Uma das principais vantagens das minhas viagens a trabalho, é que tenho a possibilidade de viajar bem independentemente e, na medida do possível, fazer meu próprio horário e organizar meu dia como eu quiser/puder.
Então sempre que possível, eu faço questão de reservar umas horinhas a mais pra poder aproveitar um pouco a cidade a ser visitada. E ao planejar uma viagem a Milão, cidade que eu nunca tinha visitado, meu racional não foi diferente: marquei minha ultima reunião pra bem cedo, e meu voo de volta pra casa bem tarde – então sabia que teria algumas (poucas!) horas durante a tarde pra aproveitar a cidade antes de voltar pra casa.
Por sorte Milão é uma cidade bem pequena, e ao contrario de seus (muitos) vizinhos ao redor da Italia, não tem tanto potencial turístico – principal motivo pelo qual nunca tinha me animado muito de conhecer a cidade, e sempre acabava voltando para outros lugares mais “interessantes”.
Mas nao se engane, sabendo onde ir e oque fazer, Milão tem cenários incríveis, que transbordam cultura, historia e arte, e pra minha sorte, não são necessárias dias e mais dias pra conhecer a cidade um pouco melhor.
Entao meu passeio comecou bem ali no centrão, pois também é onde estava o escritório.
A primeira parada foi a Piazza del Duomo, que sem sombra de duvidas é a imagem mais icônica de Milao!
Eu ja tinha passado por la de manha e a caminho do escritório, mas queria voltar e ver tudo com calma e, claro, tirar muitas fotos.
E como essa igreja é impressionante minha gente!
O apelido de “floresta de Milao” é muito merecido, pois aquela coleção interminável de colunas e picos e torres, realmente cria essa ilusão do topo de uma floresta.
A Catedral, que eh a terceira maior Igreja do mundo, demorou nada menos que 430 anos para ser construida (entre 1386 a 1813), mas conseguiram manter o estilo original Gótico longo dos seculos.
Assim como algumas outras catedrais na Italia, o Duomo di Milano eh muito mais bonito por fora doque por dentro (outro bom exemploe eh o duomo de Florença), marcado por suas 3.500 imagens e esculturas, que cobrem praticamente toda a superfície da Igreja.
Do lado de dentro o Duomo tambem eh impressionante, mas tem uma caracteristica muito mais sombria de Igreja Medieval doque seu exterior claro e exagerado – o centro das atenções são os vitrais que rodeiam o altar e as 52 colunas que se enfileiram ao longo do centro da igreja, e para os mais corajosos, é possível subir na torre da Igreja, de onde se tem uma vista completa da cidade (eu não subi, pois além de estar com o tempo curto, ainda estava morrendo de frio!).
Ali na praça da catedral, estão outras duas atracoes turisticas da cidade: A Galleria Vittorio Emanuele e o Palacio Real.
A Galleria Vittorio Emanuele é outro lugar “cartao postal” da cidade, e que eu diria ser tao imperdível quanto o Duomo e que conecta a praça do duomo com a praça do Teatro Scalla, com seu formato em “cruz” e com uma estrutura de metal e vidro cobrindo a rua.
A Galleria foi construida em 1864 e nomeada em homenagem a Vittorio Emanuele, o primeiro Rei da Italia Unificada – e ate hoje é considerada a “mãe” do conceito de shopping center que temos hoje em dia, pois foi a primeira galeria/centro comercial coberto do mundo.
Ali estavam (e ainda estao) as principais e mais prestigiadas marcas e lojas Italianas, e ainda hoje a Galleria eh sinonimo de moda de vanguarda Italiana.
E ainda marcam presença na Galleria alguns dos restaurantes e cafes mais antigos e tradicionais da Italia, como o Biffi Caffè, fundado em 1867 (e em 1882 foi o primeiro restaurante Italiano a ter energia eletrica) e o Zucca’s Bar, todo decorado em Art Nouveau.
Mas antes de Cruzar pro outro lado da Galleria, um outro ponto que vale a visita eh o Palazzo Reale – apesar de ser meio sem graca em comparacao com o Duomo e a Galleria, esse Palacio foi a sede do Reino Milanes durante muitos seculos, e hoje em dia é um museu e galeria de arte.
E do lado oposto do Duomo, cruzando a Galleria esta o Teatro alla Scala, sem duvidas uma das principais casas de Opera e Teatro do mundo!
