Ano passado, no auge da gravidez e me preparando pra sair de licença maternidade, escrevi um post enorme explicando como a parte legal/corporativa funciona aqui na Gra Bretanha, e como funciona na empresa onde trabalho e meus planos pessoais.
Na época eu tinha muitas duvidas e incertezas de como a “vida real” de ter um bebe em casa iria me mudar, e como eu passaria a encarar meu trabalho e carreira depois do nascimeto da Isabella.
Quase 10 meses se passaram e essa semana minha licença chegou ao fim e eu voltei ao batente!
E antes de mais nada, vou confessar: estou muito feliz de estar de volta!
Ao mesmo tempo que sou extremamente grata por ter tido a oportunidade de passar os primeiros 9 meses e vida da Isabella cuidando dela pessoalmente (e com a segurança de saber que caso fosse necessário ou se eu quisse, poderia ter estendido esse período por mais 6 meses!), eu sempre soube que no fundo no fundo sentiria falta do meu dia a dia e de minha carreira.
Por mais clichê e piegas que possa soar (principalmente pra quem ainda não tem filhos), ser mãe é a coisa mais maravilhosa do mundo! A Isabella me transformou em maneiras inimagináveis e volta e meia me peguei pensando: se eu soubesse que era tão bom assim, teria começado bem antes!! :-)
Mas ao mesmo tempo, ser mãe é uma das coisas mais difíceis que ja fiz. E não estou falando de coisas “práticas” como acordar no meio da noite pra amamentar, trocar fraldas ou lidar com choros e cólicas, nem nada não (porque quando é o nosso bebezinho essas coisas – por mais difíceis que sejam – acabam virando prazer).
Estou falando do lado mais “filosófico” da coisa: aquele eterno conflito de “ser mãe” e ao mesmo tempo “ser eu mesma” e como a sociedade enxerga (e julga!!) essa dupla personalidade e nossas decisões.
Porque convenhamos, ser mãe é uma carreira por si só!
Não reconhecida, não remunerada e na maioria das vezes não aprecidada pela propria família e filhos – nada mais revoltante do que quando ouço alguém falando que fulana “é só mãe”, como se isso não fosse bom o suficiente!
Mas como qualquer outra escolha de carreira na vida, ser mãe em tempo integral demanda um talento especial, e sempre soube que assim como nunca quiser advogada ou publicitaria, também não queria ser mãe em tempo integral.
Tive meus momentos de pânico, imaginando como seria difícil não ve-la durante o dia todo, ter que viajar e passar vários dias longe dela e coisas do tipo; mas ao mesmo tempo, a alternativa era largar todo o resto e me dedicar a ela 100%, o que também não era uma ideia que me agradava.
Então decidi voltar mais ou menos quando eu sabia que queria voltar.
Tivemos um ano delicioso, o verão em Londres foi incrível, muitas viagens e curtimos demais nosso tempo mae-filha!
Mas ai rolaram umas mudanças organizacionais na empresa, e isso foi uma boa oportunidade pra negociar minha volta: optei por não tirar minha licença ate o final do período a que tenho direito, mas por outro lado estou voltando aos poucos, trabalhando apenas 4 dias por semana, viajando menos e com alguns dias no home office – e assim ir pegando o ritmo aos poucos, em vez de ficar tanto tempo longe do escritório e de minha equipe e acabar voltando de sopetão e desatualizada demais!
Assim tenho tempo de ir me acostumando a nova rotina aos poucos, sem sentir que estou abrindo mão de uma coisa ou outra na minha vida pessoal e profissional.
Ao longo desses meses, e principalmente daqui pra frente, eu e o Aaron formamos uma ótima equipe pra cuidar da Isabella; apesar de uma licença paterniadade curta, ele pode coincilar muitas viagens de trabalho com viagens em familia, pode ficar em casa com a gente durante muitos dias todas as semanas, e principalmente sempre fez questão absoluta de participar de tudo e contribuir igualmente nos cuidados com ela.
Então conseguimos nos organizar bem nas reponsabilidades de casa-creche-baba, quem da banho e quem da a janta, quem arruma ela de manha e quem cuida dela na hora de dormir!
Claro que tenho certeza absoluta que esse “sistema” tera muitas excesões e contra tempos (logo no meu primeiro dia de volta ao escritório já tive que planejar viagens para os proximos 2 meses!), mas pelo menos voltei a minha rotina de trabalho 100% confiante de que tudo acabará bem e a Isabella esta em boas mãos!
Então pelo menos até o final do ano, enquanto ainda estarei trabalhando meio periodo, nossa semana será dividida entre 2 dias na creche, 2 dias com uma baba (Brasileira) e 1 dia na semana comigo em casa.
A Isabella já esta nesse ritmo a algumas semanas e se dando muito bem na creche e amando a baba – então nos proximos 3 meses vamos avaliar como as coisas ficarão ano que vem quando eu voltar a trabalhar todos os dias.
Por enquanto foram apenas 4 dias, e estou me sentindo revigorada por ter voltado a trabalhar! E principalmente estou mesmo me sentindo uma mãe “melhor” agora que nosso tempo juntas está muito mais focado na qualidade do que na quantidade do tempo que passamos juntas!
Claro que eu sei que terei muitos dias estressantes no escritório e que tudo que mais vou querer era estar em casa brincando e cuidando da Isabella, assim como tive muitos dias em que a folha de pagamento Russa me pareceu tão mais fácil de entender do que um bebe chorando na madrugada!
Adriana Miller, Carioca. Profissional de Recursos Humanos Internacional, casada e mãe da Isabella e do Oliver.
Atualmente morando em Denver, Colorado, nos EUA, mas sempre dando umas voltinhas por ai.
Viajante incansável e apaixonada por fotografia e historia.
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