por dentro, a divisao entre comodos, como eram as cozinhas, os patios internos e tal. E por 3 Dinars, valeu a pena!
Alem das janelas ornadas e as gaiolas espalhadas pela cidade, outro detalhe que vale a pena prestar atencao sao as portas e portoes das casas.
Quase todas sao pintadas em azul, e tem os mais variados tipos de desenho feitos com as cebcas dos pregos – eh sempre interessante observar oque cada casa escolheu pra sua porta.
E tam tambem as rarissimas portas coloridas, onde algumas poucas casas e seus ilustres moradores ganharam autorizacao especial do governo para pintarem suas portas em cores diferentes (mas muitos deles sao museus, ou edificios “oficiais”), entao volta e meia viamos uma porta vermelha ou amarela (mas elas sao bem raras).