Foi ali que Verdi comçou sua carreira como compositor, a Maria Callas já foi a soprano fixa da casa e foi onde Giani Versace alcançou o auge de sua fama nos anos 80 ao ser responsável por todo figurino da Scalla.
O teatro ja tem mais de 200 anos, e ate hoje, quando sua “temporada” abre as portas durante o inverno Milanes, continua sendo um dos eventos sociais mais marcantes no calendário da cidade – se você esta planejando uma visita a Milao durante a “La Stagione” (temporada), vale a pena tentar comprar ingressos para assistir algum dos espetaculo nessa Opera historica.
Depois de um (super atrasado e corrido) almoço, fui em direção ao lado oposto da cidade para o Castelo Sforza, no lado oeste de Milao.
O Castello Sforzesco ja foi um dos principais palácios da Europa durante a idade media, pois era ali a sede e residência da familia Sforza, que dominavam o Ducado de Milao durante os séculos da Italia pre-unificação.
O Ducado Milanes era um dos mais ricos e mais poderosos da regiao, servindo de “passagem” e proteção que conectava a Italia ao resto do continente.
Mas alem de todo poder e dinheiro dos Milaneses do seculos 14, os Sforza foram uma daquelas familias históricas que se envolveram em tantas trapaças e dramas, que parecem personagens de dramalhao de novela Mexicana!
Um otimo exemplo foi seu envolvimento com o Papa Alexandre VI, o polemico Rodrigo Borja (e pra quem tiver preguiça de ler livros históricos sobre os fascinante Borgias, a HBO fez uma mini seria fantástica sobre a familia, onde os Sforza tem uma presença marcante!).
O castelo, que na verdade é um conjunto de fortes e fortalezas, ainda esta super bem conservado, tanto por fora quanto por dentro, onde hoje em dia é um ótimo museu.
É dentro do Museo Castello Sforzesco que esta exposta a escultura “Pietá Rondanini”, que foi a ultima escultura/obra feita por Michelangelo, que literalmente morreu (acredita-se que de infarto) enquanto entalhava o marmore, e portanto a escultura permance incompleta ate hoje (la dentro nao é permitido tirar fotos).
E não perca o jardim Parco Sempione ao fundo do castelo (principalmente todo pintado com as cores do outono!) e o Arco della Pace lá no fundo.
A a apenas alguns blocos de distancia do Castelo Sforza esta a Igreja Santa Maria delle Grazie, tambem financiada e construída sob o domínio dos Sforza, e é la que esta pintada a magnífica “Ultima Ceia”, pintada em Alfresco por Leonardo Da Vinci.
A Igreja é fácil de achar, e apenas a uns 15 minutos andando do castelo (a nao ser que voce se perca como eu… ai demora quase uma hora!) e bem pequena e simples.
Na verdade a pintura esta na parede leste do refeitorio do antigo monasterio, e foi totalmente destruida durante os bombardeios da Segunda guerra mundial.
Felizmente os monges protegeram a parede principal com sacos de areia, e entao a parede onde esta a “Ultima Ceia” foi a unica parte da Igreja a permanecer de pe em todo quarteirao… mas ainda assim a parede foi muito danificada, e somada a ação do tempo, demoraram decadas ate que tudo voltasse ao normal.
Hoje em dia, justamente por causa da delicadesa do afresco, e logicamente, por causa de sua importância historia e artística, a Igreja é super protegida e cheia de tecnologias que protegem as relíquias.
Pra começar que as visitas so sao permitidas com hora marcada – eu nao sabia disso e soh consegui entrar porque estava sozinha, e por sorte (ou azar!) tinha uma unica vaga sobrando para entrar com um grupo escolar… E ainda assim tive que esperar mais de 45 minutos!
As visitas sao limitadas a 25 pessoas por visita, e cada grupo só pode ficar la dentro por 15 minutos, tendo mais 15 minutos de internvalo entre os grupos – e assim eh possivel regular a temperatura, umidade e poluição dentro da sala, oque protejerá a pintura por muitos outros seculos!
E assim terminei meu dia… ja correndo pra voltar pro aeroporto!
Agora mal posso esperar pra voltar pra cidade de novo muito em breve e conhecer as outras cosias que ficaram faltando!